O Segredo de Tixe escrita por Heringer II


Capítulo 4
Três


Notas iniciais do capítulo

Curiosos para ver o que nos espera? Vamos lá!

Espero que gostem! ^^



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/767083/chapter/4

O taxista, seguindo ordens do passageiro, prosseguiu indo direto naquela avenida. Achando o silêncio constrangedor, tentou puxar assunto com o cliente.

— Então, ficou sabendo do assassinato?

— Como que eu não saberia? Acabei de vir lá da catedral.

Assustado com a resposta mal-educada que o homem lhe dera, o taxista se calou.

Após prosseguirem assim por um longo tempo, o passageiro reconheceu na sua frente um carro do IML. Se posicionou melhor no banco do carro para enxergar e ter certeza.

— Ali!  — disse.

— O quê?

— Aquele carro na nossa frente?

— Parece ser um daqueles veículos que levam os mortos para a autópsia.

— Exato. Deve estar com o cadáver do homem assassinado na Catedral de Pedra.

— E o que é que tem?

— Bata nele.

— O quê? — o motorista mostrou um semblante espantado.

— Bata na traseira daquele carro. Agora!

— Está maluco? Eu não vou fazer isso!

Irritado, o homem pega a cabeça do motorista e a empurra, chocando-a contra o volante.

— Atinja aquele maldito carro agora!

— Não posso fazer isso, vai provocar um acidente. — disse o taxista, com sangue escorrendo da sua testa.

— Vai pro inferno.

O homem tirou o cinto de segurança do motorista, abriu a porta do táxi e jogou o taxista dali mesmo. Imediatamente assumiu a direção do veículo. Acelerou e chocou o táxi contra o carro do IML.

— Mas que diabos é isso? — reclamou o motorista do veículo que levava o morto.

Quando olhou pelo retrovisor, viu que um táxi estava se chocando contra a parte traseira do seu carro.

— Ô, seu satanás, que desgraça você pensa que está fazendo?

O homem afasta um pouco o táxi e em seguida o acelera mais, fazendo a batida ser tão forte a ponto do motorista do veículo do IML perder o controle do carro, que capota no meio da estrada.

O misterioso homem sai do táxi e se aproxima do veículo derrapado na avenida. O motorista do IML resmungava de dor, quando viu o homem que provocou seu acidente aparecer na janela quebrada do seu carro.

— Olha o que você fez! Você vai me pagar por isso, seu filho...

O homem é calado por uma arma apontada para o seu rosto. Sua raiva se transforma em desespero.

— Por favor, não faça isso.

O homem armado, totalmente alheio às palavras do acidentado, coloca o dedo no gatilho.

— Por favor! Se me manter vivo, eu prometo que não te processo por esse acidente, mas por favor...

Com um sorrisinho, o assassino diz suas últimas palavras ao motorista que acabou de derrubar.

— Você não vai me processar de nenhum jeito mesmo...

O homem atira. Pega a chave do motorista morto e abre o imenso porta-malas do veículo que agora está todo destruído.

De dentro dele, tira o cadáver do homem morto na frente do altar da igreja. Em seguida, revista tudo. Não demora muito e ele percebe que, na parte interna da jaqueta, havia um bolso secreto. Procurou, mas não encontrou nada.

— Que droga! Maldição dos infernos! — gritou, irritado.

Sabia que em poucos minutos uma multidão iria se formar naquele local para olhar o acidente, portanto, pensou em ir embora.

Quando já ia voltando para dentro do táxi, seu telefone tocou.

— Alô?

— O outro me disse que você decidiu se intrometer na situação. — disse uma voz densa e abafada no outro lado da linha.

— É verdade, chefe. Interceptei um carro do Instituto Médico Legal que levava o corpo de Flávio.

— Sem chamar a atenção?

— Ah, isso é outro detalhe...

— Tenho certeza que não encontrou nada.

— Não.

— E nem vai encontrar.

— Por quê?

— Minhas fontes já informaram que um perito criminal já analisou toda a cena do crime. Seu nome é Emanuel Barros. Trabalha para a Polícia Civil municipal. Se realmente havia um artefato que respondesse as nossas perguntas, não está mais com o homem morto, deve estar com Emanuel.

— E onde esse cara está agora?

— Não estava na Catedral de Pedra quando você foi ver?

— Só haviam policiais por lá. Nenhum perito criminal.

— Então, Emanuel deve ter encontrado o objeto que estávamos procurando. E já deve estar investigando para saber o que ele significa.

— O que quer que eu faça?

— Encontre Emanuel Barros. Pegue o objeto.

— E depois?

— Mate-o.

*

— A guara sagrada guarda a kauane dos yabás. — Evandro leu mais uma vez a frase escrita com letras miúdas na misteriosa gema. — Acredito que "guara", "kauane" e "yabás" sejam palavras em tupi-guarani, não é?

— Sim. — respondeu Emanuel.

— Tem certeza que não sabe o que significam?

Emanuel balançou negativamente a cabeça.

— Que droga! — disse o perito criminal. — Deviam ensinar tupi-guarani nas escolas. É nossa língua nativa!

— Por que não faz o certo e entrega a pedra para a delegacia?

— Não! Eu prometi que iria resolver esse caso, e eu vou resolver.

— Cara, você já descobriu a pedra no bolso dele! Isso está muito óbvio. Eles mataram esse homem porque queriam essa gema. Como eu disse, é uma pedra preciosa. Provavelmente o assassino sabia que ele tinha a pedra, quis roubá-la, e como não conseguiu, decidiu atirar na vítima.

— Se o bandido estava mesmo atrás dessa joia, por que não a pegou depois de matar Flávio?

Evandro ficou calado.

— Claro que tudo isso pode ser impressão minha. — continuou Emanuel. — Mas eu acredito que esse assassinato esteja relacionado a algo muito pior. E digo mais, talvez a resposta para isso esteja nessa frase escrita na joia.

Emanuel voltou a olhar para a imagem ampliada na parede e os dois continuaram a ler a enigmática mensagem. O silêncio é quebrado por um barulho de notificação.

— O que foi isso? — Evandro perguntou.

— Alguém me mandou uma mensagem.

Quando Emanuel foi olhar quem havia lhe chamado, viu que se tratava de Marcos. 

"Emanuel, descobri algo interessante sobre o homem assassinado.", dizia a mensagem.

"O quê?", Emanuel respondeu.

"Flávio Deodoro Mirantes não era um simples homem."

"Como assim?"

"Ele era um escritor, Emanuel."

"Um escritor? Como que ninguém sabia disso?"

"Os livros dele nunca fizeram muito sucesso aqui pelo Rio Grande do Sul. Na verdade, nunca fizeram sucesso em lugar nenhum. Alguns milhares de exemplares chegaram a ser vendidos na região Centro-Oeste, mas nada que o emplacasse como escritor."

"Interessante."

"Isso não é tudo, Emanuel. Você não vai acreditar. Mas sabe qual o tema dos livros que ele escrevia?"

"Qual?"

"Ufologia."

"Quer dizer que Flávio pesquisava sobre esse negócio de extraterrestres, objetos voadores não identificados, e tudo mais?"

"Sim. Ele já escreveu quatro livros sobre isso. O primeiro deles, intitulado A Conspiração Militar em Varginha, foi publicado em 2000 e abordava sobre o famoso caso do ET de Vaginha. No livro, ele defendia que a criatura era real e que houve um encobrimento da parte do exército brasileiro com relação ao caso."

"Hum... Continue."

"Dois anos depois, ele publicou o livro Avistamentos em Valença. Trata-se de um compilado de relatos de pessoas que afirmam terem visto discos-voadores nos céus da cidade do interior do Rio de Janeiro."

"Interessante."

"Após oito anos sem publicar nada, ele voltou à ativa com o livro Um Estudo Sobre a Noite Oficial dos Discos Voadores, onde ele faz toda uma pesquisa sobre um estranho caso envolvendo discos-voadores que aconteceu em 1986 no Brasil."

"Pelo visto, ele adorava casos ufólogicos brasileiros."

"Agora, vem a parte mais interessante. Segundo seus familiares, em 2012, Flávio foi passar as férias em Lençóis, uma cidade baiana. Ao voltar de lá, estava muito diferente. Comia pouco, dormia menos, parecia estar mais frenético, e tudo que queria era uma coisa: continuar com suas palestras e pesquisar sobre OVNIs. Sua esposa perguntou o que havia acontecido, e ele respondeu que havia recebido um sinal dos céus."

"Estranho."

"No ano passado, escreveu Operação Prato: 40 Anos do Caso Roswell Brasileiro, seu quarto e último livro. Nesta obra, ele fez uma análise bem mais aprofundada do misterioso caso que ocorreu em Belém no ano de 1977. O curioso é que, nas notas finais deste livro, ele jura ter tido contatos alienígenas, e alega sem dúvidas que existe vida inteligente fora da Terra. Mas afirma também que não viverá para ver a humanidade fazer contato com esses seres, pois acredita que em pouco tempo irá morrer, pois segundo ele, existiam pessoas más atrás dele... Bem, nós dois já sabemos o que aconteceu na noite passada..."

"Impressionante. Fez um excelente trabalho, meu amigo. Obrigado."

"Não precisa agradecer, Emanuel. Preciso sair agora. Até mais."

"Até."

Marcos ficou offline. Emanuel desligou o celular e olhou para Evandro, que também usava seu smartphone; parecia estar conversando com alguém. Ele também desligou.

— Emanuel, vamos sair.

— Aonde vamos?

— Eu sei quem pode nos ajudar.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Hum... suspeito...

Espero que tenham gostado! ^^



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "O Segredo de Tixe" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.