Sob o luar escrita por Pixel


Capítulo 8
Capítulo 8 - Broken Heart (Parte 1)


Notas iniciais do capítulo

Helooo~~ aqui estou novamente! Outro capítulo que ficou imenso e eu tive que dividir em dois para ficar mais fácil de ler. É claro que eu sou horrível em criar akumas e não, não tive nenhuma inspiração para isso... ;-;

Eu acho que já mencionei que sou nova no nyah, mas mesmo assim eu gostaria de agradecer a Suzzane por recomendar a historia, isso realmente me animou bastante!

~~ Boa leitura ♥



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 Tikki

 Tikki havia a muito tempo se acostumado com lugares pequenos e apertados. Ela tinha muitos anos de experiência, acabou se acostumando à bolsos, malas, mochilas, armários e até mesmo a pequenas pochetes. 

 A mochila de Marinette não era tão horrível assim, tinham poucos cadernos e a pasta nem ocupava tanto espaço — ela já tinha estado em lugares muito piores. A única coisa que incomodava era quando alguém empurrava ou derrubava a bolsa; Tikki sempre tentou fazer o menor barulho possível e não incomodar Marinette durante as aulas.

  As vezes era difícil ouvir o que estava acontecendo do lado de fora, tudo soava tão abafado, sendo assim Tikki não fazia a mínima ideia do que tinha acontecido. A única coisa que ela sabia era que Marinette havia saído da sala e agora todos estavam imersos em um silencio mortal e perturbador.

 Tikki sempre teve um sexto sentido parra as coisas, e no momento ela estava com um sentimento ruim. Algo estava fora do lugar; não sabia o que era, mas sabia que não era bom. Isso estava deixando-a inquieta.

 Tikki tentou se aproximar um pouco mais do zíper da bolsa para tentar ver algo do lado de fora, qualquer coisa que lhe desse uma pista de onde sua escolhida estava.

 — Eu não acredito nisso! — Ela parou quando ouviu a voz de Chloé, tentando fazer o possível para ouvir mais sobre a conversa. Chloé parecia furiosa.

 — Chloé... — Parecia ser Sabrina, sua voz estava apreensiva dando pequenas pausas antes de voltar a falar — Ela... ela... bem... eu acho que Marinette não quis te ofender... – Sabrina estava lutando para falar algo coerente para Chloé, isto estava claro.

 Tikki não se mexeu, se contendo em apenas ouvir a conversa com atenção.

 — Não quis me ofender? — Chloé esbravejou — Todos ouviram o que ela disse!

 Tikki se encolheu, temendo o que estava acontecendo. Ela tentou voltar para o fundo da bolsa e esperar pacientemente pela volta de Marinette. Chloé parecia bem furiosa e era nesses momentos que ela queria estar ao lado de sua escolhida.

 Tikki e Marinette nunca se separaram antes. Na verdade, Tikki nunca nem se separou de seus escolhidos. Um kwami deveria estar sempre ao lado do portador do miraculous; somente estar longe de Marinette não era algo bom.

  — Ela vai ver! — Tikki arregalou os olhos quando ouviu os passos de Chloé e tentou ir para o fundo da bolsa o mais rápido possível. Ela não queria se arriscar e ser vista pela loira — Eu nunca fui tão humilhada em toda a minha vida!

 — Talvez ela estivesse tendo um dia ruim... — Uma voz masculina disse. Tikki não soube identificar de quem era exatamente, mas estava grata por ele ter tentado acalmar Chloé.

 — Isso não lhe dá nenhum direito! — Chloé se afastou. Tikki soltou um suspiro de alivio. Ela nem ao menos tinha percebido que havia prendido o ar.

 Tikki sabia que Marinette estava encrencada. Chloé podia ser bem vingativa quando queria. E pelo visto ambas tinham brigado feio — Seja lá qual tivesse sido o motivo dessa vez.

  Alguns minutos se passaram e novamente Tikki não podia ouvir nada do que estava acontecendo do lado de fora, somente alguns murmúrios muito baixos e ilegíveis. Cada segundo pareceu uma eternidade, e ainda assim nada de Marinette voltar. Tikki engoliu em seco, a ansiedade revirava em seu interior e ela estava começando a ficar realmente preocupada com sua amiga.

 O sinal tocou, calando brevemente todos os murmúrios de dentro da sala. Tikki podia dizer que nem mesmo Alya estava sentada na cadeira ao lado, já que não tinha nenhum movimento ou som.

 Ela estava impaciente, contando os segundos mentalmente. Olhou para a pasta cor de rosa, a onde estava guardado o trabalho de Marinette. A mestiça tinha dado tão duro para fazê-lo, seria estranho se ela simplesmente gazeasse a aula. Marinette também não seria burra de deixar a mochila para trás.

 Tikki decidiu se aventurar novamente na abertura do zíper. Ela não tinha uma visão muito boa, mas podia ver que nem Nino nem Adrien estavam na sala. Chloé batia a unha ritmicamente na mesa e Sabrina parecia muito preocupada e tensa. Eram as únicas pessoas que Tikki conseguia ver do seu ponto de vista.

 Ela engoliu em seco quando professora Mendeleiev entrou na sala.  Tikki estreitou os olhos; sua real vontade era sair da bolsa e ir atrás de Marinette, mas ela não podia fazer isso sem ser vista por alguns alunos, por isso teve que se contentar em apenas observar de longe.

 A professora se sentou da mesa e seus olhos vagaram pela sala friamente. Ela franziu as sobrancelhas.

 — Onde estão Marinette, Alya, Nino e Adrien? — Ela perguntou, soando tão severa que Tikki se sentiu um pouco intimidada e encolheu os ombros. Olhou para a porta, rezando para que Marinette cruzasse ela a qualquer segundo.

 — Eles saíram correndo... — Foi provavelmente Rose, mas Tikki não tinha total certeza disso — Acho que algo ruim aconteceu... — Ela acrescentou, mais para si mesma do que para o resto da sala.

 Tikki não se acalmou quando percebeu que não era a única a sentir esse mau pressagio.

 Mendeleiev bufou, fazendo uma carreta irritada.

 — Eles já levaram falta...

 Tikki abaixou a cabeça, tentando reprimir um gemido. Ela estava se sentindo muito mal por Marinette agora; seja lá o que tivesse acontecido, era realmente muito, muito grave.

 — De qualquer forma hoje vamos começar u-

 Tikki reprimiu um grito quando a porta da sala foi arrombada, caindo no chão com um grande baque. Todos os alunos na sala gritaram de surpresa; Chloé e Sabrina — As únicas que Tikki conseguia ver — se abraçaram de medo, buscando apoio uma na outra.

 Uma fumaça negra entrou pela porta, sumindo aos poucos. Tikki engoliu em seco, era sem dúvidas um akuma; O pior era que Marinette estava fora de alcance, sendo assim Ladybug iria demorar um pouco mais para aparecer.

 O akuma entrou na sala, seus saltos batendo no chão a cada passo. Tikki notou que era uma garota, seus cabelos eram cor-de-rosa, tão forte que chamava toda a atenção. Não eram muito cumpridos, paravam logo a cima do ombro, mas uma fita vermelha os mentiam presos em duas marinhas chiquinhas.

 Sua pele era tão branca e pálida que parecia com a neve. Usava um vestido vermelho que ia pouco acima dos joelhos com um espartilho preto por cima. Por algum motivo, somente a mão esquerda era coberta por uma manga vermelha, já outra estava exposta. Os saltos vermelhos deixavam o akuma mais alto do que realmente era.

 Tikki se encolheu, o medo se instalando em seu corpo. É por isso que os kwami nunca se separam de seu escolhido, coisas assim podem acontecer a qualquer momento e agora Marinette estava fora de vista. Ela fechou os olhos e respirou fundo, tentando se acalmar um pouco. Tikki podia aproveitar que tinha o mais novo akuma bem na sua frente e absorver todo o conhecimento possível — Isso talvez fosse de grande ajuda depois.

 — Me perdoe por interromper sua aula mademoiselle Mendeleiev — O akuma disse, sua voz era repleta de deboche, soando muito forçada. Tikki estreitou os olhos, tentando reconhecer de onde já tinha ouvido aquela voz. O akuma riu, uma risada alta e estridente que fez Tikki se encolher o máximo possível.

 Ela desejou que Marinette aparecesse logo.

 O akuma de virou para a classe, e Tikki pode finalmente dar uma boa olhada em seu rosto. Seus olhos eram vermelhos escarlates e o rímel estava escorrendo por suas bochechas, quase como se lágrimas tivessem o borrado. Os lábios eram completamente vermelhos e exibiam um sorriso diabólico.

 Tikki notou que logo a cima de seu peito esquerdo tinha um coração partido ao meio.

 — Antes de irmos para o verdadeiro show, eu queria apenas saber se algum de vocês não teria visto Adrien Agreste por aqui? —Ela perguntou, batendo o pé no chão com impaciência.

 A sala ficou em completo silêncio, Tikki tinha certeza que os alunos haviam se reunido no canto mais distante da sala, tentando manter distância do akuma.

 O kwami se perguntou brevemente por que o akuma estava atrás de Adrien, tecnicamente o rapaz não tinha feito nada para provocar a fúria de alguém.

 — Não? — Ela fez um biquinho triste quando não recebeu uma resposta. Encolheu os ombros, olhando várias vezes para os alunos na sala — Então são inúteis!

 O akuma estendeu a mão a direita e dela uma aura negra começou a se formar. Tikki arregalou os olhos quando sentiu o medo revirar em seu interior; tudo lhe dizia para fecha os olhos e esperar o caos passar, mas ela não fez isso.

 Tikki notou algumas coisas; a primeira era que no pulso o akuma tinha duas pulseiras vermelhas, a outra foi que cordas negras eram o seu "poder", já que surgiram da aura e se espalharam pela sala.

 Os gritos ecoaram pela sala e Tikki fechou os olhos fortemente, com medo do que estava acontecendo. Ela queria poder não ouvir aquele som horrível, mas não podia fazer nada para ajuda-los.

 Se apenas Marinette estivesse aqui.

 Longos segundos passaram e os gritos cessaram, mas isso não era um bom sinal. Tikki ainda não estava confortável para abrir os olhos novamente, mas o fez.

 O akuma era assustador, tudo sobre sua postura e aura era amedrontadora. Uma aura branca se tornava negra e se concentrava em cima do peito esquerdo, bem a onde estava o coração partido estava. Os olhos vermelhos brilhavam fortemente. Demorou um pouco para tudo se estabilizar e a aura sumir.

 Tikki engoliu em seco, encarando firmemente o akuma. Ela se virou, olhando para janela, planejando seu próximo passo.

 Tikki arregalou os olhos em puro terror quando viu as orelhas do akuma. Era a única parte do corpo que não estava completamente branca, em vez disso, tinha uma coloração normal de pele branca. Mas não foi isso que chamou sua atenção, e sim o par de brincos familiares ali.

 — ... Marinette... — Tikki murmurou horrorizada, pouco antes de enfiar o rosto no couro da bolsa, rezando para que o Akuma não tenha lhe ouvido.

 Lágrimas se formaram em seus olhos, ela estava com medo, mas não podia se entregar. Tikki tentou ficar o mais quieta o possível e jogar os sentimentos para longe, pelo menos até o akuma — Não, Marinette — sair.

 O que se faz quando seu escolhido é akumatizado? Ela nunca enfrentou algo parecido. Sabia que não era impossível, mas ainda assim quais eram as chances disso um dia acontecer? O que poderia ter acontecido para deixar Marinette tão chateada? Ela estava tão feliz quando saiu de casa.

 Tikki precisava de ajudar, e pelo visto Marinette estava atrás de Adrien, então o primeiro passo era encontra-lo. Seja lá o que tenha acontecido o loiro era seu alvo principal, e isso fez o estômago de Tikki revirar. Ele deveria pedir ajuda ao mestre Fu, mas estava correndo contra o tempo agora.

 Provavelmente Hawk Moth ainda não tinha notado que seu mais novo Akuma era Ladybug. Tikki estava grata por isso, talvez se ela fosse rápida o suficiente ele nem ao menos descobriria.

 O akuma saiu pela janela, finalmente deixando Tikki sozinha com os demais alunos na sala. O kwami vermelho deveria ter se sentindo aliviada com isso, mas não.

Tikki balançou a cabeça de um lado para o outro, tentando limpar sua mente e espantar o medo para poder continuar em frente. Ainda um pouco relutante ela saiu da bolsa, tomando muito cuidado caso Marinette ainda estivesse nas redondezas.

 O ar na sala estava pesado e as lâmpadas tinham sido queimadas, deixando a sala quase no breu total. Tikki se assustou quando um trovão iluminou o céu; iria chover a qualquer segundo.

 Ela suspirou, tentando se acalmar. Ainda um pouco relutante, Tikki se virou para a parte de trás da sala e se arrependeu na mesma hora.

 Todos os colegas de sala de Marinette, sem exceção, estavam debruçados sobre as mesas. Os olhos de Tikki viajaram por cada um dos rostos, tremendo quando notou a expressão vazia que todos tinham.

 — Não vale a pena... — Tikki engasgou quando ouviu o murmúrio fraco vindo logo atrás dela. Ela se virou e olhou para Chloé, que assim como todos os outros estava tão pálida e com o rosto branco. Os olhos uma vez azuis encaravam o nada, totalmente brancos - O amor não existe...

 A cena era assustadora. Esse akuma era assustador. Tikki se encolheu e flutuou para a porta — ou pelo menos o que restou dela.

 Ela precisa avisar a Adrien. Se Chat Noir não fosse capaz de derrotar o akuma, então tudo estaria perdido. Tikki balançou a cabeça, não querendo pensar nisso. Ela fechou os olhos e tentou localizar Plagg em algum lugar.

 No sábado à noite os dois tinham tido uma pequena conversa, nada além de compartilhar as experiências com seus escolhidos. É claro que Plagg se demonstrou insatisfeito como sempre, mas para Tikki foi muito bom vê-lo novamente.

 Ela não estava muito surpresa quando descobriu que Adrien era Chat Noir. O loiro sempre foi seu primeiro palpite, mas ela optou por nunca contar à Marinette sobre isso.

 Tikki suspirou quando percebeu que eles não estavam muito longe. Plagg provavelmente estava em algum lugar do colégio, agora ela tinha que acha-lo o mais rápido possível.

 Adrien

 Adrien abraçou sua bolsa firmemente, tentando fazer dela algum tipo de ancora para que seu corpo não desmoronasse. As aulas já não eram mais tão importantes assim; ele queria apenas encontrar um buraco e se esconder pelo resto da vida.

 Ir para casa não era opção. Ele não estava a fim de encarar Nathalie e muito menos o seu pai. Adrien queria apenas ficar sozinho por um tempo, por isso ele buscou seu esconderijo usual.

 O banheiro masculino do colégio.

 O sinal já tinha batido e Adrien estava encolhido em cima do vaso sanitário, apertando a bolsa firmemente ao peito enquanto lágrimas quentes escorriam pelo seu rosto. Seus olhos estavam ardendo e provavelmente estavam vermelhos, ele tinha tirado os óculos e os segurava junto a bolsa firmemente.

 O silêncio era ensurdecedor, quebrado apenas pela respiração e os soluços do loiro.

 Nem mesmo Plagg estava falando.

 Ele agradeceu secretamente pelo silêncio de seu kwami. Pela primeira vez desde que os dois se encontraram, Plagg respeitou os sentimentos de Adrien. Ele não estava falando sobre queijos, reclamando de coisas aleatórios e nem mesmo zoando a situação deplorável do loiro, em vez disso, ele estava sentado pacificamente no ombro do maior, tentando passar algum tipo de conforto.

 Adrien soluçou. O aperto no seu coração ainda era muito grande e doloroso, não parecia que iria sumir tão cedo. Ele também estava tendo dificuldades para respirar pelo nariz e sua respiração estava superficial.

 Ele fechou os olhos, sentindo um pouco de alivio ao fazê-lo. Seus olhos pareciam queimar desconfortavelmente.

 — Eu sei que... — Plagg começou a falar, tão incerto do que queria expressar, nem ao menos parecia o mesmo kwami que vivia tagarelando sem parar — Parece difícil agora... bem... vai passar — Ele gemeu, fazendo um esforço para abraçar a bochecha de Adrien — Desculpa garoto, não sou muito bom com essas coisas...

 Adrien forçou um sorriso, entendendo plenamente o que Plagg queria dizer. O kwami nunca foi bom em momentos assim, mas Adrien estava grato por ele pelo menos não brincar com os seus sentimentos.

 Plagg entendia que agora as coisas tinham ido longe demais.

 Adrien suspirou, ele abriu os olhos e olhou para seu kwami, forçando seu melhor sorriso quando encontrou com os olhos verdes. Plagg parecia estar se sentindo mau por Adrien, e somente o fato dele ter tentado conforta-lo já era plenamente gratificante.

 — Obrigado Plagg... — Sua voz saiu rouca e ele teve que limpar a garganta para que pudesse falar novamente.

 Adrien estendeu uma mão e acariciou a testa de Plagg, como uma forma de agradecimento silencioso. O kwami apenas fechou os olhos e aceitou a agrado.

 Ambos ficaram imersos em um silêncio agradável. Adrien se contentou em apenas encarar o ladrilho branco na sua frente, como se eles fossem a coisa mais importante e interessante do mundo.

 Ele foi forçado a empurrar qualquer pensamento sobre Ladybug e Marinette para longe de sua mente, pois até mesmo a lembrança de seu rosto lhe enviava uma dor ao peito e a vontade de chorar voltava.

 Adrien fungou. Seus olhos ainda ardiam e seu coração estava pesado, como se tivesse alguma coisa amarrada em seu peito. O loiro pode ouvir a porta do banheiro se abrir e tentou ficar o mais quieto possível; ele não queria ver ninguém agora.

 — Plagg?! — Era uma voz feminina, uma que Adrien não soube reconhecer. Ele se virou para seu kwami um pouco surpreso; por que alguém estaria procurando por Plagg?

 O loiro viu seu kwami arregalar os olhos. Ele se afastou dos ombros de Adrien e flutuou para fora do box, tão rápido que parecia um flash negro no ar.

 Adrien sacudiu a cabeça, tentando limpar sua mente. Ele forçou seu corpo para cima e saiu de cima do vaso sanitário. A mudança súbita fez ele cambalear um pouco, mas logo se estabilizou.

 — Tikki? — Ele ouviu Plagg falar — O que aconteceu?

 Adrien esfregou os olhos e colocou os óculos, podendo enxergar um pouco melhor agora que tinha o auxílio deles. O loiro lutou contra a tranca da porta do box. Suas mãos pareciam escorregadias, quase como se manteiga estivesse derretido nelas. Foi frustrante.

 Quando finalmente conseguiu abrir a porta do box, Adrien encontrou cara a cara com outro kwami. Ele nunca tinha visto outro kwami além de Plagg e a visão o pegou de surpresa. Ele era vermelho e se assemelhava bastante à uma joaninha, com grandes olhos azuis que pareciam aterrorizados.

 — Ah! Finalmente achei vocês — Ela suspirou de alivio, voando para mais perto de Adrien — Eu sou Tikki, o kwami da Ladybug! — Ela se apresentou. Adrien ia abrir a boca para se apresentar, mas foi interrompido — É um prazer conhecer você pessoalmente Adrien

 — Tikki, aconteceu alguma coisa? — Plagg perguntou novamente. Adrien estreitou os olhos quando percebeu que ele parecia realmente preocupado. Isso foi completamente novo para o loiro.

 Um mau pressentimento se instalou no corpo dele. Algo estava errado e Adrien não gostou desse pressentimento. Ele encolheu os ombros e piscou algumas vezes, tentando acalmar o fogo em seus olhos.

 Ao longe ele pode ver de relance seu reflexo. O cabelo loiro completamente bagunçado e desgrenhado, o rosto e os olhos estavam vermelhos. Era até mesmo possível ser o rastro das lagrimas secas e olheiras surgindo lentamente.

 — Sim, algo terrível! — Ela confirmou com a cabeça, ganhando toda a atenção de Adrien — É Ladybug!

 O loiro sentiu sua boca secar e a preocupação se instalar em seu corpo. Ele deu um passo para frente, encarando o kwami vermelho com os olhos verdes arregalados. Não podia se ajudar, a ideia de que algo ruim pudesse ter acontecido com Marinette não era nenhum pouco agradável. Mesmo se ele estivesse chateado com ela, não podia deixa-la na mão.

 Eles ainda eram parceiros e deviam se ajudar.

 — O que aconteceu com a Marinette? — Ele perguntou, sua voz saindo mais exasperada do que o normal. O loiro ganhou um olhar surpreso de Tikki e ambos se encarraram por alguns segundos.

 — Você sabe? — Ela perguntou. Adrien desviou o olhar, envergonhado, antes de acenar positivamente com a cabeça — ...isso explica tudo... — Tikki murmurou, mais para si mesma do que para Adrien.

 — Ela está bem? — Adrien perguntou, ele apertou as mãos juntas, como se para evitar que os kwamis notassem que ele estava tremendo.

 — Ela... — Tikki olhou para o Loiro com tristeza. Adrien não viu esse olhar como um bom sinal e engoliu em seco—- Ela foi akumatizada...

 — Akumatizada? — Ambos, Adrien e Plagg, disseram em união. Um mais surpreso do que o outro.

 — Como isso é possível? — Plagg perguntou, balançando os braços com um gemido.

 Adrien sentiu seu coração pular e uma sensação de puro medo se instalar em seu corpo. Agora ele estava tremendo visivelmente e seu corpo se tornou pesado. Suas pernas pareciam que iam ceder a qualquer segundo.

 — Não sei, mas aconteceu! — Tikki disse — Só Chat pode salvar Paris agora...

 O estômago do loiro embrulhou e ele sentiu como se fosse vomitar — ele iria se de fato tivesse comido alguma coisa no café da manhã. Adrien abraçou seu próprio corpo e tentou controlar a sua respiração que estava se tornando cada vez mais ofegante; não era a hora de hiperventilar.

 Era impossível.

 Chat Noir era como um suporte, a trabalho real sempre foi feito por Ladybug. Não que Adrien não fosse capaz de fazer isso, porque ele certamente era, mas quem iria purificar o akuma? Os dois sempre lutaram lado a lado — com poucas exceções. Ele entraria nessa luta sem sua parceira.

 Sem Ladybug ele estava perdido. E isso nem era o pior. Como iria lutar contra a garota que praticamente tinha seu coração nas mãos? Machuca-la estava fora de cogitação.

 — Não posso... — Ele gemeu, sua voz era nada mais do um suspiro fraco. Respirar estava se tornando um desafio.

 O loiro se sentiu enjoado, uma mistura de ansiedade com desespero. Seu coração estava martelando freneticamente em seu peito. Adrien se apoiou na parede para que não caísse no chão.

 — Adrien...

 — Vamos garoto, você sabe que consegue... — Plagg se aproximou de Adrien, olhando firmemente nos olhos do maior com uma determinação ardente. Ele parecia tão confiante e forte, Adrien não pode fazer outra coisa senão admirar seu kwami.

 — Você tem um ponto a mais! — Tikki disse, ficando ao lado de Plagg e também encarando Adrien com determinação — Ou será que se esqueceu que ela te ama?

 Adrien se inclinou para trás, como se essa afirmação fosse uma grande bomba que simplesmente explodiu na sua cara. Ele encolheu os ombros e sentiu as lágrimas encherem seus olhos novamente, assim como em momentos atrás, seu coração apertou e um nó se formou em sua garganta. Adrien lutou contra as lágrimas firmemente, se recusando a chorar mais do que já havia chorado.

 Tikki tinha dito isso com tanta convicção. Adrien não tinha como rebater; Ladybug disse para ele que estava apaixonada por Chat, e bem, agora tinha todo esse problema com Adrien.

 Talvez, se ele tivesse um pingo de sorte, isso fosse realmente verdade. Talvez Marinette — Ladybug — gostasse dele, talvez os dois tivessem uma pequena chance de acabarem juntos.

 Talvez o seu amor fosse correspondido.

 Adrien não tinha como saber, ela só descobriria isso se trouxesse sua lady de volta. E isso era uma motivação que ele precisava se agarrar firmemente se quisesse ter uma chance nessa batalha.

 — Ela pode estar akumatizada, mas ainda é a Marinette! Seus sentimentos por você não foram alterados — Tikki disse, era impossível não sentir esperança com ela falando desse jeito — Talvez ela só tenha ficado uma pouco mais agressiva... — Ela desviou o olhar, olhando para o chão. Adrien viu um lampejo de tristeza passar por eles, mas ela logo se recompôs.

 — Tikki está certa! — Plagg disse, acenando firmemente — Você pode fazer isso...

 Adrien piscou quando um fato veio à sua cabeça de repente. Ele olhou para Tikki e falou, para sua própria surpresa, não gaguejou.

 — E Hawk Moth? Ele notou que ela tem o miraculous? — Ele perguntou, as palavras saindo tão rápido que o deixaram sem fôlego.

 Tikki balançou a cabeça negativamente e Adrien suspirou aliviado.

 — Pelo menos ainda não...

 — Certo... certo... — Adrien olhou para o chão pensativo. Ele estava com medo, inseguro, mas se ele não fizesse isso, quem faria?

 Ele tinha uma pequena motivação para apenas tentar, se não desse certo, se ele perdesse essa batalha, então ninguém poderia dizer que ele não tentou. Além do mais, ele ficou com medo em apenas pensar em Marinette akumatizada. Aquela garota tão boa e carinhosa tinha se tornado um alvo de Hawk Moth

 Por sua culpa. Ele tivesse tido coragem para chama-la para uma conversa. Se ele ao menos não tivesse se derretido em lágrimas assim que percebeu a verdade, talvez nada disso teria acontecido.

  Mas agora já estava tudo feito, ele era a última esperança de Paris, a última esperança de Marinette.

  Foi pensando em sua lady que Adrien tomou uma decisão. Ele iria lutar, iria dar o melhor de si, iria trazes sua amada de volta.

 — Plagg, mostrar as garras!


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Notas finais do capítulo

Me perdoem se algum erro passou despercebido, eu revisei, mas as vezes acontecem! Com sorte o próximo capítulo sai amanhã!

~~ see y later!



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