Rainy Days escrita por Emily Jobs


Capítulo 1
Capítulo 1




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Olhava para seu relógio enquanto esperava o ônibus, na esperança do tempo passar mais rápido. Infelizmente havia pegado o avião com mais turbulência de todo o aeroporto e agora, meia hora depois de ter saído daquela jaula mecânica, ainda sentia vestígios de enjoo.

Não estava bem claro ainda em sua mente o porquê de ter escolhido aquela faculdade, naquele lugar, mas só a ideia de poder fugir dos olhares curiosos de seus pais já era um alívio.

Uma coisa que não contava era a chuva. Lembrou de ter olhado a previsão do tempo antes de entrar no avião, mas como não acreditava muito naquilo, ignorou os alertas em sua mente de comprar um guarda-chuva. Agora estava parcialmente encharcada, quando finalmente viu os números que queria no ônibus.

Não teve que fazer muito esforço para entrar, mesmo com uma mala, visto que o ônibus era grande, mas xingou baixinho quando viu o ar condicionado em sua temperatura mais baixa. Desejou ter o cabelo grande, ou pelo menos não os ter cortado dois dias antes, pois ao menos teria o conforto dele esquentando seus pescoço e orelhas.

Pensando nisso, passou a mão pelo seu novo corte de cabelo, seu novo xodó e se repreendeu por sentir falta dele grande. Viu que tinha chegado no bairro, suspirando por ter que pegar mais chuva.

Se guiava por seu aplicativo, quando parou em frente a um prédio de apartamentos verde, com mais de vinte andares. Olhava em volta pensando estar no lugar errado, mas o letreiro brilhava em contraste com o tempo. "Limoeiro Hall" se via em letras brancas e brilhosas e enquanto passava pela entrada foi recebida por um homem alto e com cabelos já brancos.

— Senhorita, deixe-me ajudá-la. - Ele disse prestativo enquanto pegava sua mala. - Seria você a nova inquilina, Mônica?

Respondeu com um aceno, nervosa por estar em um local totalmente desconhecido, e pensou se algum dia poderia chamar aquele prédio grande e frio de lar.

— Vamos fazer sua entrada agora. - O homem a levou para o balcão, onde uma moça já com seus trinta anos sorriu imediatamente.

Feito isso, Mônica andou puxando sua mala e parou em frente ao elevador. Quando a porta se abriu quase foi atropelada por uma menina, e tentou relevar quando viu um olhar duro vindo dela.

— Olhe por onde anda. - cuspiu a garota, de um loiro que Mônica certamente não conseguiria em um salão. Ela puxou o celular e foi andando em direção a saída.

Acabou por ir ao seu apartamento mobiliado e deitar na cama, tentando esquecer da chuva, da menina e de que estava em um ambiente totalmente novo.

Quando abriu seus olhos novamente já estava de noite e seu estômago roncava alto, e suspirou quando ouviu o toque do seu celular.

— Oi, mãe. - E foi atacada por gritos e perguntas. - Sim, cheguei bem. Não, não fui ao mercado. Sim, eu lembro a senha do cartão.

Quando ia guardar seu celular de volta na bolsa, viu o que certamente tentava esconder dela mesma. O maço de cigarros ainda estava fechado, porém seus lábios se contraíram quando segurou a pequena caixa.

Era uma nova estratégia de sua psicóloga.

— Deixe seu inimigo próximo, uma ova... - suspirou e jogou o maço dentro de sua bolsa.

Não era sempre que tinha recaídas, porém não podia deixar de admitir para si mesma que sua adolescência foi uma época bastante conturbada. Já era quase nove horas, mas se viu indo ao mercado e pegando todo o necessário para o total de uma semana. Nunca foi do tipo que adiava as coisas para frente.

Por hábito, pegou uma garrafa de whisky. Por mais que não bebesse tinha mais de três meses, e tinha uma plaquinha de noventa dias do AA, tinha plena consciência de que não iria beber aquilo.

Pagou e quando estava voltando para seu apartamento a chuva resolveu parar um pouco, deixando-a observar tudo que não tinha conseguido. Logo em frente ao mercado, via um cinema independente, não daqueles grandes, mas dava para o gasto.

Viu também duas padarias, uma loja de roupas e uma de jogos, tudo na mesma rua, a deixando levemente confortada. Isso não era algo que se via na sua cidade.

Chegando em seu apartamento, esquentou um prato que comprou já pronto enquanto guardava o resto das coisas. Comeu e tomou um banho, colocando seu pijama esfarrapado verde.

Sua mente não parava momento algum, e só pensava que estava nervosa para seu primeiro dia de aula. Era final de setembro, primeiro semestre, porém entrava atrasada um mês, então tinha não sabia se tinha boas chances de fazer amizades e lembrava dos conselhos de sua psicóloga e de seus pais quando finalmente adormeceu.

 


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