The Half-blood Prince - Severo Snape escrita por MeireMRL


Capítulo 23
Momento




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Janeiro de 1978 – Londres

Largo Grimmauld, nº 12 – Casa da família Black

Walburga estampava em seu rosto um sorriso satisfeito enquanto lia a carta enviada por sua sobrinha Bellatrix. Nunca duvidou que a jovem era capaz de realizar a tarefa que lhe incumbiu, tão talentosa e impetuosa que mais parecia sua filha do que sobrinha.

Os relatos sobre como a bastarda de seu irmão se encontrava cada vez mais desesperada e sozinha lhe enchia de um prazer arrebatador. Desfrutou da sensação como alguém que aprecia um bom vinho, degustando de maneira lenta. Seu dia não poderia estar melhor, pensou a mulher, ela precisava comemorar.

− Monstro!

− Monstro está aqui senhora Black. O que Monstro pode fazer pela sua senhora?

− Me traga o melhor vinho que temos, preciso comemorar.

− E o que exatamente estamos comemorando minha irmã?

Walburga levou um susto com a repentina aparição de seu irmão. Sabia que mais cedo ou mais tarde ele viria até ela. Só esperava ter pelo menos o tempo de desfrutar dessa pequena vitória antes de ter que atura-lo.

− Onde está a educação que nossos pais lhe deram? Não sabe mais bater na porta?

− Essa casa pertence à família Black e até onde eu me lembro eu sou um Black, posso entrar e sair dela a hora que bem entender.

Alfardo circulava sua irmã como um predador cerca uma preza, prestando atenção aos mínimos detalhes. Viu a carta nas mãos da mulher a qual ela discretamente tentou esconder de sua vista.

− A que devo o desprazer de sua visita querido irmão? Não estava brincando de professor em Hogwarts?

− Sabe muito bem porque estou aqui. Assim como eu sei que a carta que tão inutilmente está tentando esconder vem de Bellatrix.

− E é algum crime receber uma carta de minha sobrinha? Não tem nada melhor para fazer do que me importunar?

− JÁ CHEGA WALBURGA!!!

Alfardo sentiu um enorme prazer ao ver o misto de descrença e medo cruzar os olhos de sua irmã quando ele a imprensou contra a parede de modo abrupto.

− Me entregue a carta e não abra a boca até eu dizer que pode falar.

− Mas que petulância, eu sou a senhora dessa casa e não serei ameaçada.

Alfardo ergueu a varinha e com alguns acenos colou sua irmã na cadeira mais próxima e com mais um aceno de varinha levitou a carta até sua mão.

− COMO SE ATREVE A ME AZARAR! DESFAÇA O FEITIÇO AGORA MESMO! ESTOU LHE AVISASANDO ALFARDO...

Alfardo simplesmente não se importou com os gritos de sua irmã e com mais um aceno de varinha colou a língua dela ao céu da boca, sabia que um dia aquele feitiço lhe seria útil.

Não demorou muito para Alfardo ler toda a carta e ao final do relato de sua sobrinha seu coração se apertou. Sua filha estava passando por tudo aquilo sozinha.

A raiva brotou em seu peito, se lembrou mais de uma vez que não batia em mulheres. Apesar de sua irmã ter ido longe demais, longe até mesmo para os padrões de Walburga Black.

− Como teve coragem de mandar uma sobrinha sua atacar a outra? Você enlouqueceu de vez?

Acenou com a varinha desfazendo o feitiço, precisava ouvir o que sua irmã tinha a dizer.

− Aquela bastada não é minha sobrinha. Os Black não possuem mestiços imundos em nossa árvore genealógica.

Alfardo respirou fundo antes de prosseguir, sabia que de nada adiantaria perder a razão naquele momento. Só haveria uma única solução para tudo aquilo. Ele teria que reivindicar seu direito de nascença.

Como o Black mais velho do sexo masculino ele tinha direito a liderança predominante sobre a família. Nunca antes teve a vontade de se tornar um membro ativo no parlamento bruxo e muito menos o representante da família Black, mas agora tinha chegado a hora de parar de fugir de suas responsabilidades.

− Como você não parece inclinada a ser complacente com a minha filha, você não me dá outra escolha Walburga. Irei hoje mesmo fazer a requisição junto ao Ministério da Magia para tomar posse de minha cadeira no parlamento e logo depois disso irei reconhecer Valerie como uma Black.

− Você está blefando, você não teria coragem. Sempre foi um fraco, uma vergonha para os Black.

− Eu não me importava antes, quando não sabia que tinha uma filha que precisa de mim. Farei o que for necessário para livra-la de você minha irmã.

− Você está mentindo.

− Acredite querida irmã. Para o bem ou para o mal serei oficialmente declarado o líder da Mui Antiga e Nobre Casa dos Black.

Walburga ouviu a porta se fechar e só então o feitiço sobre si foi desfeito. O ódio queimava seu peito e ela não conseguia raciocinar direito. Não acreditava na audácia de seu irmão em vir lhe ameaçar em sua própria casa.

Tentou se acalmar pois precisava saber o que poderia ser feito. Era realmente uma falta de sorte seu irmão ser o detentor do título de patriarca dos Black. Ela não poderia nem imaginar o que ele faria em posse de sua cadeira no parlamento. Com certeza iria apoiar os mestiços e sangues-ruins em suas reinvindicações por direitos iguais.

Por Merlin ela nem conseguia pensar em algo daquele tipo, um Black se posicionando a favor de um mestiço. Era um pesadelo só poderia ser.

Parou em frente a tapeçaria intrincada, parecia mais um mural ornamentado que ela se orgulhava em manter sempre bem conservado. A árvore genealógica se sua família começava na idade média e vinha até os dias atuais, sempre com bruxos de sangue puro. Não conseguia acreditar que seu irmão iria manchar um legado de séculos como se não valesse nada. Incluir aquela mestiça na família seria a pior das vergonhas.

Identificou a foto de seu irmão na grande tapeçaria e então apontou a varinha para a mesma e fez a pequena foto queimar. Seu irmão não merecia estar ali, seu irmão não era digno.

Castelo de Hogwarts 

Em algum lugar da Escócia

Uma semana depois...

Oi, sou eu. Mas você já sabe disso. Sei que você já deixou claro que não quer mais nada comigo, mas eu preciso falar com você. Porque você fica me evitando? Valerie, precisamos conversar. Eu simplesmente não acredito que nada entre nós foi real, dói demais pensar isso porque eu ainda amo muito você. Eu só penso em você, a cada minuto acordado ou dormindo. Eu sinto a sua falta. Me dá uma chance, uma chance para mostrar pra você que eu posso ser suficiente, porque nunca ninguém vai te amar como eu. Acredite Valerie eu vou te amar, sempre.

Você sabe aquele momento em que você se dá conta de que ferrou completamente com a sua vida? Valerie conhecia bem esse momento, conhecia bem até demais. Esse momento se passou a uma semana e a cada minuto depois dele a castanha se sentia morrendo um pouquinho mais.

Severo não estava facilitando em nada enviando mensagens todas as noites através do pergaminho. Depois da terceira noite Valerie simplesmente não lia mais, pois no final de uma das mensagens ela quase cruzou o salão comunal da Sonserina e entrou na ala masculina somente para abraçá-lo e dizer que nada daquilo era verdade, que ela o amava profundamente. E pedir, não, implorar o perdão dele.

Mas ela se forçou a não fazer nada daquilo e ficou olhando por um tempo longo demais para a parede a frente da sua cama.

Ela já não tinha mais vontade de comer e nem de conversar com os outros alunos. Valerie simplesmente se isolou. Não frequentava mais o grande salão. Quando sentia fome ia até a cozinha e pedia algo a um elfo. Era melhor assim, pois estava evitando Severo a todo custo. Não sabia se teria força suficiente para olha-lo nos olhos. Lembrar do rosto dele enquanto ela falava todas aquelas mentiras estava tornando ser impossível se olhar no espelho novamente.

Já não fazia mais dupla com Lilian em poções, agora o professor Slughorn colocou a ruiva como dupla de Severo, tentou não sentir ciúmes pelos dois sentarem juntos. Ela não tinha esse direito. Engoliu aquele sentimento nocivo e torceu para que os dois se acertassem, Severo merecia ser feliz. E se ela não poderia estar ao seu lado só poderia desejar que outro alguém possa fazer isso.

Gostaria de ser ela a pessoa que o amaria até o fim da vida, mas sabia que o seu amor só o atrapalharia. Por isso saiu da sua vida, mas ela sabia que sempre iria ama-lo. Não importava onde fosse, ela sabia que seu coração seria para sempre de Severo. Guardaria as doces lembranças dos dois juntos e levaria consigo, era tudo o que ela teria dele.

Sofreria, mas sabia que ela não era o que ele precisava, ela não suportaria ser um arrependimento na vida dele. Veria Severo ir e ser feliz, realizando tudo o que sempre sonhou e acima de tudo desejava que ele verdadeiramente encontrasse o amor, mesmo que não fosse nos braços dela.

Ouviu o pergaminho a qual Severo tinha encantado sinalizar inúmeras vezes, mas preferiu ignorar. Naquele momento ela não sabia exatamente o que fazer além de se conformar.

Ontem eu sonhei com você. Sonhei que você batia na minha porta como costumava fazer, e passávamos a noite inteira conversando, não a noite inteira pois eu te beijava a maior parte dela. Não consigo nem chegar perto da minha cama, lembrar o que fizemos lá é difícil demais, por isso estou dormindo em minha poltrona. Se eu pudesse saber o que fiz de errado, se eu soubesse o que poderia fazer diferente. Fala comigo Valerie. Me deixa te amar, pois não posso aceitar um mundo em que você não esteja na minha vida.

No dia seguinte...

Severo tentava se concentrar no livro a sua frente. Lilian estava junto a ele, ela tentava convence-lo a ir a Hogsmeade junto com ela, mas ele sinceramente não tinha vontade alguma de sair. Sabia que ela estava sendo uma boa amiga e tentando anima-lo, mas seu humor não estava dos melhores e não queria estragar o passeio da amiga.

− Vamos Sev, eu não vou aceitar um não como resposta. Se você ficar aqui sozinho não vou conseguir me divertir.

− Não perca seu passeio por mim Lily. Vou aproveitar esse tempo e colocar as lições em dia.

− Sev... Você está bem? Eu estou preocupada com você.

Severo queria poder dizer a Lilian que estava bem e tranquilizar a amiga. Queria poder dizer que seu peito não doía o tempo todo e que não estava sendo difícil respirar normalmente. Mas ele sabia que não podia dizer isso a ela, pois se sentia perdido e desamparado. A verdade era que ele precisava de Valerie.

− Vá para o seu passeio Lily. Quando voltar eu estarei aqui.

Viu quando Lilian se deu por vencida e deu meia volta saindo da biblioteca então se recostou contra as costas da cadeira. Pensou mais uma vez em Valerie, na realidade nunca deixava de pensar nela. Não sabia como, mas ela tinha conseguido evita-lo com sucesso por oito dias. Ele tinha que dar os parabéns a ela, pois mesmo em um castelo daquele tamanho em algum momento eles teriam que se cruzar. Perdeu a esperança de que isso acontecesse, notoriamente ela estava se esforçando muito em afastar-se dele.

Pensou na primeira vez em que a beijou e em como sentia a falta dela. Ele só queria ser feliz, seria pedir muito? Queria uma pessoa que o amasse apesar de toda sua estranheza. Que amasse a ele e ao seu coração imperfeito. Por um momento Severo teve a certeza de que havia encontrado, mas ela se foi e levou junto o seu coração.

Olhando para o livro a sua frente Severo decidiu escolher outro tema um pouco mais interessante para passar o tempo. Lembrou que alguns dias tinha requerido um livro sobre arte das trevas e decidiu finalmente estuda-lo. Se dirigiu a sessão onde era arquivado o livro. Ouviu uma voz conhecida chegar aos seus ouvidos. Primeiro pensou estar finalmente enlouquecendo ao pensar ter ouvido a voz de Valerie, mas parou por um minuto e realmente constatou que era a voz dela que falava em sussurros a uma outra voz feminina a qual ele não conseguiu identificar de hora.

Sabia que não deveria estar espionando sua ex-namorada, mas a curiosidade falou mais alto e sorrateiramente ele chegou mais perto. Na distancia em que se encontrava conseguiu reconhecer a voz de Bellatrix Black.

− Achei que você tinha entendido tudo, quando fez a ruivinha chorar na aula de poções. Devo dizer que fiquei impressionada não achei que teria coragem, agiu como uma verdadeira Black.

− Porque você não me deixa em paz sua lunática.

O riso debochado de Bellatrix chegou aos ouvidos de Severo enquanto ele tentava entender toda aquela situação.

− Tenho um recado da nossa querida tia Walburga para você. Escute atentamente bastarda, titia iria apenas te deixar ir embora para o esgoto de onde veio, mas agora que o seu papai tomou as suas dores não teremos outra escolha a não ser destruir você.

Severo aguardou oculto enquanto ouvia os passos de Bellatrix ficar cada vez mais longe depois da ameaça que vez contra Valerie. Esperou para ver se Valerie sairia de onde estava, mas ela não saiu. Tentou reunir todas as informações que acabara de descobrir, sua mente trabalhava a mil por hora enquanto ele digeria aquela informação. Valerie era uma Black.


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Notas finais do capítulo

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