Everything has changed escrita por victoriab


Capítulo 6
Capítulo 6




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Darcy agora estava em casa o tempo todo, “esperando pela minha namorada”, como ele disse quando Elisa chegou em casa do jornal e o encontrou com um livro dela, esparramado no sofá. Ah, como era boa a vida de um herdeiro.

— O que você tá lendo hoje? – ela perguntou.

— Jane Eyre. Ainda não sei o que pensar de Rochester, mas gosto de Jane. – ele olhou pra ela. – Deve ser o mal do nome.

— Acho que Cecília passou tanto tempo lendo esse livro que cismou com a Mansão do Parque, mas Rômulo é muito melhor que Rochester, graças a Deus. – ela sorriu ao se lembrar da habilidade da irmã pra desvendar segredos. – Mas ela realmente desvendou os mistérios de Josephine, que não estava morta quando ela se casou, mas agora está.

— A vida de vocês no Vale do Café parece mesmo saída direto de um livro.

— Só falta o meu final feliz! – ela disse.

— E isso significa também que eu fui mais ou menos o vilão da história de Jane e Camilo. – ele disse, o sorriso esvaindo.

— Não diga isso. Não combina com você se lamentar pelo que já aconteceu. – ela disse e se surpreendeu com o tanto que estava sendo honesta.

— Não é um lamento. Eu realmente achei que estava fazendo o que era certo. – ele disse. – Mas fico feliz que você pensa assim.

— E sabe o que eu acho? – ela perguntou. – Eu acho que a sua vilania ajudou os dois. Nunca vi um casal tão apaixonado. Eles precisavam de um probleminha no começo pra reforçar o amor que sentiam. Então acabou que você fez um favor.

— Acho que tem um elogio perdido ai. – ele riu e pegou o livro novamente, quando Elisa se levantou pra ir guardar as coisas no quarto. 

xxx

Os dois continuaram a tomar café juntos, jantavam com Camilo e Jane e passavam o tempo livre conhecendo uma parte de São Paulo que ainda era desconhecida pra Elisabeta, que tinha um orçamento apertado afinal de contas.

Ela inicialmente não concordou, mas Darcy afirmou que seria necessário para que o namoro deles fosse verídico. Ele a levou em restaurantes, no teatro, comprou dois lindos vestidos vermelhos pra ela. Os dois passavam todo o tempo que tinham juntos e Elisa se sentia mal, pois deveria fazer companhia pra Jane, mas Camilo estava em casa e Jane nem parecia notar a ausência da irmã. Elisa passou a conhecer mais Darcy, a apreciar a maneira como ele falava de sua irmã, que ainda morava em Londres com o pai, a maneira como ele descrevia locais que ela nunca tinha estado antes, mas sonhava em ir e especialmente, a maneira como ele a desafiava a pensar em diferentes aspectos de opiniões que ela já tinha dado como certas e acabadas há muito tempo. Mas ele também ouvia suas confissões, seus medos e Elisa percebeu que ele era um ótimo amigo, um excelente ouvinte.

Não era mais tão estranho pra ela que Camilo, a própria face da serenidade e da paz, fosse amigo de Darcy. Era um lado que ela não tinha reparado antes, talvez por uma cegueira autoimposta. Estava tão determinada a ver defeitos no homem de dois metros que tinha invadido sua vida e seus pensamentos, que esqueceu de olhar o lado bom. Jane já tinha lhe avisado disso, mas ela tinha sido muito orgulhosa pra perceber.

xxx

Faltando uma semana pra viagem ao Vale do Café, Elisabeta pediu licença no jornal por motivos pessoais e Venâncio, seu editor, afirmou que seria muito interessante que ela fizesse algum trabalho no Vale, já que as entrevistas de Victoria Boaventura poderiam ser feitas em qualquer lugar e o interior tinha um ar místico para quem morava na capital. Elisabeta achou a ideia maravilhosa e prometeu que voltaria com boas histórias de sua terra.

Naquela noite, quando chegou em casa, não encontrou Darcy. Camilo e Jane também não estavam lá e ela se desesperou, achando que algo tinha acontecido, mas Mercedes a acalmou dizendo que eles tinham saído pra fazer compras e não deviam demorar. Elisa estranhou o sentimento de vazio ao chegar em casa e não encontrar Darcy, mas mentiu pra si mesma que era o costume de vê-lo todo dia. Ela se acostumava rápido com novas rotinas e foi por isso que ficou chateada ao não encontrá-lo lendo qualquer coisa que ela tivesse indicado pra que ele pudesse discutir com ela mais tarde, na biblioteca.

Enquanto tentava racionalizar seus pensamentos, a porta se abriu e Elisa abriu um sorriso genuíno ao ver Darcy com Camilo e Jane. Ele foi ao seu encontro.

— Meu amor! É uma pena que você seja uma moça tão responsável que trabalha! – ele se abaixou e deu um selinho em Elisabeta, como nunca tinha feito antes, e depois a envolveu em seu abraço. – Montamos quase o enxoval do bebê inteiro hoje!

Elisa queria se desvencilhar de Darcy ou, pelo menos, tentar entender porque ele tinha lhe dado um beijo, mas falhou miseravelmente em sua missão. O abraço dele ele quente e ela decidiu se aproveitar do conforto. Encostou a cabeça no peito dele, ouvindo seus batimentos cardíacos acelerados de tanto andar. Olhou pra cima com um sorriso travesso.

— O senhor, fazendo compras de bebê? – ela inquiriu.

— Ora, qual o problema senhorita Benedito? Fique sabendo que eu sou muito bom nisso, pois ajudei minha mãe a escolher quase todas as roupas de Charlotte. – Darcy tinha um sorriso no rosto, mas seus olhos estavam tristes. Era uma memória agridoce.

— Darcy foi realmente muito necessário para as minhas escolhas. – Jane afirmou.

— E ele conhece tecidos como ninguém! – Camilo parecia surpreso com o próprio amigo. – Tenho certeza que vai ter muito assunto com dona Ofélia quando chegar a sua hora, Elisa.

A menção de possíveis filhos com Darcy fez Elisa se soltar do abraço dele, mas ele não pareceu achar o comentário de Camilo estranho.

— Dona Ofélia vai me ensinar bordados, tenho certeza. Minha mãe não teve tempo pra isso. – Elisa queria tirar a tristeza que parecia invadir o seu corpo quando mencionava a mãe.

— Ela vai ensinar com prazer. Alguém na família tem que saber bordar. – ela disse de supetão, mas ficou surpresa com a naturalidade da ideia de Darcy aprendendo bordados com sua mãe.


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