Survivor escrita por Dandara Santos


Capítulo 1
Capítulo 1




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"Bem, eu achei que conhecia você, pensando que você era verdadeiro, eu acho que eu, eu não podia confiar." Fighter.

Eu sou Catarina de Lurton, filha de Augusto e Cecília de Lurton. herdeira de Artena, não tenho o que temer. Era o que eu dizia para os olhos escuros refletidos no espelho a minha frente, apenas respire fundo. Ele é seu futuro marido, não tem porque ficar temerosa, tentava em vão acalmar meus nervos, enquanto verificava se algo estava fora do lugar, mas eu estava impecável. Meus longos cabelos negros estavam trançados com fios de ouro, com alguns fios soltos ao redor do rosto, contrastando com minha pele extremamente branca, o corpete do meu vestido acentuava minha fina cintura e ressaltava meu busto, com a saia solta e uma longa calda que se estendia pelo vestido branco, com uma renda fina, delicada e dourada por todo ele.

Desde o nascimento eu estava prometida em casamento para o herdeiro de Montemor, Afonso de Monferrato. Era um acordo comercial, para unificar nossos reinos, garantir o minério para a fabricação de armas em Artena, e a água para Montemor, mas sabia que não era somente isso, essa união tornaria nossos reinos os mais fortes do norte da Cália, com o nosso exército e as armas deles, seriamos ainda mais temidos.

Não que eu pudesse reclamar, seria a rainha, e Afonso era extremamente bonito, com seus ombros largos, cabelos castanhos que estavam sempre bagunçados pelo hábito de passar as mãos pelo mesmo constantemente. Ao menos foi o pude notar nas poucas vezes que nos vimos. Ele tinha olhos penetrantes, e sua presença exalava poder, desde a  sua maneira de andar até a de falar, tudo nele mostrava que ele nasceu para ser rei. Ele devia ter por volta de 1,90cm, o que o tornava ainda mais imponente, se é que isso era possível. Eu sentia um misto de medo e ansiedade. Afonso sempre foi extremante cortês e polido, o que fez com que eu criasse afeição pelo mesmo.  Mas seus olhos, seus olhos exalavam perigo e poder, e era essa parte que meu interior insistia em martelar em minha mente, o que ele escondia por trás daqueles olhos cinzas? Meu pai me amava,no entanto eu sabia que ele era ambicioso o suficiente para entregar sua única filha apenas para que ele fortalecesse o reino, entretanto por mais que ele não admitisse isso, fazia todas as vontades de minha mãe, e ela nunca permitiria que tal casamento acontecesse se não tivesse a certeza que Afonso seria nada menos que um excelente marido. O casamento deles também fora um acordo comercial na época, mas hoje eles se amavam incondicionalmente, eram como dois lados de uma mesma moeda, a força e a doçura, como o yin-yang, opostos, mas que se completavam. E era isso que eu queria para mim, um amor tão forte e verdadeiro como o deles. Sabia que os reis deveriam ser fortes, muitas vezes impiedosos e cruéis com seus inimigos, mas sabia também que poderia ter amor, e eu me agarrava a essa esperança. Meu casamento seria tão feliz quanto o dos meus pais.

"Vossa Alteza precisa se acalmar, vai acabar bagunçado o cabelo" Lucíola minha dama de companhia falou, colocando meus braceletes. "Pronto, a senhora é sem dúvida a mulher mais linda de toda a Cália" Ela disse ao olhar o conjunto da obra. Batidas na porta me fizeram desviar a atenção do espelho, ela correu para abrir e após fazer uma pequena reverência saiu do aposento e meu pai entrou no quarto, seus olhos me analisaram de cima a baixo e sorriu em sinal de aprovação, só assim soltei a respiração que nem percebi estar prendendo.

"Você está magnífica minha criança" Ele falou se aproximando e sorri. "Meu pai eu tenho 19 anos, não sou mais criança. No entanto fico feliz que tenha gostado de como estou" falei me aproximando do mesmo e o abraçando com força, sentido seu cheiro familiar, cheirava ao nosso mar, a nossa casa, sentia-me em casa e segura em seus braços. Fechei forte os olhos, para que nenhuma lágrima escapasse.

"Agora olhe para mim querida" Ele falou levantando o meu queixo. "Você agora vai deixar de ser uma princesa, e se tornar rainha, rainha de Montemor e futuramente de Artena. Eu sei o quão doce e gentil é a sua natureza, mas nunca se esqueça, a coroa de uma ranha é sempre mais pesada que a de um rei. Se você quiser ser respeitada eque a sua voz seja ouvida, precisa ser forte. Seja forte e corajosa minha menina." Concordei sem conseguir falar uma palavra, ele beijou minha testa, para então gentilmente me afastar. "Está na hora, precisamos ir, não podemos deixar um rei esperando!" Era isso, eu ia me casa com Afonso de Monferrato, rei de Montemor.

Respirando fundo nos dirigimos para a catedral, onde ocorreria a cerimônia. Todos os nobres da Cália estavam no local, para prestigiar o grande evento. Quando as portas se abriram, a música adentrou os meus ouvidos e um grande carpete vermelho se estendeu a minha frente, apertei o braço de meu pai com força para então levantar a cabeça e repeti para mim mesma, sou Catarina de Lurton, não tenho o que temer.

Com passos lentos e firmes seguimos pelo grande corredor, podia ver os olhos invejosos de algumas mulheres e cobiçosos de alguns homens, eu era ingênua, mas não ao ponto de não notar o quanto a minha beleza despertava o desejo nos homens, afinal, não era à toa que me chamavam a mais bela de toda a Cália. No entanto quando meus olhos encontraram com os dele, tudo a minha volta sumiu. Era como se somente eu e ele estivéssemos aqui. Seu rosto estava sério como de costume, mas vi um pequeno sorriso se formar no canto de seus lábios. Seus olhos como de um predador me encaravam e naquele momento sabia que eu era a presa, como uma ovelha frente a um leão. Quando ficamos frente a frente, meu pai entregou minha mão à ele, que a segurou com firmeza, sua mão era áspera, acredito que de tanto manusear uma espada. Seu aperto era firme em minha mão.

Meu coração batia loucamente, que temi que até ele pudesse ouvir. O tempo ao meu redor pareceu voar enquanto o padre proferia as palavras, um "eu aceito" saiu alto e firme dele, e quando eu proferi as mesmas palavras Afonso enfim sorriu, era um sorriso não de alegria, mas era como se ele enfim tivesse conseguido algo que muito almejava, tivesse conquistado uma vitória. Ficando novamente um de frente para o outro, consegui ao fundo ouvir a voz do padre dizendo que o noivo poderia beijar a noiva. Ele me olhava profundamente, segurou meu rosto gentilmente e no momento que seus lábios se encaixaram perfeitamente aos meus, suas mãos desceram e se fixaram firmes em minha cintura, naquele curto momento em que seus lábios se moviam em uma doce carícia nos meus, selando assim um acordo de anos, eu acreditei que poderia ter o que meus pais tinham, minhas mãos automaticamente foram para os seus cabelos sedosos, e mais rápido do que desejei ele gentilmente se separou de mim, um pequeno sorriso escapava de meus lábios enquanto permanecia de olhos fechados. Suspirei e abri os olhos lentamente, apenas para encontrar seus olhos cravados em mim, desejo, luxúria e poder emanando deles.As pessoas ao nosso redor aplaudiram, nos voltamos para o padre mais uma vez,para que uma coroa fosse colocada em minha cabeça. A coroa de Montemor. Uma pequena lágrima de felicidade escapou de meus olhos quando começaram a gritar "Deus salve o rei" e logo em seguida "Deus salve a rainha".

Meu peito se encheu de orgulho, uma felicidade tomou conta do meu corpo, olhei para o belo homem ao meu lado e depois para os meus pais que me olhavam com orgulho. Hoje começam os dias mais felizes de minha vida. Ao menos foi o que pensei na época, e quão agridoce foi esse engano.     


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