Flores de Rodório - A flor da Romãzeira escrita por Alcmena


Capítulo 4
Capítulo 3 - Doze Sementes de Romã


Notas iniciais do capítulo

Olá, meu povoooo, Como vão? Eu to bem, mas com uma dor nas pernas terrível depois deste dia corrido no evento que teve aqui na cidade. FOI ÓTEMO, MAS EU TÔ EXAUSTA. Então, como eu tô caridosa tb, vou postar um capítulo hoje, ao invés de amanhã, já que não faço ideia de como vai ser a correria amanhã. Parentes vindo visitar, é top.

O capítulo de hoje é mais curtinho, tô triste por causa disso, mas quem sabe eu não posto outro já amanhã? Tô nessa pira



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— Você tem certeza disso? – perguntou Perséfone, encarando-me de forma neutra.

— Tenho, senhora. – garanti, mostrando a ela o livro que continha fatos sobre a vida dos cavaleiros de Athena. Disse a Lune que queria o livro para ver um pouco sobre meu irmão, e ele aceitou bem aquela desculpa, ou fingiu que aceitou. – Está escrito aqui que Sísifo de Sagitário escapou da Prisão dos Sonhos com a ajuda da deusa Athena. Eu acho que ele é a resposta para que consigamos entrar na prisão.

— Diana, eu não sei se isso corresponde ao que procuramos. Sísifo teve a alma aprisionada dentro do mundo dos sonhos por conta da flecha que recebeu em seu coração. – Perséfone disse aquilo e, no momento em que olhou para mim, vi seus olhos se arregalarem. – Não! Você não está pensando em...

— Que jeito melhor de procurar? Se eu estiver presa lá dentro, vou ter tempo o suficiente para procurar a deusa Macária pessoalmente! – não mencionei o fato de que lá dentro os deuses dos sonhos poderiam me obliterar sem nem pensar e que estaria à mercê de Hypnos, essa era a questão que trataria com Sísifo.

— Diana, isso está fora de questão! Se você não conseguir, sua alma será destruída e nunca mais poderá reencarnar. – Perséfone ergueu-se de sua cama e começou a andar de um lado para outro no quarto, mantendo a expressão preocupada. – Você entende o que é isso? Sua alma seria perdida para sempre.

— Mas, se der certo, nós mantemos a minha alma no lugar e ainda trazemos de volta a deusa Macária! – cruzei os braços e a olhei com um sorriso. – Senhora, eu já devia ter morrido mesmo, essa vida me foi dada com um propósito apenas, eu não me importo em morrer cumprindo o dever que minha senhora e o Imperador me incumbiram de realizar.

— Não fale assim, Diana, vamos encontrar outro jeito e... – fui até ela, e com toda a sinceridade do mundo, olhei-a nos olhos, segurando-a pelas mãos.

— Senhora, meu pai uma vez me disse que um dos maiores guerreiros do mundo foi um homem chamado Aníbal Barca. – comecei a falar, mantendo a postura confiante. – Ele foi o pesadelo de Roma. Ele estava em menor número, possuía menos poder bélico e todos duvidavam dele, mas, sabe o que ele fez? Ele detonou Roma várias vezes, ele fez o maior império que existia chorar ao se lembrar da figura dele. Ele tinha a mesma coisa que eu tenho, senhora, a vontade e a coragem de enfrentar, e também tinha criatividade e inteligência para realizar as manobras mais ousadas. Eu não sei se sou inteligente como ele, mas tenho certeza de que consigo aprender rápido o que Sísifo de Sagitário pode me ensinar.

Vi um tremor passar pelos orbes de Perséfone e, no momento seguinte, ela suspirava, segurando com mais força minhas mãos e negando com a cabeça.

— Se vai aos Campos Elísios, precisa de uma armadura divina ou de possuir uma ligação com o Submundo. – olhando-me de forma penetrante, ela continuou. – Doze sementes de romã.

— Como? – perguntei, confusa.

— A romãzeira que tenho em meu jardim é a mesma romãzeira de onde tirei o fruto que me permitiu ficar ao lado de Hades por alguns meses do ano... Ela cria um vínculo com o Submundo, transforma seu corpo em algo unido a este local como um todo. Não se tornaria uma deusa, é claro, mas uma ninfa poderosa o suficiente para entrar nos Campos Elísios. – a explicação foi bem clara e eu me preparava para concordar, quando ela continuou. – Tem apenas um porém. Cada semente equivale a um período de tempo que deve passar no submundo, comendo doze delas, você teria sua alma obrigada a cumprir todo o ano aqui. Nunca mais poderá voltar à Terra se comer as sementes.

— Olha, senhora, eu não tinha pretensão alguma de voltar para lá, a menos que fosse para assombrar a minha madrasta. – e ri levemente. – Sei que a senhora imaginou que eu quisesse voltar para rever meu pai e meu irmão, mas, eu compreendo que eles já choraram sobre meu túmulo e lamentaram a minha perda. Por que eu deveria voltar para lhes dar esperança, quando sabemos que eu nunca poderia ficar lá com eles?

— Você tem a frieza de um guerreiro, Diana, mas a delicadeza de uma flor. Sinto que meu marido me mandou uma rosa de aço para me servir. – e ela sorriu, passando a mão por meu rosto. – Você me lembra minha Macária, sabia? Ela era obstinada como você.

— É uma honra ser comparada com ela, senhora. – garanti, sorrindo amplamente.

— Bem, vou preparar as doze sementes para você, enquanto isso, precisa descansar. Não quero vê-la gastando energia com as coisas de hoje, precisará ser forte para passar pela transformação.

— Sim, minha senhora.

Pelo resto do dia, eu pude apenas descansar e me alimentar bem, já que Perséfone garantiu que a transformação não era algo sutil e eu deveria suportar uma carga de energia e poder grandiosos demais.

Quando a noite chegou, a Imperatriz veio até meu quarto, acompanhada de seus fiéis servos, Andreo e Loudviga, que chorava copiosamente. Eu a tranquilizei, obviamente, só que isso pareceu não funcionar. Andreo, como um bom amigo, consolou-a e pediu que se controlasse, e, enfim, pudemos dar continuidade ao ritual.

Pode parecer simples devorar doze sementes de uma romã linda e suculenta, porém, no momento em que eu mastiguei e engoli cada uma daquelas contas vermelhas, eu tive a certeza de que meu corpo entrava em combustão instantânea.

A sensação era como a de ser queimada viva, e eu sentia cada célula do meu corpo superaquecer e liquefazer enquanto eu gritava e tremia jogada no chão. Loudviga não me encarava, eu pude ver isso quando pendi minha cabeça na direção deles, mas Andreo me encarava e deixava algumas lágrimas caírem.

Perséfone estava desesperada, eu via dentro dos olhos dela, e mesmo assim ela não podia fazer nada, nem mesmo se aproximar, ou colocaria em risco toda a transformação.

Por um momento, senti que toda a minha vida era sugada de dentro de mim, só que, poucos segundos depois, uma pressão muito forte se fez em meu peito e foi como se tudo o que eu havia vivido fosse novamente colocado de volta dentro de mim, todo o meu corpo passou a formigar e eu senti algo diferente se apossando do meu ser. Finalmente, eu desmaiei, cessando os tremores e os gritos.

Quando eu acordei, tudo parecia diferente, mais brilhante, e eu me vi deitada em minha cama, cercada por Loudviga e Andreo, encarando-me como se eu fosse um ser de outro planeta.

— Oi... – soltei um sorriso, piscando algumas vezes antes de conseguir me sentar na cama. – Está tudo bem?

— Minha boa Héstia... – murmurou Andreo, olhando-me de cima a baixo. – Como isso é possível?

— O que foi? – perguntei, preocupada, passando a mão pelo meu cabelo e depois pelo meu rosto. – Aconteceu alguma coisa comigo?

Foi quando Loudviga colocou à minha frente um espelho de mão. Peguei-o com cuidado e, ao focalizar meu rosto, soltei um arfar de surpresa.

A imagem estampada no espelho, com toda certeza, era de uma ninfa como as que eu imaginava nas histórias que meu pai contava. Longos cabelos esverdeados, com dezenas de flores coloridas presas aos fios no decorrer do comprimento, como se nascessem dos cabelos! Os olhos eram azuis e brilhantes como uma explosão de fogos de artifício, e a pele rosada parecia ter sido esfregada com pó de madrepérola, pois cintilava como pó de borboleta.

— Meu Deus... – consegui murmurar, tocando de leve minha bochecha com a mão livre, arregalando os olhos ao constatar que a imagem era mesmo o meu reflexo.

— Você está maravilhosa. – começou Andreo, mexendo nas flores em meu cabelo. – Igualzinha a uma ninfa do senhor Thanatos!

— Ou, não precisa ofender. – ditei, com o olhar falsamente arredio. – Brincadeira, você tem razão, eu pareço aquelas coisinhas que acompanham o Thanatos.

— Além da beleza estonteante, está sentindo algo diferente? – a voz risonha vinha da porta do quarto, por onde a senhora Perséfone entrava, sorrindo de forma reconfortante.

— Me sinto mais forte, e agora, de repente, estou vendo uma coisa colorida que cerca a senhora. – expliquei de forma simples, gesticulando levemente com a mão. – Isso é o cosmo?

— Sim, querida. – concordou ela, indo se sentar ao meu lado na cama, encarando-me com calma. – Seu cosmo é como o das ninfas agora, inerte, mas potente, então poderá adentrar os Elísios sem maiores problemas. Eu lhe acompanharei até a entrada dos Elísios, mas depois disso, temo que estará sozinha.

— São os Elísios, o que pode haver de perigoso além do Thanatos e do Hypnos? – e coloquei a mão na cintura, rindo amplamente. – Vai ser divertido, só me dê a dica de onde estão os cavaleiros de Athena e eu vou tranquilamente.

— A alma do Cavaleiro de Sagitário já encarnou e voltou a estas terras, agora seus conhecimentos mesclam-se aos que adquiriu em sua nova vida. – eu a olhava atentamente. – Vai encontrá-lo próximo ao mar que leva às Ilhas dos Abençoados, ele ainda pensa se deseja ou não encontrar o descanso eterno e não mais voltar ao mundo dos humanos.

— Okay. – concordei rapidamente.

— Vou deixar que se prepare para a partida. Repasse o que precisar à Loudviga e à Andreo, eles darão continuidade aos seus deveres. – Perséfone não parecia nada confortável com aquela situação, e mesmo assim continuou com o plano, deixando-me sozinha no quarto, junto das almas que se tornaram meus grandes amigos.

Enquanto eu colocava as vestes indicadas por Perséfone – o chitón branco digno de uma deusa acompanhado de joias e mais joias – Loudviga não parava de chorar, ajudando-me a prender meus cabelos enquanto que Andreo ocupava-se em se livrar dos vestígios das minhas pesquisas, deixando comigo apenas as anotações sobre o mundo dos Sonhos e os deuses dos sonhos.

— Obrigada por tudo que fizeram por mim. – agradeci, abraçando à Loudviga e depois a Andreo. – Sei que não passamos muito tempo juntos, mas já os considero meus amigos.

— Não fale como se fosse uma despedida. – ordenou a alma feminina, passando a mão por meus cabelos, presos em uma longa e esverdeada trança, decorada com flores. – Você... Você vai conseguir e vai voltar para viver aqui com a gente, eu tenho certeza.

— Eu sei. – concordei, sorrindo calmamente. – Então, vejo vocês depois! Vamos passear pelos jardins quando eu voltar, tá bem?

Os dois concordaram, e eu finalmente me fui, caminhando confiante mesmo que meu peito estivesse apertado pelo medo que agora começava a se apossar de mim.

Mas, quando eu cheguei até o quarto da minha senhora, todo esse medo se dissipou. Eu me lembrei do que me trouxera novamente à vida, me lembrei por que estava lá e isso me deu força suficiente para fazer o que precisava.

Cada um de nós nasce com uma missão, a minha era trazer a deusa da Boa Morte de volta para casa.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado! Eu tô super feliz de estar escrevendo essa história, está sendo revigorante!
Ah, e se vocês quiserem checar mais uma historinha desta série que estou amando, é só conferir a história Anêmona, que se passa em Atlântida e tem como personagem principal o Io de Scylla (sapão maravilhoso)!!!



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