A princesa proibida escrita por Helena Melbourne


Capítulo 26
Entre faíscas e tempestades




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— Eu não gosto disso. Não gosto nada disso. – dizia Bunga mais uma vez contra o vento gélido e cortante da noite, os sete jovens reviraram os olhos, cansados de ouvi-lo reclamar.

— Ninguém o obrigou a vir, se vai sangrar nossos ouvidos com lamúrias inúteis, dê meia volta e retorne ao castelo. – Fuli soltou, sem conter-se. Aquilo também incomodava os membros da Guarda, as constantes farpas trocadas por Bunga e Fuli eram divertidas no começo, renderam boas apostas entre Ono e Beshte, porém, ao longo dos dias, passaram a ser exaustivas e pouco produtivas. A adaptação da garota na organização não estava sendo tão fácil, o único que parecia confortável com a presença da loira era Kion, e Bunga fazia questão de expor o desagrado.

— Isto é uma missão da Guarda, estar aqui não é facultativo. – Kion pôs fim ao que seria o início de mais uma discussão e os dois engoliram o orgulho para a sanidade dos presentes. A situação já era suficientemente tensa e desavença não faria bem algum, pois estavam prestes a entrar na toca dos leões. – Você tem certeza disso, Kiara? – o primo sussurrou de modo que os demais não ouvissem, apenas a princesa.

— Não. – a voz soou por um fio, embargada em insegurança e um frio correu pela espinha dorsal alertando seus nervos. – Porém, preciso tentar. – suspirou pesadamente. – Sabe que não precisam realmente estar aqui, é uma decisão minha e não quero que ninguém tome as consequências que isso pode repercutir.

— Estarei contigo, sempre. – assegurou o primo, tentando inspirar confiança.

— Estaremos todos, Alteza. – Demitri reforçou, mostrando que a conversa não era tão privada.

— Vou na frente e anunciarei que estamos em missão de paz. – Kovu se pronunciou. Kiara temeu pela vida do exilado, mesmo sendo filho de quem era, não sabia como iam reagir à presença dele após ter agido contra o próprio povo a fim de salvá-la pela segunda vez. Era loucura estar ali, mas não poderia deixar de interferir, os exilados não poderiam pagar pela insensatez de Simba.

Dois dias atrás...

“Kiara, acompanhada de seu guarda pessoal invade a sala do trono, sobressaltando o rei, deveras concentrado em seus muitos pergaminhos. Timão e Pumba estavam dispostos ao lado dele e a rainha, mais distante, sentada no parapeito da janela observava o pôr-do-sol no jardim primaveril, como de costume. Kiara tentou evitar o aperto no peito pela saudade que sentia em conversar com os pais e aproveitar aqueles momentos com eles.

—  Majestade! – o soldado que fazia a guarda exclamou. – Sinto muito por não anunciar a princesa, porém não tive... – Simba ergueu a mão num ato que indicava que o outro se calasse, fitou a filha com curiosidade por alguns segundos.

— Está tudo bem, soldado, pode retirar-se agora. – ordenou e o outro, fazendo uma pequena reverência, saiu como requisitado.

— Papai, o senhor precisa me escutar! – Kiara disse afobada, o rei franziu o cenho e coçou a barba com frieza.

— Preciso? – empertigou-se mais no trono. – Do mesmo modo que tem me escutado?

— Não se trata de mim, é um assunto do reino! – impaciência se abateu sobre a princesa. – Seremos atacados! – Kiara pareceu ter captado a atenção dos presentes.

— Atacados? – a rainha indagou apreensiva, aproximando-se.

— Continue. – a postura de Simba permanecia impassível, porém havia uma nota de interesse no olhar. E então a jovem contou-lhes sobre a conversa entre o general e o sir. Thompson e a carta. – Hmmm. – foi tudo o que o rei deixou escapar por um tempo, ansiedade corroía os nervos de Kiara.

— Simba? – Nala chamou, preocupada, alternando o olhar da filha para o marido.

— Suponho que tenha provas destas acusações, afinal, são muito sérias. – o rei ponderou.

— E-eu... a carta queimou-se, restaram apenas as cinzas. – Kiara foi até o homem e abriu a palma delicada contendo os resquícios da evidência que, protegida pela mão com tanto afinco desde a saída do quarto de Thompson, esmigalhou-se ainda mais. Simba soltou um risinho.

— Bastante conveniente. – disse calmo, a expressão da princesa passou para horror.

— O senhor não confia em mim? Na carne de sua carne?

— Confiava, mas ultimamente seu comportamento tem sido de uma desconhecida, desde que passou a confiar neste exilado. – cuspiu as últimas palavra, olhando para Kovu, rente à porta, o jovem permanecia sereno.

— O julgamento do senhor está envenenado pelo próprio preconceito! – Kiara devolveu no mesmo tom, nunca havia enfrentado o pai daquela forma e aquela não era uma boa hora para começar, ela bem sabia, porém não aguentava mais. As palavras estavam há tempos engasgadas no peito, apenas esperando a oportunidade para ecoarem. – Controlou-me por toda a vida e na primeira vez que faço uma escolha própria, o senhor me vira às costas. O grande rei apenas importa-se com aqueles que fazem conforme vossa vontade! – ironizou com uma falsa reverência, Simba ergueu-se bruscamente do trono.

— Kiara! – Nala repreendeu cobrindo a boca com as mãos horrorizada. – Simba, talvez...

— Eu estou deixando as emoções alterarem minha razão? O fato do sir. Thompson estar insistindo na ideia de casá-la com um dos príncipes, pelo bem do reino, não tem ligação com este desejo insano de incriminá-lo? Meu conselheiro? O homem que tem praticamente doado recursos para o reino após a queima do estoque de trigo? – Kiara calou-se, o pai parecia resoluto e após aquele argumento até a mãe parecia ter se convencido, Timão e Pumba nada diziam, não ousavam interferir na discussão familiar.

— O senhor não vai ao menos averiguar? Converse com o general...

— Basta! – urrou imperioso, a voz ecoou na sala reverberando dolorosamente no coração da garota. – Não irei questionar a moral de um de meus conselheiros, homens de minha inteira confiança, por acusações infundadas. Seria uma desonra.

— Seu orgulho será a queda de Reichstein, meu pai. – e sem dizer mais uma palavra, saiu em passos largos da sala.

Kiara caminhou pelos corredores do castelo sem rumo, não pensava realmente aonde seus pés a levavam, apenas ouvia o barulho do salto desconfortável contra o piso duro de pedra e a pisada silenciosa de Kovu ao seu encalço. Perambulou por mais um tempo até finalmente parar, o calcanhar dolorido e o ar faltando nos pulmões, apoiou-se na parede.

— Princesa. – Kovu chamou. Ele percebia que o corpo da garota tremia, porém não do modo como quando a tocava e ela ficava desconcertada, conhecia aquele sentimento. Raiva, uma das mais poderosas e perigosas emoções humanas. Naquele momento a admirou, nunca pensou que a filha de Simba pudesse despertar admiração perante seus olhos, porém, ela o fez. Kiara vinha o surpreendendo nos últimos tempos, mostrando que não era somente a menina ingênua e frágil que aparentava. Revelava-se mais mulher a cada dia, sua força e independência crescia conforme desvinculava-se das crenças de criança. – O que pretendes fazer agora, Alteza? – observou a respiração dela regular-se antes de responder.

— Não deixarei que Reichstein caia em ruína, antes cairei eu sobre a terra, se preciso for. – um arrepio passou pelo corpo do exilado com as palavras firmes e sôfregas. – Chame por Kion, os membros da Guarda e quem o senhor achar de confiança, irei esperá-los em meus aposentos. Precisamos conversar.”

Tempo atual

— A filha de Simba veio até nossas terras para conversar! Quanta honra! Devemos preparar-lhe um banquete? – exclamou Zira e os demais riram com escárnio. Estavam no meio do pátio rodeados por exilados sedentos pelo sangue inimigo, Kiara engoliu em seco, sabia que não seria fácil. – Esperem... Mas com que comida faremos um festim? Há anos não temos uma boa refeição para celebrar, passamos fome e vivemos como miseráveis. – Kiara reparava que apesar da aparência desgastada, Zira era uma mulher bela e mais do que isso, uma líder. Não era tão diferente de Simba neste quesito, quando falava, os outros ouviam e Kiara invejava esta capacidade. – Hoje, meus companheiros, o inimigo pisou em nosso território e não serei eu a tirar-lhes a oportunidade de carne fresca. – os olhos negros cintilaram de modo insano e os exilados bradaram, aproximando-se dos intrusos no pátio.

— A- a senhora quer nos co-comer? – Bunga balbuciou tomado de terror, Kovu bufou de modo tedioso.

— Mãe, podemos conversar em particular?

— O que tiver de dizer, diga na frente de seus irmãos e irmãs, ou esqueceu-se de onde veio? Acha-se superior por ser um soldadinho das terras do reino? – ironizou Nuka, destacando-se no meio do povo. Zira fitou o filho por alguns segundos, parecendo avaliá-lo.

— Viemos alertá-los! – Kiara falou mais alto, tomando iniciativa. – Corremos um grande risco esta noite, agindo sem o consentimento do rei, porém, estou aqui porque não vejo a vós como inimigos. Em 4 dias o exército de Reichstein recebeu ordens para destruir o exílio. – então todos ficaram em silêncio e houve certa satisfação no íntimo de seu ser por ser ouvida.

— E por que acreditaríamos em uma palavra da filha de Reichstein? Por quais motivos iria contra vosso pai por um povo considerado traidor? – uma menina loira, que lembrava Kovu em alguns aspectos disparou, Zira ergueu a mão, impedindo uma resposta e pronunciou-se para o grupo pequeno.

— Para os meus aposentos. – disse friamente, seguindo para o interior do castelo. – Vitni e Nuka, venham juto.

Kovu, o mais relaxado entre eles, foi o primeiro a mover-se, em seguida, Kiara foi atrás, incentivando o restante a fazer o mesmo. O castelo possuía um clima fúnebre, não apenas pela noite cinzenta e sem estrelas, mas a tensão era densa no ar e a princesa abaixou a cabeça ao passar pelos moradores, não ousou sorrir, sentia que tal ato pareceria ofensivo naquele ambiente.

— Cuidado com as passadas, o piso cede fácil. – Kovu alertou fazendo a voz ecoar ao longo corredor. Talvez os moradores já estivessem acostumados e soubessem por onde passar, mas após a recente informação, o coração do grupo falhava uma batida a cada ranger da madeira sob os pés. O teto não era muito melhor, cheio de buracos desleixadamente tapados, desprotegendo os habitantes de uma chuva forte, o que provavelmente explicava o forte cheiro de mofo pelas paredes.

 Então a rainha dos exilados abriu uma porta, dando acesso ao seu aposento, Kiara supôs que não existia uma sala de reuniões, ou se existisse, estava ocupada por alguma família, pois eles eram numerosos demais pelo o que pode ver, e certamente não havia quartos individuais para todos. O cômodo não era tão ruim quanto as demais partes do castelo, havia notório desgaste nos móveis, mas era amplo e inteiro.

Quando todos estavam acomodados, Zira passou o olhar ferino em cada um, demorando-se nos de Kiara, que o sustentou bravamente, não queria que a vissem como inimiga, porém, queria ser levada à sério pela mulher.  

— As ordens de extermínio não são de meu pai, senhora, um de seus conselheiros controla as forças armadas e está confabulando com um rei de outras terras. – fez uma pequena pausa tomando ar. – Invadir o exílio é uma distração para tirar o exército do castelo e deixar o caminho livre para que o exército de Utah invada Reichstein e mate o rei. Meu pai não acredita que isso vá acontecer, mas eu lhes asseguro que sim.  Não tenho motivos para mentir e estou aqui, pedindo uma trégua na rivalidade de nossas terras para que possamos resistir a um inimigo em comum.

— Inimigo em comum? Quem irá invadir nossas terras é o exército de Simba, iremos lutar! – Nuka exclamou, Zira apenas ouvia com cautela calculada.

— Não podem. – Kion achou voz para pronunciar-se. – Todos os homens mais fortes e treinados de Reichstein estarão aqui, são muitos. Vós não tendes chance alguma.

— E o que esperam que meu povo faça? Lute ao lado de Reichstein contra este “inimigo”? – debochou Zira. – O que ganharíamos com isso, menina estúpida? – Kion irritou-se com o tom da mulher e firmou a mão na espada. Percebendo o movimento, Fuli tocou-lhe o braço, lembrando que estavam em clara desvantagem.

— Não, não tenho a pretensão de crer que resolveríamos as desavenças de nosso povo tão facilmente. Vim de bom grado para avisar e pedir que deixem Stauben até que este momento passe. Ao perceber que não há ninguém no exílio, o exército retornará ao castelo em tempo de batalhar contra o verdadeiro inimigo. – explicou num só fôlego, tomando ar para as próximas palavras. – Em troca do meu pedido, para que confie em mim, deixarei a promessa de que quando for rainha, farei o possível para unir nosso povo. – Zira não conteve-se e riu abertamente em descrença pela ideação da princesa.

— É uma armadilha para tirar-nos para sempre das terras do reino, mãe. – Nuka falou ácido.

 – É o mais sensato a fazer. – Kovu retorquiu sem dar atenção ao irmão, Zira inspirou pesadamente após uma longa pausa.

— Nuka, leve nossos hóspedes ao antigo quarto de Kovu, ao que parece terão que ficar até a tempestade passar. – um trovão rompeu o céu naquele instante, reverberando tenebrosamente pela janela. Bunga deu um pulo agarrando-se a Ono, foi então que o grupo percebeu que começara a chover há pouco. – Quero falar com Kovu.

— Não acho que será necessário, senhora. – Kion apressou-se a dizer. – Uma chuva não será problema.

— Não se deve subestimar as tempestades, garoto. – sorriu maldosa, como se suas palavras possuíssem duplo sentido. Outro raio iluminou o céu e Kiara observou pela janela que a chuva apenas engrossava, suspirou e encontros os olhos de Kovu, este acenou como garantia que estaria tudo bem.

— Ficaremos até que a chuva passe, agradeço a hospitalidade. – Kiara fez uma reverência cordial e dirigiu-se junto a um Nuka contrariado para fora do quarto. Demitri, ao passar pela garota loira no canto do cômodo, apertou os olhos, não, não poderia ser ela, poderia? Vitani remexeu-se inquieta cobrindo o rosto discretamente com uma das mãos.

Quando todos deixaram o quarto e o barulho dos sapatos contra o piso não podia mais ser ouvidos, Kovu fechou a porta e encarou a mulher de feição fria à frente. O príncipe dos exilados detestava tempestades, o castelo em ruínas já era um ambiente bastante macabro sem elas, mas nada o fazia tremer mais do que os olhar intenso da mulher que o criara. Por isso, fora uma surpresa sem medidas quando Zira estampou um sorriso satisfeito, um ato muito raro.

 – Você conseguiu, Kovu. Trouxe a princesa até aqui, ela confia em você.

— Na verdade, foi ideia de Kiara alertar sobre a invasão. – Kovu respondeu calmo. – Ela queria vir pessoalmente como uma oferta de paz.

— Hmm... – ponderou por alguns instantes. – Mesmo assim, tem a confiança dela. A filha de Simba poderia tê-lo mandado sozinho para dar o recado, porém, acreditou que você a protegeria, sente-se segura ao seu lado. – Kovu engoliu em seco diante das observações da mãe, não sabia o porquê exatamente, mas sentia-se desconfortável em deixar que Zira notasse essas coisas.

— Creio que o meu plano de instigar o príncipe tenha cumprido sua função. Até melhor do que o esperado, “guarda pessoal”. – Vitani comentou debochadamente, queria que a mãe a notasse também, soubesse que tudo fora graças a ela. Kovu estalou o maxilar lembrando da fatídica noite do baile em que a irmã disse que interferiria ao seu favor, mas jamais imaginou que como consequência veria a princesa naquele estado frágil e tomada de pavor, ele detestou vê-la assim.

— Claro, e por conta da sua “ajuda” estamos em um estado de eminente guerra. – o irmão cuspiu e a menina desmanchou o sorriso, aproximando-se ameaçadoramente.

 – Não obriguei o príncipe de Utah a fazer nada que ele já não quisesse. – revidou. – Muito menos a querer vingança agora, não me culpe pela natureza vil dos homens.

— Chega! – Zira cortou a pequena discussão. – Não importa. Temos a princesa em nossa posse, longe do castelo e de Simba, aqueles soldados com ela não são páreos para todos nós. – o brilho sádico retornou aos olhos da mulher.

— Vamos matá-la! – Vitani seguiu a linha de pensamento.

— Não podemos, por mais apelativo que seja tê-la vulnerável aqui. – Kovu interrompeu secamente. – O plano é usá-la para ter acesso ao pai, mate-a agora e Simba nos destruirá. Kiara é uma peça do jogo, porém, apenas teremos Reichstein quando eu der o xeque-mate. Eu matarei Simba. – neste momento não havia receio em sua voz, nem mesmo pela princesa. – Por hora, faremos o necessário para sobreviver, ainda que precisemos cooperar com o inimigo. Se Utah destruir Reichstein, não haverá nada para reinar.

— Tem razão, temos que agir friamente. – Zira parabenizou mais uma vez com orgulho. – Scar fez bem em batizá-lo para herdar o trono. – Vitani encolheu-se com ciúmes. – Muito bem, então, em dois dias evacuaremos Stauben e voltaremos no terceiro dia.

— Certo. – Kovu assentiu. – Irei me juntar aos outros. – não havia motivos para prolongar a reunião, não era como se Zira fosse uma mãe afetuosa e quisesse retomar o tempo perdido com o filho. – Se eu tiver notícias, darei um jeito de entrar em contato.

— Contamos com você, meu filho. – havia uma nota de afeto mascarado por um alerta, “não falhe”.

— Eu sei, não irei desapontá-la. – e assim deixou o aposento da mãe a passos largos em direção ao antigo quarto, chegando perto pode ouvir a conversa abafada pela porta.

— Como pode confiar nele, Kiara? Ele nunca vai deixar de ser um deles. – pôde ouvir Kion dizer.

— Kovu não quer confusão, Kion. – Demitri o defendeu, surpreendendo Kovu. Não sabia dizer se podia chamá-lo de amigo, mas o rapaz certamente criou uma simpatia por ele após o primeiro dia de Kovu no exército e não era tão ruim ter alguém com quem conversar.

— Eu devo minha vida à Kovu, Kion, não vou repetir. Eu confio nele mais do que em qualquer um. – assim todos se calaram e um sibilo perplexo soou, talvez da própria princesa, assustando-se com o quão verdadeiras suas palavras foram. Algo dentro do peito de Kovu esquentou-se e o coração pareceu falhar uma batida com a revelação, resolvendo esperar mais um pouco então para entrar. – Kovu! – Kiara sussurrou ao notá-lo entrar silencioso, suas bochechas imediatamente coraram e os olhos amendoados estreitaram. – Como foi?

— Minha mãe aceitou os termos, vai evacuar o exílio. – todos soltaram o ar aliviados que a missão não fora em vão e o clima de tensão se desfez no quarto empoeirado. Fuli e Kion sentaram-se na cama e iniciaram uma conversa particular, os demais membros da guarda se postaram próximos à vidraça para observar a chuva e Demitri, absorto nos próprios pensamentos, cuidou para que o fogo dançante do castiçal não se apagasse devido ao vento que penetrava as barreiras da construção.

— Podemos dar uma volta? Se o senhor achar seguro, claro. – Kiara mordeu os lábios, apreensiva e desconfortável perante o olhar esmeralda. 

— Claro. – Kovu respondeu sereno.

Os dois andaram por corredores silenciosos, iluminados pela fraca luz dos archotes e Kiara notou como não havia ninguém vagando pelo castelo naquela hora, talvez não fosse sugestivo por conta da chuva. Caminharam até que Kovu parou diante de uma escadaria e a princesa receou.

— Aonde estamos indo?

— Não confias em mim, Alteza? – ergueu uma sobrancelha e Kiara sentiu-se enrubescer novamente, ele ouvira a conversa.

O exilado pegou um dos archotes para iluminar o caminho e desapareceu na curva da escadaria, a princesa suspirou resignada e o seguiu. Após alguns minutos e tremendo de frio, eles chegaram em uma torre parcialmente destruída e muito alta. O vento estava forte e carregado de umidade, não era exatamente seguro ficar ali, por isso Kovu limitou-se a permanecer no topo da escadaria. Kiara percebeu pelos trovões que riscavam o céu que a vista era muito bonita, mostrava bem o contraste das terras secas do exílio, o olho d’água e Reichstein.

— Por que me trouxe aqui, Kovu? – questionou encolhendo-se para mais perto dele, inconscientemente buscando calor humano.

— Pensei que seria interessante... – deu de ombros e retirou a própria capa, colocando-a sobre a jovem mulher, Kiara agradeceu com um sorriso fraco e amaldiçoou-se mentalmente por estar completamente imersa no cheiro dele, não haveria escapatória para as sensações estranhas que a perseguiam ultimamente. O exilado estava por todos os lados ali. O castelo e aquela estranha torre eram uma parte dele até então desconhecida. Era fácil fugir dos arrepios e tremores em Reichstein, onde havia um considerável espaço para respirar livre de Kovu, porém, ali, naquele ambiente apertado, ele estava em sua pele, olfato, audição e apenas a alguns passos de seu paladar. – Conhecer o palco de uma das aventuras de Scar e Sarabi. – ele a olhou significativamente até que entendimento se espalhou pelas feições delicadas.

— A-aqui? – gaguejou constrangida, lembrando das palavras do diário que batiam com a descrição do local e ele assentiu. – Kovu!! – tapou os olhos e o homem começou a rir abertamente. – Eu não precisava dessa informação!

— Ei, eu brincava aqui quando era criança, foi bastante traumático descobrir que estava profanado pelo meu pai. – ele continuou rindo e Kiara não conseguiu refrear-se de acompanha-lo, mas então lembrou de algo importante que precisava perguntar.

— Kovu... Quanto você sabe da história deles? Até que ponto? – percebeu que estava o chamando de modo informal, mas desta vez não havia o intuito de humilhação, era natural.

— Bom, Scar escreveu até o momento em que foi expulso do reino, acho que a princesa já chegou nesta parte. – Kiara assentiu. – Por quê?

— Eu... O senhor sabia que minha avó estava grávida quando Scar partiu? – soltou sem conter-se, ele franziu o cenho. – Sim, ela estava. Não tive coragem de continuar a leitura, mas Sarabi não queria contar à Mufasa que estava esperando um filho do irmão dele. E se ela nunca contou? E se meu pai for, na verdade, filho de Scar? – disse tudo apressadamente, sentindo um alívio em compartilhar sua mais recente angústia, Kovu olhou a tempestade pensativo.

— Impossível. – murmurou.

— Eu não acho que seja, a idade de nascimento de meu pai bate com o período de banimento de Scar. – os dois ficaram em silêncio por um período.

— Mesmo que seja, que relevância teria nas atuais circunstâncias? – Kovu ergueu a sobrancelha.

— Toda relevância. O senhor poderia ser irmão de meu pai, meu tio e...

— E estaria na linha de sucessão, por Simba não ter herdeiros homens. – completou o pensamento da garota com um sorriso sem humor. – Não importa, porque sou um exilado do mesmo jeito e ninguém acreditaria nas páginas de um diário. No fim, o sangue não importa, o poder sim e quem o consegue. Porém, se tens tantas dúvidas, leia o final da história, não vale a pena preocupar- se por conjecturas, princesa. – ele não a encarava e Kiara teve medo de tê-lo aborrecido com o tema.

The way you move is like a full-on rainstorm     (O jeito que você se move é como uma completa tempestade)

— O senhor me odeia? – a pergunta escapou dos lábios rosados antes que pudesse contê-la, Kiara arrependeu-se imediatamente quando ele a encarou confuso. – Eu não o culparia se odiasse... por tudo o que eu e minha família representamos. – esclareceu, ele piscou por alguns segundos e a fitou intensamente por mais um tempo, a pele da jovem mulher pinicava, queria quebrar o contato visual, mas não o fez.

And I'm a house of cards                                   (E eu sou um castelo de cartas)

— Faria alguma diferença à princesa? – perguntou rouco.

You're the kind of reckless that should send me running    (Você é o tipo ousado que deveria me fazer sair correndo)

— Não gostaria que me odiasse, não precisamos ser como nossos pais. – respondeu sincera. – Ademais, o senhor está sempre a provocar-me...

But I kinda know that I won't get far          (Mas eu meio que sei que não iria chegar longe)

— Não vos odeio. – afirmou e Kiara sentiu alívio. – E se a provoco é apenas por achar encantador o modo que a princesa se aborrece. – Kovu sorriu de lado e Kiara corou diante da declaração, desviando enfim o olhar para as mãos. Havia um pedaço de pergaminho enrolado em sua palma.

— O senhor me desenhou? – abriu então o papel encontrado no quarto do exilado, revelando um retrato bem fiel de suas feições aos 12 anos, Kovu ficou vermelho e a princesa jamais pensou ter tanta satisfação. Era a primeira vez em que se sentia em vantagem em relação a ele.

And you stood there in front of me                (E você ficou ai em frente a mim)

Just close enough to touch                               (Apenas perto o suficiente para tocar)

— Sim. – admitiu com um sorriso discreto e orgulhoso ao mesmo tempo. – Fiz ao voltar para casa, depois de nos conhecermos. – a mãe usou o desenho para mostrar aos outros exilados o rosto da princesa, pois ninguém a conhecia fora dos muros do castelo, todavia, não fora por isso que a desenhara. Kovu soube que sentiria saudades da garota inusitada. – Vossa Alteza mudou bastante desde então, não pude ver de início, porém, recentemente percebi que não és mais uma menina. – Kiara sorriu genuinamente, seria aquilo um elogio? – A princesa tem feito um bom trabalho diante da situação atual, não esperava que possuísse tamanha coragem em si. – Sim, definitivamente um elogio.

— Fico lisonjeada, vindo do senhor. – os dois riram um pouco, mas ambos sabiam que a relação havia mudado, aos poucos Kiara conseguira conquistar o respeito e admiração de Kovu e isso não era pouca coisa. – Mas devo agradecê-lo também, se o senhor não tivesse despertado meu instinto mais feroz, talvez eu nunca soubesse que dispunha de tanta energia. – ainda havia o leve tom de brincadeira, mas cada palavra era verdadeira. Desde que Kovu entrou em sua vida, ele provocou o fogo de indignação que sempre esteve presente, porém, como um ideal, nunca pensou antes que ele pudesse sair, até o exilado desafiá-lo. Nem sempre o sentimento era bom, mas trouxera crescimento.

— Neste caso, disponha sempre. – falou com o charme habitual.

Close enough to hope you couldn't see    (Perto o suficiente para esperar que você não visse)

What I was thinking of                                    (O que eu estava pensando)

— O senhor me desenharia novamente? Da forma que me vês agora? – questionou ousada, mordendo os lábios. Tinha a consciência de que o diálogo era completamente inadequado, mas Kiara não queria quebrar aquela corrente elétrica deliciosa que se alastrava pelo próprio corpo a cada frase trocada com Kovu, era deveras instigante. O timbre dele era demasiadamente convidativo, as palavras eram embriagadas em um convite silencioso para que se aproximasse e o calor do corpo forte atraía seus ossos congelados pelo vento gélido.

O exilado deixou que seus olhos caíssem para os lábios rosados, sentindo o ímpeto de dar um passo à frente. Assim o fez, colocando um cacho que escapava do penteado atrás da orelha. Kiara deixou-se estremecer com o contato, não importando em esconder o efeito de Kovu sobre si e suspirou.

Drop everything now                                       (Largue tudo agora)

Meet me in the pouring rain                           (Me encontre na chuva torrencial)

Kiss me on the sidewalk                                   (Me beije na calçada)

Take away the pain                                            (Leve a dor para longe)

'Cause I see sparks fly                                         (Porque eu vejo faíscas voarem)

Whenever you smile                                          (Sempre que você sorri)

O homem inclinou-se e encostando as testas, deixou que a tensão se espalhasse no ar, umedecendo os lábios em desejo. Havia uma necessidade visceral dos dois naquele simples toque, como se precisassem se apoderar da força um do outro. Parte de Kovu lutava contra aquela vontade, mas Kiara estava perto demais para resistir, era pedir muito de seu autocontrole, então ele o jogou para o céu nebuloso.

Get me with those green eyes, baby         (Me surpreenda com aqueles olhos verdes, amor)

As the lights go down                                       (Enquanto as luzes se apagam)

Give me something that'll haunt me             (Me dê algo que irá me assombrar)

When you're not around                                 (Quando você não estiver por perto)

'Cause I see sparks fly                                       (Porque eu vejo faíscas voarem)

Whenever you smile                                         (Sempre que você sorri)

 As respirações se fundiam em uma, cada um inebriado pelo calor e perfume do outro. Kovu deslizou os dedos para emaranharem-se nos cabelos castanhos, desencadeando mais uma série de arrepios na pele alva e a puxou com delicadeza para mais perto de si, cada mínimo toque do rapaz produzia reações devastadoras em seu ser. Os lábios se encostaram numa fricção prazerosa e ficaram assim, apenas roçando perigosamente, como os dois tivessem em posse todo o tempo do mundo.

My mind forgets to remind me                       (Minha mente esquece de me lembrar)

You're a bad idea                                            (Que você é uma má ideia)

You touch me once and it's really something    (Você me tocou uma vez e isso foi realmente algo)

You find I'm even better than you imagined I would be      (Você descobriu que eu ainda sou melhor do que você pensou que eu fosse)

Antes que Kovu pudesse aprofundar aquele simples toque em um beijo arrebatador, ele afastou-se inesperadamente, tomando consciência da realidade.  

— A chuva está melhor. – murmurou com certa dificuldade, havia uma pitada de dor na voz. – Seria bom voltarmos. – e assim pegou o archote e deu as costas à garota, descendo a escadaria apressadamente.

I'm on my guard for the rest of the world            (Eu estou em guarda para o resto do mundo)

But with you, I know it's no good           (Mas com você, eu sei que isso não é bom)

And I could wait patiently, but               (E eu poderia esperar pacientemente, mas)

I really wish you would                         (Eu realmente gostaria que você)

Kiara ficou estática no mesmo local em que Kovu a deixou, sentindo a umidade que vinha com o vento cortante. O frio e a escuridão já não eram mais o principal problema, naquele momento sentiu que a ausência dele era fisicamente mais dolorosa do que a sensação provocada pelo próprio tempo. A mão pairou no ar por mais alguns instantes, simplesmente absorvendo o fato de não conter mais a pele quente debaixo dos dedos. O coração pesava como uma tonelada, espremendo-se dentro do peito pela abrupta interrupção. “Será que ele fez de propósito? Algum tipo de vingança?” Nada fazia sentido, eles nunca conversaram sobre aquilo, mas a princesa sabia que o último contato dos lábios dos dois tinha deixado um desejo pendente.

Drop everything now                                       (Largue tudo agora)

Meet me in the pouring rain                           (Me encontre na chuva torrencial)

Kiss me on the sidewalk                                   (Me beije na calçada)

Take away the pain                                            (Leve a dor para longe)

'Cause I see sparks fly                                         (Porque eu vejo faíscas voarem)

Whenever you smile                                          (Sempre que você sorri)

Get me with those green eyes, baby         (Me surpreenda com aqueles olhos verdes, amor)

As the lights go down                                       (Enquanto as luzes se apagam)

Give me something that'll haunt me             (Me dê algo que irá me assombrar)

When you're not around                                 (Quando você não estiver por perto)

'Cause I see sparks fly                                       (Porque eu vejo faíscas voarem)

Whenever you smile                                         (Sempre que você sorri)

“Kiara puxou Kovu pelo capuz e cobriu a cabeça do exilado, lançando os lábios sobre os dele. Foram segundos, nos três primeiros, ele hesitou, surpreso demais pela atitude da garota, quatro segundos seguintes, enlaçou a mão esquerda na cintura fina e num puxão, colou os corpos até o limite do humanamente possível. Uma fome se abateu nas entranhas do exilado, sentindo cada curva da garota em contato consigo. Já não havia relevância no porquê de Kiara tomar tal iniciativa, tudo o que importava eram seus lábios e a avidez em explorá-los.

I'll run my fingers through your hair          (Eu passarei meus dedos pelo seu cabelo)

And watch the lights go wild                   (E ver as luzes desaparecerem)

Just keep on keeping your eyes on me      (Só continue mantendo seus olhos em mim)

It's just wrong enough to make it feel right     (Isso é apenas errado o suficiente para fazer parecer certo)

Um gemido de aprovação se fez quando o exilado invadiu a língua dentro da boca inexperiente, uma sensação nova, diferente, mas inegavelmente prazerosa. O aperto na cintura se intensificou quando as pernas da princesa pareceram ceder, ele não a deixaria cair, nunca. Tudo com Kovu era um furacão, completamente arrebatador e inesperado.  Ao mesmo tempo, estar com ele era seguro, algo similar a estar no meio da tempestade em alto mar com o navegador mais experiente dos sete mares. Mal as línguas haviam se tocado e escutaram a porta de sir Thompson bater com força, indicando que ele e os guardas entraram no aposento e aquela era a deixa deles.

A princesa foi a primeira a quebrar o contato, girando a face, de modo que os lábios relutantes de Kovu encontraram a bochecha rosada num estalo. Os dois ficaram assim por mais alguns segundos, ainda colados um no outro e arfantes, a respiração quente dele provocava cócegas contra a pele da princesa. Ambos lutavam contra a vontade de retomar o beijo, mas era necessário sair dali, eles sabiam.

And lead me up the staircase                    (Me leve para cima das escadas)

Won't you whisper soft and slow?             (Você não vai sussurrar suave e devagar?)

I'm captivated by you, baby                    (Eu estou cativada por você, amor)

Like a fireworks show                              (Como um show de fogos de artifício)

Kovu roçou mais uma vez os lábios na maçã do rosto da jovem mulher e logo esta empurrou sem força o peito masculino para longe de si. Castanho e esmeralda se encontraram confusos e ele pensou que nunca a vira tão bela antes, o cabelo levemente bagunçado, a face rosada, os lábios úmidos e inchados por sua culpa e os olhos perdidos. Era uma visão que não deixaria a mente tão cedo. Em seguida, caminharam em passos apressados para longe daquele corredor.”

Kovu desceu as escadas ainda desnorteado, esquecendo-se completamente que havia deixado a princesa no alto da escadaria sem iluminação, mas não voltaria para buscá-la. Não confiava em si mesmo perto de Kiara no momento.

— Por que fez aquilo? – a voz da irmã surgiu em algum ponto escuro atrás dele, Kovu iluminou ao derredor e pôde ver os olhos felinos de Tani o examinarem. – Por que não a beijou? – esclareceu num tom de voz mais baixo.

— Maldição, Vitani! Estava me espionando? – indignou-se, mas a mais nova não se abalou. – A mãe mandou você me seguir?

— Ela apenas quer ter certeza de que o plano não está comprometido. – comentou, Zira não deixava nada passar.

— E o que vai dizer a ela? – desafiou. – Kiara se rendeu a mim, afinal.

— Sabe Kovu... nós já fomos próximos. – comentou serena. Kovu revirou os olhos, odiava a vagueza da irmã em começar um ponto, era uma técnica de manipulação muito óbvia, pois aprendera com o próprio. – Você costumava me contar tudo, eu te conheço bem. Você caiu na própria armadilha, se apaixonou pela filha de Simba.

— Está louca, Vitani? – ele rosnou completamente ameaçador. – Eu não a beijei porque tenho nojo, nojo do sangue dela. – as palavras saíram ásperas, mas não convenceram a nenhum dos dois. Talvez parte do exilado ainda sentisse ódio da princesa, porém, não a beijou por medo. Temeu pelo controle de Kiara em suas emoções, nunca sentira tanto desejo por uma mulher em toda sua vida e aquilo o apavorara, ela o intrigava. No entanto, paixão era uma palavra forte demais, da qual o príncipe dos exilados tinha certeza não existir em seu vocabulário vasto.

— Não se faça de tolo, irmãozinho. – ela sorriu sarcástica e sussurrou mais uma vez antes de desaparecer nas sombras. – Você não precisa matá-la, Kovu, apenas Simba. Pense nisso...

Logo depois, Kiara terminou de descer a escadaria, os dois não se olharam, apenas rumaram em silêncio ao encontro dos demais. A princesa queria confrontá-lo, mas nem ao menos sabia o que dizer ou o que perguntar. Porém, uma questão se passava pela cabeça dos dois “o que está acontecendo comigo?”

Drop everything now                                       (Largue tudo agora)

Meet me in the pouring rain                           (Me encontre na chuva torrencial)

Kiss me on the sidewalk                                   (Me beije na calçada)

Take away the pain                                            (Leve a dor para longe)

'Cause I see sparks fly                                         (Porque eu vejo faíscas voarem)

Whenever you smile                                          (Sempre que você sorri)

Get me with those green eyes, baby         (Me surpreenda com aqueles olhos verdes, amor)

As the lights go down                                       (Enquanto as luzes se apagam)

Give me something that'll haunt me             (Me dê algo que irá me assombrar)

When you're not around                                 (Quando você não estiver por perto)

'Cause I see sparks fly                                       (Porque eu vejo faíscas voarem)

Whenever you smile                                         (Sempre que você sorri)

And the sparks fly                                             (E as faíscas voam)

Oh, baby, smile                                                 (Oh, amor, sorria)

And the sparks fly                                            (E as faíscas voam)


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