Sob o luar escrita por Pixel


Capítulo 10
Capítulo 10 - "Aonde estava a sua sorte?"


Notas iniciais do capítulo

Nova capítulo fresquinho (hehehe) espero que se divirta lendo ♥

~~ Boa leitura



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Marinette

A noite em Paris estava silenciosa. O céu completamente escuro, não havia nem mesmo uma única estrela para iluminar a noite, além disso, até mesmo a lua parecia tímida. Marinette estava do lado de fora de sua varanda, com uma manta ao redor dos ombros para tentar se aquecer um pouco. A chuva havia parado, mas tudo ao seu redor estava molhado, a espreguiçadeira era a única coisa seca ali.

Marinette estava com uma grande dor de garganta desconfortável e seu nariz estava entupido. Ela sabia que a chuva gelada não tinha feito nada de bom para sua saúde; agora ela iria sofrer com uma gripe durante um tempo.

Ela estava bebericando um copo de chá, que estava quente demais para ser tomado em apenas um gole. O chá proporcionava uma sensação agradável, aquecendo seu corpo confortavelmente. Marinette suspirou; seus olhos estavam ardendo de sono, mas ela se recusou a dormir.

Depois do que aconteceu de manhã, as aulas foram suspensas. Felizmente, Marinette não precisou voltar a escola graças a Alya, que fez questão de trazer sua mochila.
Divirtam

— Menina! Não acredito!

Marinette revirou os olhos quando se lembrou do que Alya disse assim que a mestiça disse o que havia acontecido — Claro, sem os detalhes mais profundos.

— Eu e Nino vimos o akuma passando pela rua - Alya disse, gesticulando com a mão livremente. Ela estava tagarelando como sempre, mas dessa vez Marinette estava realmente prestando atenção — Eu não sabia que era você!

Alya se sentou na espreguiçadeira, ao lado de Marinette. A mestiça tinha acabado de sair do banho, com uma toalha ainda enrolada em seus cabelos.

— Eu consegui tirar uma foto... — Alya disse. Ela pegou seu celular e começou a vasculhar nele, deslizando um dedo de um lado para o outro na tela — Aqui! — Ela virou o celular para Marinette.

Ali, na tela, apareceu uma foto de uma akuma. Ela estava meio de lado, olhando para as ruas. A foto estava no zoom, já que Alya tirou a de detrás de um murro, tentando se manter fora de vista.

Marinette estremeceu quando notou o par de brincos familiares e desviou os olhos.

— Eu não me lembro de nada do que aconteceu... — A mestiça disse num suspiro, tentando mudar de assunto. Ela já sabia que Alya iria iniciar um interrogatório, em busca de informações que pudesse postar no Ladyblog, porém Marinette não lembrava de absolutamente nada.

— Eu sei... infelizmente eu sei — A morena disse, revirando os olhos. A própria Alya já tinha sido akumatizada e sabia perfeitamente desse fato — Mas mesmo assim eu vou ficar com um olho aberto sobre isso, talvez alguns dos meus seguidores tenha algo "inédito" — Ela disse, fazendo aspas com os dedos. Marinette forçou uma risada.

A mestiça não estava confortável com a conversa, na verdade, ela queria apenas esquecer tudo sobre o que aconteceu hoje.

Marinette piscou algumas vezes, atordoada. Ela ficou os últimos 10 minutos encarando os telhados das casas ao redor, totalmente perdida em seus pensamentos. Ela olhou para sua caneca, esperando encontrar um pouco de chá dentro, mas ela estava completamente vazia.

A mestiça gemeu. Estava tão gostoso ficar sentada na sacada curtindo o vento da noite tranquilamente. Ela queria ficar ali por mais tempo antes de entrar e tentar dormir, novamente.

Marinette torceu o nariz, sentindo uma picada desconfortável pouco antes de espirrar. Ela esfregou o nariz, tentando espantar aquela sensação desconfortável.

— Marinette...? — Tikki espiou pelo alçapão, olhando para a mestiça com preocupação.

— Desculpa Tikki — Marinete fungou e voltou a se deitar na espreguiçadeira, puxando a manta para cobrir seus ombros.

— Já é quase meia-noite — Tikki disse, avançando e indo ao encontro de Marinette. O kwami vermelho parou bem na frente de seu rosto — Você deveria ir para a cama...

Marinette fungou mais uma vez, sorrindo levemente para Tikki. Ela sempre iria apreciar toda essa preocupação.

— Já vou... — Ela se encolheu um pouco mais.

Tikki não respondeu, apenas soltou um suspiro derrotado. Ela flutuou até o colo de Marinette, e ali se sentou.

A mestiça tirou uma das mãos do refúgio quente da manta e acariciou a cabeça do kwami. Um silêncio confortável se instalou entre elas.

Marinette fungou mais uma vez. Seu nariz insistia em escorrer e ela não tinha nenhum pano agora, então essa era sua única opção. Era irritante, até mesmo para ela.

Novamente, a mestiça deixou sua mente vagar pelos eventos do dia.

Ela estava preocupada com o que Chat achava dessa coisa toda. Será que ele tinha aceitado tudo isso de boa? Ele não estava decepcionado? Talvez agora eles possam se aproximar um pouco mais.

Seu coração saltou com esse pensamento, se aproximar de Chat era tudo que ela mais desejava durante muito tempo. Talvez os dois possam finalmente começar a serem amigos de verdade, sem mentiras ou empecilhos.

A mestiça se mexeu desconfortavelmente, sentindo a ansiedade tomar conta do seu interior. Ela não sabia o que estava por vir. Tudo parecia tão incerto.

Não era só Chat, tinha também Adrien.

Ele sabia seu segredo e aparentemente, diferente de Chat, não tinha levado as coisas numa boa. Digamos que as lágrimas e seu desaparecimentos não ajudam muito.

Ela queria poder ir até ele, parecia tão fácil. Simplesmente parar na mansão Agreste assim como ela tinha feito nos últimos dias. Seria necessária uma enorme coragem para fazer isso agora, e isso é exatamente o que Marinette não tem no momento.

De qualquer forma, ela teria que encara-lo amanhã na escola. Talvez ela possa ajeitar as coisas de alguma forma.

Talvez ela pudesse ignora-lo, agir como se nada disso tivesse acontecido. Até que parecia uma ótima ideia, mas Marinette não iria se sentir confortável se fizesse isso. Seria como deixar um assunto inacabado.

Ela precisava falar com ele, se quisesse manter sua sanidade intacta.

— Pare de se preocupar tanto... — Tikki disse logo após ver a expressão pensativa de Marinette.

A mestiça olhou para ela, levantando uma sobrancelha, questionando-a silenciosamente.

— Você sabe... — Tikki começou a falar, tão sabiamente que Marinette fez questão de prestar toda atenção no que ela ia dizer — As coisas podem acontecer de uma forma inesperada. Talvez você ainda tenha um pouco de sorte! — Ela sorriu e Marinette apenas revirou os olhos.

Sorte. Ela só tinha sorte quando estava vestida de Ladybug. Fora do traje, Marinette era a pessoa mais azarada do mundo — havia várias provas para comprovar isso. Tudo que ela fazia, não importa a quão boa fossem as suas intenções, sempre alguma coisa dava errado e tudo ia por água a baixo.

Sua sorte era a última coisa que ela poderia confiar.

— Ladybug tem sorte... — Marinette disse num suspiro. Sua voz estava rouca e frágil. Ela tentou engolir a saliva antes de continuar, mas estremeceu com a dor. Parecia que tinha diversos espinhos entalados em sua garganta — Eu só me ferro...

Ela gemeu, se sentindo extremamente fraca de repente. Marinette fechou os olhos, se aconchegando um pouco mais na espreguiçadeira, como se ali fosse o lugar mais confortável do mundo.

Tikki riu. Um risinho de verdadeira diversão. Marinette abriu os olhos e olhou novamente para Tikki, dessa vez com um olhar acusador.

Ela estava sofrendo. Sofrendo por Chat, sofrendo por Adrien, sofrendo por quase ter dado a vitória a Hawk Moth, sofrendo por estar doente e Tikki ainda assim era capaz de rir da cara dela.

Marinette se sentiu insultada e não escondeu isso.

Sua kwami parecia muito divertida. Os olhos azuis de safira brilhando e um sorriso travesso no rosto. Marinette levantou uma sobrancelha acusadora e estreitou os olhos para Tikki.

— Tikki — Ela disse, pouco antes de um ataque de tosse surgir. Ela se acalmou depois de alguns segundos e voltou a falar — Você sabe de alguma coisa que eu não sei...?

— Sim eu sei — Ela riu — Mas acho melhor você descobrir isso por conta própria... — Tikki fechou os olhos e deitou a cabeça no colo de Marinette, se aconchegando um pouco mais.

Marinette franziu os lábios em frustação. Do que será que Tikki estava falando? Deveria ser importante. A mestiça considerou pressionar Tikki um pouco mais, para ver se arrancava alguma informação, mas decidiu que não seria o certo.

Tikki era esperta, ela sabia o que fazer e a hora certa de agir. Não tinha porquê Marinette questionar ela, quando chegar a hora certa ela iria contar.

Marinette não podia contar com sua sorte, mas podia contar com Tikki.

— Ah, eu quase esqueci — Tikki se levantou novamente, olhando para Marinette apreensiva — Seu celular não para de vibrar. Acho que é Alya — Ela disse.

Marinette fechou os olhos com força. Alya sempre foi uma boa amiga, mas agora ela queria apenas fechar os olhos e dormir um pouco. Ela pode responder a morena amanhã, não deve ser tão importante assim.

— Eu falo com ela amanhã — Marinette pegou Tikki com uma das mãos, fazendo um esforço para se levantar da espreguiçadeira — Não deve ser tão importante assim...

Tikki apenas concordou com a cabeça. A mestiça segurou a manta firmemente e caminhou até o alçapão, tentando não tropeçar na manta, abriu e pulou para a segurança de seu quarto.

Marinette fechou o alçapão e deixou Tikki em cima do travesseiro, se certificando de que ela estava confortável antes de se ajeitar na cama.

— Boa noite Tikki... — Marinette disse pouco antes de fechar os olhos, permitindo que seu corpo cansado descansasse um pouco.

— Boa noite Marinette! — A voz calorosa de Tikki fez cocegas em sua bochecha.

A mestiça sentiu um pequeno toque em sua bochecha, um simples ato de afeto de seu kwami. Ela sorriu.

Os problemas do dia foram totalmente deixados de lado e Marinette foi levada pelo cansaço.

...

Pela segunda vez na semana, Marinette não acordou por causa do despertador. Porém, ela teria prefiro o som alto e repentino do que toda essa dor em seu corpo.

Parecia que seu corpo era feito de chumbo, seus ombros, suas pernas, tudo parecia pesado demais para que ela pudesse levantar da cama por conta própria. Seus olhos estavam pesados e ela parecia mais quente do que o normal.

Com um gemido estrangulado, a mestiça fez um esforço para se levantar da cama. Ela abriu os olhos, lutando para se acostumar com a claridade de seu quarto. Ela tentou engolir um pouco de saliva, mas foi recebida por um dor enorme na garganta.

— Marinette? — Tikki acordou e foi ao encontro da maior, flutuando na sua frente — Tudo bem...?

A mestiça piscou, uma, duas, três vezes e encarou seu kwami. Havia um gosto podre em sua boca e ela sentiu a imensa necessidade de escovar os dentes para espantar a sensação. Ela jogou a manta — a mesma da noite passada — de lado e se levantou.

— Tô ótima... — Sua voz saiu rouca, completamente falha. Ela tossiu, tentando limpa-la.

— Er... — Tikki parecia querer dizer alguma coisa, mas se limitou em apenas seguir a maior.

Marinette desceu as escadas, se segurando firmemente no corrimão. Ela não contava com a força das próprias pernas, mesmo com ele a chance de um tropeço era grande.

Quando finalmente chegou na parte de baixo de seu quarto, ela foi até o alçapão, esperando chegar ao banheiro, no andar de baixo. Assim que desceu as escadas, ela foi recebida por um agradável cheiro de pão de mel.

Ela ignorou o ronco e a breve queimação de seu estômago e seguiu caminho até o banheiro. Tikki ficou para trás, no quarto, quando notou a movimentação na casa. Ela preferia esperar por Marinette lá em cima, em vez de se arriscar.

Marinette entrou no banheiro e trancou a porta. Ela caminhou até o espelho e deu uma olhada em seu próprio reflexo.

Ela estava deplorável.

Haviam grande e escurar olheiras embaixo de seus olhos, seus cabelos estavam completamente bagunçados — principalmente pelo fato deles estarem soltos. Seu rosto estava vermelho, mas o que mais se destacava era o nariz.

Ela fungou, aceitando seu estado físico.

Marinette lavou o rosto e escovou os dentes, se sentindo um pouco mais desperta após isso, ela começou a pentear seu cabelo, lutando para colocar os fios em ordem. Depois de alguns momentos, ela olhou ao redor da bancada, em busca dos rabicós.

Eles estavam ao lado de uma caixa branca em cima de uma pequena estante de produtos de higiene. Ela bufou para o pequeno acessório e os pegou.

Depois de alguns minutos seus cabelos estavam finalmente no lugar, do mesmo jeito que ela tanto gostava — em duas marinhas chiquinhas.

A mestiça ainda estava se sentindo um pouco fraca, com um enorme peso em seus ombros. Seu nariz ainda estava entupido e era difícil respirar por ele, sem contar os espinhos na garganta ainda estavam a incomodando.

Ela suspirou. Uma gripe era a pior coisa que podia acontecer com ela hoje, mas por mais que parecesse tentador, ela não podia ficar em casa. Ela precisava ir para a escola e encarar seus problemas cara a cara.

Não era uma gripe que iria derruba-la.

Marinette pegou a caixa branca, que tinha uma cruz vermelha em cima, e a abriu. Ela vasculhou o conteúdo em busca de algum remédio para gripe ou para dor. Eram tantas embalagens de remédios que ela demorou um pouco para encontrar algo que realmente fosse fazer efeito.

Ela o tomou junto com a água da torneira, tentando ao máximo ignorar a dor em sua garganta no processo. Ela também havia encontrado um caixinha com algumas pastilhas para tosse, decidiu guardá-la em seu bolso, caso precisasse.

Marinette saiu do banheiro e voltou para seu quarto com passos lentos, ela estava mais desperta agora e se arrumar não parecia ser um desafio muito grande.

Quando entrou no quarto, ela encontrou Tikki comendo um biscoito tranquilamente. Marinette apenas sorriu e continuou seu caminho até a cômoda.

Ela decidiu que usaria algo mais simples e optou por uma camisa branca, uma jaqueta preta e calças escuras. Quando terminou de se arrumar, Marinette abriu uma das pastilhas, esperando que ela desse um jeito em sua dor de garganta.

— Vamos Tikki — Ela chamou pelo seu kwami, fungando logo em seguida.

— Se você se sentir muito ruim, pode me avisar — Tikki disse, lançando um olhar preocupado para Marinette. A mestiça apenas acenou positivamente com a cabeça.

— Eu vou

Tikki não disse mais nada, apenas entrou entro da bolsa, se mantendo escondida das demais pessoas.

Marinette voltou para o andar de baixo com a mochila nas costas, descendo as escadas lentamente. Ela se aproximou da porta e gritou um "adeus" para seus pais, pegando apenas um biscoito para comer no caminho.

— Estou indo! — Sua voz falhou, como o esperado, e ela entrou em um ataque de tosse.

— Leve o guarda-chuva querida! — Sabine disse.

— Ta bom... — Ela resmungou, alto o suficiente para sua mãe ouvir.
Ela fez o que sua mãe mandou e saiu da padaria. Por causa da chuva, as ruas estavam molhadas. O céu ainda estava nublado e não havia sinal de que o sol fosse raiar tão cedo.

Marinette suspirou, engolindo em seco. Ela ficou feliz quando sentiu uma pequena melhora em sua garganta, a dor ainda estava lá, mas em menor escala.

A mestiça se afastou completamente da padaria de seus pais e logo se aproximou do colégio, mordiscando o biscoito durante todo o caminho. Ela não estava atrasada, mas também não estava necessariamente adiantada.

Ela entrou no colégio e foi recebida por vários alunos, todos vivendo em suas próprias vidas. Marinette começou a andar calmamente pelos corredores, tentando manter seu olha firme e ignorar as conversas alheias.

Ela parou abruptamente quando sentiu uma queimação em sua nuca, um claro sinal de que estava sendo observada. Ela se virou, buscando a fonte de seu desconforto.

Marinette encontrou um grupo de três garotas do terminale, que estava cochichando entre si e olhando diretamente para ela. A do meio, uma loira, alta e com um rosto bonito encarou Marinette por alguns segundos antes de desviar o olhar. As outras duas também a notaram, e começaram a olha-la da cabeça aos pés com uma mão na cintura. Uma morena e outra ruiva.

Marinette se questionou se havia algo de errado com sua roupa, mesmo sabendo que estava tudo em perfeito estado, ela nem tinha colocado a camiseta do avesso dessa vez. Então, por que essas garotas estavam olhando para ela como se ela fosse um extraterrestre?

A mestiça endireitou a postura e tentou ignorar o trio, voltando a andar para sua sala. No caminho, ela percebeu que vários outros alunos a olhavam da cabeça aos pés, alguns julgando-a, outros pensativos e até mesmo aqueles — principalmente garotas — que olhavam com inveja. Ela ignorou tudo isso e entrou na sala.

Ela notou que todos que estava na sala a olhavam esquisito. Rose, tentava desviar o olhar, mas sempre voltava a encara-la alguns segundos depois; Ivan, Nathaniel e Max tentavam não encara-la por muito tempo, mas ela ainda podia sentir o olhar deles queimando em sua nuca. Por fim tinha Juleka, que assim como Rose tentava disfarçar.

Marinette suspirou e abriu sua bolsa, em busca de seu celular, apenas para percebeu que havia deixado ele em cima da mesa do computador. Ela resmungou uma maldição por ser tão avoada.

— O que foi...? — Tikki perguntou num sussurro baixo. Marinette franziu as sobrancelhas e suspirou.

— Tem alguma coisa no meu rosto Tikki? — Ela perguntou baixinho, desviando o olhar. Talvez tivesse um pouco de pasta de dente em seu queixo ou algo parecido. Por qual outro motivo todos da escola estariam olhando para ela?

Infelizmente, Tikki balançou a cabeça negativamente. Marinette fechou a bolsa novamente e se endireitou na cadeira. Se não havia nada de errado em seu rosto então não tinha com que se preocupar, as pessoas são sempre estranhas.

Marinette apoiou o queixo na mão e encarou o quadro firmemente, tentando ignorar a queimação na parte de trás da sua nuca. Ela não precisava se virar para perceber que eles estavam encarando ela firmemente.

Ela bateu os dedos na mesa de forma rítmica, em puro tedio. Com o passar dos minutos, uma carranca tomou conta do seu rosto; os lábios firmemente presos em uma linha fina, as sobrancelhas franzidas e os olhos estreitos.

Alya estava demorando e nem mesmo Adrien tinha entrado pela porta ainda. Ela suspirou e pegou outra pastilha. O sabor de menta acalmou tanto a dor em sua garganta quanto a tensão ao seu redor.

Marinette estava entediada, talvez isso fosse a coisa mais irritante por chegar na escola adiantada.

Ela pegou um brilhou dourado com o canto do olho e olhou naquela direção. Adrien entrou na sala com passos lentos, ninguém o notou apenas ela.

Tinha algo de diferente nele, algo que Marinette não pode dizer o que era. Ela tomou um pequeno segundo para admira-lo, sentindo seu coração saltar contra o peito firmemente. De repente ela nem estava tão incomodada assim com os olhares que estava recebendo.

Ele parecia tão bonito, como é que ela nunca notou isso antes? Os olhos verdes pareciam brilhar, tão lindos que Marinette se perdeu por alguns instantes neles. Seus cabelos dourados pareciam tão suave, ela queria apenas enfiar a mão neles e bagunça-los.

Marinette soltou um suspiro. Todo seu corpo se aqueceu, e não tinha nada a ver com a gripe.

O momento durou pouco, logo Adrien se virou e foi quando seus olhos se encontraram. Sua expressão mudou completamente de calma para uma exasperada. Parecia até mesmo que ele tinha levado um tapa invisível.

Marinette gemeu internamente. Ela nem sequer o chamou e isso já tinha sido sua reação.

Ela notou que ele apertou a alça da bolsa e encolheu os ombros. Seu rosto se transformou em um vermelho puro, atingindo até mesmo as orelhas. Marinette ergueu uma sobrancelha quando viu o loiro andar até sua cadeira e se sentar, se recusando a falar com ela.

A mestiça franziu os lábios, reprimindo um rosnado. Ela se amaldiçoou internamente e
fechou os olhos, contando silenciosamente até dez.

Ela não podia alimentar as emoções negativas, isso iria resultar em outro akuma.

Adrien não iria falar com ela por conta própria, ele era tímido demais para isso, quem teria que dar o primeiro passo seria ela, caso o contrário os dois ficariam assim para sempre.

Ela se levantou e engoliu o que restava de sua pastilha, agradecendo aos céus quando notou o resultado, sua garganta não protestou, em vez disso parecia ter voltado ao normal. Marinette contornou sua mesa e se sentou no lugar de Nino, ao lado de Adrien.

O loiro não notou que era ela, parecia que estava perdido em seus próprios pensamentos, encarando suas mãos firmemente.

— Bom dia Nino... — Ele disse num suspiro, sem se virar para encara-la.

Marinette sorriu e se inclinou para frente, apoiando uma das bochechas na mão.

— Eu responderia se fosse o Nino... — Ela disse, fingindo estar magoada.

Adrien tomou um susto quando ouviu sua voz, se virando para encara-la com os olhos arregalados. Novamente, assim como antes, Marinette viu seu rosto se transformar em vermelho puro, uma visão quase cômica.

— M-M-Marinette? — Ele se inclinou para o lado e quase caiu da cadeira. Marinette foi rápida em agarrar a manga da sua blusa e puxa-lo para cima.

— Cuidado! — Ela o ajudou a se estabilizar. Marinette se recusou a solta-lo antes de se certificar de que ele estava estável — Você está bem?

Adrien se virou para ela com os olhos arregalados, ele parecia querer mante-se o mais longe o possível dela. Marinette sentiu seu coração se afundar um pouco por sua reação, mas ela não iria desistir tão cedo.

— S-S-Sim... — Ele desviou o olhar, encarando sua mesa com firmeza.

— Então... — Ela se aproximou um pouco mais dele, deixando apenas alguns centímetros de distância entre eles — Nós precisamos conversar... — Ela disse num sussurro.

— Er... — Ele olhou para ela, o rosto tão vermelho que parecia brilhar. Marinette se perguntou se Adrien estava doente ou algo do tipo — E-E-Eu... er.. e-e-eu... — Adrien desviou o olhar, encolheu os ombros e tentou se afastar o máximo de Marinette.

— Ei Adrien... — Ela colocou a mão em seu ombro, fazendo-o se virar para ela. Marinette tentou ser gentil e lhe deu um olhar amigável, esboçando um sorriso — Não estou aqui pra te ameaçar nem nada, só quero conversar — Ela disse, lançando um uma piscadela.

Ela sentiu os ombros de Adrien relaxarem um pouco, mas ele ainda se manteve o mais longe o possível dela. Marinette sentiu uma pontada em seu coração, toda a confiança que ele tinha nela havia sido jogado fora.

Reconquista-la seria difícil.

— Você... — Ele murmurou, baixo demais, quase que Marinette não ouviu.

Ela encarou o loiro por alguns segundos, esperando que ele continuasse. Adrien respirou fundo algumas vezes, antes de abrir os olhos e encara-la.

— Você j-já ficou s-sabendo? — Ele perguntou, lutando contra as próprias palavras.
Abaixou o olhar e voltou a encarar suas mãos.

Marinette piscou. Saber do quê? O que tinha acontecido?

— Do quê? — Ela perguntou, legitimamente confusa.

Adrien levantou a cabeça para encara-la, novamente com os olhos arregalados, tão surpreso por essa resposta. Seu rosto tinha voltado levemente ao normal, e Marinette agradeceu a esse fato.

— Então você ainda não viu... — Ele disse, franzindo os lábios em uma linha fina.

Marinette levantou uma sobrancelha. Isso por acaso não tinha alguma coisa a ver com o fato de todos ainda estarem encarando ela? Será que alguma notícia bombástica saiu?

— O que aconteceu? — Ela perguntou, soltou o ombro do loiro e se inclinou sobre a mesa. Um pouco de cabelo caiu na frente de seus olhos, mas ela não fez nenhum movimento para tira-los — Não estou sabendo de nada...

Os dois se encararam por alguns segundos antes do rosto de Adrien ser totalmente colorido pelo rubor, novamente. Marinette levantou uma sobrancelha e estreitou os olhos, ele estava mais tímido do que o normal.

Alguma coisa estava acontecendo.

Marinette olhou para o fundo da classe e na mesma hora Rose e Max se viraram, desviando o olhar. Ela rosnou.

Todos estavam agindo de forma estranha. Será que seu segredo foi revelado? Não, isso seria impossível, Alya já teria caído em cima dela com um monte de perguntas. Além disso, a imprensa também não teria lhe dado um segundo de folga. Ela nem teria saído de casa pela quantidade de repórter que estar lhe seguindo.
Mas então por que estavam todos olhando para ela?

— Marinette! — Uma voz a chamou e ela se virou.

Alya estava bem na sua frente, com o rosto vermelho e um celular na mão. Ela parecia brava e cansada, como se tivesse corrido todo o caminho até o colégio.

A mestiça ergueu uma sobrancelha e respondeu:

— Alya? O que foi...? — Ela se levantou, olhando para a amiga com um olhar interrogativo.

Alya bufou e se aproximou dela com passos largos.

— Você não responde minhas mensagens, não me liga, me dá o maior vácuo do mundo justamente quando tenho que falar com você — Ela disse exasperada, balançando os braços freneticamente.

— Desculpa eu esqueci meu celular em casa — Ela disse, tentando se explicar. Se levantou contornou a mesa de Adrien, se aproximando um pouco mais da amiga — O que aconteceu?

Alya estava eufórica, olhando para Marinette com intensidade. Suas bochechas estavam levemente vermelhas e ela também estava ofegante.

— O que aconteceu? Eu te digo o que aconteceu! — Ela pegou seu celular e desbloqueou a tela, deslizando o dedo de um lado para o outro freneticamente.

Quando achou o que queria lhe mostrar, ela virou o celular no rosto da mestiça, que teve que pega-lo para ver o que era.

— Um seguidor meu postou isso no twitter ontem! — Ela disse.

Era um vídeo, com menos de um minuto. Marinette notou que a pessoa estava tentando gravar a luta dela com Chat — algo muito frequente graças aos jornais que pagariam uma boa contia por um vídeo desses. A chuva torrencial dificultava um pouco a gravação, deixando um chiado forte no fundo.

Marinette fez um pequeno esforço e tentou ver o que estava acontecendo. Ela podia ver Chat — no caso um pequeno vulto negro — lhe atacando. A pessoa que estava gravando decidiu que seria uma boa ideia se aproximar da luta e foi exatamente isso que ela fez.

Marinette bufou. As pessoas não pensavam que isso era algo realmente perigoso, podiam se machucar se chegassem muito perto. Mas aparentemente o dinheiro e as views valiam muito mais.

A imagem parecia um pouco mais nítida agora, ainda tinha as gotas de água caindo em todos os lugares, grudando até mesmo na lente da câmera. Marinette levantou uma sobrancelha quando viu acena; Chat estava em cima dela, segurando suas mãos firmemente enquanto ela se debatia.

Marinette não se lembrava nada disso, eles pareciam tão próximos. Ela engoliu em seco, tentando ignorar o desconforto de ver aquela cena. Ela sentia como se estivesse invadindo um espaço pessoal, mesmo que fosse ela ali na cena.

Seu queixo caiu quando ela viu Chat se inclinar para frente e beija-la, com tanta veracidade que ela sentiu um aperto em seu interior. O pior foi que sua eu akumatizada respondeu ao beijo, devolvendo ele com intensidade.
Marinette corou, tão forte que nem mesmo suas orelhas escaparam do rubor. Ela pode ouvir um pequeno gemido vindo de Adrien logo atrás dela.

— A-Ah... — Marinette olhou para Alya que a encarava com uma expressão ilegível, esperando uma resposta — E-Eu não me lembro disso... — Marinette gaguejou, seu rosto ardendo em pura vergonha.

Isso tinha de fato acontecido? Mas, por que Chat a beijaria? Não era necessário isso numa briga. Ele sabia quem ela era, sabia seu maior segredo, sabia de tudo e mesmo assim ele fez isso. Mas por quê?

— Mas Chat Noir com certeza lembra! — Alya disse, colocando uma mão na cintura.

Marinette estava em estado de choque. Ela abaixou o celular e levou uma das mãos a boca, a realidade finalmente caindo sobre ela.

Chat Noir, seu crush de longa data, havia lhe beijado. Ele tinha sido o primeiro, um momento que ela esperava ser magico e único que guardaria em sua memória para sempre, mas em vez disso ela nem sábia que tinha acontecido.

Marinette arregalou os olhos quando um segundo fato caiu sobre ela. Esse vídeo estava disponível em toda a internet, todos podiam ver. Era exatamente por isso que todos estavam olhando para ela de forma estranha.

Porque ela foi beijada por um super-herói.

— Vem Alya — Marinette se aproximou da morena, plenamente consciente do fato de que toda a sala estava olhando para elas. Ela queria uma conversa privada, por isso agarrou a mão da morena e a arrastou para fora da sala — Precisamos conversa...

— Era exatamente isso que eu ai dizer! — A morena disse, seguindo a amiga de bom grado — Menina, você tem muito o que me explicar!

As duas se aproximaram do banheiro feminino e invadiram o cômodo, Marinette fez questão de trancar a porta para que ninguém as incomodasse.

— Você precisa tirar esse vídeo do ar! — Marinette disse exasperada, olhando para a amiga com esperança e desespero nos olhos.

— Eu até posso tirar do Ladyblog — Alya disse, pegando seu celular das mãos de Marinette — Mas não posso fazer nada em relação ao Youtube, Facebook, Twitter e também o Whats...

Marinette congelou, toda a cor sumindo de seu rosto. O vídeo já estava em circulação em todas as redes sociais. Um momento intimo seu — que ela nem sabia que tinha acontecido — estava rondando pela timeline de toda Paris, de todo o mundo.
Seu estômago embrulhou desconfortavelmente.

— Eu vou vomitar... – Marinette anunciou, abraçando sua própria barriga. Sua garganta fechou e ela sentiu a ânsia vir.

— Isso não seria tão ruim se eu não tivesse postado uma ficha com todas as informações sobre a Broken Heart... — Alya disse, ponderando em voz alta, ignorando completamente o estado da mestiça — Senão fosse por isso ninguém saberia que era você...

Marinette caminhou até a pia mais próxima, se olhando no espelho. Ela estava completamente pálida com os olhos arregalados. Parecia quase um fantasma.
A mestiça abriu a torneira, ignorando momentaneamente Alya. Ela lavou seu rosto com firmeza, tentando limpar as coisas através desse ato, mesmo que fosse inútil.

— Olha pelo lado bom... — Alya disse, dando um pequeno risinho. Marinette olhou para ela por meio do reflexo do espelho — Todos te conhecem como: "A namorada do Chat Noir"!

Marinette fechou os olhos firmemente, desejando que o chão se abrisse e engolisse seu corpo. Ela enfiou o rosto nas mãos e gemeu.

Aonde estava sua sorte?

— Esse não é um título tão ruim... — Alya disse, mais para si mesma do que para Marinette.

— Alya! — Ela gritou, sua voz sendo abafada pelas suas mãos — O que eu vou fazer?!
— Não sei... — Alya colocou a mão no queixo, parecendo pensativa — Acho que seria estranho vir ao público e falar sobre isso... talvez deixar o assunto morrer...? — A morena disse, imersa em seus próprios pensamento — Não, não, é melhor você me contar qual é a sua relação com o Chat! Ele não ia beijar a primeira garota akumatizada que aparecesse — Alya a encarou severamente, colocando as mãos na cintura.

Marinette piscou e abaixou as mãos. Ela não tinha muito o que dizer, já que não podia revelar para Alya sua identidade secreta.

— Não sei porque ele fez isso! — Ela disse, não era uma mentira, ela realmente não sabia o porquê.

Uma pequena ideia veio na sua mente, mas ela a espantou na mesma hora. Era impossível, Chat não podia gostar dela, ele nunca demonstrou interesse antes.

— Vocês nunca conversaram? Ele nunca te salvou nem nada do tipo? — Alya começou o interrogatório, dando um passo à frente e encarando Marinette com intensidade.
Ninguém era capaz de mentir sob aquele olhar.

— Talvez ele te conheça no dia a dia... — Alya conjecturou.
Marinette suspirou, olhando para sua amiga com as sobrancelhas franzidas.

— Alya, eu não sei... — Ela gemeu.

Tudo estava indo de mal a pior e o dia nem ao menos começou. Ela ainda não tinha falado direito com Adrien, ainda tinha algumas coisas para lhe dizer — tinha um objetivo, se aproximar dele novamente. E agora, também tinha toda essa confusão, é claro que Marinette iria tirar satisfação com Chat quando encontrasse com ele mais tarde.

Ah sim, ela iria arrancar algumas explicações de um pobre gatinho.

Marinette balançou a cabeça, ela precisava dar um passo de cada vez, caso o contrário acabaria tropeçando — e com sua sorte ela não duvidava nenhum pouco disso.

— Alya, você não estava ajudando... — Ela disse, levantando as mãos em sinal de rendição — Eu vou descobrir o que aconteceu, mas antes preciso resolver algumas coisas com o Adrien... — Ela disse, sua voz soando tão calma que nem parecia que ela estava num turbilhão de sentimentos.

— Como você vai fazer isso? — Alya perguntou, legitimamente confusa.

— Não sei — Balançou a cabeça negativamente, suspirando — Mas eu quero que você exclua o vídeo do Ladyblog — Ela disse tão calma que chegou a ser assustador. Falando palavra por palavra lentamente — Vamos apenas fingir que nada disso nunca aconteceu...

Alya decidiu não contradizer a amiga e apenas acenou com a cabeça.

— Eu vou tentar... — Ela disse — Mas não posso garantir nada sobre o resto da mídia...

Marinette respirou fundo, tentando acalmar seus nervos. Ela e Alya ouviram o sinal tocar, anunciando o início das aulas.

— Um dia normal! — Alya disse firmemente, guardando seu celular no bolso.

— Um dia normal! — Marinette acenou firmemente com a cabeça.

Ambas saíram do banheiro e caminharam pelos corredores, indo para a sala. Elas entraram e foram direto para seus assentos, ignorando completamente os olhares, principalmente os de Chloé, que parecia querer assassinar Marinette ali mesmo.

Marinette fechou os olhos e contou até a dez mentalmente.

Podia ter sido bem pior. A sai verdadeira identidade poderia ter vazado em vez de um simples beijo.

Um simples beijo que ela queria guardar para sempre e não esquece-lo.

A professora Mendeleiev entrou na sala com uma postura impecável. Marinette abriu sua bolsa e tirou a basta cor-de-rosa de dentro. Ela a abriu e tirou as folhas do trabalho e se levantou da cadeira.

A mestiça caminhou até a mesa da professora com passos largos.

— Bonjour, Mademoiselle Mendeleiev — Marinette disse educadamente. A professora levantou o olhar e encarou a mais jovem — Eu sei que o prazo era até ontem, mas com tudo que aconteceu eu não tive como te entregar — Marinette brincou com a ponta das folhes desajeitadamente — A senhorita vai aceitar...?

A professora pareceu pensar um pouco por alguns segundos antes de responder e isso só deixou a tensão em seu corpo se aprimorar mais ainda.

— Certo... — Ela disse por fim e pegou os papeis, Marinette suspirou aliviada — Tente melhorar Marinette, eu sei que você é capaz disso...

Marinette apenas acenou positivamente, com um sorriso tímido no rosto. A mestiça se virou e voltou para seu lugar, passou por Adrien e lhe lançou um pequeno sorriso de gratidão. O garoto corou na mesma hora, ficando visivelmente tenso.

Ele é muito fofo para lidar, Marinette sentiu seu próprio rosto corar e se amaldiçoou internamente.

Ela iria lidar com ele mais tarde.

...

A terceira aula era de educação física, por isso Marinette e Alya estavam na quadra da escola, enquanto alguns alunos se preparavam para jogar. As meninas estavam reunidas um ao lado da outra, a conversa rolava, mas com um toque de desconforto.

A maioria dos meninos, com exceção de Adrien e Max, estavam iniciando um jogo de basquete.

— Marinette... — Rose a chamou, se aproximando lentamente da mestiça — A gente queria saber se o boato é verdade... – Ela perguntou com um escolher de ombros.

Marinette suspirou e se virou completamente para a loira, tentando parecer mais relaxada o possível.

— Que boato seria esse? — Ela perguntou, cruzando os braços sobre o peito, se fazendo de desentendida.

— O que diz que você está namorando o Chat Noir — Juleka disse, se intrometendo na conversa. Ela ficou ao lado de Rose e ambas encararam a mestiça.

— O-Olha... — Marinette sentiu seu rosto arder e devolveu o olhar para as meninas — Não é porque ele me beijou que nós estamos juntos, okey? Além do mais, eu nem lembrava disso até hoje de manhã.... — Ela acrescentou a última parte com um biquinho irritado no rosto.

— Você não acha isso meio estranho...? — Rose perguntou, se inclinando um pouco mais para frente como se estivesse contando um segredo muito valioso — Ele deve sentir algo por você — Marinette arfou com essa insinuação, parecia bom demais para ser verdade.

Foi exatamente por isso que ela negou com a cabeça.

— Não tenho nada de especial para ele — Ela afirmou, com um sorriso no rosto. Por mais simples que essas palavras fossem, elas carregavam uma grande e dolorosa verdade.

— Exatamente! — Uma voz nova na conversa pairou no ar, Marinette se virou e olhou para Chloé. A loira estava olhando para Marinette com uma mão na cintura e um olhar de deboche — Por que ele iria gostar de você quando ele pode gostar de alguém como eu? — Ela disse apontando para si mesma com um ar de superioridade — Vamos combinar né Marinette, eu dou de dez a zero em você...

Marinette franziu o cenho. Ela não estava ofendida, na verdade era quase cômica essa afirmação.

— Não acho isso! — Uma quarta voz disse, Marinette levantou a cabeça e olhou para Adrien que estava sentado em cima da arquibancada, com o livro em suas mãos. Ele não estava muito longe e parecia ter prestado atenção na conversa — Q-Quer dizer... — Ele desviou o olhar, visivelmente incomodado com toda a atenção que recebeu — Ele pode realmente gostar dela, não pode?

Marinette sentiu seu coração inchar com carinho, é claro que ele tinha palavras boas para dizer, mas ainda assim era estranho. Ele parecia tão certo do que estava dizendo, é claro, ele sabia que Chat era seu crush, mas ele não parecia estar apenas dizendo isso para ser gentil.

— Adrinkis! Não seja doido! — Chloé praticamente gritou, balanço a mão freneticamente — Chat Noir deve ter coisas muito mais interessante para fazer do que correr atrás de uma simples boboca igual a Marinette — Ela argumentou.
Marinette riu para a acusação.

— Algo me diz que você está com inveja Chloé... — Ela disse, olhando para a loira da forma mais sincera possível, ganhando um grunhido bravo.

— Nunca teria inveja de você Mariboboca! — Ela pisou duro e se virou, indo para a arquibancada mais distante da quadra.

Marinette balançou a cabeça, rindo suavemente. Ela olhou novamente para Adrien apenas para vê-lo mergulhado em um livro, como de costume. A mestiça se virou para Alya, que estava assistindo ao jogo e torcendo por Nino alegremente.

— Eu vou falar com Adrien... — Marinette disse, apontando para o loiro que estava sentado em uma das arquibancadas. Alya concordou com a cabeça, voltando sua atenção para o jogo.

A mestiça se afastou da amiga e seguiu para o loiro. Ela subia na arquibancada, ganhando toda a atenção do rapaz, que abaixou o livro e fez questão de encara-la.

— Olá! — Ela o cumprimentou com um grande sorriso.

— O-Oi... — Ele gaguejou e se encolheu.

Um silêncio desconfortável se instalou entre eles. Marinette queria esclarecer as coisas, mas não sabia o que dizer.

— Eu— Os dois disseram ao mesmo tempo. Marinette riu, ela se aproximou um pouco mais dele.

— Você pode falar primeiro — Ela disse gentilmente, dando o espaço e o tempo necessário para que ele falasse.

— E-Eu... — Ele olhou para ela com atenção, os olhos verdes vagando de um lado para o outro, observando-a com cuidado. Marinette não disse nada, apenas esperou pacientemente — Você d-deve estra p-preocupada... — Ele coçou a nuca desajeitadamente — E-Eu não v-v-vou contar pra ninguém... — Ele a encarou gentilmente, seus olhos verdes brilhando. Era possível ver a honestidade neles e Marinette sentiu seu coração pular uma batida com a visão — Seu segredo está seguro... — Ele murmurou.

Marinette mordeu o lábio inferior, tentando conter um sorriso. Ela não se importou com o rubor que floresceu em seu rosto.

— Eu não estou aqui para falar sobre isso — Ela disse e se aproximou um pouco mais dele, sem quebrar o olhar em nenhum momento — Eu queria saber se está tudo bem entre nós dois...?

Adrien se inclinou para trás, olhando para ela com os olhos arregalados, levemente espantado. Marinette podia sentir seu coração bater, quase tão alto que omitia a bagunça na quadra logo ao lado deles.

— Eu... — Ele parecia tão vidrado, olhando para ela com intensidade.

Marinette sentiu seu corpo esquentar e se inclinou para frente inconscientemente, querendo se aproximar mais dele, parecia que até mesmo o mínimo centímetro era incomodo. Ela estendeu a mão e alcançou a dele, apertando levemente.

— Eu tenho que te dizer uma coisa...

Marinette estava ignorando completamente a parte lógica de sua mente, completamente imersa naqueles olhos verdes. Ela não sabia mais o que estava acontecendo ao seu redor, o jogo de basquete foi jogado o mais longe o possível e ela se permitiu ficar ao lado de Adrien.

Sua respiração travou quando Adrien se inclinou para encontrá-la, parecendo tão preso naquele momento quanto ela.

Seu coração saltou e Marinette perdeu brevemente as palavras que estava na ponta da sua língua apenas a alguns instantes atrás.

— Eu... — Ela suspirou, lutando pelas palavras — Pode ser um pouco tarde, mas eu ainda quero te dizer... — Marinette perdeu a respiração, se sentindo pequena em relação ao rapaz. Ela encolheu os ombros — Eu acho que es-

— Ei Adrien! — Um grito repentino ecoou pela quadra, quebrando completamente o clima entre os dois.

Marinette se afastou, corando fortemente. Ela piscou e olhou para quem tinha chamado o loiro.

Era Nino, ele estava acenando para o loiro alegremente, em seu braço estava uma bola de vôlei descansava tranquilamente.

— Precisamos de mais um! — Ele disse jogando a bola para o alto e pegando logo em seguida — Vem!

— C-Certo... — Adrien se levantou, lançando um pequeno olhar tristonho para Marinette. Ele parecia querer diz alguma coisa, mas se conteve.

O loiro desceu da arquibancada e foi ao encontro do amigo. Marinette fuzilou Nino com os olhos, xingando o garoto mentalmente. Ela cruzou os braços e se prostrou a assistir ao jogo. Prestando toda a sua atenção nos movimentos de Adrien, que parecia estar um pouco perdido.

Ela suspirou, ainda teria o resto do dia para tentar falar com Adrien.


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Notas finais do capítulo

Me perdoe por qualquer erro, as vezes acontece e não sou perfeita :3

~~ See ya later



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