Urso estava de frente para o monitor do computador escrevendo relatórios de suas missões especiais.

 De repente a tampa de seu relógio de pulso se abriu.

A voz de seu chefe logo foi ouvida.

—Agente Especial Urso. Aqui é o Sr Dos. Queria lhe avisar que a agente Christine chegará aqui em cinco minutos. Esteja preparado para matar a saudade!-disse Sr Dos.

A Christine está voltando! Não acredito.” Pensou empolgado.

Saiu correndo em direção a estação de trem e permaneceu ansioso esperando pela chegada do trem.

Ao ver Casey Junior chegando, Urso se  segurou para não dar um pulo em Christine e lhe dar um abraço.

—Hola, Oso.- Disse  a tartaruga com uma visível empolgação quando esta desceu do trem e se paroximou de Urso, que a surpreendeu com um abraço demorado

—Como foi a viagem?- Perguntou curioso, não conseguindo se segurar de tanta alegria ao ver sua parceira de volta.

—Ótima. Fizemos uma reunião com a chefe e conhecemos os Guardiões –Respondeu a tartaruga com um sorriso deslumbrante.

—Os Guardiões?- Perguntou Urso curioso.

—Si. Você conhece eles não é ? o Papai Noel, a Fada do Dente, o Sandman e o Coelho da Pascoa.-disse Christine.

Urso então lembrou-se deles.

Os personagens das lendas que as crianças gostavam de manterem vivos em suas imaginações férteis e cheias de fé.

—Ah sim. Eu sei sobre eles.- Declarou o panda quando se lembrou da possibilidade de um deles  ter estado na agencia Unique anteriormente.

—Você é o agente especial Urso não é? Ouvimos falar muito de você - Ouviu se uma voz e Urso procurou em volta procurando quem seria a dona daquela voz.

Christine abriu o case de um iPad revelando a câmera frontal direcionada para o urso panda e ele viu algo que parecia ser igual a o que seu chefe fazia.

Porem ao invés de serem ondas sonoras, havia uma bolinha colorida saltitante.

Urso ficou levemente desapontado.

Afinal tinha curiosidade de conhecer a chefe do Esquadrão da Justiça.

—Sim. Eu sou o urso. E você...?- perguntou Urso curioso,inclinando a cabeça ao encarar a bolinha na tela do iPad.

—Eu sou a chefe do esquadrão da Justiça. Meu nome é Delilah.- respondeu a bolinha ficando colorida como um arco iris multicolorido.

Ela explicou para os dois que, naquela tarde, a agencia Unique e o Esquadrão da Justiça desapareceria da Terra.

E ficaria instalada em outro lugar distante e inalcançável onde os agentes do governo humano com a intenção de exterminá-los, nunca mais poderiam encontrá-los.

— E onde nos ficaremos instalados agora?-perguntou Urso.

—Exatamente aqui. – respondeu Delilah mostrando um mapa na tela do iPad.

Nele era possível ver a agencia da Unique ao lado de um lindo castelo colorido e com uma enorme placa que dizia Polo Norte.

Urso então se lembrou sobre a historia do Norte, um espadachim foragido da lei que após se tornar aprendiz de um magico que fabricava brinquedos para crianças de um vilarejo que não permitia que brincassem.

"Ele não parece o bom velhinho que todos retratam nas historias natalinas. Ele é tão forte que poderia erguer uma pedra com um dos braços." Pensou urso ao olhara a imagem de Norte exibida na tela do dispositivo eletrônico.

Ouviu-se um sinal do alerta especial de Guia Palm.

A tampa do relógio de pulso se abriu e Sr Dos explicou aos dois agentes como a missão especial iria ser executada.

—Sua missão especial, Christine, é levar o pequeno Jafar para o primeiro dia na escola nova.

—Boa sorte em sua missão especial , Christine. - disse Delilah e a tela do iPad foi deligada.

Urso colocou o telecomunicador na jaqueta vermelha que a tartaruguinha estava usando e a pequena pixie persocom voltou a se instalar no pequeno aparelho.

Os agentes se prepararam para aquela missão especial.

***********

“Foco,Christine. Você precisa se concentrar em se lembrar das suas três etapas especiais .”

E assim ela ficou repetindo aquele mantra enquanto segurava a mão do menino que havia pedido auxílio para ir de ônibus na escola sozinho.

Nada estava acontecendo enquanto eles esperavam o ônibus 615.

Um ônibus preto e marrom que tinha como destino levar as crianças na escola.

Jafar era o nome do menino.

E não, não era o vilão do filme Aladdin da Disney.

Ele era um anjinho indiano em forma de criança.

Seus cabelos castanhos eram  encaracolados e macios, seus olhos eram gentis e sua voz era suave como uma pluma.

Era o seu primeiro dia de aula.

E para,Jafar indo para a escola sozinho era surreal.

E emocionante.

E um pouco sufocante.

Tudo ao mesmo tempo.

Jafar aperta a mão de Christine com mais força buscando mais confiança e conforto naquele toque suave e carinhoso.

E a agente retribui.

Um barulho de motor chega nos ouvidos de ambos.

Christine faz um sinal de seta com a mão para o motorista parar.

O ônibus freia lentamente.

As portas se abrem.

O menino sobe as escadas seguido pela tartaruguinha de cabelo avermelhado e pele morena como chocolate.

—Buenos dias, motorista ! – diz Christine.

—Bom dia.- diz o funcionário  com um sorriso para os dois.

Eles chegam até a cobradora.

Ela reconhece Christine com o olhar.

—Agente Christine! Que prazer em rever você. Está aqui em uma missão especial?-perguntou a garota.

—Sim, Agatha. Eu estou ensinando Jafar a pegar o ônibus sozinho.-respondeu a tartaruguinha depois de ler o nome dela disposto no crachá que ela estava usando.

—Anh... moça , o que tenho que fazer para passar na catraca?!- pergunta o menino inseguro.

—Você precisa só passar o cartão escolar nesse sensor de cartões ,  que daí ele irá destrancar a roleta para você passar. -explicou Agatha ao pequeno garoto,fazendo uma demonstração com o cartão e girando a catraca.

O menino procura em seu bolso da jaqueta e encontra o cartão.

Ele insere o cartão e uma setinha verde acende para ele passar.

Ele passa sem problemas para o outro lado.

Já para Christine que não tinha esse privilégio, ela tira do bolso do colete uma nota de três dólares que eram o preço da passagem para os passageiros normais ( ou especiais como ela).

Ele também consegue passar.

—Muito bem , Jafar. Aonde você gostaria de se sentar?!

—Ali,  naquele banco que fica perto da porta.

Os dois vão andando procurando se equilibrar enquanto o ônibus começa a se movimentar dando um rude solavanco e com um som estridente dos freios, volta a seguir a estrada .

Quando eles se sentam, ambos olham pela janela  vendo as lojas, as árvores e as pessoas ficando para trás.

O ônibus treme e balança conforme acaba passando pelas lombadas e buracos da estrada seguindo cada vez mais depressa.

O menino pega os fones do seu smartphone e conecta-os em seus ouvidos numa música instrumental que servia de calmante quando estava em lugares diferentes.

Enquanto isso , Christine está alheia vendo as coisas passando pelos seus olhos pensando naqueles que estavam esperando pelo seu êxito.  

O ônibus para.

E várias criancinhas da idade do Jafar vão subindo quando, de repente, um ônibus com o  freio quebrado veio em uma velocidade sobrenatural.

Se Christine soubesse o que estava para vir...

Ela não teria levado o menino para pegar o ônibus .

Ela teria chamado o Urso como Avicóptero para levar o menino até a escola.

Quem sabe no carro possante de Urso, que continha o numero 6 pintado no capô.

BUM!

CRASH!

O barulho dos dois ônibus se chocando soa como um estrondoso trovão. Quase como se fosse uma bomba.

Milhares de passageiros são jogados para a frente do ônibus.

Alguns caem nos degraus.

Outros ficam em cima dos outros.

Uma nuvem de poeira.

Estilhaços de vidro caem sobre todos os passageiros caindo até nos lábios, embaixo de suas roupas e calçados.

Até mesmo nos bolsos de quem estava a usar casacos.

Gritos!

Gritos de crianças e adultos são ouvidos.

 A parte de trás do ônibus está totalmente amassada.

Os bancos destruídos e fora dos lugares onde antes costumavam ficar.

A primeira coisa que Christine escuta antes de pensar em desmaiar são os gritos histéricos de seu protegido Jafar.

—JAFAR.JAFAR! ACALME- SE ... ESTOU AQUI COM VOCÊ.- grita a agente sentindo-se culpada e  desesperado e querendo sair dali com o menino.

Seus olhos verdes brilhantes como duas esmeraldas na luz dos sol procuram desesperadamente o menino.

E então ela se lembra que no ultimo minuto aonde ele estava graças a sua memoria para se recordar de acontecimentos anteriores

E graças aos céus, todos estavam salvos.

—Onde você está ?- Diz o menino querendo o conforto de sua amiguinha tartaruga.

Por sorte , Jafar apenas havia sido lançado para a porta .

Mas só havia batido a cabeça.

Não estava ferido.

De repente, um barulho de vidro se quebrando é ouvido outra vez.

Mas desta vez é da janela de emergência.

—CHRISTINE? CHRISTINE?- Gritou uma voz que tartaruguinha reconheceu como ninguém.

Kelly,Manny e as ferramentas estavam ali.

Sorriu ao vê-los e lembrou-se de quando Urso a levou para conhecê-los.

—Estamos indo, meus amigos. – gritou Manny empurrando a janela com a ajuda dos outros passageiros.

—Crianças , saiam todos por aqui.- Gritam Dotty e Wolfie.

Todos os agentes juntamente dos guardiões, que haviam sido convocados pelas agências, foram pegando as crianças e adultos que Christine entregava através da janela de emergência.

E eles foram levando todos nas ambulâncias para terem seus primeiros socorros.

Enquanto isso Christine estava lá dentro.

Ela queria ser a ultima a sair dali.

Mas o que ela não esperava era que um pedaço solto do teto do ônibus resolvesse cair no exato momento em que estava saindo pela janela.

—CHRISTINE!- gritam seus amigos em desespero.

Christine não pôde ver o que estava acontecendo e entrou em mais completo desespero.

Mas foi então que Dotty, Wolfie, Luna, Sr Dos e Musa viram dois vultos que se aproximaram ligeiramente.

manny tambem procurou por Turner, a chave de fenda roxa.

Mas não conseguia mais achá-lo.

—Ele sumiu.- exclamou Manny completamente confuso.

As outras ferramentas também se deram pela falta do amigo.

 E tudo que se ouviu foi o soar das cordas de um bandolim japonês que evocou um campo de força que continha energias calmantes que deixaram as crianças e adultos afetados pelo acidente um pouco mais calmo.

 Seguido pela voz de um homem que evocou dois dragões azuis cravados na tatuagem de seu braço.

“Ryuu ga waga teki wo kurau”

Christine não conseguiu se mexer a tempo, mas seus olhos captaram as cores vermelhas e azul saírem do corpo do pequeno do garoto e do homem enquanto eles agiam.

Seus olhos se fecharam sem ter a oportunidade de ver Hanzo e seu filho Kubo envolvendo o seu corpo tirando –a a tempo de não ser esmagada pelo teto solto.

—Vamos até lá, Norte.  Tenho que salvar ela. Minha parceira.- declarou Urso agarrando ele pelo braço querendo salva-la de qualquer maneira.

Urso não sabia, mas ela já havia sido magicamente transportado para outro lugar.

Porem algo caiu do bolso do casaco de Norte e fez algo que ninguém esperava que fosse acontecer.

Um globo de neve abriu um portal que sugou Urso, levando-o para um lugar que os agentes nem sabiam que realmente existia.

************

Christine abriu os seus olhos.

E bem devagar , ela viu um elefante dançando diante de seus olhos.

“Um elefante rosa!”

 Ela sacudiu a sua cabeça diante dessa alucinação e abriu os olhos de novo.

 Estava dentro do seu querido amigo trem Rapide, que estava em pleno movimento na estrada de ferro e soando o seu apito alto sobre as montanhas.

 Deitada em sua cama entre as cobertas.

Novamente viu o homem e o pequeno  garotinho sentado em seu colo. Hanzo estava lendo um livro para Kubo na poltrona ao seu lado.

Reconheceu o livro de imediato pela capa: Mulan.

Era uma de suas histórias preferidas.

—Turner? É você?- perguntou Christine olhando para ele e se lembrando das historias que Urso havia contado sobre aquele dia da missão especial com Manny e as ferramentas.

—Sim,Christine. Sou eu. Mas meu nome, nesta forma é Hanzo. E este é meu filho, Kubo. -Explicou, acompanhado de um pequeno garoto de quimono vermelho, que usava um tapa olho e carregava um bandolim nas costas

Christine foi ver como estava o seu corpo quando viu um band-aid em seu pulso esquerdo.

Ela sentiu um arrepio e a sua cabeça doer quando por um flash de segundo o acidente passar diante de seus olhos , outra vez.

—Como está Urso e os outros?- Perguntou com uma voz cansada, gemendo de dor.

O pequeno garoto entregou a ela um copo de água e um comprimido contra a dor.

—Christine, fique calma. Todos os agentes da Unique, estão no novo laboratório da agência, trabalhando e ótimos depois de você ter passado por esse... esse...

—Acidente!- disse ela em desespero.

—Isso. Jafar está bem. Só precisou tomar uma injeção no bumbum e está a salvo. Graças a você. admitiu. -  Mas o Urso foi sugado por um portal dos globos de neve do Norte quando de repente quis te salvar.- Contou Hanzo pacificamente.

Christine mordeu os seus lábios, sua garganta fechou a respiração e de seus olhos saíram lagrimas de tristeza e arrependimento.

"Se não fosse por mim aquele acidente provavelmente não teria acontecido." Pensou em desespero.

A culpa é minha é minha culpa isso tudo.

 Estava se sentindo tão culpada, mas tão culpada que achava que teria sido melhor ela não ter sido agente especial da Unique.

Hanzo e Kubo sentam-se na cama , pegam o seu rosto com suas duas mãos e olhou fundo nos olhos de Christine quando disseram:

— A culpa não é sua! Você foi ótima lá. Ninguém teria se saído tão bem quanto você!É isso que você precisa entender. - Ponderou Hanzo com a intenção de faze-la pensar no quão boa ela havia sido ajudando a salvar as crianças daquela hora de caos e desordem.

—Mas, mas... –Tentava dizer soluçando as palavras.

—E se fosse o Urso que estivesse lá? E se aquele teto tivesse caído em cima dele, ao invés de ser sugado por um portal? O que você faria? -perguntou Hanzo, fazendo-a pensar naquela horrível possibilidade.

Christine abraça seus dois novos amigos e chorou soltando todo o seu medo que sentiu.

Hanzo, não acostumado com demonstrações de afeto, ficou chocado no inicio, mas depois correspondeu ao carinho sentindo aperto no coração e ouvia Kubo repetir para Christine:

—Não foi sua culpa.

Os três ficaram abraçados como irmãos, Hanzo e Kubo estavam agradecidos por Christine estar viva.

Rapide, o trem bala de repente parou.

 Eles haviam chegado na nova localização da  Unique.

—Tenho que ir ,agora. - disse Hanzo pegando na mão de seu filho.

—Tá. A gente se vê por aí, não é?- perguntou Christine esperançosa.

Hanzo assentiu com a cabeça, mas Kubo acrescenta:

—Christine, lembre-se  de sorrir para  o Urso assim que ele voltar.-Aconselhou o garotinho para a tartaruguinha.

—Mas. Para aonde ele foi parar?- Perguntou Christine, voltando a ficar desesperada.

—Ele está aqui - Respondeu Guia Palm que saiu da tela do telecomunicador se aproximou e  mostrou a ela aonde Urso estava em um mapa digital.

Era possível localizá-lo graças a um chip localizador que fora inserido  em seu colete.

Christine sentiu-se aliviada.

Sorriu e deu um abraço bem apertado neles, antes de desaparecerem em meio a uma nuvem de fumaça azul e vermelha.

E o som do bandolim novamente foi ouvido.

A tartaruguinha percebeu que aquele era um som musical lindo e mistico que trazia uma magia benéfica.

A paz interior.