Rainy Days escrita por Emily Jobs


Capítulo 9
Capítulo 9


Notas iniciais do capítulo

^_^



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/767713/chapter/9

Flashback

Mônica só conseguia pensar em dormir enquanto assistia a aula de física. Exatas nunca fora seu forte, mas já tinha batido seu número máximo de faltas naquela aula. Tinha chegado na cidade havia algumas semanas, mas não tinha feito contato com ninguém, não que ela não quisesse, só era muito calada.

Checava seu celular quando ouviu um baque forte, que a assustou.

— Isso são modos, senhor? – o professor disse para o aluno que entrou.

O menino apenas olhou para ele enquanto ia se sentar. Mônica não conseguiu tirar os olhos dele, tão selvagem e alto. Não podia olhar para ele sem ser óbvia, porque ela se sentou na primeira cadeira, e ele na última do outro lado da sala.

Na hora da chamada, tentou ouvir o nome dele, mas deve ter se perdido porque não percebeu que ele tinha respondido. As meninas que se sentavam atrás dela também não se calavam um instante e Mônica ficou irritada até perceber que o assunto da conversa era ele.

— Ele é um brutamontes. – uma loira disse baixo para as outras. – Não tem educação nenhuma.

— Concordo! – outra falou bem alto. – Mas é gostoso pra caramba!

Mônica foi para casa e fez o dever de casa rapidamente. Sua mãe estava sentada na poltrona ao lado da cortina e sorriu para ela quando entrou na sala.

— Fez o dever?

— Sim, mãe. – Respondeu sorrindo. – Fiz e revisei todas as matérias.

— Muito bem. – A sua mãe voltou a olhar para folhas que tinha na mão. – Já pensou no que quer para seu aniversário de quinze anos?

— Falta muito tempo pra isso! – Mônica emburrou imediatamente. – Não, quero ficar em casa e fazer maratona de alguma série.

— Isso não é coisa de gente. – Luísa riu junto com a filha. – Ainda dá tempo de fazer uma festa, você sabe disso.

— Festa? – Mônica a encarou. – E que amigas eu iria chamar?

— Você não precisa de amigas! – Sua mãe falou decididamente. – Você tem muita família, se eu os chamar, eles enchem qualquer salão de festa.

— O que você quiser, mãe. – ela desistiu. – Você sabe que eu não gosto disso.

— Eu só quero que você seja prestigiada, filha.

— Eu sei, mamãe.

Acordou no outro dia totalmente descansada e tomou um banho antes de ir para a escola. Vestiu uma calça jeans preta, uma blusa colada branca e seu vans vermelho. Penteou os cabelos que batiam na base de sua coluna. Tinha tanto orgulho deles e demorou bastante tempo tentando prendê-los em um rabo de cavalo.

Saiu de casa dispensando a carona que seu pai tinha oferecido e andou pelas ruas um pouco mais animada que no dia anterior. Ouviu um barulho muito alto e virou a cabeça imediatamente para ver o que era.

Era o mesmo cara loiro do outro dia, dessa vez pilotando uma moto preta grande. Viu quando ele parou no sinal e colocou os pés no chão, usando uma calça preta e botas de couro bem brilhosas.

De novo não conseguiu tirar os olhos dele, apenas observá-lo de longe. Pensou se talvez um dia chegasse a conhecê-lo, pois ele não parecia ser do tipo que fazia amigos com facilidade. “Para de pensar besteiras”, balançou a cabeça e foi para a escola.

.

— Vamos, Mônica! – Magali segurou na mão da amiga enquanto as duas tentavam achar suas amigas. – Elas estão ali!

Já era noite e as arquibancadas estavam cheias de gente animada e ansiosa. Era um dos jogos e esportes mais esperados da faculdade. Cebola estava no campo se alongando e ouvia as ordens do técnico.

— Vocês demoraram, hein. – Ana falou animada comendo pipoca. – Olha ali o Titi, amor! Amor!

Ana tentava chamar a atenção do namorado, falhando fazendo Magali rir. Titi era de longe o cara mais alto e forte de todo o time, porém tinha um péssimo temperamento, Mônica já sabia muito bem dos seus altos e baixos. O uniforme dos meninos era verde e todos eles se juntaram para tirar fotos.

— Olha só quem está ali. – Marina sussurrou no ouvido de Mônica rindo baixinho.

Mônica ficou envergonhada e olhou para trás, Marina estava sentada uma bancada acima das meninas. Uns dias antes, ela tinha ido até a casa de Mônica e encontrara Do Contra! Surpresa, Marina saiu de lá quase correndo, porém não tinha tido tempo de conversar direito com Mônica ou com as meninas sobre o acontecimento.

Mônica viu Franja sentar-se no banco ao lado de DC e o oferecer água. Olhou para trás de novo, porém Marina parecia absorta demais mexendo no celular. “Espero que ela esteja bem”, com toda a confusão de Magali, a questão da Marina acabou sendo um pouco esquecida, mas Mônica conseguia ver que a amiga estava superando.

Viu Denise, com seu cabelo preso usual e, surpreendendo todas as meninas, chegou e se sentou diretamente ao lado de Mônica, sorrindo para todas.

— Que foi? Não posso me sentar com vocês? – perguntou.

— Claro que pode. – Magali respondeu primeiro.

Denise estava mais calada que o normal e elas perceberam isso. Carmen, sua amiga, sentava-se longe o bastante para não conseguir ouvir o que elas estavam conversando.

— Denise, eu tenho que perguntar... – Ana começou. – Você e a Carmen brigaram?

— Meio que sim. – Denise respondeu sorrindo tristonha.

— E a gente pode saber o porquê? – Magali tentava não soar curiosa.

— Ela faz coisas que eu não gosto! – a declaração surpreendeu Mônica. – Bom, ela me julga demais, por mais que vocês não saibam disso, mas tem dias que ela não quer andar comigo só pelo jeito que eu arrumei o cabelo!

— Que vaca. – disse Mônica.

— E vocês não sabem o pior disso tudo. – Denise se aproximou delas para contar. – Não posso sair com nenhum cara sem ela me encher o saco! Como se o Cebola fosse grande coisa.

— Verdade! – Magali concordou e olhou para Mônica com um sorriso amarelo. – Desculpa, amiga.

— Não tem nada. – Mônica assegurou.

— Olhem lá! – Marina se inclinou e apontou o dedo para frente. – Vai começar.

Mal dito isso, o árbitro apitou e o jogo começou. Cebola era o camisa dez do time, atacante e começou com a bola nos pés. Passou para Cascão, que já tinha passado do meio de campo do outro time.

— Eles jogam diferente quando é pra valer. – constatou Denise com o celular na mão, digitando rapidamente.

Os meninos estavam a todo vapor na quadra e Mônica estava muito animada com o jogo. Quando estavam na frente do gol, viu o goleiro da outra faculdade empurrar Titi, que vinha do outro lado da quadra correndo, com toda a força que tinha fazendo-o levar um tombo. Ana, talvez por instinto se levantou imediatamente.

— Calma, Ana. – Magali estava despreocupada. – Quantas quedas Titi não leva nos treinos?

— Eu sei. – ela continuava perturbada, ora levantava ora sentava de novo.

Mônica percebeu que a queda tinha sido um pouco séria quando viu que ao invés de ele se levantar e continuar jogando, foi retirado da quadra e se sentou no banco. Só aí que Mônica viu Do Contra aquecendo e entrando no jogo. Antes disso, Ana acabou descendo as escadas rapidamente, com seus cabelos ao vento atrás de Titi.

Quando DC entrou no campo, Mônica podia sentir Marina a encarando mesmo sem a olhar. De todos os meninos, ela podia dizer com certeza que o uniforme favorecia mais Do Contra do que qualquer outro. Tinha algo no jeito dele, no corpo dele, que atraia Mônica de um jeito quase enlouquecedor. “Somos amigos, amigos”, tentava acalmar seu coração, que palpitava muito rápido.

Olhou para Cebola, que parecia um pouco contrariado de DC estar jogando e viu nos olhos dele a raiva que tinha pelo menino.

— Por que o Cebola tem tanta raiva do Do Contra? – Perguntou mais para si mesma do que para as amigas.

— Cebola odeia o jeito do Do Contra. – explicou Magali e viu Marina descer um degrau da arquibancada e sentar-se perto delas.

— Sim, desde sempre. – completou Marina, tentando arrumar os cabelos enrolados. – Desde que estudavam na escola.

Elas continuaram conversando, porém Mônica estava em silêncio tentando entender a confusão na quadra.

— Estão decidindo quem vai chutar. – Magali disse antes que perguntasse. – Se continuarem brigando assim, o técnico vai colocar o Xaveco pra bater o gol!

Por fim, decidiram que Cebola ia chutar e como ele era camisa dez, Mônica não fez nenhum comentário. Ele se posicionou e chutou com a ponta do dedão, fazendo a bola cair direto nas mãos do goleiro, que sorriu e a jogou para continuar o jogo.

— Nossa, senhora! – Denise arregalou os olhos. – Mônica, depois vão te culpar por causa disso!

Não entendeu o que ela quis dizer, mas alguns segundos depois o time adversário marcou um gol. A torcida pelo lado do Limoeiro ficou quieta enquanto o time saiu para descansar um pouco para o próximo tempo.

Depois de alguns minutos entendeu Denise. “Filha da mãe” pensou e riu internamente.

— Vamos, Mônica! – Magali a puxou. – Temos que mudar de lado.

— Nossa, você nunca foi em um jogo de futebol? – Denise a olhou de cima para baixo.

Mônica riu sem graça andando ao lado das meninas. Única experiência que tinha em assistir jogos era entrar para fingir que ia e logo depois sair para festas ou com os amigos de seu ex namorado.

Ana estava sentada ao lado de Titi e segurava uma bolsa de gelo contra sua cabeça.

— Eles são tão fofos. – suspirou Denise um pouco mais alto que o necessário. – Quem me dera ter alguém assim.

— Ele primeiro teria que passar no teste da Carmen. – Magali alfinetou.

— Isso é verdade. – Disse um pouco triste.

Mônica ouviu alguém chamar seu nome e se virou para a quadra. Era Cebola quem lhe chamava, estava cabisbaixo e chutava a grama. Mônica apenas olhou para suas amigas antes de ir em direção a ele.

— Sinto muito por aquilo. – disse ao se aproximar.

— Não se preocupe. – o olhar de Cebola a tranquilizou um pouco. – Posso te perguntar uma coisa?

— Claro que pode. – Encostou na grade que os separavam.

— Você me odeia?

— O que? – riu sem entender. – Que pergunta é essa?

— Responde. – Cebola pediu.

— CLARO que não. – Respondeu revirando os olhos.

— Então você gosta de mim? – Começou a entender onde ele queria chegar com as perguntas.

— Sim, nós somos amigos.

— Amigos? – Ele perguntou e Mônica engoliu em seco vendo sua expressão. – Achei que tínhamos passado dessa fase.

— Olha, Cebola. – observou a quadra e viu DC a encarando. – Agora é realmente a hora para a gente conversar sobre isso?

— Eu sei que não é. – Cebola colocou a mão pela grade e segurou a dela. – Então sai comigo de novo hoje.

— Hoje? – ao perguntar isso, ouviu o barulho do apito do juiz.

— Sim. – ele apertou sua mão antes de andar de volta para jogar. – Está marcado!

Mônica não tinha entendido muito, mas agora iria sair com Cebola depois do jogo. Ao chegar perto das meninas, foi bombardeada por perguntas.

— Ele segurou sua mão! – Denise disse e mostrou o celular. – Eu tenho provas.

— Então é oficial? – Magali perguntou sorrindo. – Estão juntos?

— Defina “estar junto”. – ela deu um sorriso sem graça. – Ele só me chamou pra sair depois do jogo.

— Na frente da faculdade todinha! – Marina parecia um pouco confusa, mas ainda sim sorria. – Isso significa muita coisa.

— Ele nem me deu chance de dizer sim. – Mônica riu e balançou a cabeça.

— Você tem planos para depois? – Ao olhar para Marina, sabia do que ela estava falando e negou com a cabeça. – Mônica, você é solteira! Aproveita, mulher.

— Super concordo com a Marina. – Denise sorriu. – Não sei o que vocês veem nele, mas ficar encalhada nunca!

Tentava se convencer de que era uma boa ideia. Já tinha saído com Cebola uma vez e tinha se divertido, então sair de novo não iria ser ruim.

— Depois a gente precisa conversar. – Marina a cutucou e sussurrou.

Quando Cascão fez o gol que empatou o jogo, a torcida voltou a se animar e até Magali soltava gritinhos quando algum jogador tentava derrubar ou empurrava alguém do time. Faltava alguns minutos para acabar e a tensão aumentava a cada segundo.

— Um empate é melhor do que perder, não é? – Mônica perguntou sem tirar os olhos dos meninos.

— Eu não acredito nisso. – Marina comentou decepcionada.

O apito de término do jogo foi alto e claro. Os meninos sentiram o peso do empate enquanto saiam da quadra e entravam no vestiário. Mônica seguiu Cebola e tentou ao máximo o animar.

— Você foi bem! – disse quando conseguiu a atenção dele.

— Mônica, não mente pra mim... – ele sorriu para ela. – Eu perdi um pênalti.

— Mas não perderam o jogo! – ela cruzou os braços.

— Mas agora não temos vantagem pro próximo. – Cebola segurou seus cotovelos e se aproximou, a fazendo ficar parada. – Não saia daqui, já volto.

Beijou sua bochecha e piscou um olho antes e entrar no vestiário. Mônica suspirou pesadamente e olhou para cima, pensando se estava fazendo a coisa certa. Sentiu um pequeno tremor em sua mão e a segurou com força. A coisa que mais odiava era ficar nervosa, pois suava frio e passava mal.

Tentou esvaziar sua mente de todos os pensamentos, especialmente os que DC estava. Quando se virou e viu o sorriso de Cebola, aceitou mentalmente o conselho de suas amigas de que estava solteira e podia se divertir.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Rainy Days" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.