Outono escrita por Douglas Nôu


Capítulo 1
One-shot: Como eu conheci o amor


Notas iniciais do capítulo

Yo minna!
Bem, essa é minha primeira one-shot, a qual amei escrever, e espero escrever muitas outras.
Bom, é de vocês.



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Era uma tarde fria de outono, o vento espalhava as folhas secas pelo chão e trazia a brisa de muitas outras histórias de amor. Eu não era totalmente desacreditado do amor, eu apenas não sabia como defini-lo. Bem, acho que a maioria das pessoas não sabem né. Mas ainda que eu não consiga realizar tal façanha, eu consegui senti-lo, é achismo, eu sei, mas se o que está guardado em mim não for amor, bom, então é melhor cometer suicídio.

Essa é a história de como encontrei a pessoa do outro lado do fio vermelho do destino, ou minha alma gêmea, ou a pessoa certa, ou simplesmente minha Hinata, minha meiga, doce, maravilhosa, linda e tímida Hinata. Como eu disse antes, foi numa tarde fria de outono, mas vamos do início.

Meu nome é Naruto, moro numa cidade onde o local mais badalado é um supermercado. Você deve pensar o quão chato deve ser esse lugar, e tem razão, mas tudo é uma questão de perspectiva, e para um cara como eu, o céu noturno basta. Aqui é litoral, mas as pessoas quase nunca estão na praia, eu sei, é meio contraditório. Bom, não sou apegado a coisas como smartphones ou internet, sempre achei que fosse perda de tempo (ainda que não completamente), nunca fui muito social, amigos? Posso contar nos dedos, popularidade? Prefiro não falar sobre isso. Em suma, se essa história não fosse contada por mim e fosse um mangá, eu seria o figurante que serve de plano de fundo nas cenas menos importantes da vida, prazer, eu sou o otário.

A questão é que, apesar de todo “figurantismo” imaginado para mim, em algum momento da vida precisamos viver e contar nossas próprias histórias. E a minha é rodeada de magia, por que tudo que envolve a morena tímida dos olhos de lua é mágico, dos seus encantos aos seus segredos, ela é a minha resposta para o que é o amor, a personificação do significado. Por ela eu começaria uma guerra.

Tudo começou quando eu estava indo para a escola, a única escola da cidade, o que não a fazia necessariamente ruim, na verdade, estava entre as quinze melhores do país. Eu levantava cedo todas as manhãs, ajudava meu pai a regar a horta e alimentar os animais e escrevia exatamente duas mil palavras do romance que eu jurava tornar um best seller um dia, sim, eu amo leitura, amo ficção, amo escrever. Naquele dia em especial, o sol parecia mais bonito, as pessoas pareciam mais sorridentes. Depois de tomar café, iniciei minha caminhada matinal rumo à escola, sempre com um bom livro na mão e uma maçã doce e vermelha na outra. Era quase um ritual, depois de ler cinco ou seis páginas, Sasuke aparecia e começávamos a conversar.

— Você parece mais sem graça hoje que de costume.

— Vá à merda.

— Sabe que não é saudável falar essas coisas tão cedo pela manhã né?

— O que eu posso fazer? Nasci um boca suja mal humorado.

— É por isso que você não faz sucesso com as garotas.

— Por que fazer sucesso com as garotas agora? Se elas vão fazer filas e mais filas para conseguir meu autógrafo daqui uns quatro anos ou menos?

— Você não desce mesmo do salto né.

— Sasuke, meu caro amigo, eu já nasci no salto.

— ...

— ...

— ...

— ...

— ...

— Você sabe que isso soou esquisito né?

— Eu sei. – O infeliz deu aquele sorrisinho a la Uchiha. – Isso fica entre a gente?

— Claro.

— Valeu.

— Que não.

— E ainda me pergunta por que te mando tanto ir se foder.

Quando enfim chegamos na escola, Sasuke me deixou e foi ao encontro da namorada. Ele é meu melhor amigo, o ás do time de baseball, o astro da escola, acho que muito provavelmente da cidade. Apesar de todo prestígio de seu nome, e de toda sua popularidade com todo mundo, nosso maldito, digo, querido amigo não abria mão da nossa amizade, e isso senhoras e senhores, é o que chamamos de “O Cara”. Enfim, todo esse momento aparentemente supérfluo foi muito importante, por que foi exatamente no instante em que vi o moreno idiota agarrando a namorada pela cintura que percebi, bem ao lado do casal sensação, atrás de um pequeno arbusto, um stalker, melhor dizendo, Hinata. Claro, não fazia a menor ideia de quem era aquela pessoa naquele exato momento, muito menos se essa pessoa estava me espionando ou espionando Sasuke, e preferi acreditar na segunda opção, afinal, como eu disse antes, prefiro nem falar sobre popularidade.

As aulas seguiram normalmente, como sempre, minha cabeça estava em outro lugar. Normalmente, eu estaria ocupado pensando em meu romance, viajando até o futuro e me vendo assinando mais e mais autógrafos, sorrindo a belas garotas da cidade, rodeado de belas pernas e belos seios. No entanto, minha cabeça não estava onde deveria (eu sei o que você está pensando, deveria estar na aula), pensava no stalker do arbusto. Aquela silhueta não era a de um garoto, tinha certeza que era apenas mais uma das milhares de fãs do Sasuke, mas por um breve segundo tive a certeza de que estava olhando para mim. “Naruto seu taradinho, para com isso.”

Quando bateu o intervalo, como de praxe, caminhei até meu local secreto. O prédio da escola era um tanto antigo, por conta da última grande reforma sofrida por ele, alguns locais foram proibidos de serem frequentados pelos alunos, e é claro que eu passava meu intervalo num desses locais. Um romancista precisa estar sempre rodeado de excitação, eu quero excitação, meu coração anseia por esse perigo! Bom, se eu fosse pego, levaria no máximo uma suspensão, mas fantasiar não faz mal né?

O local em que eu ficava era uma velha construção parecida com uma torre de vigilância militar, algo meio sem lógica, levando em conta que aquele campus era uma escola. Enfim, subi as escadas e me deitei no chão de madeira. A sensação do vento batendo em meu rosto era muito gostosa, quase como um beijo, como se o outono estivesse me abraçando, sussurrando promessas que seriam impossíveis que seriam esquecidas quando o sinal de fim do intervalo tocasse. Puxei meu caderno do bolso, pilhas e mais pilhas de cenas vinham à minha mente, precisava escrever. E então, como um adolescente que acaba de descobrir a masturbação, perdi o controle das mãos e as palavras foram nascendo nas finas folhas de papel. Num pequeno instante em que procurei as palavras certas, meus olhos varreram a plantação ao meu redor, e qual não foi minha surpresa ao ver a mesma silhueta de mais cedo escondida atrás dos arbustos? Num ímpeto de um sentimento desconhecido, desci as escadas quase num salto só e corri até ela, finalmente pegaria o stalker.

Acontece que a pessoa que me vigiava era bem mais conhecedora daquele local do que eu, não encontrei ninguém atrás do arbusto. Talvez eu estivesse louco, pensei na hora, mas encontrei uma correntinha de ouro caída em meio as folhas secas, tinha um pequeno pingente de lua pendurado nela. Só pude suspirar, o horário bateu e tive que correr para não me atrasar.

As aulas seguiram o ritmo lento que elas sempre têm depois do intervalo. A corrente dourada dançava entre meus dedos, tomando minha atenção e me fazendo imaginar quem seria a dona daquele pulso tão fino. Uma garota com um pulso tão fino provavelmente tinha um corpo delicado, de curvas suaves, cabelos longos com um cheiro de flores do shampoo mais floral. Sim, a dona daquela correntinha devia ser uma beldade, com belas pernas escondidas pelas meias do uniforme, com belas coxas cobertas pela saia xadrez, saia que guardava seus mais belos e valiosos segredos. Droga! É por isso que eu não faço sucesso com as garotas! Quem fantasiaria com a porcaria de uma correntinha de ouro?

Quando o final das aulas foi anunciado, guardei minhas coisas e enfiei a mão na bolsa à procura do meu caderno. Enfiei as mãos nos bolsos, procurei embaixo da carteira, perguntei à Sasuke. Droga! Droga! Droga! Deixei a mochila jogada ali mesmo e corri pelos corredores do enorme prédio, havia pouca gente, o crepúsculo já começava a avermelhar o céu. Lembrei então do único lugar onde poderia ter deixado meu romance, era tão óbvio que chegava a ser clichê. Àquela altura já não tinha pressa alguma, seguro de que ninguém iria até lá, a não ser a garota stalker! Então pus-me a correr novamente. Aquela torre nunca me pareceu tão longe como naquela hora.

Assim que avistei meu local secreto, avistei também a silhueta feminina da stalker. Foi estranho pensar que havíamos trocado de lugar, me senti estranho ao pensar assim. Percebi que ela foleava alegremente o meu caderno, deitada de lado para mim, a cabeça apoiada pelo queixo num dos braços, as pernas dançando para cima e para baixo, o vento levava os cabelos negros e a saia xadrez do uniforme da nossa escola, amaldiçoei a distância entre nós que não me deixava ver a cor da calcinha colegial. Meu peito acelerou ao pensar que uma garota tão linda estava lendo meus rabiscos quase eróticos tão alegremente, senti vergonha de me aproximar, senti o rosto esquentar, com toda certeza seria taxado de pervertido depois daquilo, mas tinha que pegar meu caderno de volta.

Saí dos arbustos e corri até a torre, ela percebeu minha presença e virou o rosto para mim, sem ter para onde correr, só restou esperar que eu subisse. Mas não consegui me mover quando vi o rosto daquela garota, como poderia? Era como se uma deusa descesse as escadas do paraíso apenas pra ler o conjunto de palavras quase eroticamente organizadas nas folhas de papel. Ela era linda, mais que linda, ela era perfeita! Aqueles olhos assustados e tímidos me encaravam cheios de expectativa, eram prateados, céus! Como ela era linda! A pele ruborizada de vergonha estava em contraste com os cabelos tão negros levados pelo vento. Nunca vi nada mais perfeito, aquela garota era minha alma gêmea. O jeito que ela abraçava o caderno contra os seios cheios de volume, escondidos atrás daquela blusa social fina, era deveras sensual. A franja adornando o rosto inocente balançava com a brisa, as pernas lindas cobertas pelas meias levavam meus olhos até as coxas quase completamente expostas pelo vento.

— Você é linda. – Ela cobriu o rosto com o caderno. Eu sabia que não tinha mais volta, meu coração era dela. Como?! Como aquela garota passara tanto tempo na escola e eu nunca tinha visto-a?! – De-desculpe, eeerrrr... Posso subir? – Ela me encarou por um tempo, desviou os olhos por um instante e afirmou quase imperceptivelmente.

Subi as escadas bem devagar, balançado com a beleza e a timidez daquela moça, ainda achando que nosso encontro não passava de um sonho. Ficamos um bom tempo sem falar nada, ela abraçando meu caderno e alternando o olhar entre mim e o chão. Quanto a mim, bom, eu não conseguia parar de olhar pra ela, era quase um pecado não admirar aquela beleza. Sabia que ela não estava com medo, não sei explicar bem o por que, era como se nos conhecêssemos a muito tempo e ainda assim fôssemos dois estranhos. Então lembrei da correntinha que provavelmente era dela, enfiei a mão no bolso e puxei o objeto de lá. Seus olhos foram atraídos pelo brilho dourado em frente ao meu rosto, onde eu erguia a pulseira.

— Co-como você... – Sua voz sumiu da mesma forma que apareceu, o caderno caiu em seu colo e suas mãos cobriram-lhe a boca. A voz dela me encantou, com toda certeza do mundo eu estava com a expressão mais idiota do universo, mas meu peito não parava quieto, minhas mãos suavam muito e sentia minhas bochechas quentes. Ela era linda demais.

— Be-bem, você estava me vi-vigiando... – Ela cobriu o rosto inteiro com o caderno, céus! Por que eu não a beijava de uma vez?! – Que-quer dizer, e-eu não achei ruim... – Ela levantou os olhos e me encarou. – Quando desci correndo, só estava curioso.

— Mesmo? – Sua voz envergonhada era um deleite.

— Mesmo.

— Me-mesmo mesmo?

— Mesmo mesmo. – E lentamente ela foi abaixando o caderno do rosto até que ele chegasse ao colo, seus lábios desenharam um pequeno sorriso cheio de timidez, meu coração foi acertado por uma flecha invisível com aquele sorriso.

— Vo-você a-achou estranho?

— Sim. – Ela se encolheu rapidamente, as canelas cobertas pelas meias escondendo a calcinha, mas permitindo aos meus olhos ver as belas coxas brancas e torneadas dela. – Di-digo, e-eu não sou tão bonito ou popular... Achei que você fosse uma fã do-do-do Sasuke...

— Vo-você é lindo, seus olhos são lindos!

—...

—...

—...

— De-desculpe! – Só então ela se deu conta do que havia dito. – É melhor eu ir... – Ao se levantar para sair, não resisti, segurei o pulso fino onde provavelmente repousava aquela pulseirinha de ouro. Claro, não segurei com força ou indelicadamente, foi apenas um toque sutil, o bastante para que ela percebesse. E nossos olhos se encontraram mais uma vez, eu já tinha certeza, por mais maluco e insano que fosse, por mais impossível que parecesse, contra toda a lógica do mundo, contra todas as expectativas da vida, eu a amava. Eu avisei, minha história era rodeada de magia, tudo que envolve Hinata é mágico. E acho que ela também percebeu isso, por que simplesmente desistiu de correr e sentou-se à minha frente.

— Bem, você leu?

— Hã?

— Meu caderno...

— Ah, sim! – Um sorriso envergonhado brotou em seu rosto, e ela abraçou o caderno mais uma vez. – Vo-você escreve maravilhosamente bem. E-eu amei. – Seus olhos fitaram o caderno com certa ternura. – A forma de amar que você deu ao protagonista é mágica, eu quase posso sentir o que você sente ao escrever.

— ...

— Di-digo, parece que ele está sempre à procura do amor, quase como uma busca infinita... – Seu rosto ficou bem vermelho. – Vo-você procura um amor?

— Não mais. – Tinha plena consciência do sorriso idiota em meu rosto. – Eu acabei de encontrar o amor. – Os olhos dela se arregalaram e ela escondeu o rosto com o caderno mais uma vez. – E você? – Acho que ela reuniu toda coragem do mundo pra responder aquela pergunta, seu rosto estava febril de tão vermelho.

— Eu encontrei o amor há muito tempo, Naruto-kun. – O sorriso arrebatador se fez presente mais uma vez. – Sempre te amei em segredo. – Foi incrível ela falar aquilo sem gaguejar, na verdade, era eu quem estava coberto de vergonha. O olhar dela era intenso, aquele mesmo olhar cheio de expectativa.

— Qual o seu nome?

— Hinata, Hyuuga Hinata.

— Naruto, Uzumaki Naruto.

— Eu sei.

— Eu te amo.

Seus olhos dançaram pela paisagem antes de encontrar os meus, seus braços se ergueram até que conseguissem me abraçar. Fechei os olhos ao sentir os lábios doces da tímida stalker que me fez sentir em menos de duas horas o que eu procurei sentir a vida inteira. Naquela tarde onde as folhas secas dançavam ao vento, onde a brisa trazia mil e umas promessas de amor. Ali, exatamente no lugar em que eu esperava o vento trazer minha inspiração, eu e Hinata demos nosso primeiro beijo. O primeiro de muitos, de milhares.

E agora? Agora tenho que me despedir. Tem uma deusa me esperando na cama, uma deusa que em breve terá meu sobrenome, e que em breve dividirá comigo a alegria de trazer uma vida ao mundo. A deusa que fez aquela tarde fria de outono se estender por três anos, e continuará se estendendo até que o outono deixe de ser uma estação e seja apenas uma memória.

E então, nos encontraremos de novo, a minha pessoa do outro lado do fio vermelho do destino.


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Notas finais do capítulo

Bom, é isso.
Espero que tenham gostado. Não deixem de comentar, opinem, critiquem, elogiem. Vocês são o que movem nossas mentes a escrever!
Um abraço a todos e até a próxima!
Ja ne!



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