O Intruso escrita por thierryol1


Capítulo 13
Chamada Perdida - Parte 2




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"Para que uma árvore consiga alcançar os céus, suas raízes precisam alcançar o inferno."

 

06h55min

Alguém batia na porta com força. Amanda estava preparando um café quando precisou atender.

— Lucie? Que saudade! Como vai? Entre, fique em casa, eu vou só terminar de passar um café e já volto!

Lucie sorriu e sentou-se no sofá. A casa da amiga estava com um cheiro maravilhoso. Após alguns minutos, Amanda voltou da cozinha com uma bandeja e duas xícaras de café.

— Então, o que você conta de bom?

— Ah, nada demais... E você? Como tem passado?

— Com medo...

— Hm?

— Desde que Rebecca morreu eu não tenho conseguido dormir... Só resta a gente agora.

— Resta a gente?

— Do falido clube de literatura. O assassino mata só quem é do clube. Ou eu, ou você, ou Abel será o próximo.

Lucie sentou no mesmo sofá que Amanda e pegou na mão da garota.

— Nada vai acontecer nem com você, nem com Abel, eu prometo Amanda.

Ela deu um sorriso extremamente sincero.

— Bem... eu não falei nada sobre você no interrogatório.

— Como você sabe que--

— Você nunca vem me visitar, só quando precisa desabafar ou quer saber algo. Deduzi que era isso.

Lucie deu um sorriso nervoso.

— Desculpa, é que--

— Oh, não precisa se desculpar. Muita coisa tem acontecido , eu sei.

Lucie ficou extremamente sem graça.

— Bem... E o que exatamente você disse? – Ela perguntou, com o maior esforço.

— Pra quem era fria e odiava fofoca você já está se acostumando aqui hein! Haha! Brincadeira. Bem, eu só disse que não sabia quem estava por trás dos assassinatos. E quando me perguntaram sobre você eu disse que você jamais faria algo assim. No final, eu os enrolei perguntando mais sobre a guarda do meu filho.

— Como é?

— Ah, meu filho, Dominik. Eu já te contei sobre ele, lembra?

— Ah, é mesmo, o que sempre te ignorou?

Amanda ficou claramente incomodada com esse último comentário.

— Desculpa... – Disse Lucie rapidamente. – Eu não quis dizer--

— Tudo bem, você está certa. Desde o acidente ele me ignorou.

— Acidente? Dessa parte eu não sabia.

— Bem, lembra que eu sempre te disse que não posso beber e tudo mais? Há alguns anos eu bati o carro comigo e com meu filho. Perdi a guarda dele por estar dirigindo bêbada, e o pior de tudo foi que eu o deixei paraplégico. Desde então ele tem me ignorado durante as visitas. – Amanda começou a contar sua vida, e as lágrimas começaram a cair pelo seu rosto. – Bem... Eu tenho tentado me manter sóbria durante todo esse tempo, mesmo desejando ir pra um bar e beber dois litros de tequila com essa história do assassino e tudo mais... Mas eu tenho me mantido firme... pra ele.

— Puxa, me perdoe, eu não sabia...

— Ah amiga... Mas ontem à noite, logo quando saí do interrogatório Dominik me mandou uma mensagem. Ele pediu desculpa e disse que estava ansioso pra eu ter a guarda dele novamente. Que sentia minha falta e estava arrependido de ter me ignorado...

— Mas isso é maravilhoso! Isso é demais Amanda! – Falou Lucie, com entusiasmo.

— Eu posso tentar pegar a guarda novamente daqui três meses.

Lucie sorriu, abraçando a amiga.

— O que foi? – Lucie perguntou, ao perceber que Amanda continuava chorando.

— Lucie, meu filho é tudo que eu mais amo na vida. E daria minha vida pra ter outra chance... Abraçar ele novamente... Pedir perdão. Mas e se eu morrer antes? E se o tal assassino da borboleta me matar? Eu nunca vou conseguir abraçar meu filho uma última vez!

Lucie abraçou a amiga outra vez, fazendo um carinho gentil em seus cabelos castanhos.

— Você não vai morrer Amanda. Eu te prometo...

*****

07h30min

Rachel caminhava pelas ruas da cidade. O vento frio de inverno soprava por todo lado. Crianças brincavam com seus pais no parque. Ela tomava café numa padaria, quando avistou uma silhueta conhecida perto da fonte do parque. Ela pagou sua conta e correu rápido até a pessoa.

— Connor? O que você está fazendo aqui?

— Rachel! – Disse o homem. Seus cabelos castanho-escuros com alguns fios grisalhos davam um charme lindo e combinavam com seu cavanhaque bem feito. – Estava mesmo à sua procura.

Os dois começaram a bater um longo papo para por as atualizações em dia, que nem notaram a estranha figura mascarada que os observava do alto de um prédio ali próximo.

*****

07h40min

Lucie saiu da casa de Amanda após um longo período de conversa. Após enviar tudo por mensagem de texto para o assassino, ela aguardou a ligação dele com novas instruções.

Após quinze minutos o celular dela toca. Era Josh.

— Josh? Conseguiu acessar o sistema da delegacia?

— Sim.

— E aí?

— Tem um vídeo nos arquivos de provas. Um vídeo da senhora saindo do hospital de madrugada na mesma noite que Rebecca se matou.

Lucie começou a caminhar de um lado pro outro na rua, ansiosa.

— Senhora?

— O que foi?

— O vídeo ainda não foi revisado. Está marcando que o detetive irá assistir e apura-lo amanhã cedo. O que Josh deve fazer?

— Apague o vídeo, por favor.

— Sim senhora.

— É só isso ou tem algo mais?

— Bem, parece que a lista de suspeitos principal tem apenas duas pessoas. Uma é a senhora.

— Quem é a outra pessoa?

— Um tal de Connor. Connor Boldman.

Lucie ficou perplexa.

— Eu... Eu preciso ir, Josh.

Antes que o jardineiro pudesse falar mais alguma coisa, ela desligou. Não passou muito tempo depois, o intruso estava ligando.

— O quer agora?

— Sua segunda tarefa é pegar uma chave com um antigo amigo. Essa chave dá acesso ao estacionamento da delegacia. Você vai pegar essa chave depois deixa-la onde eu mandar.

— Okay, com quem preciso pegar essa chave?

— Ora, senhora Freewood, isso é surpresa. Mas o lugar é esse...

O intruso deu as coordenadas para a garota, que saiu apressada em direção ao lugar.

*****

09h17min

Lucie andava apressadamente em direção ao final da cidade. Seu celular começou a tocar, era Josh:

— Alô?

— Senhora? Onde você está?

— Josh? Eu estou chegando num prédio abandonado próximo ao final da cidade, por quê? O que houve?

— Me mande o endereço. Eu preciso falar com você, mas tem que ser pessoalmente!

— Hm... Tudo bem, eu te mando o endereço via mensagem de texto.

Lucie desligou e começou a digitar a mensagem, até esbarrar em alguém.

— Ai! Perdão!

— Lucie? Tudo bem... – Caleb disse, sorrindo. – Eu estou indo jogar uma partida de tênis, quer vir?

— Hm? Não, obrigada, eu--

— Oh, você não está usando aquele colar lindo seu? – O policial perguntou, interrompendo-a.

Lucie passou a mão em baixo do seu pescoço, procurando o colar.

— Eu acho que eu perdi...

— Ah, que pena... Bem eu estou indo, tem certeza que não quer mesmo vir?

— Não, obrigada, deixa pra próxima!

Lucie se virou e continuou digitando a mensagem. Alguns minutos depois ela chegou ao prédio abandonado. Uma mensagem chegou ao celular descartável:

"Espero que você goste de reencontrar essa pessoa... Você tem que pegar a chave que está com ele, ou Amanda morre. Nem um pouco de pressão."

Lucie apenas suspirou fundo e entrou. Seus passos ecoavam altos pelos corredores vazios, até que ela chegou ao salão. Uma pessoa estava parada, de costas, mas ela reconhecia essa pessoa mesmo assim:

— Connor... Eu já desconfiava que fosse você que estaria aqui.

O homem se virou, sorrindo.

— Olha só quem está aqui: a vagabunda assassina.

— Olha, Connor, dá pra me entregar essa maldita chave logo pra eu ir embora?

— Haha! Te entregar a chave? Tão fácil assim?

Lucie caminhou até ele e ambos ficaram frente a frente.

— Me dá essa chave logo seu merda!

Connor riu descontroladamente, e então disse:

— Lucie, Lucie... Você acha mesmo que pode me mandar? Logo eu?

— Connor, por favor, eu preciso dessa chave!

— Uau, a assassina está pedindo por favor?– Perguntou Connor, enquanto tirava a chave do bolso da calça e mostrava para Lucie. – E pra que vossa senhoria precisa dessa chave?

— Se eu não pegar isso e entregar pra alguém, uma amiga minha morre.

— Hahahaha! Tá falando do mascarado? Ah, você não sabe quem ele é, não é mesmo?

Lucie franziu a testa.

— Espera, você sabe quem é o assassino?

— Claro que eu sei! Mas nem precisa perguntar, eu não vou contar, se não eu morro! – Respondeu Connor, rindo e fazendo um gesto de corte no pescoço com as mãos.

Lucie deu suspiro alto e caminhou em direção à chave.

— Opa! – Berrou Connor, guardando a chave no bolso interno de sua jaqueta.

— Connor, me dá isso.

— Sabe, eu acho que seria interessante você sentir o que eu senti...

— Connor, me dá essa chave.

Lucie foi tentar pegar a chave na jaqueta dele, que deu um tapa extremamente forte na cara da garota, que caiu no chão.

— Sabe Lucie... Você tirou de mim quem eu mais amei...

— Hehehe... – Lucie começou a rir, se levantando do chão. – Você não sabe amar ninguém Connor, você é só um safado.

— É... Talvez você tenha razão... – Após dizer isso, ele deu outro tapa ainda mais forte na cara da garota.

Ela caiu no chão novamente, atordoada. Ele subiu em cima dela e começou a apertar seu pescoço, enforcando-a.

— Você pode estar certa... Ou não. Sabe por que você nunca vai saber a resposta? PORQUE VOCÊ TIROU ELA DE MIM! – Lucie se debruçava, tentado se livrar do homem, enquanto perdia seu ar. – Você não passa de uma assassina desgraçada!

Ela começou a enfiar as mãos nos bolsos da calça dele, procurando qualquer coisa, até que ela apalpou um fone de ouvido. Sem pensar das vezes, ela enfiou o plugue do fone no olho esquerdo dele até sair sangue. Connor começou a gritar, soltando-a e afastando. A garota começou a tossir, respirando oxigênio novamente. Quando o cara ficou de joelhos, ainda gritando, Lucie passou o fio do fone pelo pescoço dele e começou a apertar, asfixiando-o. Ela chegou perto do seu ouvido e cochichou enquanto ele se debatia:

— Você sabe quem eu matei Connor. Você acha mesmo que vai ser difícil matar você? Você é um nada comparado com Julius!

Connor rapidamente se levantou e saiu correndo de ré, com Lucie nas costas, até a fazer bater numa parede. Após algumas tossidas, ele pegou-a pela manga da camisa e deu um soco no nariz dela.

— Lucie, você não tem ideia de quem eu me tornei desde que você incendiou a casa dos seus pais!

Ele a pegou e deu outro murro, acertando novamente o nariz dela, que começou a sangrar.

— Você acha mesmo que é párea pra mim, mas não passa de uma garota depressiva e esquisita!

Ele deu outro murro, acertando perto do olho dela.

— Quer saber de uma coisa? Chegou a hora de realizar seu desejo. Mas dessa vez, eu vou ter certeza que você vai morrer de verdade. – Ele a pegou pelos cabelos e começou a arrasta-la até o outro lado do salão enquanto ela balbuciava algumas palavras. – Sabe Lucie, quando você tentou se matar, todo mundo achou que você tinha conseguido. Você não sabe o alívio que foi abrir a porta do seu apartamento e ver seu corpo lá, balançando enforcado, no teto, ainda se debatendo. Mas a vagabunda da Rachel tinha que conseguir te salvar não é mesmo? Mas adivinha?! – Ele perguntou, jogando a garota no chão e pegando uma sacola plástica ali perto. – Dessa vez Rachel não vai te salvar!

Dizendo isso ele enfiou a cabeça dela na sacola e apertou, enquanto apoiava seus joelhos nos braços dela, a impossibilitando de reagir.

— Adeus, Lucie.

Longos segundos se passaram, e ela já começava a perder a consciência. Mas então a sacola simplesmente perdeu a pressão, e o ar voltou a entrar em suas narinas. Connor caiu em cima dela. Alguém chegou o corpo dele para o lado e removeu a sacola da cabeça da garota. Quando suas vistas se ajustaram ela pôde ver quem a salvou.

— Vem senhora, a senhora precisa sair daqui. – Disse Josh ajudando a garota a se levantar.

Connor estava com uma tesoura de jardinagem atravessada em seu peito. A garota tossia.

— A senhora precisa ir.

— Josh... – Lucie abraçou o jardineiro, fisicamente abalada.

— Senhora... Aqui... – Josh entregou para a garota uma bolsa. – Aqui tem um envelope importante. Não abra aqui.

Lucie concordou e pegou a bolsa. Ela investigou o corpo de Connor e encontrou a chave.

— Josh, você precisa sair daqui também!

— Josh não sabe o que fazer senhora. Josh matou uma pessoa... Josh é mesmo um monstro.

— Ei, me escuta. Você vai pegar a tesoura, e se livrar dela rápido. Depois você vai para um lugar cheio de pessoas, assim você terá um álibi. Entendeu? – Josh afirmou com a cabeça. Seus olhos estavam cheios de água e ele estava tremendo. – Ei, ei, ei... Você me salvou tá bem? Agora, faça o que eu mandei.

Josh pegou a tesoura e saiu, claramente em estado de choque. Lucie mandou uma mensagem para o intruso dizendo que estava com a chave. Alguns segundos depois, ele ligou:

— Parabéns, senhora Freewood... Demorou mais do que o esperado, mas mesmo assim, meus parabéns.

— Onde eu tenho que deixar a chave?

— Como você demorou muito, vamos pular para a terceira tarefa? Você precisa pegar uma caixinha na casa de Abel. Ela estava em baixo da cama dele quando eu verifiquei.

— Você o quê?

— Ah, cara Freewood, você acha que eu fico de olho somente em você? Você é especial, mas nem tanto. Bem, pegue essa caixa e depois eu te darei as coordenadas para me entregar e fazer a última tarefa.

Antes que ela pudesse dizer algo ele desligou. Ela estava prestes a sair, mas antes foi até o corpo de Connor e cuspiu nele. Após isso ela saiu em direção à casa de Abel.


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