Implacável destino escrita por J S Dumont


Capítulo 13
Capitulo 13 - Crise de desconfiança II


Notas iniciais do capítulo

Olá amores, voltei com mais um cap. de Implacavel Destino, esse bem grande hein kkk para deixá-los felizes, depois dessa, vai se não mereço um comentário?
Bom, eu quero agradecer a Madú Weasley pela recomendação, quem tiver gostando da fic e também quiser deixar uma recomendação me deixaria bastante feliz! E é isso... Até a próxima e boa leitura!



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13. Crise de desconfiança II

Katniss Mellark

Nesses últimos dias definitivamente eu vi minha vida virar de cabeça para baixo, e devo admitir que com tantas coisas acontecendo, acabei ficando um tanto confusa, o suficiente para não saber mais em quem acreditar ou em quem confiar.

Eu só queria esquecer aquilo tudo, poder passar uma borracha em tudo que aconteceu e fingir que isso tudo não passou de um terrível pesadelo, mas eu sabia que uma coisa era eu querer e outra muito diferente é eu conseguir.

Se as coisas já não tivessem um tanto terrível, ainda para piorar havia o meu pai que continuava sem dar noticias, eu não fazia ideia aonde ele poderia estar, e o pior de tudo, com quem ele poderia estar. O meu maior medo é dele ficar doente, passar mal e não ter ninguém por perto dele para ajudar.

E então, eu posso concluir que a única coisa boa que aconteceu nesses últimos dias é saber que eu não precisava mais mentir para Peeta, era um alivio poder ter contado a verdade, pelo menos eu estava com a consciência leve, e não precisava mais ficar fingindo ser sua esposa.

Mas eu também tinha a consciência de que deveria tomar cuidado, mesmo ele me garantindo que não iria me colocar na cadeia, eu ainda tinha receio de tudo ser uma mentira, eu não o conhecia direito e meu lado mais racional queria vencer o meu lado mais intuitivo. Embora meu coração dissesse que Peeta era uma pessoa de confiança, minha mente insistia que eu não deveria cometer o erro de acreditar novamente em alguém facilmente.

Afinal, eu acreditei em Cato e acabei me decepcionando por completo, eu não podia ser idiota e cometer o mesmo erro de acabar caindo na de um cara só por ele demonstrar ter bom coração.

Toda essa confusão em minha mente me deixava extremamente mal, mal o suficiente para ás vezes eu não querer nem mesmo me levantar da cama, pois eu sabia que boa parte do problema eu não poderia resolver sozinha, se meu pai tivesse comigo, eu podia pelo menos tentar fugir com ele e com Prim, mas agora sem ele, eu estava me sentindo completamente perdida.

Fora quando em um desses momentos de distração, escutei a porta do meu quarto se abrir, eu sentei rapidamente na cama ao me dar conta de que era Peeta.

— Até quando você vai ficar deprimida dessa forma? – ele me perguntou, encarei-o com um olhar sério.

— Até encontrar o meu pai, eu não consigo parar de pensar aonde ele pode estar nesse momento, ele deve estar por ai sozinho, doente... – eu desabafei, enquanto sentia novas lágrimas caírem dos meus olhos, rapidamente eu as retirei com o dedo.

— Eu já disse que eu vou fazer o possível para encontrar o seu pai, pelo menos um dos seus problemas eu já resolvi que é o Cato, ele vai embora do país por pelo menos dois anos... – ele falou me pegando de surpresa, olhei para ele com os lábios entreabertos, com a impressão de que havia escutado errado.

— Como você fez isso? O ameaçou? – perguntei. Não acreditando muito que isso seria possível.

— Não, eu o comprei, se você não sabe Cato é movido a dinheiro... –ele disse e no mesmo momento minha cabeça girou, comecei a pensar se realmente poderia ser possível Cato ir embora, e sumir de uma vez por todas. Pelo menos para mim isso seria ótimo, pois já resolveria muito dos meus problemas. – Então Katniss, você não vai precisar se preocupar mais com ele... – ele falou.

— E como você tem certeza que ele vai embora? – perguntei, pois para mim aquilo parecia ser bom demais para ser verdade.

— Eu dei agora só a metade do dinheiro, ele tem que ficar pelo menos um ano sem aparecer para receber o restante, e acredito que ele não vai querer perder mais um milhão de dólares na conta dele... – ele disse. Novamente fiquei chocada com o tanto de dinheiro que Peeta ofereceu ao irmão, apenas para que ele sumisse.

— Você ofereceu um milhão de dólares para ele? – perguntei.

— Dois milhões na verdade, um milhão agora, um milhão depois de um ano... – ele respondeu, se sentando na cama, ao meu lado. – Se pelo menos ele ficar sumido até receber a segunda parte do dinheiro, já será lucro...

— É muito dinheiro Peeta! – falei.

— Sim, mas eu quero fazer o possível para ele se manter longe de você! – ele disse, colocando a mão no meu rosto, acariciando-o de leve, senti um forte arrepio, apenas com aquele toque dele. Mas tentei ignorar o que estava sentindo. – Ou será que você não quer isso? – ele perguntou, e depois se levantou, definitivamente não entendi a mudança repentina de comportamento dele. Fiquei o olhando com um olhar confuso.

— Eu não estou entendendo, o que você quer dizer? – perguntei, e também me levantei. – Que eu estou triste por que ele aceitou o dinheiro e vai embora? Não Peeta, eu não estou triste, Cato está provando o que ele realmente é e confesso que depois de tudo, isso não me surpreende... – falei, e então abaixei a cabeça e suspirei, aquilo não me impressionou, pois Cato já havia me demonstrando o quão ganancioso ele é, mas isso não impediu que eu me sentisse ainda mais idiota por ter caído na dele. – Ele sempre só se importou com o dinheiro, eu apenas fui um fantoche na mão dele, fui usada desde o primeiro momento... – me desabafei, notando que ele ficou sem reação por alguns segundos.

Até que então eu escutei Peeta suspirar e vi ele se aproximar e sem falar nenhuma palavra, simplesmente ele me abraçou, eu correspondi o abraço, colocando a cabeça em seu ombro e o entrelacei com os meus braços, confesso que naquele momento eu senti um calor agradável, e por um instante até mesmo eu senti vontade de nunca mais me afastar daqueles braços.

— Me desculpe, eu fui muito inconveniente... – ele falou, assim que me soltou.

Eu o olhei por alguns segundos, em seguida sorri levemente, deixando naquele momento a minha intuição falar mais alto, e acabei, enfim, acreditando nas boas intenções dele.

— Você não tem que me pedir desculpas, muito pelo contrario Peeta, eu só tenho que te agradecer...  – falei, e então um sorriso surgiu no rosto dele.

***

Depois que falei com Peeta eu até me senti mais aliviada, animada com a possibilidade de Cato realmente ir embora do país, comecei a acreditar que, caso conseguisse encontrar o meu pai, quem sabe ele, Prim e eu poderíamos voltar a ter a nossa vida calma de antes.

Porém só foi eu sair do quarto, na intenção de ir ao quarto de Prim que acabei me deparando com ele, Cato, olhando-me com um olhar um tanto sério, meu coração no mesmo momento deu pulos e dei alguns passos para trás, assustada com o olhar sério que estava estampado em seu rosto.

Ele entrou no quarto, bateu a porta atrás de si, e continuou me olhando com o mesmo olhar.

— Você cometeu um erro Katniss... – ele avisou com o dedo em riste.

— Quem cometeu um erro aqui foi você Cato, acreditando que essa ideia estúpida de me colocar como viúva do seu irmão poderia dar certo... – falei, ele então suspirou, passou a mão no cabelo, e em seguida colocou as mãos no meu rosto, enquanto olhava-me fixamente.

— A gente pode ainda resolver isso, Peeta me ofereceu um acordo, e sem escolhas, fui obrigado a aceitar... – ele disse, e então eu dei passos para trás e discordei com a cabeça, pois eu já sabia do que ele estava falando.

— Os dois milhões de dólares? Ele já me falou! – falei.

— Então, é muito dinheiro, podemos ir embora hoje mesmo, vamos embora Katniss, vamos deixar isso para trás, prometo que nunca mais te trago de volta para essa cidade, você nunca mais precisará pisar nessa mansão, a gente ainda pode ficar juntos, começar a vida que combinamos... – ele falou e então eu ri, sim eu ri, não acreditando no que ele estava me propondo.

— Como você acha que eu posso esquecer tudo isso Cato? – perguntei, afastando-me dele, dei alguns passos para frente, e depois me virei e o encarei. – Como vou esquecer que você me enganou, me usou, me ameaçou, me obrigou a fingir ser esposa do seu irmão, seu próprio irmão... Você não imagina como você tornou a minha vida um inferno! – falei, e algumas lágrimas caíram dos meus olhos só de me lembrar dos dias de angustia que vivi, com medo de ser descoberta por Peeta, definitivamente só em pensar nisso eu me desmoronava. – Agora meu pai está desaparecido por sua culpa! E se algo acontecer com ele, saiba que eu vou te odiar ainda mais... – acrescentei com o dedo em riste.

Cato continuou me olhando, sem mudar sua expressão por nenhum segundo.

— E você acha que ficando aqui vai encontrá-lo? Você acha mesmo que Peeta irá encontrá-lo para você? – Cato perguntou agora se aproximando de mim e parando bem na minha frente. – Eu imagino que agora ele deve estar te fazendo um monte de promessas Katniss, mas sabe por que ele está dando uma de bonzinho? Porque quer transar com você, depois, vai te jogar fora como ele fez com a metade das mulheres que ele já conheceu... Ai você vai se arrepender do lado que você escolheu! – ele falou, segurando meu queixo, e eu imediatamente dei um passo para trás, para ele tirar as mãos de mim. – Quando eu voltar, eu imagino que vou te encontrar na cadeia, pois eu sei que é lá que ele vai te jogar depois que te levar para cama, e acredite, vai ser uma pena, pois mesmo eu tendo te usado como você diz que usei, eu não imaginei esse destino para você, nunca iria te passar para trás, no fim você ia ser minha esposa, só que, com uma conta bancaria bem gorda... – ele acrescentou, e então discordei com a cabeça, inconformada. – Ainda iremos nos ver Katniss... – foi a ultima coisa que ele falou, me olhando por mais alguns segundos, antes de se virar e sair do quarto, e assim que ele saiu rapidamente eu fechei a porta, ainda com o coração disparando.

Arregalei os olhos enquanto pensava, se o que ele havia falado poderia realmente acontecer, se Peeta poderia estar mesmo me usando, e no final das contas, tudo ser apenas promessas, mentiras. Sinceramente, se Cato tiver certo, isso até que não me surpreenderia.

***

Definitivamente, depois do que ouvi de Cato, eu não queria ficar na mansão, para confirmar se o que ele disse poderia ser verdade ou não. Já que Cato parecia mesmo que iria embora, pensei que o mais sensato a se fazer é fazer o mesmo, ir embora para casa com Prim e tentar de alguma forma encontrar o meu pai.

Quando tive a certeza de que Cato foi embora, decidi ir ao quarto de minha irmã, assim que entrei em seu quarto, vi que ela estava se olhando no espelho, entrei no quarto e fechei a porta rapidamente e no mesmo momento em que ela escutou a porta se fechando, ela se virou para me olhar.

— Katniss? Argh continua com essa cara de morta como sempre! – ela falou.

— Como você pode estar assim, sabendo que nosso pai está desaparecido?... – falei.

— Peeta vai encontrá-lo, tenho certeza! – ela garantiu, e eu suspirei e discordei com a cabeça.

— Você confia demais nele, esqueceu de quem ele é irmão? Arruma suas coisas, que a gente vai é embora! – eu disse, e Prim franziu as sobrancelhas, olhando-me com um olhar confuso.

— Como? – ela perguntou.

— É isso mesmo, Peeta pagou Cato para ele ir embora, ele deu dois milhões para ele, e ele já foi até no meu quarto se despedir, parece que vai para o exterior, então, vamos voltar para nossa casa...

— E o nosso pai? Se a gente voltar para nossa casa, não vamos encontrá-lo!

— Vamos sim... Eu vou dar um jeito!

— Katniss... Isso é ridículo! – Prim me encarou com um olhar inconformado, eu suspirei e coloquei minhas mãos no ombro de Prim e a encarei.

— Não, não é, não temos porque ficar aqui Prim, acorda, não somos responsabilidade do Peeta, se eu estou casada com ele, foi porque eu fui enganada, mas ele não tem o dever de procurar o meu pai, e nem oferecer essa mansão para gente, somos duas desconhecidas para ele, então vê se arruma suas coisas e vamos ir embora daqui... – falei, Prim suspirou, mas não disse mais nada. Apenas acabou concordando com a cabeça.

E então sorrindo, eu me virei e fui para o meu quarto, decidida a arrumar as minhas coisas e ir embora daquela mansão o mais depressa possível.

***

Assim que entrei em meu quarto, já fui pegando uma mala, abri-a na cama e sem demorar muito eu fui escolhendo as peças de roupa e colocando lá dentro de qualquer jeito mesmo, a única coisa que eu queria era terminar aquilo o mais depressa possível.

Foi quando, de repente a porta do meu quarto se abriu, e só então eu fui me dar conta de que havia me esquecido de trancar a porta, e sentindo-me levemente nervosa, os meus olhos pararam nele, em Peeta, ele estava parado na porta, e agora entrava no quarto bem devagar, eu notei que ele ficou um tanto surpreso com o que estava vendo, e enquanto o olhava eu já fui começando a pensar no que iria falar para ele, respirei fundo, decidida a falar o que precisasse falar para poder ir embora, e finalmente tentar voltar a viver em paz.

— O-o que você está fazendo? – ele gaguejou, alternando o olhar de mim para a mala e da mala para mim.

— Eu estou arrumando minhas coisas, eu vou voltar para minha casa Peeta... – eu disse, tentando manter a voz mais firme o possível.

— Voltar para casa? – Peeta repetiu, franzindo as sobrancelhas, olhou-me por alguns segundos e depois voltou a olhar para minha mala. – Engraçado, você querer ir embora logo depois que Cato aceitou o acordo e saiu da mansão há poucas horas para ir para o exterior... – ele se calou por alguns segundos e ficou me encarando com um olhar desconfiado. – Não me diga que Cato não te chamou para ir embora com ele?! – ele perguntou.

— Sim ele chamou... – respondi rapidamente, enquanto encarava Peeta seriamente, com o mesmo olhar dele, um olhar bastante sério.

Então os lábios dele se entreabriram e ele se aproximou de mim.

— Então é isso, você aceitou e vai ir embora com ele?  Engraçado como você esqueceu o seu pai muito rápido, ou não me diga, que ele prometeu encontrá-lo, é isso? Você acreditou nele? – ele perguntou, enquanto ainda se aproximava de mim, agora ele estava apenas alguns centímetros de distancia, o que me deixou levemente nervosa. Eu respirei fundo e continuei olhando-o, por um lado eu estava com muita vontade de desviar o olhar, mas mesmo querendo, eu não consegui.

— Ele pediu Peeta... Mas isso não quer dizer que eu aceitei! – falei num tom irritado, e voltei a olhar para a minha mala. – Simplesmente eu vou embora porque eu não tenho mais necessidade de ficar aqui, já que Cato vai embora e tudo foi esclarecido, sinceramente a única coisa que eu quero é esquecer que isso aconteceu e... – eu me calei, assim que uma lágrima caiu dos meus olhos, eu tirei-a com meu dedo e voltei a olhar para baixo. – Encontrar o meu pai... – acrescentei, com uma voz de choro.

E então eu senti Peeta colocar as mãos em meus ombros, me fazendo voltar a olhá-lo.

— Então, ele é um grande motivo para você continuar aqui... – ele falou e soltou um suspiro, antes de continuar. – Por que você não dá uma oportunidade de nos conhecermos melhor? Afinal, o destino nos colocou frente a frente, então...

— Não foi o destino! – eu interrompi, e depois me afastei, dando alguns passos para frente, virei na direção dele e cruzei os braços, encarando-o com um olhar sério. – Foi o Cato, ele que armou uma armadilha e eu acabei caindo direitinho!

Peeta mordeu os lábios inferiores e discordou com a cabeça, soltando um suspiro antes de continuar.

— É isso, você ainda gosta dele! – ele concluiu, e confesso que o seu comentário me irritou profundamente.

— Não, eu não gosto, eu nunca vou perdoá-lo pelo que ele me fez, e além do mais, ele não tem nada haver com minha decisão! – eu disse, rispidamente. – Por que você quer tanto que eu continue morando aqui? – perguntei de repente, ele ficou calado como se não soubesse o que responder.  - Viu nem você consegue responder, fala Peeta, Cato acabou de ir embora, e eu? Vai fazer o que comigo? – eu acabei soltando, sem consegui me conter, dei alguns passos na direção dele enquanto ele ainda me encarava seriamente. – Imagino que o seu silencio é porque você deve estar só esperando ele ir embora do país, para me botar na cadeia, não é isso? Quer livrar o seu irmão!

Ele então discordou com a cabeça.

— Katniss, eu tinha te prometido que não iria te colocar na cadeia... – ele me lembrou, mas minha expressão continuou dura como uma pedra, por um lado eu até conseguia sentir que ele era uma boa pessoa e que talvez eu esteja errada e que as palavras de Cato foram apenas para me provocar, mas por outro lado, as minhas desconfianças acabavam sendo maiores. Pois tudo na minha mente fazia sentido. Além do mais, o que aconteceu comigo havia me ensinado de que não é seguro confiar facilmente em alguém.

— E quem me garante isso? – eu perguntei, e a voz quase não saiu. – Quem me garante que você não é igual o seu irmão? – eu disse e então Peeta franziu as sobrancelhas e em seguida começou a rir.

— Ele por acaso fez uma lavagem cerebral em você é isso? Pois do nada você ficou muito desconfiada para o meu gosto... – Peeta comentou.

— Simplesmente eu comecei a ver que isso faria sentido... Eu posso até estar enganada, mas caso eu esteja certa, eu já quero deixar claro uma coisa... – falei, agora com o dedo em riste. - Se eu for para cadeia eu conto tudo, eu falo que ele me obrigou, e mesmo que isso não seja o suficiente para me livrar da cadeia, eu ainda sei que vocês não vão gostar nada de que eu abra a boca, pois eu já percebi que sua família é conhecida e não gosta de escândalos! – eu soltei, enquanto uma lágrima caia dos meus olhos, rapidamente a tirei com minha mão.

Peeta me olhou por alguns segundos, umedeceu os lábios e concordou com a cabeça.

— Você está certa, ninguém gosta de escândalos! – ele falou, depois suspirou e estranhamente ele simplesmente me abraçou, o que me confundiu, franzi as sobrancelhas enquanto apoiava os braços em seu peitoral. – Eu te entendo Katniss, deve ser difícil para você confiar novamente em alguém, depois do que o imbecil do meu irmão fez com você...

— S-Sim... – eu gaguejei. – Eu tenho medo Peeta... – confessei, e novas lágrimas caíram dos meus olhos, ele me abraçou com mais força. – Você não entende como é acreditar em algo, e depois sua vida virar do avesso, por você descobrir que tudo que você acreditava simplesmente não existe! Eu não quero mais me magoar com isso... – desabafei, empurrando-o levemente, para conseguir olhá-lo.

— Eu não quero te magoar, eu só quero te conhecer melhor, quero te mostrar que dá para tirarmos algo de bom dessa confusão toda... – ele falou, agora apoiando uma de suas mãos no meu rosto, olhando-me nos olhos.

Discordei com a cabeça, não conseguindo acreditar muito nisso.

— É impossível! – falei num tom tão baixo, que a voz quase não saiu.

— Sim, é possível, deixa eu te mostrar, continue aqui por mais alguns dias, já contratei um detetive para encontrar o seu pai, e enquanto esperamos, podemos começar hoje mesmo a mudar isso tudo, aceite jantar comigo em meu quarto!

— Teu quarto? – falei, arqueando as sobrancelhas, e então ele riu.

— Eu juro que não vou te agarrar, sou um cavalheiro e não vou fazer nada que você não queira... – ele disse, umedeci os lábios enquanto ainda o encarava, mesmo achando aquilo um tanto arriscado, acabei não conseguindo dizer não.

***

Por um lado eu me senti uma idiota por não ter concluído o meu plano de ir embora, mas por outro lado, confesso que me senti tentada com a possibilidade de Peeta poder mesmo encontrar o meu pai.

Só que eu ficava nervosa em pensar em quais eram as intenções de Peeta com aquilo tudo, ele insistia em dizer que só queria me conhecer melhor, mas, as palavras de Cato ainda rodavam por minha mente. Eu não queria ser usada de novo, eu não queria mais me enganar.

Logo fiquei angustiada por ter aceitado aquele jantar, a única que pareceu ter ficado animada com a ideia foi Prim que ficou feliz por saber os que seus dias na mansão não haviam chegado ao fim.

Quando estava perto da hora que Peeta e eu combinamos de jantar, eu optei por vestir uma calça jeans e uma blusa branca, deixei os meus cabelos soltos e olhei-me no espelho, foi então que eu notei o quanto os meus olhos estavam inchados e como eu estava pálida, Prim tinha razão, eu estava horrível, parecendo um fantasma.

— Ai, você deveria se arrumar mais para esse encontro! – ouvi Prim falar assim que ela entrou em meu quarto para me ver, ela sorria como se realmente eu tivesse indo para um encontro romântico, mas eu não o considerava assim.

— Isso não vai ser grande coisa, não vai acontecer nada demais, está legal! – eu afirmei, suspirando e jogando o cabelo para o lado, mesmo falando isso Prim continuou sorrindo maliciosamente para mim, ignorei o seu olhar, antes de me virar e sair do quarto sem falar mais nada.

Respirei fundo enquanto seguia para o quarto de Peeta, assim que bati na porta, senti minhas pernas tremerem.

Ele não demorou muito para abrir a porta, e assim que me viu, sorriu levemente para mim.

— Que bom que chegou, eu já ia ao seu quarto, pois o mordomo já trouxe a comida e estava com medo dela esfriar... – ele disse, dando espaço para que eu entrasse no quarto.

Então eu dei os meus primeiros passos para dentro do quarto, sentindo já o meu coração disparar mais forte. Olhei para Peeta e vi que ele usava uma camiseta branca e uma bermuda jeans, ele me olhava com um sorriso no rosto.

— Vem! – ele me chamou.

Então começamos a andar lentamente em direção a mesa, assim que nos aproximamos os meus olhos pararam nela, foi então que eu vi que a comida já estava mesmo servida, notei que no meio dela havia um belo vaso com rosas vermelhas e algumas velas acesas em volta, e também próximo ao prato havia uma garrafa de vinho, ainda fechada, os copos ainda estavam vazios. Olhei para Peeta que estava parado ao meu lado.

— Por que você está fazendo tudo isso? – perguntei, impressionada.

— Não me diga que não gostou? – ele perguntou, e então puxou uma cadeira para que eu sentasse. Respirei fundo, sentei-me e fiquei observando Peeta dar a volta na mesa e se sentar em frente a mim.

— É... Sim, eu gostei, mas... – falei, sem saber como completar.

— Achou tudo romântico demais? – ele falou, e envergonhada concordei com a cabeça.

— Que bom, pois era essa mesma a minha intenção... – ele falou, e então abriu a garrafa de vinho, despejou a bebida em sua taça, depois olhou para mim. – Ah, eu sempre esqueço que você não bebe...

— É você já viu que eu fico facilmente fora de mim... – falei, lembrando do dia em que fomos jantar num restaurante, e acabei cometendo a idiotice de beber, e ainda beber demais.

— Bom, mas aquela noite foi bem legal, não achou? – ele perguntou, sorrindo concordei com a cabeça, é eu não podia deixar de negar que a noite havia sido bem agradável.

Peeta deu alguns goles da bebida e então ele suspirou.

— Bom, então vamos comer, antes que esfrie, não é? – ele disse.

A comida como eu já imaginava estava bem saborosa, apesar de que isso não era nenhuma surpresa, afinal, até hoje tudo que eu já havia comido dentro da mansão sempre fora muito bom, eles tinham ótimos cozinheiros.

Peeta ás vezes me olhava de uma forma estranha, o que me deixava um tanto envergonhada, eu fazia o máximo possível para não encará-lo, pois sempre eu sentia o meu rosto esquentar, toda vez que nossos olhos se encontravam.

Fora quando de repente Peeta colocou uma de suas mãos por cima da minha e eu o olhei, enquanto engolia um pedaço de frango frito.

— Eu consigo ver nos seus olhos o quanto você está triste, e imagino que seja por causa do seu pai... – ele disse, e então apertou minha mão.  Em silencio, apenas concordei com a cabeça. – Mas como eu disse, já arrumei um detetive, e ele vai procurá-lo o mais depressa o possível!

— Eu tenho muito medo de ele não estar bem... – falei e meu coração apertou só em pensar nisso.

— Ele vai estar bem, mas caso não estiver, vou cuidar dele, eu prometo! – ele falou, e então olhei para baixo, enquanto sentia um nó formar-se em minha garganta.

Eu definitivamente não sabia o que pensar de Peeta, por um lado eu queria acreditar que ele é apenas um homem bastante bom e amável, por outro eu ficava imaginando se ele não estava fazendo tudo isso apenas porque quer me usar, ou quer fazer raiva para Cato, ou apenas para me levar para cama, como Cato mesmo garantiu.

Puxei a mão por debaixo da dele e então eu terminei de comer, em questões de minutos eu já estava me levantando da mesa, um pouco nervosa com a situação.

— A comida estava muito boa e o jantar também, mas agora é melhor eu ir para o meu quarto, boa noite!... – falei, e depois me afastei, mas assim que abri a porta e sai do quarto, já escutei os passos de Peeta vindo atrás de mim, o meu coração no mesmo momento disparou.

— Espera, não precisa ter tanta pressa! – eu o ouvi falar, segurando-me pelo braço e com o outro braço entrelaçou-me pela cintura, senti ele me prensar contra parede, no mesmo segundo meu coração disparou ainda mais acelerado, ainda mais por nossos rostos terem ficado tão próximos.

— Peeta... – eu falei, mas a minha voz saiu entrecortada. – Olha, você está sendo muito bondoso comigo, mas...

— Não me diga que eu não te atraio? – ele perguntou, mordendo os lábios e desviando os olhos para minha boca, naquele momento eu senti minha boca secar, o suficiente para achar que não ia conseguir falar mais nada, tanto que demorei quase dez segundos para respondê-lo.

— Não, não é isso! – falei e ele sorriu, tirou o braço de minha cintura, apoiando as duas mãos na parede, me deixando praticamente sem saída para me desvencilhar.

— Que bom, porque acho que eu estou me apaixonando por você... – ele falou quase em sussurros, eu arregalei os olhos e senti até mesmo minhas pernas tremerem, meu coração a essa altura batia tanto que eu estava até com a impressão de que algum momento ele fosse explodir.

— Não Peeta! – falei, com a voz tremula. – Não diga isso! – eu disse agora mais assustada do que antes. Tive que puxar um dos braços dele para conseguir sair da situação em que ele me colocou, mas assim que segurei o braço dele, ele aproveitou para me puxar, colando o seu corpo contra o meu.

— Me desculpe, se eu tiver indo muito rápido... – ele pediu, com os olhos fixos no meu. – É que às vezes eu perco o controle...

Eu entreabri os lábios, enquanto o olhava por alguns segundos, por um momento pensei que iria até mesmo fraquejar e amolecer nos braços dele. Mas eu precisava ser forte, não poderia cair no jogo dele, caso ele esteja fazendo algum tipo de jogo.

Dei alguns passos para trás, soltando-me por inteira dele, abri a porta do meu quarto, tão desesperada como se tivesse fugindo de algo perigoso. Olhei para trás e vi que ele continuava me olhando, com um leve sorriso no rosto.

— Boa noite! – ele me desejou, eu abri a boca, querendo desejar boa noite para ele também, mas eu não consegui, pois simplesmente a voz não saiu, e sentindo-me uma completa estúpida, enquanto entrava no quarto rapidamente, fechando a porta, trancando-a e em seguida me encostando-se nela. Soltei um suspiro, olhei para minhas mãos, dando-me conta do quanto eu estava tremendo.

***

Peeta estava me deixando nervosa, o suficiente para até mesmo me tirar o sono. Tanto que por mais que eu tentasse, eu não conseguia parar de pensar naquele jantar e principalmente o quanto me senti estranha perto dele. Sem sombra de duvidas ele realmente mexia comigo, com os meus sentidos, ao ponto do meu cérebro até mesmo falhar quando ele está perto de mim, e ás vezes eu ficava até mesmo me perguntando o por quê disso. Na verdade, no fundo eu sabia que eu estava com medo, pois eu já havia percebido que existia a possibilidade de eu estar me apaixonando por ele.

— Você está gostando dele! – fora a conclusão de Prim, assim que contei para ela no outro dia o que havia acontecido na noite anterior. Infelizmente acabei contando a ela todos os detalhes, o que a deixou bastante animada. Algo que ela não deveria ficar.

Sinceramente eu estava com medo de Prim se animar demais com a mansão e com a vida boa que estávamos tendo nessas ultimas semanas, eu sabia que era fácil se acostumar com coisas boas, quem não quer ter uma vida confortável, empregados e roupas caras, mesmo eu não me importando muito com isso eu sabia que Prim era diferente de mim, e claro, ela se importava. Porém, eu já estava ciente de que aquela vida era temporária, já Prim não parecia tão ciente assim, a cada dia que passava, ela realmente acreditava que Peeta e eu podíamos ser realmente um casal. Eu já não acreditava muito nisso.

— Não diga isso! – falei para ela, me levantando da cama e me aproximando do espelho, eu estava no quarto de Prim,  ainda não havíamos nem mesmo tomado café da manhã.

— Mas está obvio que sim, você sabe melhor do que eu, como que é gostar de alguém! – ela insistiu.

Suspirei, e virei para ela, de braços cruzados.

— Não Prim, eu acabei de sair de uma cilada, eu não posso me permitir me meter em outra, eu já não tive boa experiência com homens!

— Isso porque você foi gostar de um imbecil... – ela retrucou.

— É, mas deixa só eu te avisar que é possível se enganar com esses tipos de homens, já que não está escrito na testa deles, “eu sou um imbecil”, você mesma também achou que eu estava com um príncipe e não com um sapo! – também retruquei, ela então bufou.

— Mas não é porque Cato não presta, quer dizer que acontecerá o mesmo com o Peeta, ele pode ser uma boa pessoa, e estar sendo sincero quando disse que está apaixonado por você... – ela falou, e então eu suspirei.

Eu sabia que o problema que para termos a certeza de uma coisa temos que arriscar e dar um voto de confiança, e esse realmente era um problema para mim, eu não sabia se eu queria me arriscar e dar esse voto de confiança a ele, ainda mais porque não fazia tanto tempo que eu tinha me decepcionado com o Cato, e seria uma loucura eu acabar me metendo em outro relacionamento, justo com o irmão dele.

— Será que só eu que enxergo o quanto isso é um absurdo? Tipo... Cato nos ferrou, nos ameaçou, nos meteu nesse lugar, me fez viúva do irmão dele, ai eu vou e começo a ficar justo com o irmão dele? Ah e ainda tem o fato de que se eu começar a namorar o Peeta, eu vou acabar sendo obrigada a conviver com Cato o resto de minha vida, pois os dois são da mesma família...

— Mas ele não foi embora do país? – ela perguntou.

— Ele não vai morar no exterior o resto da vida, Prim! – falei.

— Não acredito que Peeta vai querer conviver com o irmãozinho como se nada tivesse acontecido, você ficando na vida dele ou não, a relação deles já era, se você está preocupada com as futuras festas familiares que Peeta possa fazer um dia, eu duvido muito que ele convidará o irmão para elas, relaxa, se você ficar com Peeta, eu acho que você não terá que conviver com Cato! – Prim afirmou, eu discordei com a cabeça, enquanto ainda pensava.

— É, mas e a Valerie? Ela não sabe o que o Cato fez! Ela mora aqui e não vai querer ficar muito tempo longe do filho... – falei, voltando a me sentar na cama, Prim pensou por alguns segundos e então suspirou.

— Bom, se Peeta mora com a mãe, é por que é solteiro não é? Eu acho que quando ele se casar vai ter a casa dele, quer dizer, casado ele já está! – ela falou, se sentando ao meu lado, eu a olhei com as sobrancelhas franzidas. – Viu como Cato até mesmo adiantou as coisas? Já te casou com o Peeta, se vocês se entenderem, só precisarão se casar na igreja... Afinal, você me contou que ele disse que está apaixonado por você...

— Mas e se Cato estiver certo e ele só está me tratando assim porque quer me levar para cama? – perguntei, e meu estomago revirou, só de pensar nessa possibilidade.

Prim ficou calada por alguns segundos, antes de me responder.

— Eu acho que você terá a certeza só quando der uma chance a ele, pelo menos de conhecê-lo mais e ver se realmente ele é uma pessoa que dá para confiar... – Prim falou, mas eu não consegui responde-la, meu coração apenas ficou disparando muito e muito. – Maninha... – ela começou colocando a mão no meu ombro, e respirou fundo antes de continuar. – Eu sei que é difícil para você voltar a confiar em uma pessoa, depois de tudo que você passou, mas pense que isso é algo que você tem que pensar bem, vai se Peeta é o homem de sua vida e por medo você deixa ele escapar? Não foge dele maninha, espera ter a certeza dos seus sentimentos... – ela me aconselhou, e naquele momento eu até senti que ela estava preocupada de verdade com os meus sentimentos, mais do que com a mansão e com sua vida de luxo.

E então eu sorri para ela.

— Você não está dizendo isso só por que quer continuar vivendo numa vida boa, não é? – perguntei.

Ela riu e me empurrou levemente.

— Mas é claro que não! – ela falou, ainda rindo.

E ficamos alguns segundos em silencio, apenas nos olhando, até que eu fui a primeira a desviar o olhar e olhei para o chão, enquanto ainda pensava, embora eu já soubesse que eu poderia pensar e pensar, por horas, mas ainda eu não chegaria a nenhuma conclusão.

***

Mais dois dias se passaram. E naquele momento eu havia decidido apenas esperar. Esperar os dias passarem, até, por fim me decidir, se eu continuaria na mansão, ou se eu iria embora para minha casa, na verdade uma boa parte dessa minha decisão também envolvia o meu pai, eu queria esperar, pois eu tinha esperanças de que o detetive que o Peeta havia contratado iria encontrar o meu pai.

Já fazia um dia que o detetive fora na mansão, ele conversou comigo, fez varias perguntas, e no final, ele me passou confiança, eu tive a impressão de que ele era um dos melhores no ramo, e claro, isso me animou um pouco. A cada dia que passava, eu devo confessar que o meu coração apertava mais, definitivamente eu não via a hora de encontrar o meu pai, afinal, ele me preocupava e me fazia muita falta. Assim que o visse, eu nunca mais iria querer me separar dele de novo.

— É bom te ver um pouco mais assim, animada, fora da mansão... – ouvi Peeta falar, e então virei para o lado para olhá-lo, o encontrei próximo de mim. Eu estava sentada na grama do jardim da mansão, embaixo da maior arvore daquele lugar, eu a achava bonita e ainda mais porque deve ser muito antiga, afinal para ter aquele tamanho todo, tinha que ser velha mesmo. Se ela falasse, com certeza iria ter muita história para contar.

— Eu acho que é por causa da esperança que você fez nascer dentro de mim... – confessei, olhando para ele, fazendo uma leve careta devido o sol que atingia os meus olhos numa forte intensidade. Peeta sorriu, e se sentou na grama ao meu lado, pela roupa formal que ele vestia, acredito que fazia poucos minutos que ele chegou do trabalho, tanto, que nem mesmo se trocou. – Afinal, você acredita bastante que irá encontrar o meu pai, e isso me animou...

— Eu te prometi Katniss, e eu sou de cumprir as minhas promessas... – ele falou e eu não pude deixar de sorrir. — Olha Katniss, já faz alguns dias que passou aquele jantar, e não falamos mais daquele assunto... – ele falou, e em seguida suspirou. Meu coração no mesmo minuto disparou, quando vi que ele entraria naquele assunto. – E eu só o evitei porque eu senti como se tivesse forçado um pouco a barra com você... Só que eu acho que não podemos ficar o resto da vida evitando esse assunto, está difícil de me manter calado, sabe? Só que eu não quero parecer inconveniente...

— Claro que não, muito pelo contrário, você nunca deixou de ser um cavalheiro, Peeta! Na verdade, você está me ajudando bastante, e eu não entendo nem o porque disso, pois desde que cheguei só te arrumei problemas! – eu respondi.

— Eu não vejo dessa forma, muito pelo contrário, pois eu adorei te conhecer... De verdade! – ele disse, e então eu sorri, enquanto sentia meu rosto esquentar. – E espero que você também tenha gostado de me conhecer!

— Sim, claro, o problema só foi as circunstancias... – confessei. – Seria bom, se tivesse tudo, acontecido de outra forma...

Peeta suspirou, ficou quieto por alguns segundos apenas me olhando, até que então, respondeu:

— A gente não pode mudar o que já aconteceu Katniss, mas, podemos tentar retirar algo de bom disso tudo... – ele falou e soltou a minha mão, para colocá-la no meu rosto. E então o acariciou. – Eu devo confessar que desde o começo você sempre me atraiu, mas agora, eu sinto que estou envolvido de verdade por você, pois você não apenas me atrai, é outro sentimento, bem mais intenso, você tem me demonstrado ser uma mulher diferente...

— Porque eu sou pobre! – eu o interrompi.

— Não só isso, mas me encanta a sua força, os seus valores, o seu amor pela sua família, a sua coragem... Katniss, você me demonstrou ser uma mulher incrível, e ainda mais me envolvi com a sua história, eu nunca conheci uma mulher como você e é por isso que me desesperou a ideia de ver você partir...

Senti os meus olhos marejarem, enquanto me senti realmente emocionada com aquelas palavras de Peeta, elas pareciam tão sinceras, tanto que os olhos dele até mesmo brilhavam, enquanto seu rosto a cada segundo ficava mais próximo do meu, por um lado eu queria realmente acreditar naquilo... Pois seria tão bom saber que tenho alguém para ficar ao meu lado, me apoiar, ser um verdadeiro companheiro para mim e o mais importante, que tenha apenas boas intenções, e não pensamentos maldosos, por trás daquelas palavras tão bonitas.

Porém, por outro lado, o meu lado mais racional parecia querer me repreender, parecia querer repetir diversas e diversas vezes o quanto seria perigoso se eu seguisse a minha intuição, se eu seguisse os meus sentimentos. Eu precisava ser racional, e ver o quanto poderia ser prejudicial, se eu me entregasse aquele sentimento da qual estava começando a surgir dentro de mim.

Porém, mesmo com aquele redemoinho de duvidas, de emoções, de sentimentos, eu não consegui nem me mover, eu deixei com que Peeta terminasse a aproximação, permitindo que ele me desse um beijo de leve.

Ele depositou sua mão em meu rosto, enquanto os meus lábios, meio trêmulos foram se entreabrindo lentamente, nossas línguas se encontraram, e enquanto eu me envolvia naquele beijo, eu fui esquecendo todas as duvidas e receios, como se não existisse mais nada. Só nós dois.

— Peeta... – ouvi a voz do mordomo falar, fora o suficiente para nos afastarmos num pulo, e Peeta olhar para ele com um olhar assustado. – Desculpe interromper, mas é que o senhor Finnick está no telefone, ele disse ter ligado para o seu celular, mas não conseguiu falar com o senhor...

— Ah, eu o deixei no quarto, eu vou ver o que ele quer... – ele disse se levantando do chão, mas antes de se afastar, ele voltou a olhar para mim. – Depois terminaremos a conversa, tudo bem? – ele disse, e eu apenas assenti com a cabeça.

Então Peeta fora se afastando com o mordomo, e eu fui me sentindo tonta, enquanto ainda tentava digerir tudo que estava acontecendo, principalmente os meus sentimentos.

***

Após alguns minutos, eu entrei em meu quarto, ainda a minha cabeça girava, e eu decidi tomar um longo banho para tentar esquecer um pouco tudo que está acontecendo, já que pensar tanto em Peeta já estava esquentando demais a minha cabeça.

Depois de sair do banheiro, já vestida com um roupão branco, eu ouvi um barulho de bater de porta. Pedi para que a pessoa entrasse, e então avistei Peeta, sorrindo levemente para mim, ele ficou parado alguns segundos na porta, apenas me olhando, até então entrar por completo no quarto e fechar a porta atrás de si.

— Oi! – ele me cumprimentou.

Eu sorri para ele, ao mesmo tempo em que senti meu rosto esquentar, por apenas estar de roupão.

— Oi! – falei.

— O Finnick nos convidou para jantar na casa dele, ele disse que tem algo importante para falar, Annie, a noiva dele também estará lá, se você não se incomodar...

— Não, claro que não, Finnick sempre foi muito legal, e a noiva dele também parece ser uma boa pessoa também...

— É! – Peeta concordou. – Eles são mesmo, e então, podemos sair ás seis e meia? Pode ser? – ele perguntou e então sorrindo, assenti com a cabeça.

Nós nos olhamos por alguns segundos, intactos, até que então, após alguns segundos, Peeta pareceu voltar em si.

— É, então eu já vou, para você, ahm... Se trocar! – ele disse, enrolando nas palavras, não consegui deixar de sorrir.

— Está bem! – concordei, então fiquei observando Peeta se virar e sair do quarto, fiquei alguns segundos ainda parada apenas sorrindo de um jeito idiota, acho que por quase um minuto.

***

Optei me vestir com um vestido preto, joguei os meus cabelos escuros para o lado e passei uma maquiagem discreta, assim que sai do quarto e desci as escadas já encontrei Peeta na sala de estar me esperando, assim que ele me viu, levantou-se do sofá e ficou me olhando com um sorriso no rosto, ele se aproximou da escada e pegou minha mão, assim que cheguei ao ultimo degrau.

— Você está lindíssima sabia? – ele me elogiou. Meu sorriso se alargou.

— Obrigada... – agradeci, e olhei-o com mais atenção, ele estava com uma calça formal e uma camisa branca. – Você também está muito bonito... – o elogiei.

Ele soltou a minha mão, para colocar a sua mão em meu rosto, acariciou-o e me deu um selinho de leve. No mesmo momento em que Valerie entrou na sala de estar, e se aproximou com um sorriso amável no rosto.

— Ah é tão bom ver que vocês estão bem e se entendendo... – Valerie disse, pelo sorriso parecia realmente estar feliz por nós.

— Sim estamos bem e apaixonados como nunca... – ele falou, olhando para mim. No mesmo momento senti meu rosto esquentar. – Bom, nós já vamos para casa do Finnick!

— Tenham um bom jantar! – ela desejou, e ainda ficou ali na sala observando nós darmos ás costas e sair da sala de estar.

Fomos até o carro de Peeta, ele abriu a porta para mim, e depois deu a volta para entrar no carro, eu entrei, coloquei o cinto e fechei a porta, depois olhei para Peeta, e fiquei observando ele ligar o carro, e começar a dirigi-lo, desviei o olhar para janela e fiquei observando o caminho, até sentir uma das mãos de Peeta ser colocada em cima da minha, ele apertou-a de leve. E então suspirei, olhei para ele e trocamos sorrisos, eu não pude deixar de notar, que cada sorriso que trocávamos eram mais largos, e talvez. Apaixonados?

***

— Peeta... Katniss! Que bom que chegaram... – Finnick exclamou, assim que abriu a porta para nós, ele deu passagem para que pudéssemos entrar na casa, olhei a minha volta, e sorri. Realmente a casa era grande, não tanta, quanto á mansão de Peeta, mas também não teria essa necessidade, já que morava bem menos pessoas ali, do que na casa de Peeta.. Desviei o olhar para Annie, e vi que ela sorria para nós, ela usava um vestido branco, e estava com os seus cabelos soltos e ainda estava bem maquiada, era um conjunto perfeito, pois Annie é muito bonita, e ainda já havia demonstrado ser uma mulher simpática e muito amável. Eu senti Peeta colocar o braço em volta do meu ombro, enquanto sorria para Finnick e Annie.

— Muito obrigado por aceitarem o convite... -disse Finnick.

— Como não iriamos aceitar? - comentou Peeta com um sorriso no rosto. - Não conseguiria dizer não para você, você é como meu irmão...

— Sim e é por isso mesmo que chamamos vocês aqui... – Finnick falou, também se aproximando de Annie e colocando o braço em volta da cintura dela. Acho que no momento nem Peeta e nem eu conseguimos entender.

— O que? – Peeta perguntou, franzindo as sobrancelhas. – Não entendi!

— Bom, nosso casamento já está chegando e queremos fazer um convite a vocês... – Annie começou.           

— Que vocês sejam nossos padrinhos de casamento! – Finnick completou.

E então Peeta e eu nos entreolhamos, com sorrisos no rosto.

— Claro! Iríamos adorar, quer dizer, eu iria me sentir ofendido, se não fosse convidado para ser seu padrinho! – Peeta falou, me soltando para ir até Finnick, e lhe dar um abraço.

— Você sabe amigo, que eu não poderia convidar outra pessoa... – Finnick falou, correspondendo o abraço, e Annie e eu ficamos olhando para eles, com leves sorrisos no rosto.  – Bom, então vamos comemorar, e jantar!

***

O assunto do jantar não podia ser outra coisa que não fosse casamento, Annie e Finnick estavam animados e falavam sobre os preparativos, e claro, Annie não podia deixar de falar sobre o vestido de noiva, ela até mesmo me convidou para que eu fosse com ela experimentar o vestido, isso na semana que vem. Eu não pude dizer não, alias, eu achei a ideia ótima, pois sempre adorei vestidos de noiva.

O jantar estava agradável, a comida era ótima assim como da mansão, agora, Annie falava sobre a pequena festa que faria na despedida de solteira, quando, de repente o celular de Peeta tocou, ele chegou a pedir desculpas, se levantou da mesa e deu as costas, dando apenas alguns passos para frente para atender o celular.

Todos nós ficamos olhando para ele, e não demorou muito, para que ele desligasse a ligação e me olhasse, com um olhar, que logo entendi que ele tinha algo para me falar. Meu coração no mesmo momento disparou.

— Peeta, está tudo bem? – perguntei.

— O seu pai, ele já foi encontrado... – Peeta falou, eu entreabri os lábios, surpresa pela rapidez do detetive, porém o que eu não entendia é porque Peeta não estava sorrindo.

Continua...


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