Sequestrada - Número 1970 escrita por Carolina Muniz
Notas iniciais do capítulo
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¤ Capítulo 7 ¤
Você amaria meus soluços tristes e a minha lágrima na garganta?
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Um anos depois
New York, Federal Bureau of Investigation, 12:31
Christian estava cheio de trabalho aquele dia. Eram casos e mais casos para revisar porque o chefe chegaria no outro dia, e tudo precisava estar mais do que perfeito. Pessoas desaparecidas, mortes inexplicáveis, ameaças. A cabeça dele parecia querer explodir.
Ele abriu a gaveta da mesa e pegou o papel. A folha já estava quase rasgando de tanto que ele dobrava e desdobrava. Mas aquilo o acalmava. Era apenas um desenho, mas um desenho incomum. Ele nunca havia visto ninguém desenhando daquele jeito, com tanta suavidade nos detalhes, sem rigidez ou preocupação. Era estranho o fato de que as imperfeições era exatamente o que fazia o desenho ser perfeito.
— Senhor? - alguém chamou, abrindo uma fresta da porta.
Christian levantou a cabeça, com um olhar mortal para quem quer que o estivesse atrapalhando.
— O que é? - ele perguntou, de mal-humor.
Terence, o novo estagiário, tremeu e sua mão suou na maçaneta de porta.
— Tem uma pessoa querendo vê-lo - ele disse, sem muita segurança na voz.
— Quem?
— É uma mulher. Não quis se identificar, disse que é urgente. É uma queixa.
Christian revirou os olhos.
— Mande-a para outro. Eu estou ocupado.
— Mas ela disse que não vai sair daqui enquanto não falar com o senhor.
Christian bufou, com raiva. Todos falavam isso. Às vezes ter tanto sucesso nos casos era uma tremenda falta de sorte, só atraía mais casos, mais trabalhos.
Terence ainda o encarava, as pernas balançando. Christian odiava esses estagiários medrosos. Como podiam entrar para o FBI com toda essa covardia?
— Mande-a entrar - ele disse, colocando a folha na mesa.
Terence balançou a cabeça e saiu.
Em segundos, uma mulher loira, simples e com um coque na cabeça entrou na sala. Ele estava prestes a enviá-la para outro detetive quando realmente olhou para ela. A mulher parecia nervosa, suas mãos tremiam, seus olhos denotavam um certo desespero. Christian se levantou e indicou a cadeira para a moça. Ela se sentou, completamente atrapalhada.
— A senhora está bem? - ele perguntou.
— Sim, eu só... Eu preciso ser rápida - ela disse, colocando uma mexa de cabelo que se soltou atrás da orelha.
— Tudo bem - ele disse, voltando a se sentar. - Pode falar.
Ela respirou fundo e abriu a boca, mas algo chamou sua atenção.
— O que é isso? - ela perguntou, apontando para o desenho.
Chistian olhou para baixo e depois para ela.
— Nada - ele respondeu.
— Eu posso? - ela perguntou, estendendo a mão.
Ele ficou confuso, não pela mulher pedir para ver o desenho mas sim pela sensação de invasão de privacidade que sentiu ao imaginar alguém pegando-o.
— Cla-claro - ele disse, enrolando mas palavras.
Ela pegou o desenho e o analisou. Havia um nome da borda, um único nome.
— Onde o conseguiu? - ela perguntou.
— Eu encontrei.
— Não foi alguém que te deu?
— Não, por quê? Você sabe quem desenhou?
De repente ele estava mais interessado no que a mulher sabia sobre o desenho do que o que ela realmente precisava dizer.
— Hã, não. Bem, não sei. Acho que todo mundo desenha assim... Mas, esse desenho... Eu nunca o vi, mas os traços... O jeito de se encontrarem um no outro... - ela dizia, pensativa. - Eu tenho a sensação de saber quem o desenhou.
— Quem?
— Uma menina. Eu a conheço... Na verdade, é sobre ela que eu preciso falar - ela disse, o encarando de repente, como se tivesse se lembrado do motivo para estar ali.
Christian esperou. A mulher colocou o desenho delicadamente sobre a mesa, como se ele fosse algo muito valioso. Era o mesmo jeito em que Christian tratava aquela folha amassada.
— A mãe dela foi assassinada e ela foi sequestrada por um psicopata. Todos acham que ela está com uma tia que nunca ouviram falar. Mas ela não está. Ela está com um homem horrível, que a mantém em cativeiro há meses. Ele fez coisas terríveis - a mulher disse, com as lágrimas escorrendo pelo rosto.
— Como sabe disso? - ele perguntou.
Christian se lembrava bem de quando encontrou aquele desenho. Aquilo já fazia um ano...
*Flashback*
Christian havia acabado de sair da agência, aquele lugar já estava o enlouquecendo. Não era possível que ele não conseguia encontrar o homem que sequestrou uma menina à dois anos? Ninguém consegue se esconder por tanto tempo! Ele dirigia pelas ruas de Nova York, tentando pensar. Dirigir sempre o ajudava a pensar. Seu coração quase saiu para fora quando um garotinho correu no sinal ver. O carro parou rente a ele, e uma garota foi até ele, mortificada por não ter o visto. A educação venceu a arrogância quando ele percebeu suas coisas no chão enquanto ela verificava a criança.
Algumas palavras e ela saiu rapidamente, pegando o menino pela mão e atravessando a rua. Ele se virou e então percebeu um papel dobrado no chão. Com certeza havia caído do livro. Ele o pegou e abriu. Era apenas um desenho. Um desenho comum, de um menino - que ele reconheceu ser o mesmo que quase atropelou - com um controle nas mãos, e um carrinho vermelho no chão. Ele podia ver a necessidade de alguém fazer aquele desenho. A felicidade do menino não tinha preço.
*Flashback*
— Como sabe disso? - Christian repetiu a pergunta, voltando a realidade.
A mulher desviou o olhar.
— Não vou perguntar novamente - ela se virou para ele.
— Eu apenas sei. Vi essa menina desenhar durante meses. Ela é úncia. Não dá para confundir esses desenhos... - ela encarou o papel na mesa. - Ela é uma ótima garota. Não merece o que está vivendo. Ninguém mereceria.
Christian se levantou e pegou o telefone.
— Senhor? - Andréa perguntou, sua secretária, do outro lado da linha.
— Preciso do Elliot e da Kate aqui agora! - ele disse e colocou o telefone de volta no guincho. - Sabe onde ela está? - questionou a mulher.
— Sim, eu posso lhe dar todas as instruções. Mas por favor, não diga que fui eu. Tenho dois filhos para criar, e uma mãe doente - ela voltou a chorar. - Se ele descobrir...
— Ninguém vai saber sobre você, mas você ainda tem muito o que explicar. Elliot e Kate são de confiança.
Neste momento eles entraram. Elliot parecia ter acabado de acordar. E Christian suspeitava que ele realmente estivesse dormindo, era o que ele fazia de melhor. Kate estava a mesma de sempre, com sua calça preta e justa, suas botas e o cabelo loiro preso em um rabo de cavalo que dizia "não ligo para o meu cabelo como essas menininhas fúteis", mas Christian sabia o quanto ela demorava para fazer aquele visual de "estou nem ligando".
— E então? - Kate perguntou, fechando a porta atrás de si.
— Parece que temos mais um caso - Christian murmurou.
— Cadê o relatório? - Elliot perguntou, jogando-se na poltrona encostada na parede.
— Não, este é diferente. Vamos sozinhos. Não temos certeza de nada – Christian informou.
— Como assim? Vamos despreparados? - Kate perguntou.
— Não, apenas vamos sem reforços. Nunca estamos despreparados. Não vou alarmar todo mundo sem provas, mas também não vou esperá-las chegar - Christian disse.
— E o que fazemos? – Elliot perguntou.
— Qual é o seu o nome? – Christian perguntou à mulher sentada na cadeira.
— Sarah, Sarah Slader – ela respondeu.
— Você vai nos dizer o local, e vai conosco.
— Eu preciso voltar para os meus filhos – a mulher disse.
— Não, vai conosco, como eu disse você tem muito o que explicar. Seus filhos ficarão em segurança.
Ela assentiu, a contra gosto, porém, já tinha decidido, e não havia como voltar atrás.
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Maaaano