Tudo e todas as coisas escrita por Bell Fraser, EverMellark, Cupcake de Brigadeiro, Gabriella Oliveira, RêEvansDarcy, Leticiaeverllark, Paty Everllark, DiandrabyDi, Sorvete Ed Sheerano, IsabelaThorntonDarcyMellark, Naty MellarkLi, Kiara, katyyxliss


Capítulo 1
Minha mãe quer que eu case


Notas iniciais do capítulo

Boa noite, pessoal, olha eu aqui novamente postando mais uma One, juntamente dessas autoras maravilhosas e me sinto muito honrada... sou a Cristabel Fraser, mas nesta coletânea uso meu ID Bell Fraser. Bem, espero que consiga transmitir o que veio à minha cabeça a vocês.

A classificação desta One tá bem light, então +16, ok? Banner feito por mim, com fotos retiradas do google. Não consegui criar uma sinopse, mas vamos lá...

Effie é uma mãe afetuosa que apenas deseja que seu caçula continue a linhagem e o legado da família Mellark. Peeta é um homem tranquilo no quesito "casamento", no entanto, diante da mãe que tem, sente-se em uma saia justa. É aí que seu irmão do meio e o amigo Cato encontram a garota, ou melhor, a noiva de mentirinha num lugar inusitado. Minha mãe quer que eu case, uma comédia romântica para você se apaixonar.



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Haymitch Abernathy Mellark era dono de uma grande e famosa revista de esportes, a NOVELTY SPORTS. Sua família usufruía muito bem deste legado. Gale, o filho mais velho e famoso quarterback do Chicago Bears, vivia estampado na capa da revista. Já Finnick, o segundo filho, e Peeta, o caçula, preferiam trabalhar lado a lado com o pai. Tudo ia muito bem para toda a família, até que, em um jantar de sexta-feira...

— Peeta, quando você vai deixar de esnobar as garotas que beijam o chão por onde passa, e se casar com uma delas?

O rapaz, que acabara de completar seus trinta anos, engasgou-se com o vinho, diante da declaração de sua matriarca tão santa casamenteira.

— Calma, irmãozinho, não se empolgue tanto. – Finnick dava pequenas palmadas nas costas do irmão, com o qual tinha uma forte ligação.

— Mãe, eu não chamaria aquelas malucas de pretendentes, para o que imaginei findar minha vida – declarou o loiro, recuperando-se das fortes tosses.

— Como assim, findar sua vida, queridinho? – questionou, Effie surtando.

— O projeto de vida do meu maninho aqui é de se casar aos cinquenta anos... – disse Finnick, não perdendo a oportunidade.

— Como assim, aos cinquenta anos? Peeta Ryan Abernathy Trinket Mellark! – Naquele momento, as noras, Madge e Annie, entreolhavam-se com um pequeno sorriso, mas não de zombaria, e sim, achando graça da sogra, por quem as duas tanto tinham afeto, levar tão a sério aquelas palavras. — Estou passando mal... – A mulher, que esbanjava elegância, mesmo estando em seus cinquenta e três anos, quase estava tendo uma síncope.

— Vovó, quer que eu pegue suas vitaminas? – Charlote, sua neta mais velha de apenas onze anos, gentilmente se prontificou.

— Lote, pegue aquele frasco branco e azul claro na bancada principal da cozinha – pediu Haymitch com carinho.

Rapidamente, a neta chegou com o tal frasco e Haymitch serviu-lhe água, perguntando à esposa se sentia-se melhor.

— Como posso estar melhor, se meu filho querido quer iniciar a família quando eu já tiver partido deste mundo? – desabafou ela, com uma das mãos sobre o peito.

— Não seja dramática, Effie, minha vida. Peeta está brincando... – argumentou o pai olhando na direção do caçula –, não está filho?

Todos à mesa pararam de comer e encararam Peeta que, por sua vez, pediu ajuda ao irmão do meio somente com as sobrancelhas erguidas e o olhar suplicante.

— Na verdade, mamãe – pigarreou Finnick, voltando a atenção de todos a ele -, Peeta está saindo com uma garota incrível.

— Estou? – Em total confusão, perguntou e, em troca, recebeu um reprovador olhar do irmão. – Ah, certo... estou sim, mãe, saindo com uma garota incrível...

— Ela é tão incrível, que será mais uma nora perfeita para sua coleção – brincou Finnick, deixando tanto Madge quanto Annie coradas.

— Oh, meu Deus, que ótima notícia! Isso merece um brinde – propôs a matriarca, já erguendo sua taça. – Ao meu filho querido e à... como ela se chama? – Quis saber ela.

— O Peeta preferiu manter a garota misteriosa em segredo, mamãe, mas em breve vocês irão conhecê-la.

— Ok, à garota misteriosa do meu filho. – Todos imitaram o gesto e brindaram.

Gale revirou os olhos, recebendo uma cotovelada da esposa. Todos os três eram amados e paparicados pela mãe da mesma forma, mas Peeta era o deleite da vez e isso causava certa ânsia em Gale.

 

❆❆❆  ❆❆❆

 

— Seu mané idiota! – xingou Peeta, dando um leve tapa na nuca de Finnick, assim que saíram do elevador da revista, a qual ajudavam o pai a dirigir.

— Mamãe não ia te deixar em paz – defendeu-se.

— Ah, perfeito, e agora ela não me deixará em paz, até querer conhecer a garota misteriosa, a qual não existe.

— Vamos conseguir uma...

— Ótimo, você a encontrará naqueles sites de compra, inteligência humana? – censurou Peeta com ironia.

— Claro que não, gênio.

— Bom dia, Peeta e Finnick – cumprimentou Delly, a secretária dos dois irmãos. — Deixei o café de vocês na sala de reuniões. Todos já estão aguardando.

— Obrigado, Delly, você é um amor. Pode ligar no Pasquim e fazer reservas para nós dois aqui e o Cato. Peça lagosta ao molho para nós três como prato principal e vinho branco, por favor.

— É pra já. – A garota se sentiu toda animada ao receber um elogio de seu chefe charmoso, no entanto, aquele que realmente ela queria que direcionasse uma fala ou até mesmo um comando mexia no celular, não se importando com mais nada.

Os dois se encaminharam para a sala de reuniões e, no caminho, iam cumprimentando os funcionários que se encontravam em suas mesas de trabalho.

— Por que mesmo você convidou o Cato para almoçar conosco?

— Peeta, foca no agora – pediu Finnick, segurando o irmão pelos ombros, quando ambos se encontravam dentro do elevador, já indo para o almoço. — Seus dias de solteiro cobiçado estão contados.

— Você e o Cato conseguirão alguém pra mim?

— Combinei ontem com o Catito de nos encontrar no restaurante, justamente para discutirmos isso, e você, tente relaxar pra variar.

— Eu não quero namorar ninguém, muito menos me casar.

— Você não sabe de nada, inocente, e por favor, deixe tudo aqui com seu maninho e só mantenha a mente aberta.

Diante daquela situação, o que Peeta pôde fazer foi respirar fundo e contar até dez para não se descabelar. O loiro sempre mantinha a calma, mas, quando se falava sobre relacionamento, ele se esquivava sempre. Ele não era gay. Apenas focava sua rotina no trabalho e seus divertimentos consistiam em passar os sábados com o pai no campo de golfe e jornadas de passeios dominicais com os sobrinhos no clube, onde a mulherada achava que os quatro sobrinhos – Charlotte, Liam, filhos de Gale, e Sam e Stephanie, filhos de Finnick – fossem filhos dele. O rapaz nunca dava explicações, entretanto, Glimmer Rambin, Cashmere Leigh, Jacqueline Foxface e as gêmeas Leeg, que beijavam o chão por onde o rapaz caminhasse, sabiam que ele estava no páreo. O Mellark nunca foi fã de ser assediado daquela maneira, mas sempre educado, ou às vezes nem tanto, conseguia escapar delas. Muitas das vezes, os sobrinhos meninos faziam algumas travessuras que acabavam ajudando ao tio.

Manter a mente aberta, foi o que Peeta mentalizou ao ver o sorriso faceiro de Cato logo que se encontraram dentro do restaurante.

— Então, quer dizer que o filhão da mamãe irá desencalhar?

— Encalhado é quem está casado e não pode sair livre como eu posso.

— A veia cômica de Peeta Mellark – zombou o amigo, quando se cumprimentaram com um leve abraço.

— O que você tem pra nós, Cato?

— Hum, é assim que gosto. Estou me sentindo um contrabandista aqui – gargalhou alto, atraindo alguns olhares. — Brincadeiras à parte. Peeta, hoje a noite, levarei você a um lugar incrível, mas o Finn aqui não poderá ir...

— Por que não? – Inocentemente, Peeta questionou.

— Porque sou casado, maninho.

— Mas onde vamos?

Surprise, mano Brown. – Cato tinha um sorriso diabólico nos lábios, que fez Peeta Mellark se encolher por um segundo.

 

❆❆❆  ❆❆❆

 

Lia-se no neon vermelho e azul WINDGATE CLUB. Cato apresentou um cartão platinado, provando que era um associado. Ele frequentava aquele local há tempos. Era ali que vivia um romance com uma das dançarinas, não negava que aquilo lhe fazia muito bem.

O local não se encontrava muito cheio, afinal estavam em uma segunda-feira. Ludwig se encaminhou até um canto e se acomodou num sofá de canto e fez sinal com a mão para Peeta se acomodar.

— Você me trouxe até um clube de strippers?

— Uau, merece um pirulito por ter adivinhado – brincou Cato.

— Não quero ficar aqui...

— Relaxe cara, acabamos de chegar.

— Boa noite, vão querer o que, gostosos? – perguntou uma garçonete siliconada.

— Boa noite a você também, anjo. Eu e meu amigo aqui queremos duas vodcas com bastante gelo. – O loiro Ludwig a encarou da cabeça aos pés.

— Vou trazer agora mesmo. – A mulher só faltou comer Peeta, quando desviou seus olhos a ele, ao se afastar.

Não demorou nada para a bebida chegar e, logo à frente, o palco se iluminou e três belas mulheres iniciaram uma dança ousada e sensual.

— As delícias da noite chegaram, Peeta.

O Mellark observou atentamente as três se contorcerem e cada uma caminhar até os três poles dance, e se requebrarem de um modo que faria qualquer homem perder a cabeça.

Uma delas desceu os poucos degraus e se encaminhou até os dois amigos.

— Achei que não viria me ver, bebê – lamentou a morena, fazendo biquinho e sentando-se no colo do loiro. Ela tinha pequenas sardinhas no rosto e isso apenas deixava o Ludwing mais encantado por ela.

— Clove, o que temos é especial. – Peeta ergueu as sobrancelhas e estranhou a cara de apaixonado do amigo, diante da jovem baixinha que usava, no mínimo, um salto quinze. — Queria lhe pedir um favor.

— O que quiser, bebê – disse ela, brincando com a gravata dele.

— Poderia dizer à Katniss para esperar em uma das salas particulares?

— Quer que ela faça um número particular pra você? – indignou-se a baixinha.

— Não, claro que não. É para meu amigo aqui. – Cato apontou para Peeta, que ainda bebia sua vodca.

— Sendo assim, vou avisá-la agora mesmo. – Clove passou os lábios sobre o pescoço do rapaz e saiu rebolando até as outras duas dançarinas que terminavam a dança.

— Ah, como a quero só para mim.

— Cato Ludwing está apaixonado por uma dançarina stripper.

— Não caçoe, amigo. Daqui a pouco será você e aí quero só ver.

Antes que Peeta respondesse algo, Clove retornou, puxando Cato pela gravata e o guiou para uma porta que dava acesso às salas particulares. O loiro fez um pequeno sinal, chamando o Mellark que, mesmo achando aquilo tudo muito estranho, seguiu-o.

— Tigrão, você entre aí – ditou Clove. Peeta fez cara de confuso e ela mesma acabou por abrir a porta e empurrá-lo para dentro.

— Amigo, já, já nos encontramos. – Cato estava totalmente fora de si e Peeta nada pôde dizer. Entrando na pequena sala, observou um sofá vermelho e, bem próxima, uma linda figura aguardava de pernas cruzadas.

— Clove parece doidinha, mas sempre cuida bem do Sr. Ludwig.

— Ele parece bem à vontade com ela – comentou o loiro, tentando afastar o nervosismo que começara a sentir.

— Muitos encontros entre os dois, por isso o conforto, mas e você... tigrão? – A morena usou o mesmo apelido que a amiga acabara de dar a ele.

— Eu o quê? – Peeta faltou prender o ar, quando a morena se levantou e ele viu que ela vestia uma fantasia de criada francesa e segurava numa das mãos um espanador.

— Quer se sentir confortável, também?

— Não sei...

— Deixe-me adivinhar, é tímido? – Vagarosamente, ela foi se aproximando dele, pegou a mão direita de Peeta e o puxou até o sofá.

— Não sou tímido...

— Mas está sentindo-se desconfortável – observou ela, fazendo-o se sentar. — Acho que farei um número para ver se te tranquilizo. – Ela se afastou dele e pôs-se a dançar sensualmente como a música que soava do lado de fora.

Ao invés de Peeta se tranquilizar, algo que há muito estava enjaulado dentro de si foi se libertando. Mal acreditava que estava sentindo tesão por uma dançarina, mas pudera, ela era incrível enquanto se movimentava segurando as mãos na barra do pole dance. Quando a morena movimentou o pescoço de um lado para o outro, fazendo seus cabelos esvoaçarem, Peeta fechou as mãos com força.

O que estava acontecendo com ele afinal?

Ele achou que seria mais forte que seus instintos, no entanto, quando ela se aproximou dele, pegando sua gravata e a prendendo entre os dedos, o loiro acabou por soltar um som ininteligível.

— Acho melhor eu-eu... – gaguejou ele, mas antes que concluísse ela interveio com o dedo em riste sobre seus lábios.

— Você parece mais confortável. Que tal me dizer seu nome, tigrão?

— Pee-peeta Mellark – respondeu, gaguejando novamente.

— Hum... Mellark, este sobrenome não me parece estranho. Muito prazer, sou Katniss Everdeen.

— O prazer é todo meu.

— Sei que o prazer é todo seu.

Ela se sentou sobre o colo dele e ali foi o fim para Peeta.

— Amigão, te deixo sozinho com a Everdeen por quinze minutos e já te encontro assim? – surpreendeu Cato, adentrando a sala.

— Ca-cato...

— Eu sei, eu sei, Peeta... Katniss é demais... – Cato fechou a porta atrás de si e se sentou ao lado do amigo com um copo nas mãos.

Katniss ainda continuava sentada no colo de Peeta, que parecia mais desconcertado do que antes.

— Clove disse que queria falar comigo, Catito.

— Na verdade, tenho uma proposta pra você, Gataniss. – Ela sorriu com o apelido.

— Proposta? – retorquiu ela.

— Sim, uma proposta de se passar por noiva de mentira, do meu amigo aqui. – Cato deu um leve tapinha no ombro de Peeta, que tinha os olhos arregalados.

— Pelo visto, seu amigo não está animado com a proposta – observou ela, remexendo nos cabelos de Peeta.

— Ele está em um caminho sem volta. A mãe é uma santa casamenteira e mãe cegonha...

— Opa, eu terei de ter um filho com o Peeta?

— Eu não disse nada sobre filhos, mas sabe que não seria má ideia? Vocês fariam bebês incrivelmente lindos.

— Cato! – repreendeu ela.

— Ok. Nada de filhos, mas você aceita?

— Aceita o quê?

— Fingir ser noiva dele, pelo menos pra acalmar o coração da maravilhosa Sra. Mellark. – Cato largou o copo que segurava e juntou as mãos em prece. — Por favor, Gataniss... ela é uma sogra maravilhosa que ama as noras...

— Noras? Quantas ela tem?

— Duas e serão concunhadas espetaculares pra você.

— Isso que você está me pedindo é muito sério, Cato. Eu terei que desempenhar um papel...

— Você sempre quis ser uma atriz na Broadway. Agora é sua chance.

O Mellark se encontrava quieto e mal acreditava na cena que ali presenciava. O que estava acontecendo, mesmo?

— Cato...

— Calado, Peeta! Você falará depois – exigiu o loiro embriagado.

— E o que eu ganho com isso? Eles não irão me liberar.

— Você deve ter um monte de férias vencidas e, como seu advogado trabalhista...

— Você não é meu advogado...

— A partir de agora, eu sou. E, se não me obedecer, mandarei uma intimação para o Sr. Snow.

— Por quanto tempo terei que fingir? – Katniss avaliava atentamente a proposta, ainda sentada sobre o colo do Mellark, que já formigava.

— O tempo eu não sei, mas você pode dizer que terá uma viagem importante a fazer e terá que adiar o casamento e daí... e daí... sei lá, porra! Vocês terminam e a Sra. Mellark entrará em uma depressão profunda, mas depois do Mellark aqui levá-la para uma linda viagem para alguma ilha na Grécia, talvez ela se recupere.

— Credo, quanto drama Ludwig – lamentou a morena, sentindo o seu coração se partindo ao escutar aquilo.

— Posso conseguir um teste pra você no teatro da Broadway e, claro, muito dinheiro, afinal você não irá fazer isso tudo de graça.

— Cato, está se escutando? – protestou Peeta, após minutos de silêncio.

— Calma, cara. Seu maninho Finn tá cuidando de tudo.

— Finnick? – replicou o Mellark.

— Depois te explicarei tudinho, mano. Agora vamos voltar ao nosso negócio aqui... você aceita, Katniss?

— Você conseguirá mesmo um teste pra mim na Broadway?

De toda a conversação, Katniss se atentou para este fato. Ela queria muito fazer parte de algum musical, pois este era o sonho de sua falecida mãe.

— Claro, Gataniss. Te prometo de dedinho. Tenho um forte contato de lá.

— Então, eu aceito ser noiva desse bonitão. – Na empolgação, Katniss acabou por puxar os cabelos de Peeta, bagunçando-os.

— Vocês dois troquem números de telefone, e-mail, redes sociais... – Cato olhou direto para Katniss. – E amanhã, você cuide de suas férias vencidas e, se for preciso, virei pessoalmente falar com o Sr. Snow – ditou Cato. — Te espero aqui do lado de fora, Peetadelícia. – O amigo se retirou deixando o Mellark sem ter o que dizer.

— Quer marcar um almoço para amanhã? Conheço um restaurante bem discreto para nos conhecermos melhor. O que acha? – sugeriu ela, com um pequeno sorriso.

— Adorarei ter sua companhia. Me passe o nome do restaurante e faço reservas para amanhã às...

— Onze e meia, é cedo demais? – perguntou ela, franzindo o nariz ao rir sapeca.

— Onze e meia, está ótimo.

— Perfeito.

— Perfeito.

Os dois sorriam como bobos e Peeta desejou beijar aqueles lábios vermelhos e carnudos, mas entendia sua posição.

— Te vejo amanhã, tigrão – afirmou a morena, aproximando seus lábios aos dele e deu-lhe um pequeno beijo no canto de sua boca. — Acho que você deve saber que o banho frio ajuda muito, né? – brincou, olhando para o colo de Peeta, que raspou a garganta desconsertadamente.

Ela se levantou, sendo acompanhada por ele. Antes de sumir corredor adentro, Katniss assoprou um beijo e uma piscada na direção do Mellark, que sentiu seu coração dar cavalgadas dentro do peito. Naquele instante se condenou por parecer um adolescente idiota entrando na puberdade.

— Eu não disse, mal passou tempo com ela e já está com essa cara de cãozinho apaixonado. Viu o que dá tirar sarro de mim?

— Vê se cala sua boca!

Peeta quis saber toda a história de como seu irmão havia combinado para que Cato conseguisse a noiva de mentira. O amigo explicou tudinho e disse que pensou em Katniss por ela ser uma boa pessoa e que, apesar de sua atual posição, ela jamais quis ser uma dançarina stripper, simplesmente aconteceu.

 

❆❆❆  ❆❆❆

 

Peeta se encontrava sentado no local combinado por Katniss. O som ambiente do restaurante tocava um jazz suave. O loiro estava tenso e já havia tomado três copos de água e nada de o nervosismo passar.

— Desculpe pelo atraso, tive que me encontrar com o contador para agilizar os documentos das férias. – A morena se materializou à frente do Mellark, que até se sentiu naqueles shows de mágica.

— Você não está tão atrasada – brincou ele, tentando se distrair da beleza à frente. Se Katniss Everdeen já era bela em uma fantasia ousada, com um vestido casual e soltinho, ficava ainda mais perfeita.

Ele se levantou e puxou a cadeira para ela se sentar.

— Obrigada.

— Bem, eu não pedi nada, por ainda não saber seu gosto. – Peeta prometeu ao irmão e a Cato que tentaria se entrosar mais com a figura feminina.

— Apesar de ter que manter a forma, adoro risoto.

— Jura? Eu também, principalmente de camarão com limão siciliano.

— Esse risoto é o melhor que já experimentei em toda minha vida.

Os dois acabaram por rir da coincidência que já se notara desde aqueles minutos. Eles iniciaram com uma salada, para logo o risoto que comentavam há pouco.

— Aceita mais vinho? – ofereceu Peeta, satisfeito em ver que estava agradando a ela.

— Aceito. – A morena tinha o cabelo preso em uma trança bem trabalhada. — Quer dizer que sua mãe quer vê-lo casado?

— Ela é uma pessoa muito afetuosa.

— E você não acha que ela ficará triste, quando souber que terminamos?

— Creio que ficará, mas não quero pensar nisso agora.

— Entendo... e se ela não gostar de mim?

— Seja você mesma, Katniss. Tenho certeza de que ela irá gostar. Minha mãe é o tipo de pessoa que gosta de originalidade.

— Ocultaremos a parte em que sou uma dançarina stripper.

Quando a sobremesa chegou, os dois já estavam bem entrosados nos gostos um do outro.

— Qual será a história de como nos conhecemos? – Quis saber Peeta.

— Podemos dizer que... que... o que faz aos finais de semana?

— Sábado, corro no parque, jogo golfe com meu pai e, aos domingos, levo meus sobrinhos ao clube.

— Certo... Bem, nossa história se iniciou quando corríamos no parque e nos esbarramos sem querer.

— Acho bem comum e original – concordou Peeta, dando de ombros. — Qual sua cor favorita?

— O quê?

— Temos que dizer um para o outro, coisas profundas... tipo, sua cor favorita – complementou ele.

— Verde. Minha cor favorita é verde. E a sua?

— Laranja.

— Laranja? – Katniss fez uma cara estranhando e logo ele explicou.

— Não um laranja intenso, mas tipo o tom do seu vestido que, aliás, ficou lindo em você. – Aquela observação fez Katniss corar. Ela ficou horas frente ao seu pequeno guarda-roupas, tentando achar algo que combinasse para um almoço casual, sem que parecesse vulgar. Optou pelo seu vestido laranja, quase o tom do pôr-do-sol, que tinha uma leve estampa floral branca. — E o que você gosta de fazer nas horas vagas?

— Ficar em casa lendo algum livro bom. Costurar alguns modelos das revistas de moda que me agradam...

— Você costura?

— Sim, a maioria das roupas que uso eu mesma faço. Por exemplo, este vestido.

— Você é incrível... – divagou Peeta em voz alta, sem perceber a cara de bobo que a encarava. — Minha mãe adora moda. Você verá o quanto ela usa e abusa das roupas.

— Do jeito que fala, ela parece ser uma pessoa amável e protetora.

— Ela é uma mãe e sogra invejável. A propósito, ela está ansiosa para conhecê-la. Quando posso marcar um jantar para você ir em casa?

— Quando você quiser.

— Certo, vou combinar com minha mãe. Até lá podemos ir nos conhecendo um pouco mais. O que acha?

— Pra mim, está ótimo.

 

❆❆❆  ❆❆❆

 

Finalmente, a sexta-feira havia chegado. Peeta se encontrava eufórico, pois o restante da semana foi de encontros, entre almoços e jantares românticos. Nenhum contato mais íntimo trocado entre os dois, apenas Katniss que sempre deixava aquele beijo no canto da boca do Mellark, que só o fazia ter vontade de sentir os lábios dela.

— Que sorriso idiota é esse?

Peeta tinha uma concentração absoluta à tela de seu celular, quando o irmão entrou o questionando. Finnick teve de estalar os dedos e dar um cutucão no irmão caçula, que, ao se assustar, pensou em uma desculpa, mas não obteve sucesso.

— Katniss acabou de fazer o teste de um musical, que acontecerá no teatro da Broadway, e eles a amaram.

— E como não a amariam. Ela canta e tem uma interpretação corporal incrível.

— Como você...?

— Numa noite levei a Annie em um bar que estava tocando jazz e, por coincidência, Katniss se apresentou. Cantou uma música divina.

— Essas coisas você não me conta, né?

— E como te contaria se nem queria saber de relacionamentos. E talvez tenha sido naquela noite que Annie e eu concebemos nosso bebê... – divagou Finnick.

— Lá vem você.

Os dois irmãos acabaram rindo com o pequeno impasse. Finnick sempre curtia com a cara de Peeta, perguntando quando ele iria entrar na disputa, para ver qual dos três Mellark dariam mais netos à querida matriarca.

— Mas me conte aí... como vai a relação entre vocês dois?

— Descobri que estar com a Katniss é mais divertido e libertador do que imaginava. Ela é engraçada, sem ser chata. É sensual, sem nenhuma vulgaridade. E ela... bem... – suspirou Peeta, e não conseguiu seguir com sua linha de pensamento.

— Está se apaixonando, irmão – afirmou Finnick, sentando-se atrás de sua mesa para checar seus e-mails.

— Eu-eu apenas disse que gosto de passar um tempo com ela.

— É assim que nós homens nos apaixonamos.

— Finn...

— A mamãe está organizando um jantar em família para amanhã. É melhor se preparar para apresentar sua garota misteriosa.

— Mamãe não me avisou nada.

— Ah, cara, dê uma olhadinha na sua caixa de entrada dos e-mails.

Peeta fez o que o irmão sugeriu. Logo viu a foto de sua mãe sorridente e uma mensagem o convocando para o jantar na noite seguinte, levando a futura Sra. Mellark.

— Futura Sra. Mellark? – O loiro engoliu em seco. — Ela está levando isso a sério.

— Assim como você, mano.

— Onde vai? – questionou Peeta, ao ver o irmão se ajeitando para sair.

— Annie tem uma ultrassonografia agora às quatro. Não quero perder de ver meu filho número três por nada neste mundo.

Após Finnick se retirar, Peeta tentou voltar à concentração para as próximas matérias que sairiam na revista naquela semana, mas seus pensamentos eram preenchidos apenas por uma pessoa. Vencido pelo instinto, ele ligou para a morena, convidando-a para o jantar em família.

 

❆❆❆  ❆❆❆

 

— Mas e se eles não gostarem de mim?

— Eles irão amar você.

— Como pode ter tanta certeza?

— Apenas confie em mim.

Katniss estava belíssima, em um vestido verde jade e uma echarpe de seda com uma estampa oriental, envolta em seus ombros. Peeta, chegando frente ao enorme portão da entrada da mansão Mellark, apenas apertou o botão de seu controle para abri-lo. A morena expremia os dedos das mãos em um claro sinal de nervosismo. Para tentar acalmá-la, o homem ao seu lado segurou uma das mãos e levou até os lábios, dando um suave beijo nas costas da mesma. Katniss sentiu seu coração se acelerar e reprimiu a vontade de se jogar pra cima dele ali mesmo e amá-lo.

Peeta estacionou seu carro perto da enorme escadaria, que levava até a entrada contemporânea da mansão. Ele saiu rapidamente do carro e deu a volta para abrir a porta do passageiro.

— Aquela é sua mãe? – Peeta virou o pescoço para olhar na direção em que Katniss olhava. Effie tinha um enorme sorriso nos lábios e batia as mãos animadamente.

— Sim, aquela é minha mãe.

— O que eu faço? – Katniss passou seu braço no de Peeta, que tentava acalmá-la.

— Seja essa pessoa maravilhosa, que se mostrou em nossos encontros. – Os dois marcharam elegantemente até a entrada da casa, na qual a mãe os aguardava. — Mamãe, quero que conheça Katniss Everdeen.

— Encantada em conhecê-la, Sra. Mellark.

— Ah, eu é que estou encantadíssima, queridinha. – Effie tinha os olhos lacrimejantes ao envolver Katniss em um abraço apertado.

Katniss sentiu uma forte conexão dentro de si, envolvida naqueles braços maternos. Seu triste passado jamais permitiu que sentisse aquela sensação inexplicável.

— Todos já estão aí dentro?

— Sim, meu filho. Só faltavam vocês dois. Venham, vamos entrar e, Katniss, sinta-se em sua casa.

— Obrigada, Sra. Mellar...

— Pode me chamar de Effie ou de mãe, se preferir. – Effie enroscou o braço no de Katniss e, ao adentrar a sala de estar, apresentou a morena. — Temos o prazer de conhecer a futura Sra. Mellark desta família. – A morena corou violentamente ao ser recebida com uma onda de carisma dentre abraços fraternos. — Katniss, esse são Finnick, Annie e seus filhos, Sam, de dez anos, e a Stephanie, de sete.

— É um prazer finalmente conhecê-la. – Annie desajeitadamente, por conta da barriga de sete meses, abraçou-a.

— O prazer é todo meu.

— E esse é meu filho mais velho, Kat.

Gale estremeceu no momento em que Katniss adentrou o cômodo, ele sabia de onde ela vinha e temia o pior.

— Você está bem, querido? – Madge cutucou levemente o braço do marido.

— Prazer em conhecer o quarterback do Chicago Bears. – Katniss estendeu a mão para cumprimentá-lo e, ainda atordoado com o momento, Gale imitou o gesto com um sorriso encenado.

— Esses são meus netos mais velhos, Charlotte, de onze anos, e Liam,, de nove anos.

— Prazer em conhecer a todos.

— Hay, querido, venha conhecer a Katniss.

O patriarca adentrou a sala e veio abraçar a morena, que sentiu novamente aquela sensação gostosa de acolhimento familiar.

— Garoto, você demorou, mas não perdeu tempo em ter a melhor garota.

— Pai... – repreendeu sem graça o loiro que, até então, só observava a receptividade com a qual sua família acolhia sua garota.

— O que foi, garoto? Por que ficou roxo de repente?

Peeta não sabia onde se esconder e Katniss, aproveitando-se da situação, ajeitou a gravata pouco desalinhada que ele usava, mas o detalhe era a forma com que fazia aquilo, deixando Peeta ainda mais sem graça. Obviamente passou pela sua mente a noite em que a conheceu, onde ela vestia apenas a  fantasia de criada francesa, e o quão sensual estava.

Ao se acomodarem à mesa de jantar, o restante foram apenas histórias de como Peeta foi uma criança adorável e que nunca deu trabalho, ao passo que Gale e Finnick eram o oposto. Katniss ria como nunca em toda sua vida. Aquele clima era acolhedor demais e não podia negar que estava encantada por todos e que desejaria fazer parte daquilo para o resto de sua vida. Mesmo sabendo que duraria pouco tempo aquela farsa.

— Ah, queridinha, você é um amor. Peeta me contou que você fará uma apresentação na Broadway, é sério?

— Sim, fiz o teste ontem à tarde para o musical THEY SAY IT'S WONDERFUL.

— Essa música é linda... tem como você dar uma pequena amostra para nós? – Mesmo sem graça, Katniss atendeu ao pedido de Effie e, suavemente, iniciou à capela a suave melodia.

No final, Effie já enxugava o canto dos olhos emocionada com a magia que a morena colocava em sua voz.

— Meu filho não podia ter feito uma escolha mais perfeita. Katniss, querida, no próximo fim de semana vamos até a nossa casa da praia, aproveitar o feriado que cai na segunda-feira. Você virá conosco. – Aquilo não tinha sido uma proposta, e sim um comando.

— Será uma honra conhecer a casa da praia. Obrigada pelo convite, Effie.

— Não precisa me agradecer, querida. Você vai ver o quanto o litoral faz bem.

Enquanto Katniss era entrosada na animada conversa composta pelas mulheres Mellark, a morena olhou na direção em que as crianças brincavam animadas. Peeta se encontrava entre elas. Ele estava envolvido na antiga brincadeira de esconde-esconde.

— Você gosta de churrasco, Katniss? – Annie perguntou e, vendo que a concentração da morena estava totalmente voltada ao cunhado, tornou a chamar-lhe a atenção. — Katniss?

— M-me desculpe... o que dizia, Annie? – questionou ela, sem graça.

— Se você gosta de churrasco.

— Sim, eu gosto... na verdade, adoro. Principalmente o pão de alho.

— Que ótimo! No domingo, os homens que preparam o churrasco e Peeta faz um ótimo pão de alho.

As três mais jovens haviam se dado muito bem. Tanto Madge, quanto Annie sabiam que Katniss seria uma ótima concunhada.

— Venha comigo, querida, vou mostrar-lhe a casa. – Effie, ao se levantar, pegou a mão de Katniss e a enroscou em seu braço. As duas começaram a explorar os locais, enquanto a matriarca mostrava, todas as fotos de família espalhadas pelas paredes. — Esse é o Gale quando entrou pra equipe de equitação do clube de cavalos. Ele sempre foi um garoto aventureiro. – A morena olhou atentamente para o irmão mais velho de Peeta e quase não acreditou que aquele garotinho de sorriso fácil na foto, vestido elegantemente de cavaleiro, era o mesmo que tentou forçar algo com ela numa das salas particulares do Windgate. — Aqui, é o Finnick na primeira aula de natação. Ele tinha dois anos apenas, acredita? – Katniss sorriu, o garoto na foto de cabelos cor de areia parecia um peixinho feliz nos braços de Effie. — E, nesta foto, Peeta jogando beisebol com o pai. Ah... como gostaria que cada dessas fases voltasse. Pelo menos pra eu vislumbrar mais uma vez cada momento com eles – suspirou a mulher com um ar de encantamento. — Vai ver quando tiver seus filhos. Cada fase é especial.

— Você é uma mãe muito talentosa.

— Querida Kat, tenho certeza que você já tem todo esse talento dentro de você.

Katniss sentiu as bochechas esquentarem. Talvez de vergonha em estar apenas desempenhando um papel. Effie fez um tour com a morena por toda a mansão Mellark. Tanto que a jovem se sentiu sem jeito, pois ela mesma não tinha nada a oferecer àquela amável família que lhe acolhera tão docilmente.

— Aí está você. – Peeta estava no topo da escada, um metro e oitenta e cinco de pura beleza, o que fez o coração da jovem Everdeen saltar dentro do peito. — Queria saber se precisa de algo?

— Eu estou bem... meu amor — proferiu ela, com certa sensualidade na voz, a qual fez Peeta estremecer todo seu corpo.

— Filho querido, por que não leva a Kat pra conhecer a área externa?

De alguma forma, Effie sentiu que os dois precisavam de um tempinho juntos. Sendo assim, Peeta estendeu a mão à “namorada” e futura Sra. Mellark, que de bom grado aceitou e, ao unirem as mãos, parecia que uma corrente elétrica os havia conectado.

— Toda minha família gostou de você – comentou ele, quando se encontravam próximo a piscina.

— Gostei muito deles também. Parece que foi em outra vida que tive esse aconchego familiar... – divagou Katniss, sentindo os olhos arderem.

— Pois é, você não fala muito na sua família.

— O que eu poderia dizer? – Ela parou por um instante e respirou fundo, tentando encaixar em sua mente como tudo aconteceu. — Nem tinha amanhecido, quando minha tia ranzinza havia recebido a notícia de que meus pais e minha irmã caçula haviam morrido em um acidente, onde uma carreta bateu de frente no carro em que viajavam.

A morena estava à beira das lágrimas, quando sentiu ele segurar sua mão.

— Eu sinto muito...

— Faz tanto tempo que nem sei como consigo me lembrar.

De repente, algo se mexeu nos arbustos.

— Mas o que voc... – Peeta não teve tempo de questionar os sobrinhos, porque, no mesmo segundo, Liam empurrava Katniss piscina adentro. — Liam Undersee Hawthorne Mellark, o que pensa que está fazendo? – esbravejou o loiro afoitamente, sem saber se acudia Katniss, que tentava se apoiar na beirada da piscina para sair, ou se dava uma bronca no sobrinho.

— Oras, tio, você não fica bravo quando fazemos arte com aquelas garotas chatas.

— Aquelas garotas chatas perseguem o tio aqui, mas a Kat não é como elas. – Peeta explicou ao garoto, que sorriu sem graça. — Oh, meu Deus, Kat... você está bem? – Peeta ao tentar puxá-la para fora acabou se desequilibrando e caiu dentro d'água.

— Não era melhor vocês terem colocando uma roupa apropriada para a ocasião? – caçoou Finnick, ao se aproximar da pequena confusão iniciada pelos sobrinhos, que faziam cara de “não tivemos nada a ver com isso”. — Alguém pode me explicar o que aconteceu? Porque, lá de dentro, só vi a Katniss caindo na água.

— Tio Finn... sempre tiramos o tio Peeta das enrascadas em que aquelas garotas esquisitas e chatas querem colocar ele. – Inocentemente, Charlotte contou.

— Sei que aquelas garotas são impertinentes, mas a Kat é a futura tia de vocês. Não podem fazer travessuras com ela, estão me entendendo?

— Nos perdoe, pai... – Sam torceu os lábios, sentindo-se culpado.

— Eu perdoo, mas a quem vocês devem desculpas é ao tio Peeta e à Kat.

Charlotte, Liam, Sam e Stephanie se posicionaram militarmente perto do tio, que havia acabado de sair da água junto da morena.

— Tio Peeta e tia Kat, nos perdoem por isso – pediu Liam, arrependido.

— Sabe o que eu deveria fazer com vocês quatro? – Os sobrinhos encararam o tio com beiços que fizeram o coração de manteiga do loiro amolecer. — Isso aqui... – Peeta começou a correr atrás dos quatro e ergueu Liam como um saco de batatas e o jogou nas costas molhada e continuou a correr atrás dos outros. — Vamos pegar todos e jogá-los na piscina, Liam!

— Vamos, tio...

— Mas você vai junto deles.

— O quê, tio? Não!

Peeta ameaçou, mas não fez nada aos sobrinhos.

— Os quatro entrem. Pensarei em um castigo – ordenou Finnick, piscando para o irmão, e logo entrou, seguindo as crianças.

— Me perdoe por isso...

— Te perdoo se me explicar essa história das crianças te defenderem.

— Explico, mas vamos tirar essas roupas molhadas primeiro. – Peeta caminhou até a lavanderia e entrou no quarto onde as funcionárias passavam a roupa. — É melhor se secar e vestir esse roupão, que conseguirei roupas secas – disse ele, abrindo o armário, pegando toalhas e dois roupões.

— Obrigada. – Katniss agradeceu e logo entrou no pequeno banheiro para tirar toda a roupa molhada. Ao final, vestiu o roupão e tornou a adentrar no quarto em que o loiro terminara de amarrar o cordão do roupão em sua cintura. — Agora, é a parte em que me conta a história dos sobrinhos te defenderem.

— Certo... – Peeta coçou a nuca molhada em um claro sinal de nervosismo. — Tem umas loucas que ficam atrás de mim, dando em cima, e meus adoráveis sobrinhos despistam elas do meu pé, entende?

— Uau, devo ser a sortuda da vez em ter sido “a escolhida” para reinar ao seu lado – zombou ela, tirando uma careta cômica do Mellark.

— Queria ver se fosse você no meu lugar.

— Por que tem tanto medo de se apaixonar?

Aquela pergunta pegou Peeta de surpresa. Por que mesmo ele tinha repulsa a relacionamentos?

— Talvez, porque eu ainda não tenha encontrado a garota que me tirasse de órbita.

— Nossa, Houston, genial essa sua afirmação – brincou ela, dando uma leve, porém proposital trombada nele. Logo os dois se entreolharam, daquele modo, perdidos um no outro.

— Não caçoe de mim, pois acho que devo estar encontrando essa pessoa...

Deve estar encontrando... jura? – desdenhou ela, diminuindo os poucos centímetros que restavam entre eles.

— Katniss... – O loiro saboreou o nome da morena com excitação.

— Diga, tigrão... – provocou a Everdeen, aproximando os lábios aos dele.

— E se eu confessar que estou louco e sedento pra te beijar?

— Eu diria para não perder tempo...

E, sem mais delongas, o Mellark segurou o rosto dela e colou os lábios, que num instante se atracavam. Um duelo entre línguas era travado. Tanto Katniss, quanto Peeta estavam perdidos um no outro. Tanto que, se o mundo ao redor explodisse, talvez os dois nem notassem.

 

❆❆❆  ❆❆❆

 

Os dias passavam na velocidade da luz e logo o fim de semana em que a família Mellark iria passar na casa de praia havia chegado. Os homens Mellark ajeitavam todas as bagagens no porta-malas da van de quinze lugares, enquanto as mulheres davam os últimos retoques no look.

— Como vão os ensaios para o musical, Kat? – perguntou Effie com entusiasmo.

— Muito bem. Ainda ontem gravei com os músicos.

— Ai, que emoção! Adoraria poder me apresentar em um musical. – Com uma das mãos sobre o peito, a mulher se expressava com orgulho em ver Katniss realizar este pequeno desejo em seu lugar.

— Effie, querida, temos que ir assistir a Kat. – Madge terminou de retocar o batom nos lábios e entregou o bastão à sogra.

— Oh, sim, nós todos iremos prestigiar nossa querida, Kat.

— Vou falar com o Finn pra comprar os ingressos.

— Vovó, o vovô já ligou a van e só está esperando vocês.

— Obrigada, Charlotte. Nós já vamos.

Effie sentou-se ao lado do marido e Charlotte junto de si. Katniss sentou no fundo, onde Peeta a aguardava com um sorriso bobo nos lábios. Desde o episódio na piscina em que, posteriormente os dois haviam trocado inúmeros beijos, ambos não comentaram e não se tocaram mais. O loiro nunca havia sentido uma sensação tão prazerosa em estar beijando alguém. Ele nem sequer lembrava qual havia sido a última garota que passou por sua vida, mas a certeza era a de que ninguém tinha lhe causado aquele efeito.

— Essa van não é exagero demais? – comentou baixinho para o loiro, que sorriu ao responder:

— É o sonho da mamãe que saiamos todos juntos e, detalhe, com todos os bancos ocupados – cochichou ele. Katniss arregalou os olhos e observou os bancos vazios. Faltavam três a serem ocupados sendo que o próximo seria para a criança ainda não nascida de Finnick e Annie. — Será que seremos nós a preenchermos os dois lugares que restarem, após o bebê da Annie?

— Isso é um pedido, tigrão? – provocou ela, ao sussurrar o apelido no ouvido do loiro.

— Chame do que quiser, mas, se você topar, eu topo. – Peeta entrou na brincadeira.

— Então, vamos começar hoje à noite – pontuou, pestanejando com o rosto próximo ao dele.

Peeta sentiu a necessidade de beijá-la e, seguindo seu impulso, segurou o rosto da morena e aproximou os lábios aos dela.

Eca... – Liam, que se encontrava de joelhos, espiando os bancos de trás, esboçou inúmeras caretas, mas foi repreendido pela mãe.

— Liam! Se não ficar sentado e quieto, te amarro aqui do meu lado.

— Mas, mãe, o tio Pee...

— Eu vou contar até três... 1... 2...

— Ok, já parei.

O restante da viagem seguiu tranquilamente. Haymitch ligou o player da van e todos cantavam animadamente músicas aleatórias. No entanto, o mais quieto e indiferente entre eles era Gale. Desde que a morena surgiu no jantar em família, o rapaz parecia um leão inquieto com sua presa.

Katniss mal acreditou no que seus olhos viram, quando Haymitch estacionou na calçada, frente à casa de praia. A casa era enorme, com grandes janelas panorâmicas, que iam do chão até o teto. A morena ajudou com as malas e Peeta foi mostrar a casa para ela.

— Vamos dormir aqui? – perguntou ela, adentrando o enorme cômodo. Tudo ali era um luxo só.

— Sim, é aqui que vamos dormir.

— Vai me dizer que tem uma banheira...

— Tem uma banheira em que cabem duas pessoas. – Ele sorriu maliciosamente.

— Nossa, tigrão, você está assanhado – gracejou ela, segurando o queixo dele. — Nem parece aquele rapaz que me encontrou pela primeira vez.

— Xiu, não vamos conversar sobre a primeira vez que te vi.

— Está bem, não vou mais falar sobre isso. – Katniss abriu o sorriso, quando viu ele aproximar o rosto do seu e beijá-la.

O fim de semana transcorria bem. Toda a família acolhera Katniss como se ela já pertencesse a eles. No entanto, na manhã de domingo, quando todos se encontravam à beira da praia tomando sol e outros se banhando no mar, Katniss avisou Peeta de que precisava ir até a cozinha. O que ela não esperava era ser seguida por Gale, que a surpreendeu ao segurar seu braço com certa pressão.

— Já saquei qual é a sua – esbravejou ele entredentes. — Meu irmão sabe que você não passa de uma putinha barata?

— Você está me machucando – gemeu ela, tentando se desvencilhar dele.

— Quer dar o golpe nessa família, sua vagabunda?

Os olhos da morena se encontravam banhados de lágrimas e, por sorte, Peeta entrou naquele instante.

— Solta ela, Gale!

— Sabia que sua garota guarda um segredinho sujo, irmão? – Peeta se aproximou do irmão, tentando tirar Katniss de seu aperto, mas Gale só a apertou ainda mais. — Ela é uma puta, que dança para os milionários... – Por mais embriagado que estivesse, Peeta não sentiu pena ao socar o rosto do irmão.

— Nunca mais dirija palavra alguma à minha noiva! Fui claro?

— Noiva? – gargalhou ele, com escárnio. — Você só pode estar de brincadeira, querendo adicionar essa qualquer à nossa família.

— Já disse para não se dirigir assim a ela. E sim, me casarei com Katniss e, queira você ou não, terá que lidar com isso com educação. – Peeta quase não conseguia respirar, enquanto as palavras saíam automaticamente de sua boca. Seria verdade todo aquele sentimento, que expressava ali diante dela? — Kat, venha comigo. – O loiro viu o quanto a morena estava tremendo. Ele a acompanhou até o andar de cima e a levou até a sacada do quarto. Sentou-se com ela nas cadeiras que havia ali junto de uma mesa pequena redonda de mármore. Ele segurou as mãos dela entre as suas, ao passo que Katniss firmou os olhos marejados no horizonte e deixou as lágrimas rolarem. — Não chore, meu anjo... Estou aqui e não sairei do seu lado.

— Seu irmão já me conhecia, sabia? Desconfiei que em algum momento ele iria me expor – soluçou ela.

— De onde conhece ele? – Quis saber Peeta.

— Ele ia todas as sextas na boate. Sempre pedia para eu fazer uma dança particular. Em uma noite, ele estava alterado, sei lá... e foi quando me atacou e tentou...

— Meu Deus! Ele te estuprou?

— Não... Cinna, um dos seguranças, percebeu que naquela noite ele estava fora de si e entrou na sala, antes que o pior acontecesse.

— Você não prestou queixa?

— Eu não podia, pois Gale era influente, mas depois disso Cinna passou a me proteger de homens como ele.

— Gale traía a Madge... que desgraçado.

— Ah, por favor... não diga nada a ela, pois depois nunca mais o vi, até aquela noite do jantar.

— Por isso, ele ficou estranho desde então. – Peeta tomou Katniss em seus braços, fazendo com que se sentasse em seu colo. — Não vou dizer nada, mas desconfio que Madge já tenha ideia de algo. Gale ficou muito estranho desde a época em que ela teve o Liam. Desconfio que nunca foi muito fiel. O agente dele já o livrou de muitas fofocas. – Peeta enxugou o rosto da morena com a própria mão e ela sorriu ao receber o carinho.

— Nunca alguém cuidou de mim, assim como você está fazendo.

— Sei que parece cedo, mas, no que depender de mim, continuarei a cuidar de você.

Os dois se entreolharam tão profundamente, que um era capaz de enxergar a alma do outro. O desejo entre eles era inevitável. Peeta infiltrou a mão sob os cabelos soltos dela e a puxou para beijá-la ardentemente. Ambas as línguas travavam um duelo sem direito a vencedor. Ele se levantou com ela em seus braços e caminhou até a cama. Katniss sentiu suas costas sobre o colchão macio. As mãos de Peeta passeavam avidamente pelo corpo dela. Aquilo estava levando Katniss à loucura. Infelizmente, algumas batidas na porta atrapalharam os dois de irem adiante.

Era Charlotte os chamando para o almoço.

No fim do dia, Effie chamou Katniss até um canto para conversar.

— Bem, primeiramente quero confirmar com você um detalhe – ela analisou atentamente as feições de Katniss. — É verdade que você é uma dançarina stripper?

Katniss congelou. Todo seu disfarce de boa moça, caíra por terra. Entretanto, sabia bem quem havia dito a ela, a fim de denegrir sua imagem. Ela suspirou e encarou a mãe de Peeta com toda sinceridade.

— Eu sou sim, Sra. Mellark. Sinto muito não ter contado antes...

— Ah, minha nossa! Você irá me ensinar a dançar no pole dance. Na verdade, irá ensinar a mim e às meninas – enfatizou Effie, animada com a ideia que acabara de ter.

— Sra. Mellark...

Effie, já lhe disse que não precisa de formalidades comigo.

— Tudo bem, mas a que meninas se refere?

— A Annie e a Madge.

Katniss se sentiu confusa e aliviada ao mesmo tempo.

— Não está chateada por eu ser uma dançarina?

— Lógico que não estou chateada. Gale veio com aquele olho roxo, insultando o Peeta e você. Me contou o que tinha acontecido e só o que fiz foi deixá-lo falando sozinho e vim conversar com você. – Katniss não conseguia acreditar no que estava acontecendo. Ao invés de Effie expulsá-la e dizer coisas banais sobre sua atual profissão, estava diante dela, pedindo que a ensinasse. Seria real? — Se meu filho a escolheu e te ama, quem sou para me opor? Tudo o que desejava era que Peeta encontrasse o verdadeiro amor. E o modo como ele te olha não me engana.

Katniss sentiu todo seu corpo se arrepiar. Como assim, Peeta a amava? Eles tinham uma química, isso era óbvio, mas amor? Será?

— Quer mesmo que eu ensine vocês a dançar em um pole dance? – perguntou Katniss, ainda em dúvida se aquilo realmente estava acontecendo.

— Assim que voltarmos, providenciarei uma sala particular, toda equipada para você nos ensinar. – Effie bateu as mãos com toda a animação estampada. — Ah, isso será emocionante. Deixarei o Hay de queixo caído. – Os olhos da morena piscavam freneticamente. Effie estava animada à sua frente e, num impulso, abraçou Katniss com força. — Estou tão feliz de o meu filho querido ter te encontrado. Vocês dois me darão os netos mais lindos.

Katniss não sabia o que dizer ou onde se enfiar. E, graças aos céus, o loiro surgiu diante delas.

— Mamãe, acho que já tomou tempo demais da minha garota, não acha?

— É verdade, filho. Podem ir. – Effie deu um beijo carinhoso no rosto da futura nora e se retirou para dentro da casa.

— O que minha mãe te disse? Ela parece tão animada e feliz. – Os dois, de mãos dadas, caminharam sentido à praia.

— Gale contou a ela quem realmente sou.

— Como? Aquele... espere... e ela ficou feliz?

— Sua mãe quer que eu ensine ela e às suas cunhadas a dançar no pole dance.

— Uau, isso vai ser interessante.

 

❆❆❆  ❆❆❆

 

Após o fim de semana perfeito, que emendara com o feriado de segunda-feira na praia, a família Mellark regressou à rotina normal. Effie providenciara a tal sala e Katniss começou os ensaios. No início, elas eram meio desengonçadas, mas, com toda a paciência que a morena tinha, ensinou as três a despertarem a verdadeira natureza escondida.

— A Kat é maravilhosa, Pee – comentou Effie, buscando por uma garrafa de água na geladeira. O filho se encontrava compenetrado em alguns artigos esportivos, que seriam publicados naquela semana, na revista. — Ela deve arrasar com você na cama.

Peeta ergueu os olhos do que lia. Sentiu seu corpo estremecer e o rosto pegar fogo.

— Ma-mãe... – Ele limpou a garganta, antes que o fizesse tropeçar novamente nas palavras. — Realmente, ela é incrível.

Será que realmente ela era incrível na cama?

Peeta sacudiu a cabeça, tentando não pensar nela. Precisava se concentrar no trabalho que fazia.

— Quando começarão a encomendar meus netinhos?

Peeta se engasgou com a própria saliva. Aquelas insinuações de sua mãe não ajudavam em nada seu autocontrole. Ele e Katniss não tinham passado da fase de beijos e carícias. Por mais que o desejo entre os dois fosse evidente, não chegaram a consumir um ao outro.

— Quando nos casarmos, mamãe – declarou, tentando convencer a mãe a dar aquela conversa por encerrada.

— Quero que dê isso a ela, quando for a hora. – Effie estendeu uma caixinha preta.

Peeta a segurou e sentiu suas mãos trêmulas. Ao abrir a pequena caixa, seus olhos se depararam com um lindo anel brilhante, com um diamante corte princesa.

— Mãe...

— Por favor, esse é meu presente de agradecimento, por ter encontrado uma mulher incrível e que te ama de verdade. – Peeta estava sem palavras. — Katniss não é como aquelas superficiais que vivem dando em cima de você. Ela é especial, filho.

— Obrigado, mamãe. Ela vai adorar o anel.

— Tenha uma ótima noite, meu amor. – Effie beijou o filho e subiu para seu quarto.

Após aquele episódio, Peeta não conseguiria voltar a concentração ao que fazia. Arrumou a bagunça de cima do balcão. Depois foi até o bar no canto da sala e se serviu de whisky. Sua mente era invadida por imagens dela. Ele só podia estar ficando louco, mas, loucura ou não, tinha certeza de que estava completamente apaixonado por Katniss. Ao olhar para fora notou a torrente de chuva que caía. Pensou e repensou, seu coração o levava a somente um lugar... até ela.

Peeta se levantou num salto. Pegou a chave do carro e a caixinha preta, e saiu porta afora.

Ele pegou o celular e discou seu número. No terceiro toque, ela atendeu.

— Peeta, está tudo bem? – Ele estremeceu com a voz enrouquecida e sensual, por conta do sono talvez.

— Estou aqui em baixo. Posso subir?

Logo escutou o click do portão elétrico e empurrou, subindo os lances de escada com rapidez. Ao parar frente à porta do apartamento dela, passou as mãos nos cabelos molhados pela chuva que acabou tomando, enquanto aguardava ela o atender. Apontou o indicador na direção da campainha, no entanto, Katniss já abria a porta.

— Meu Deus, Peeta! Está molhado. – Ela o puxou para dentro e Peeta não aguentava mais segurar os sentimentos há muito tempo presos dentro de si. Ele nunca se apaixonara de verdade por alguém, mas sentia que, bem lá no fundo, um sentimento avassalador estava guardado a sete chaves, apenas esperando a pessoa certa. E Katniss seria a pessoa a quem ele confiaria tais sentimentos? — Você pode pegar um resfriado ou até mesmo...

— Eu amo você! – Ele soltou de repente.

Katniss arregalou os olhos, surpresa com a veracidade com a qual ele soltara aquela frase.

— Sente-se bem, Peeta? – receosa perguntou.

— Me sinto ótimo – afirmou ele, dando dois passos à frente. — Sei que parece loucura ou talvez repentino, mas o que sinto por você é real. Acredite em mim.

Katniss sentiu seu coração dar cambalhotas. Seria possível aquele homem perfeito amá-la?

Peeta levou sua mão até o rosto de Katniss e sentiu que um calor emanava dela.

— Parece loucura, mas sei que não é... também sinto algo muito forte por você, Peeta. Vai além da atração. Sei disso, porque me acostumei com sua companhia. – Katniss sentiu seu rosto enrubescer.

Não precisou de mais nada para que ambos se atacassem. Ela desabotoava a camisa dele com desespero e Peeta não desgrudava os lábios dela nem pra respirar. Ele a ergueu, quando não havia peça de roupa alguma entre eles, e num piscar de olhos estavam se amando. A chuva ainda caía forte lá fora, mas nada daquilo atrapalhava os dois.

Pela manhã, Peeta abriu os olhos e não deixou de sorrir ao perceber que aqueles belos fios de cabelo castanho claro se encontravam espalhados sobre seu peito nu. Ela tinha um cheiro tão bom. Katniss se mexeu um pouco ao sentir um carinho em sua pele. Então, ela ergueu os olhos e encontrou Peeta sorrindo.

— Tenho um presente pra você – disse ele, beijando levemente os lábios carnudos dela. Ele se levantou e buscou pela calça. Enfiou a mão no bolso lateral, pegando a caixinha e a escondeu atrás de si. Aproximou-se da cama e Katniss segurou o lençol contra seu corpo, sentando-se em seguida. Peeta ajoelhou-se e revelou a caixinha e o conteúdo. — Katniss Everdeen, aceita se casar comigo?

Ela sentiu algumas batidas de seu coração falharem. Não acreditava que aquilo estava realmente acontecendo. Com sua vida sempre difícil, acreditava que conto de fadas não existissem.

— Aceito.

 

❆❆❆  ❆❆❆

 

A família Mellark em peso se levantou para aplaudir a ilustre Katniss Everdeen, que acabara de apresentar o musical que vinha ensaiando. Ela se emocionou ao vê-los ali. Aquela era sua nova família, já se sentia parte dela, mesmo faltando alguns meses para realmente se tornar a Sra. Mellark. Peeta não queria prolongar o tempo, desejava o quanto antes que a morena fosse sua e de mais ninguém.

O WINDGATE CLUB ficara no passado. Ela agora dedicava-se aos preparativos do casamento e aos pequenos projetos que recebera a oportunidade de estrelar ali naquele palco da Broadway.

Nada e ninguém poderia tirar de seu coração o que sentia naquele momento. Era mágico sentir que uma família a acolhera tão bem. Um presente dos céus. O universo sorria para ela.

— Você estava maravilhosa, Kat. – Effie estava emocionada, quando se encontraram com Katniss. — Vamos comemorar em casa.

— Estava linda, meu amor – elogiou Peeta, abraçando-a pela cintura.

O restante da família era só sorrisos direcionados à morena. Gale ainda não engolia muito a ideia de tê-la na família, mas Madge não se importava com a opinião dele, e seu marido devia agradecer à Katniss por ensiná-la a dançar no pole dance, pois aquilo trouxera de volta todo o tesão do casamento deles.

Ao chegarem à mansão Mellark, Effie e Haymitch e os demais se apressaram na frente e, quando Peeta e Katniss adentraram na sala de estar, todos gritaram surpresa. Haviam planejado uma festa de noivado surpresa. Até mesmo Cato com sua oficial namorada Clove e Johanna Mason – amiga da boate – encontravam-se ali para prestigiar o casal.

O casal ganhou muitos presentes e, quando se encontravam no quarto, não paravam de rir de tanta felicidade.

— Acredito que não foi de todo mal minha mãe querer me ver casado, não é? – Peeta se encontrava de bruços recebendo uma deliciosa massagem em suas costas. — Acabei encontrando o amor da minha vida. – Katniss acabou gargalhando com aquela constatação do loiro. — Tá legal, foi bem clichê o que acabei de dizer, mas não deixa de ser verdade, ok? – Ele se remexeu, mudando de posição, agora tendo ela debaixo de seu corpo. — Você é um achado, futura Sra. Mellark. Amo você... – Ele a beijou, demonstrando tudo o que acabara de dizer, e Katniss quase perdeu o fôlego. Peeta era intenso.

— Você também é um achado, tigrão. Para quem queria se casar e iniciar uma família aos cinquenta anos...

— Ei, ainda pretendo começar a ter filhos nessa idade – protestou ele, com ar de brincadeira.

— Sou a favor de esperarmos um pouco, para começarmos a ter nossos rebentos maravilhosos, mas não quero ter filhos muito velha. E outra, sua mãe não nos deixará em paz, sabe disso, não sabe?

— Claro que sei. Ao invés de ser: Minha mãe quer que eu case, será, minha mãe quer que eu engravide.

Os dois caíram na gargalhada.

— Eu amo você, tigrão – disse ela graciosamente.

Então, Peeta rompeu os poucos centímetros entre eles e a beijou com carinho.

Katniss já estava morando com Peeta desde o pedido. Os dois se davam muito bem, quase nunca discutiam, isso porque, quando Katniss começava a teimar, Peeta concordava com ela. Essa foi a maior dica que seu irmão Finnick dera, sempre concorde com ela. Os dois procuravam se manter em harmonia, ou pelo menos tentavam e o resultado eram sempre noites ardentes de total entrega. Ela ainda fazia sua dança particular para ele. Peeta não podia negar arrependimento em ter mantido sua mente aberta, quando Cato o apresentou à Katniss naquela noite.

Ele pertencia a ela, e ela pertencia a ele.

Talvez fosse piegas dizer que eram alma gêmeas. Afinal, quando alguém entende você como nenhuma outra pessoa e que te ama incondicionalmente, e que está ao seu lado, independente do que aconteça, significava algo, certo? Sim, realmente sentiam que eram alma gêmeas.

 

FIM


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Notas finais do capítulo

Pessoal, e aí o que acharam da One? Talvez eu escreve uma versão estendida, mas não é certeza, ok? Agradeço mais uma vez a esta oportunidade de estar fazendo parte disso aqui.

Um forte abraço a todos e uma ótima, semana, agora passo o bastão para a Sandrinha. Até os comentários meus lindos.



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