Survivor escrita por Dandara Santos


Capítulo 17
Capítulo 17




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“Ei garoto, ela é tudo o que você queria em uma mulher? Você sabe que eu te dei o mundo, você me teve na palma da sua mão... Eu simplesmente não consigo entender, pensei que fosse eu e você, baby, eu e você até o fim, mas acho que eu estava errada” What Goes Around Comes Around.

Aqueles frases rondavam meus pensamentos, não poderia ser verdade. “Catarina, ela era a amante do Afonso.”, as palavras de Brice martelavam com mais forças. Uma amante, não. Ele não seria capaz! Seria? Ele estava diferente, eu via isso, desde que assumi o trono de Artena, ele estava distante, não tivemos nenhuma relação sexual esses dias, mas acreditava que ele estava tentando respeitar meu luto. Afinal, só tinha dez dias que meus pais tinham morrido.

Apressei meus passos pelo corredor, alguns guardas fazendo reverência enquanto eu passava, entrei na sala do trono em um rompante, na vã esperança de encontra-lo ali, mas não foi ele que encontrei. Rodolfo tirou os olhos da janela e quando me olhou, seus olhos se tornaram preocupados, minha expressão deveria beirar o desespero. Um turbilhão de sentimentos se apoderava de mim. Não podia ser verdade. “Catarina”, ele falou aproximando de onde eu estava, “o que aconteceu?” Meu coração martelava forte em meus ouvidos e minha respiração estava desregular. “Afonso, onde está Afonso?’ consegui perguntar por fim. Percebi que ele hesitou, provavelmente pensando em alguma saída para aquela pergunta. “Rodolfo por favor, eu sei que ele é seu irmão. Mas por favor, eu estou implorando!” Falei em uma suplica, ela não está aqui, ele não está com ela.

Rodolfo me olhou por um momento, como se travasse uma batalha interna. “Catarina” Ele falou devagar, senti meu sangue esquentar, peguei um jarro que estava na mesa e joguei na parede com força, fazendo com que alguns guardas entrassem imediatamente na sala do trono.

“Eu estou tão cansada disso” Falei perdendo o controle, eu estava furiosa. Estava cansada de agir como uma criança indefesa, eu era a rainha e iria agir como tal. “Eu ainda sou a rainha desse castelo Rodolfo, apenas diga-me onde ele está.”

“Talvez essa seja enfim a solução.” Ele falou de forma extremamente baixa, mas ouvi cada palavra. “Meu irmão está na zona leste do castelo, no corredor de aposentos para visitas...” Rodolfo falava encarando meus olhos, tentando avaliar qual seria a minha atitude, mas antes que ele terminasse a frase eu já estava saindo. Andei a passos firme até chegar ao outro lado do castelo, uma área pouco movimentada, orava firmemente para tudo isso não passar de um grande engano. Meu Afonso, não seria capaz de fazer isso comigo, e principalmente não com aquela plebeia ruiva dos infernos, será que a mulher que eu vi era realmente ela? Em Artena? Talvez fosse apenas neurose da minha cabeça. Mas Brice não inventaria aquilo.

“Droga”, resmungue quando senti uma pontada forte na cabeça. Chegando no grande corredor, avistei um dos soldados de Montemor guardando uma das portas, quando ele me viu rapidamente se recompôs, surpresa e pânico em seus olhos.

“Vossa Alteza” ele falou em meio a uma reverencia, mas ficando em frente a porta, impedindo a minha passagem. “Juro por Deus, que se você não sair da frente dessa porta, eu mandarei você para a forca!” Falei de forma firme, não agiria mais como a delicada e inocente esposa do todo poderoso rei de Montemor e Alfambres. Eu era a herdeira legitima de Artena, aquelas terras pertenciam a mim, e estava na hora de agir como uma rainha de verdade. “Seja forte e corajosa” as palavras de meu pai ecoaram em minha mente antes do soldado se afastar. Respirei fundo e abri as portas lentamente, mas nada poderia preparar meu coração para a cena que seguia em minha frente. O quarto era todo decorado, um guarda roupa grande na parede esquerda, quadros nas paredes, uma grande janela coberta por cortinas azul bebê, uma porta do outro lado do cômodo, provavelmente era onde se encontrava o banheiro, mas isso não era o pior, no meio do quarto uma grande cama de casal com um lindo dossel, e no meio da cama, ela. Era ela, e isso só piorava as coisas, tinha que ser ela? Seus cabelos ruivos soltos e bagunçados de forma selvagem, enquanto ela cavalgava em cima do meu Afonso, ou ao menos eu pensava ser meu. Uma lágrima escorreu sem meu consentimento, e outras a acompanhavam, fazendo minha visão ficar turva. Afonso segurava sua cintura com firmeza, enquanto falava palavras desconexas, juntando seus gemidos aos dela, os olhos fechados e sua cabeça jogada para trás, ambos estavam suados, enquanto ela apoiava suas mãos no forte peitoral do meu marido.

Catarina” Ele rosnou ainda de olhos fechados, ele estava falando meu nome enquanto estava com outra? Se ele pensava em mim, então porque deitar-se com outra mulher? Senti como se um pedaço de mim tivesse se quebrado naquele momento, minhas pernas de repente fraquejaram, e precisei me apoiar na mesa ao lado, derrubando um vaso. Só assim parando o coito, dois pares de olhos me encaravam, o primeiro, me encarava com um pequeno sorriso debochado, enquanto aqueles olhos cinzas, aqueles que eu tinha entregado meu coração e alma, me encarava com uma mistura de surpresa, raiva e algo mais que não pude identificar, culpa?! Talvez, não sabia dizer.

“Catarina” Ele falou dessa vez realmente direcionado a mim, empurrando de forma brusca a ruiva de cima de si, mas eu não queria ouvir nada que fosse sair de sua boca, fechei os olhos com força, enquanto as lágrimas continuavam a cair em cascatas. Ele vestiu de forma rápida seu robe, e tentou se aproximar de mim, enquanto eu dava pequenos passos trêmulos para trás. Afonso estendeu a mão em minha direção, devagar, como se não quisesse assustar um animalzinho, mas nesse momento algo dentro de mim despertou “Não ouse colocar suas mãos imundas em mim, seu porco, como eu pude ser TÃO BURRA? TÃO CEGA? ESTAVA NA MINHA CARA TODO ESSE TEMPO, E EU NÃO QUIS ENXERGAR!” Gritei com total desprezo e raiva. Afonso me olhou com surpresa, afinal, nunca tinha elevado meu tom de voz, não importava a situação.

“Afonso querido, tire essa mulher escandalosa daqui e volte para a cama” Amália, falou de forma sensual e desdenhosa, ainda deitada na cama, com o lençol cobrindo apenas as partes necessárias de seu corpo, ela era realmente linda, seus seios eram maiores que os meus, suas coxas firmes e grossa. Isso apenas fez minha garganta fechar mais ainda.

Afonso enrijeceu na hora e fúria brilhou em seus olhos, eu conhecia aquele olhar. Ele se virou para a ruiva a puxando de forma brusca da cama, apenas para desferir um forte tapa em sua face fazendo a mesma cair no chão. “Você não passa de uma plebeia, não se esqueça disso, ela é sua rainha. Sugiro que fale com mais respeito se não quiser ser condenada a forca. Não acha que por eu fode-la, irei me importar com isso, está muito enganada” ele falou em um tom baixo, que deu mais medo do que se ele tivesse gritado.

Esse não era o Afonso que eu conhecia, não era o meu Afonso. Não conseguia continuar ali, então forcei minhas pernas me obedecerem, saindo o mais rápido que conseguia dali, não conseguia continuar parada e ver o que iria acontecer. Ainda consegui ouvir meu nome ser gritado por Afonso, mas isso não foi o suficiente para fazer-me parar. Meu coração fora arrancado de mim, eu entreguei ele ao meu marido, e ele o destruiu. Sentia que iria me sufocar com minhas próprias lágrimas, e com o esforço exagerado que fazia para correr fazendo com que o ar não entrasse em meus pulmões. Os servos e soldados do castelo se assustaram ao ver o meu estado, porém, nada podia fazer por sua rainha. Rainha, quase sorrir com escárnio. Corri para o único lugar onde me sentiria segura. O labirinto de Artena. Lá seria o ultimo lugar onde Afonso me procuraria, e mesmo se assim o fizesse, quem não conhecia o local facilmente se perderia.

Segui o caminho tão conhecido por mim até chegar ao centro, onde se encontrava uma linda fonte de água, meu peito apenas doeu mais ao chegar ali. Costuma passar horas aqui quando criança, enquanto minha mãe lia para mim, ou quando na adolescência vinha aqui apenas para jogar xadrez com meu pai. Meus pais, pensar neles fez meu corpo perder todas as forças e cair no chão. Como em tão pouco tempo eu tinha ido do céu ao inferno?

Sentia-me pela primeira vez realmente sozinha. Não tinha meus pais, não tinha meu marido. Sentia o mundo desabando sob a minha cabeça mais uma vez. E não sabia se dessa vez seria capaz de suportar. A cena da ruiva montando meu marido ficava se repetindo em minha mente, agora tudo fazia sentindo, me sentia estupida. Durante todo esse tempo ela morava embaixo do meu nariz, por isso ela sempre me olhou como se fosse superior a mim, por isso nossos caminhos se cruzaram tantas vezes, meu marido abrigava a amante dentro do castelo, e agora ela estava aqui, no meu castelo, em minhas terras. O ar ainda entrava com dificuldade em meus pulmões. Fechei os olhos com força, puxando meus cabelos para em seguida soltar um grito angustiado que ecoou por todo o local, tentando livrar-me de toda aquela dor que se alastrava como chamas por todo meu corpo. Desejava que as últimas horas nunca tivessem acontecido.

Fiquei naquela posição, com a cabeça sobre meus joelhos, sentindo minha cabeça a ponto de explodir, estava esgotada fisicamente e emocionalmente. Em algum momento, quando a noite chegou, o cansaço me venceu e enfim fechei os olhos, me perguntando como seria minha vida daqui para frente.

Só então fui engolida pela escuridão, para um sono sem sonhos.       

     


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