Better Days escrita por oicarool


Capítulo 21
Capítulo 21




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Havia uma estranheza no Vale do Café, com a ausência de Darcy. Ele não estava de volta em uma semana, ou em duas. Na realidade, já se aproximava de um mês desde a partida do inglês, e Elisabeta mal podia conter a ansiedade e a irritação. A ansiedade era alimentada pela insegurança em relação à ele. Era como se, mesmo sabendo sobre as cartas e que Darcy não era realmente culpado, houvesse nela uma desconfiança.

E a irritação era alimentada pelo olhar triste de Tom, pelos resmungos do menino, pelo olhar ansioso que ele direcionava à porta, sempre que alguém passava pela casa dos Benedito. É claro que tentava ser racional, tentava evitar pensar que Darcy simplesmente tivesse desistido de voltar. Era improvável, quase impossível. Mas não houve qualquer tentativa dele de comunicar o prolongamento de sua estadia, e por isso Elisabeta via-se cultivando tais pensamentos.

Estava agora no sofá, e Tom descansava a cabeça em suas pernas. Ela acariciava os cabelos do menino, e os dois estavam em silêncio, perdidos nos próprios pensamentos. Era uma tarde quente no Vale do Café, mas Thomas havia recusado o convite dos primos para ir à cachoeira, mesmo com as tentativas de Elisabeta de convencê-lo. Ouviu o filho bufar, e lançou um olhar curioso.

— Quando meu pai volta? – ele perguntou, de supetão.

— Eu não sei, Tom. – Elisabeta respondeu, sincera, pelo que deveria ser a centésima vez na semana.

— Ele disse que voltaria rápido. – Tom cruzou os braços.

— Eu sei, meu amor. Mas certamente seu pai teve algum problema em São Paulo. – Elisa sorriu.

— Ele poderia ter avisado. – o menino a encarou, com indignação, ecoando seus pensamentos.

Elisabeta ficou em silêncio, outro sorriso brotando em seus lábios ao perceber o quanto o filho podia ser parecido com ela.

— Por que ele não avisou? – Tom perguntou.

— Thomas, você está perguntando pra pessoa errada. – deu uma pequena risada. – Quando o seu pai voltar, pergunte à ele.

— Mas ele não está aqui! – o menino sentou-se, resmungando.

— Eu sei que ele não está! – Elisabeta fez garras com as mãos. – Por isso não adianta você me perguntar.

— Mamãe! Eu estou tentando conversar. – o menino empinou o nariz.

— Você está tentando me enlouquecer! – Elisabeta fez cócegas no filho, fazendo-o rir.

— Não! – Tom gritou, tentando se soltar.

— Se eu ouvir mais uma pergunta sobre Darcy hoje, eu vou fazer cócegas em você até o fim do dia! – Elisabeta ergueu a sobrancelha, enquanto o garoto ria.

— Não é justo! – Tom reclamou.

— É justo! É muito justo! Eu estou começando a pensar que uma mãe não basta para o senhor. – Elisabeta fez uma careta.

— Mamãe, pare! – o menino estava com as bochechas vermelhas, e Elisabeta finalmente o soltou. – Eu só estou com saudade do meu pai.

— Eu sei, meu amor. – Elisa sorriu, acariciando os cabelos do filho. – Eu só quero que você pare de pensar nisso.

Tom encarou as próprias mãos, com um suspiro.

— E se ele não voltar? – a voz dele era triste.

— Ei, olhe para mim. – Elisa pediu, levantando o queixo do menino. – O seu pai vai voltar.

— Você tem certeza? – o olhar dele era desconfiado.

— Toda a certeza do mundo. – Elisabeta piscou, com um sorriso.

Mas logo os dois voltaram para sua posição e para o silêncio. Era estranho estar sem Darcy por perto. Como se, mesmo em tão pouco tempo, Darcy Williamson fosse uma parte fundamental de sua pequena família.

##

Duas semanas depois, Darcy finalmente fazia o caminho de volta ao Vale do Café. Sentia-se ansioso pela perspectiva de reencontrar Tom e Elisabeta. Não pretendia ficar tanto tempo em São Paulo, mas, além dos negócios da família, havia um motivo muito importante para permanecer na cidade. E agora, finalmente, retornava para sua pequena família, com o carro cheio de presentes e o papel mais importante de todos em seu bolso.

Esperava que Elisabeta concordasse, pois havia sido trabalhoso. Consultar mais de um advogado, um juiz, enviara cartas para o Rio de Janeiro e, inclusive, fora necessário visitar a cidade em uma ocasião. Era uma situação atípica, a deles, e por isso Darcy buscou todas as formas de formalizar tudo o que havia acontecido. E agora, finalmente, tinha autorização para chamar Thomas de seu.

O papel que levava no bolso dava a ele a autorização de modificar a certidão do garoto. Incluir seu nome nela. Dar à Tom seu sobrenome. Se Elisabeta concordasse, em poucos dias o nome do filho seria Thomas Benedito Williamson, e oficialmente o garoto seria o herdeiro de tudo: seus negócios, suas propriedades e seu título. Tom seria o futuro Lorde Williamson, quando tivesse a idade certa.

Mas temia que a decisão não fosse aprovada por Elisabeta. A conhecia bem o suficiente para saber que ela gostaria de ser consultada. E por isso ainda não assinara aquele documento. Se Elisabeta negasse a mudança, Darcy aceitaria. Já sabia inclusive como tornar Tom seu herdeiro legal, mesmo sem que levasse seu nome. Mas esperava que Elisabeta dissesse sim. Que desse a ele tal voto de confiança.

Já era noite quando Darcy chegou ao Vale do Café, e foi em direção à casa dos Benedito, sem pensar duas vezes. As luzes estavam apagadas, e Darcy de repente deu-se conta de que deveria estar mais tarde do que o previsto. Pensou em ir embora, mas precisava vê-los, precisava ao menos dizer que estava ali. Desceu do carro e caminhou até a porta, dando uma batida leve.

— Darcy! – Felisberto a abriu, com um sorriso aliviado. – Meu rapaz, já estávamos preocupados.

— Seu Felisberto, me desculpe. – Darcy sorriu, constrangido. – Havia mais a ser feito do que antecipei.

— Entre! Tom está dormindo, mas acho que gostará de vê-lo.

Darcy pediu licença, e caminhou até o quarto do filho. Abriu a porta devagar, sentindo o coração aquecer-se com a visão do pequeno corpo adormecido. Os cabelos dele pareciam um pouco maiores do que no mês anterior, mas o menino tinha uma expressão serena, tranquila.

Aproximou-se e sentiu a cama afundar com o peso de seu corpo. Darcy acariciou os cabelos de Tom com cuidado, tentando não acordá-lo. Mas o garoto remexeu-se, abrindo os olhos sonolentos. Seu olhar repousou em Darcy, e um sorriso apareceu no rosto de Thomas.

— Papai. – disse, em voz baixa. – Você voltou.

— Eu voltei. – Darcy sorriu, beijando a testa do filho. – Volte a dormir, amanhã temos muito a fazer.

— Você fica comigo até eu dormir? – o menino pediu, sua mão buscando a de Darcy.

— É claro, meu filho. – Darcy acomodou-se.

A cama era pequena demais para ele, ainda assim Darcy conseguiu sentar-se ao lado de Tom. Sua mão acariciava o filho em ritmo constante, e Darcy finalmente parecia conseguir respirar, depois de tanto tempo. Poderia passar todas as suas noites daquela forma, vendo seu pequeno tesouro adormecer. Gostaria de poder dar um beijo de boa noite todos os dias, de acordá-lo pela manhã. Sua vida não fazia mais qualquer sentido sem aquela criança.

Não soube quanto tempo se passou, até ouvir a porta abrir-se novamente. Elisabeta vestia uma camisola branca, seus cabelos soltos nos ombros, e uma expressão de curiosidade no rosto. Darcy observou Tom por mais alguns segundos, a respiração tranquila e profunda denunciando seu sono. Levantou-se, tentando fazer silêncio, e parou em frente à Elisabeta.

Era outra coisa que poderia se acostumar. Vê-la daquela forma, tão em casa, tão a vontade. Teve vontade de puxá-la para seus braços, mas com receio de acordar Tom, apenas levou sua mão ao rosto dela. Elisabeta fechou os olhos ao sentir o contato dos dedos dele. O perfume da colônia amadeirada, o olhar cansado na penumbra, ele estar ali. Era tudo intenso, e quase sem controle Elisabeta aproximou-se.

Seus braços foram instintivamente para o corpo dele, e Darcy a apertou forte contra seu peito. O nariz de Elisabeta estava na curva do pescoço dele, e Darcy respirou fundo em seus cabelos. Seus corações estavam acelerados, mas no decorrer daquele abraço, veio a calmaria. Ele estava ali de novo, estava de volta. A mão de Darcy acariciava os cabelos dela, a outra envolvendo seu corpo inteiro.

Elisabeta desvencilhou-se de Darcy, buscando sua mão. Entrelaçou os dedos deles e o guiou até seu quarto. Algum tempo devia ter passado, pois todas as luzes da sala estavam apagadas, e não havia sinal de que Felisberto estivesse acordado. No quarto de Elisabeta havia apenas um pequeno abajur iluminando o ambiente. E antes que ela percebesse, Darcy a abraçava por trás, enquanto fechava a porta do quarto dela.

Havia tanto a ser dito, mas nenhum dos dois foi capaz de encontrar palavras. As mãos de Darcy correram pelos braços dela, encontrando as de Elisabeta. Seus dedos se entrelaçaram automaticamente, e Darcy levou uma das mãos dela aos lábios, repetindo o gesto com a outra. E então depositou pequenos beijos em seu braço, trilhando um caminho até o pescoço.

Darcy afastou os cabelos de Elisabeta, e quando os lábios dele encostaram na pele nua de seu pescoço, ela viu-se colocando um dos polegares no bolso de Darcy, seus dedos apertando a pele da coxa, por cima da calça. A língua dele tocou sua pele, deslizando até sua orelha, e Darcy respirou fundo, antes de fechar os dentes naquele local. Elisabeta deixou escapar um gemido baixo, ao mesmo tempo em que Darcy segurava seus cabelos com mais força. Mas Elisabeta tentou dar um passo a frente, querendo recuperar o controle.

— Eu sei que você está furiosa. – ele sussurrou no ouvido dela.

Elisabeta sorriu, encostando-se mais no corpo dele. Apenas Darcy seria capaz de dizer tal coisa naquele momento. Mas a conhecia. A conhecia como a palma da mão que explorava seu corpo. Ela relaxou em seus braços ao ouvir a certeza de que ele sabia que devia explicações.

— Isso. – ele continuou, a mão subindo para a curva de um dos seios dela. – Grite comigo depois. Deixe eu cuidar de você agora.

Darcy girou seus corpos, encostando a frente de Elisabeta levemente na porta. A barreira fez com que ele se aproximasse ainda mais dela, a frente de seu corpo grudada nas costas de Elisabeta. Ele beijou o pescoço dela, lenta e sensualmente. Sua mão soltou os cabelos dela, procurando os botões de trás da camisola. A outra mão puxava o tecido para cima, expondo as coxas dela.

Elisabeta prendeu a respiração quando Darcy afastou-se o suficiente para retirar a camisola dela, e novamente grudou o corpo ao seu. Sentia o calor dele, e embora soubesse que precisavam conversar, sentia a necessidade dele. Darcy abriu o colete e a camisa rapidamente, e então Elisabeta sentiu o peito dele em suas costas, pele com pele. As mãos dele foram para a frente do corpo dela, e Elisabeta encostou a testa na porta.

Fechou os olhos, sentindo as mãos dele explorando seu corpo. Darcy apertou seus seios de leve, e então uma das mãos desceu, chegando à sua intimidade. Sem pudor, ele a acariciou, e Elisabeta tremeu em seus braços ao sentir Darcy tocá-la da forma que precisava ser tocada. E ela se desfez rapidamente nos braços dele, em uma mistura de toques nos lugares certos, com beijos em seu pescoço.

Darcy retirou o resto de suas roupas, e puxou o corpo ainda trêmulo de Elisabeta para seus braços. Deitou-a delicadamente na cama, cobrindo seu corpo com o dele. Darcy sorriu, acariciando o rosto de Elisabeta, antes de tomar seus lábios. Era um beijo lento, calmo, saudoso. E Elisabeta logo entrelaçava o corpo de Darcy com as pernas, o beijo cada vez mais intenso, fazendo com que seus corpos de movimentassem e estivessem perigosamente perto de se unir.

Ele deixou-se levar naquele momento, sentindo o corpo dela se moldar ao dele. Continuou com o beijo enquanto fazia movimentos lentos e certeiros, quase enlouquecedores para ele. Quando não conseguiu mais aguentar, juntou suas mãos as dela, acima da cabeça de Elisabeta, e grudou suas testas. Não demorou para derramar-se nela, causando arrepios nos dois, esquentando ainda mais aquele pequeno quarto.

Voltaram aos beijos preguiçosos, carícias pouco inocentes, em um emaranhado de pernas e braços. Elisabeta viu-se em cima dele, e o desejo era tanto que foram um do outro novamente, entre gemidos contidos e sussurros. Quando suas respirações normalizaram, Darcy acariciava os cabelos dela, enquanto ela repousava em seu peito. Elisabeta suspirou.

— Avise que vai demorar, da próxima vez. – ela reclamou.

— Não haverá próxima vez. Vocês vão comigo, se eu precisar voltar. – disse, decidido.

— Ah, é mesmo? – ela ergueu a cabeça, buscando os olhos dele, uma expressão irônica no rosto.

— Sim. Você não tem escolha. – ele deu de ombros, com um sorriso tranquilo.

— E se eu não quiser ir? – Elisabeta mordeu o ombro dele.

— Eu vou com Tom. – Darcy fechou os olhos.

— E eu? – Elisabeta deitou-se novamente no peito dele.

— Você espera seus meninos voltarem. – Darcy riu.

— Nem pensar. Vocês morreriam de saudade. – um sorriso brotou nos lábios dela.

— E você não? – perguntou, sonolento.

— Eu prefiro não passar mais nenhum dia longe de você. – ela fechou os olhos, sentindo o abraço de Darcy apertar.

— Que bom, meu amor. Esse era exatamente o meu plano.

 


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