Hinata sorriu diante a situação a sua frente, tornava-se frequente e agradável observar Naruto dormindo ao seu lado; os cabelos agora maiores recaindo sob sua testa, os olhos fechados e o rosto sereno. Apesar da exaustão que tanto o consumia, Naruto ainda sim parecia dormir como se estivesse flutuando em uma nuvem cor de rosa. 

Como Hokage, a agenda de seu marido era uma exclusividade da qual Hinata pouco participava; reuniões, visitas a lugares e, principalmente, papelada (da qual Naruto tanto detestava) consumiam seu tempo ao ponto de Hinata conseguir desfrutar de sua presença apenas nas noites em que dormiam juntos  — isso quando Naruto não adormecia na sede. 

— Por que não está dormindo ainda, Hina-chan? — murmurou Naruto, com os olhos ainda fechados. 

— Estou sem sono — mentiu, observando-o agora abrir os olhos vagarosamente. 

Sentia que poderia passar horas observando o rosto de Naruto, o repuxar de seus lábios e a expressão sonolenta, mas, principalmente, aqueles lindos olhos azuis dos quais tanto persistiam em seus pensamentos. Se olhasse para os olhos de Naruto por tempo demais, teria a certeza de que se perderia no vasto azul oceano do qual era apaixonada. 

— Sinto muito — o pedido de desculpas saíra sôfrego, como se não fosse o suficiente. 

— Não há pelo que se desculpar, Naruto-kun — era verdade, Hinata entendia a situação de seu marido, sabia que ele poderia muito bem levar os papéis aos ares e desviar-se dos compromissos, mas Naruto não faria isso, pois se o fizesse, não estaria comprometido com a vila de fato, e Naruto Uzumaki definitivamente não era um homem que quebrava promessas, não, Naruto era agora um Hokage, um homem amadurecido e seu maior companheiro. 

— Você sabe, não há um dia em que eu olhe pra você e deixe de pensar o quão incrível você é — sussurrou ele, em meio a um bocejo. 

Hinata riu. Sentiu as bochechas ruborizarem, assim como acontecia na adolescência a qualquer sorriso que Naruto lhe lançava. Afinal, fora por aquele homem que havia se apaixonado; um coração bondoso e grande, pelo qual persistia por todos a sua volta, tentando protegê-los e amando intensamento aqueles que o amavam, de sua própria maneira, seja ela com um sorriso ou com palavras encantadoras em meio a um bocejo.