"Como hei de explicar os últimos anos da minha vida? Bem, tudo começou quando por azar do destino (ou não) eu perdi-me no corredor da faculdade e acabei por cair em cima da rapariga mais nervosa e linda que alguma vez já tinha visto. Eu juro que nunca foi a minha intenção cair por cima de ti, mas acho que o faria se soubesse o que sei hoje. Posso dizer que a nossa primeira impressão um do outro não foi a melhor. Eu era o aluno transferido mais desastrado à face da Terra e tu, bem, tu eras a rapariga mais bravinha que eu tive o prazer de conhecer! Se bem que naquele dia acho que jurámos ódio eterno a cada um! Quem diria que chegámos ao que somos hoje? Neste momento estou a rir-me pois lembro - me perfeitamente do teu rosto quando me viste entrar na mesma sala onde tinhas aulas, acho que mais uma vez o destino estava a nosso favor, mesmo que naquela altura achássemos um absurdo ter calhado na mesma turma. Quer dizer, como era possível que nós que não íamos com a cara um do outro teríamos de nos aturar pelo resto do ano? Queres saber um segredo? Eu nem te achei assim muito má, só te achei muito enervadinha e acho que foi isso que me levou a provocar-te durante meses! Perdoa-me, por favor! Mas bem, voltando ao que estava a dizer, irei agradecer para todo o sempre ao nosso professor de biologia. Bendito professor Kakashi! Não tenho a certeza, mas penso que o destino pediu-lhe para que nós ficássemos juntos! Ainda me recordo melhor da tua cara de incredulidade quando o professor Kakashi decidiu selecionar-te como a "guia especial" do novo aluno, Naruto Uzumaki Namikaze. E olha que por seres a minha "guia especial" eu tive bastantes privilégios. O primeiro de todos é que ias ser a minha parceira de mesa pelo próximos meses e qual não seria a minha felicidade ao poder importunar a nervosinha do corredor? Ainda mais quando ela tinha um nome tão belo, Hinata Hyuuga. Diz-me só uma coisa, por que demorámos tanto tempo a entender o que sentíamos? Se há algo que me arrependo até hoje é de não te ter convidado para sair mais cedo! Em vez disso preferi chatear-te durante três meses. Humm... Mas esses três meses foram bem precisos foi com eles que tu começaste a não ligar-me e eu senti-me um pouco estranho, estranho até demais por ver que as minhas provocações já não surtiam efeito, contudo hoje eu percebo o porquê. Eu tinha necessidade da tua atenção, era como se eu perdesse uma parte de mim. Eu importunei-te três meses seguidos, sempre a ouvir as tuas reclamações do quanto eu era chato e idiota, mas eu ria-me das tuas atitudes e do nada, simplesmente do nada tu deixaste de ligar. Eu não estou a exagerar, mas é como se tivesse levado uma facada no meio do peito! Como era possível que a minha enervadinha, sim a minha enervadinha, eu já te considerava assim na altura sem nem mesmo perceber porquê, já não quisesse saber mais de mim? Eu senti-me desolado, porém foi aí que eu acordei para a vida. Como se mudasse da noite para o dia eu deixei as piadinhas em casa e pude pela primeira vez contemplar um sorriso teu, um sorriso sincero de amiga quando te desejei "bom dia" na manhã seguinte. E graças a essa mudança em pouco mais de um mês nós éramos praticamente melhores amigos e queres saber, foi aí que eu comecei a ver que não eras apenas a "enervadinha", tu eras mais que isso. Tinhas sonhos, grandes sonhos e confiaste em mim! Eu senti-me tão especial! Quem diria que eu, Naruto Namikaze, me sentiria assim por causa de uma rapariga e dos seus sonhos? O motivo era fácil e evidente, por que eras tu! Acho que devemos agradecer muito à minha mãe que mesmo sem saber quem tu eras mandou-me ir à luta, ou melhor dizendo, chamar-te para sair. Não foi uma tarefa fácil devo confessar. Durante quase toda a semana tu achaste que eu andava meio estranho e pudera! Eu não fazia ideia como te iria convidar, se tu ias aceitar e o pior de tudo, tinhas um amigo novo! Eu é que devia ser o teu único amigo e não o Kiba Inuzuka! Aquele rapaz fazia questão de me provocar! Sempre aos risinhos contigo! Arghh! Irritava-me imenso e pela primeira vez na vida eu senti o que eram ciúmes e o que era fazer papel de trouxa! Afinal, os meus ciúmes eram desnecessários pois o Kiba era teu amigo de infância e tinha namorada! Eu juro que me senti tão idiota, mas tão idiota que estive quase para me enfiar dentro de um buraco quando te convidei para sair. O melhor daquela sexta-feira era que era dia 13, logo um suposto dia de azar e claro, a minha palermice a juntar foi do melhor! Eu lá todo nervoso e tu riste-te de mim quando perguntei se o teu namorado não se importava. Eu fiquei muito envergonhado com a tua resposta! Eu não tinha entendido, mas tu estavas a insinuar alguma coisa: "Não te preocupes, Naruto-kun, o Kiba não é meu namorado, é apenas um amigo de infância e além disso, ele não faz o meu tipo." Tu respondeste isso e sorriste de uma forma invulgar para mim como se carregasses um segredo num simples movimento de lábios. Não sei como, mas aquela sexta estava a nosso favor, tu disseste que sim e combinámos que na noite seguinte, que seria um sábado, iria ser o nosso encontro, o nosso primeiro encontro. Eu fui-me embora com o maior sorriso que alguma vez já tinha dado e os meus pais não deixaram de notar, eles já sabiam mais ou menos o que se iria passar e bastou a minha confirmação para ficarem felizes junto de mim!

Meu Deus! Eu não sei como naquele sábado não produzi um bacia de água! Eu suava por tudo o que era canto tamanho o meu nervosismo! Até a minha mãe ficou preocupada e pensou levar-me ao médico! Imagina alguém a fazer várias respirações lentas e agora imagina que sou eu! Eu fiquei nisto duas horas até que tive de te ir buscar. Bebi um copo de água e bati bem no meu rosto, jurando que nada ia acontecer de mal. Nem sei por que jurei! O nosso suposto primeiro encontro foi um fiasco! Quer dizer, nem tanto, mas foi muito constrangedor para mim! O teu pai disse que era melhor jantares em casa pois viria uma chuva intensa! Se a sexta treze não castigou , o sábado catorze tratou disso! A tua mãe obrigou-me a jantar convosco e eu senti-me uma pequena gotinha no meio do oceano! Eu estava a jantar com os meus futuros sogros no que devia ser o nosso primeiro encontro! Os teus pais encheram-me de perguntas, o que eu fazia, o que eu estudava, como te conheci, quais eram os meus sonhos, o que eu pretendia fazer, quem eram os meus pais, uma série de perguntas. Hinata, minha querida enervadinha Hinata, por que tiveste de ir à casa de banho naquele preciso momento. Se eu não tinha desmaiado aquele deveria ser o momento certo. O teu pai que até então provava ser um homem gentil e simpático endureceu o rosto de uma forma bastante assustadora! Ele já não queria saber quem eu era, ele queria saber o que eu queria de ti! Eu nunca me senti entre a espada e a parede como quando o senhor Hiashi olhou para mim mortalmente. Desculpa mas eu disse a verdade, o teu pai era assustador! Falei que gostaria de namorar contigo e ele sorriu diabólico! A última frase que ele deu foi: "Terás de passar por uma série de provações, meu caro.", e calou-se pois foi nesse instante que tu chegaste. Como a noite tinha de acabar em grande a chuva veio em grande escala e tu não me permitiste sair de tua casa. Segundo tu, iria passar lá a noite. Eu rezei a Deus para que o teu pai não me quisesse matar quando me emprestou um dos pijamas dele. Hinata, acredita em mim quando te digo que vi veias ao redor dos olhos dele! O teu pai era muito malvado comigo! Ainda bem que a tua mãe estava lá e amenizava o clima rapidamente, vindo em meu auxílio.

OK. O primeiro encontro pode não ter corrido muito bem. Eu cheguei em casa e explicar aquilo tudo para os meus pais, foi constrangedor e chato, porque me fez recordar tudo, mas eu estava determinado, nós íamos ter o nosso encontro. E foi na semana seguinte que decidimos sair na sexta. Como já estava preparado para tudo, arranjei um plano B, um plano C, um plano D e um plano com todas as letras do alfabeto. Eu não podia deixar de estar prevenido, afinal eu era um íman de azares! Porém naquela noite eu pude respirar um pouco aliviado, tudo estava a correr bem. Peguei em ti às 20 horas e como prometido traria-te às 23 horas sem falta, ali estava a minha primeira provação, chegar às horas certas. Naquela noite tu estavas linda, usavas um vestido roxo claro até aos joelhos, que destacava bem a tua pele e não sei bem como explicar reparei que os teus olhos estavam mais brilhantes do que o costume. Eu senti a necessidade de verificar se aquele brilho era para mim, mas qual não foi a minha surpresa que depois de um jantar animado e de estar em frente à tua casa a trazer-te a horas como prometido, tu beijaste-me! Ao início fiquei em choque, mas retribui! E tenho uma coisa a dizer! Esse teu beijo nunca me cansa! É o melhor do mundo! Depois de perdermos o ar tu deste a frase que faltava para o meu coração parar de bater:

—"Tu fazes o meu tipo."

Deixaste-me embasbacado em frente à tua casa com a confirmação que me faltava, a de que tu sentias o mesmo que eu! E obrigado Hinata, por teres feito aquilo! Tu eras e sempre serás aquela coragem que eu às vezes não tenho, obrigada por teres tomado o primeiro passo!

Na semana seguinte, tudo ficou um pouco estranho, não sabíamos como agir e então meio que nos evitámos até ao final da semana, quando te convidei novamente para um encontro, mas este seria para algo mais romântico, eu estava preparado para te pedir em namoro.

Foi um pouco complicado, mas consegui alugar o parque da cidade de Konoha às 22 horas da noite desde que entregasse depois a chave ao meu amigo. Não sei se concordas comigo, mas penso que o nosso encontro até foi bastante agradável e romântico. Eu finalmente ganhei coragem e contei-te o que sentia e o melhor de tudo é que tu também sentias o mesmo. Não há nada melhor no mundo em saber que a pessoa que amamos também sente o mesmo!

Desde aquele dia passámos a namorar. Foram seis anos de carinho, de entrega, de algumas discussões, de conhecer um ao outro e sem dúvida de amor. E foram passados esses seis anos que eu tive a coragem de te pedir em casamento, a melhor coisa que poderia ter feito. O teu "sim" tão emotivo e choroso foi capaz de aquecer o meu coração nervoso pela tua reposta e sete meses após o pedido, estávamos na igreja de Konoha junto dos nossos amigos e família, prontos para o nosso casamento.

Tu estavas magnífica no vestido de noiva! Para mim irias ficar perfeita em qualquer coisa, porque tu já és perfeita!

O melhor dia da minha vida sem dúvida!

Com apenas um ano de casamento, aprendemos a viver juntos, não foi muito fácil, pois apesar de nos amarmos também tínhamos as nossas diferenças e isso foi o que nos juntou mais. Soubemos cooperar e durante muito tempo atravessámos uma era de paz, bem mas de repente tu começaste a implicar comigo, a dizer que eu não te dava atenção, que eu demorava muito tempo na casa de banho, que eu estava sempre chato, mas Hinata tu estavas a voltar a ser a enervadinha que não me suportava e eu fiquei apavorado! Fiz tudo o quanto possível para não te provocar na semana seguinte, até que quando regressei do meu trabalho vi-te a chorar. Juro por Deus, que passou por mim uma aflição tremenda, a minha princesa estava a chorar sem parar, mal eu sabia o motivo. Foi quando tu te levantaste e me abraçaste com força :

—"Parabéns, papá!"

Foi tudo o que disseste e eu repeti várias e várias vezes o que me tinhas dito, eu ia ser pai! Eu ia ser pai de um filho nosso! Muito obrigado Hinata por este presente!

E foram nove meses até chegarmos ao dia do nascimento do Boruto, o nosso rapagão decidira nascer precisamente numa sexta feira 13, tinha como ser pior? Tinha! Primeiro tu acordaste cheia de dores, eu fiquei tão nervoso que nem sequer troquei de roupa, até hoje não acredito que fui de pijama de super-heróis para o hospital e pior de tudo o parto durou umas cinco horas! Eu nunca fiquei tão feliz de ver um médico na minha vida como naquele quando ele me trouxe para dentro e eu vi-te com um pequeno bebé nos braços, um lindo menino com cabelos loiros.

Eu tive de chorar, o meu primeiro filho estava ali à minha frente no colo da mãe, a mulher da minha vida.

E hoje, hoje que o Boruto tem um ano e dois meses, tenho a dádiva de te contemplar com este pequeno presente.

Quero que te lembres de algumas coisas!

A primeira é que nunca haverá alguém como tu, a mulher mais linda, corajosa e determinada que a vida me deu!

A segunda é que o Boruto tem e terá imenso orgulho na mãe mais carinhosa do mundo!

E a terceira é que eu amo-te minha enervadinha!

Feliz Dia da Mãe, princesa!

Nós amamos-te muito! "

Hinata chorava sem parar, o marido havia-lhe preparado aquela surpresa no seu primeiro dia das mães e ela sentia-se tão feliz. O chato aluno transferido de outra faculdade era afinal o amor da sua vida e o melhor pai que podia desejar a Boruto.

Sem alguma cerimónia beijou o loiro que esperava em expectativa pela reação da esposa tremendamente emotiva.

—Obrigada, Naruto-kun, muito obrigada. - beijou o rosto do marido. - Eu também tenho um pequeno presente.

—Ai sim? Mas não é suposto, hoje és só tu que deves ser mimada! - Naruto apertou-a contra si, enchendo-a de carícias.

—Mas eu tenho a certeza que vais gostar! - Hinata sorriu, fechou os olhos e disse - Eu estou grávida!

—O quê?

—Eu estou grávida.

Naruto pegou na mulher ao colo e beijou-a com paixão.

—Muito obrigado Hinata, obrigado por me fazeres completo, obrigado por me dares uma família! Tem como isto melhorar? - perguntou o loiro completamente feliz.

—Tem! - disse Hinata. - Eu estou grávida de gémeos.

                                 Fim