Quando jovem, Otávio ouvia dizer que as lágrimas são o transbordar dos sentimentos; que é bom chorar, externalizar aquilo que não cabe dentro de si. Aliviaria. Depois, passaria.

Fazia sentido; antes de presenciar a morte de Luccino.

Desolado, Otávio chorou copiosamente até não ter mais lágrimas para derramar.

Não houve alívio. Nada passou.

Mesmo sem o pranto, a angústia permaneceu. Dessa vez, sufocando-o por dentro, até lhe faltar o ar.

Contudo, não faltava somente o ar.

Faltava-lhe a esperança, os sonhos.

Faltava-lhe Luccino.

Faltava-lhe a vida.

Luccino foi tudo, mas agora ele se foi.

Ele se foi, mas ainda é.