Fragmentos escrita por Thammi


Capítulo 1
Capítulo 1 - Único


Notas iniciais do capítulo

Oie meus bolinhos

Primeira vez que eu escrevo em primeira pessoa, particularmente eu acho superdifícil fazer isso. Nem sei porque eu fiz, eu devo ser louca mesmo u.u

É uma ShiIta de leve para ocês.

Death Fic no universo ninja com algumas alterações ok?

Beijos!



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Você sempre foi um ser tão puro, não é Itachi? Desde novo, tão ligado as pessoas, aos seus sofrimentos e pesares. Tinha certeza de que se você pudesse tomaria todas as tristezas do mundo para si e desaparecia com elas.

Apesar de ser mais novo do que eu sua percepção era extremamente mais aguçada. Como eu te admirava por isso. Seu coração era essencialmente livre do ódio e nem o sangue Uchiha correndo nas suas veias foi capaz de mudar isso.

Era nítido para qualquer um o quão especial você é, mas para mim, sua presença representava tudo, um farol em meio ao caos, minha direção caso algum dia eu me perdesse.

Foi tão incrível ver o modo como você ficou feliz, radiante quando Mikoto-san anunciou que estava grávida de um irmãozinho ou uma irmãzinha. Lembro da certeza das suas palavras.

“Vai se um irmãozinho.”

E sem que ninguém pedisse ou orientasse, você simplesmente tomou para si mesmo a responsabilidade de cuidar dele, protege-lo e garantir que ele ficasse sempre feliz e seguro. Era doce, como alguém tão meigo podia ter nascido em meio ao mundo ninja? E sequer se afetado por ele?

Então Sasuke nasceu, achei que você fosse explodir de felicidade e excitação. Quando o pegava no colo nem para sua mãe você queria devolve-lo. Era engraçado, fofo, a forma como vocês eram apegados um ao outro. Sasuke também não ficava por menos, abastava ameaçar tira-lo do seu amado irmão mais velho que ele chorava como se fosse o fim do mundo.

Um amor tão profundo entre irmãos.

Foi ali que eu decidi que cuidaria de vocês dois. Seu lugar no meu coração era certo Itachi, eu te conhecia como a palma da minha mão e por isso sabia que da mesma forma que você era a minha força, Sasuke seria a sua. O universo a sua volta poderia ruir e nada poderia lhe atingir, desde que seu irmãozinho estivesse ali te sustentando, te mantendo inteiro. Por isso ele devia ser protegido, cuidado, por mim, por nós.

Ele era o raio de luz dos Uchiha.

Conforme os anos foram passando e fomos crescendo nos deparamos cada dia mais com os horrores da vida shinobe. Os sacrifícios, os ferimentos, as mortes feitas como se não fossem nada. Um sistema maldito que quebrava ao meio crianças como você.

Eu temi Itachi, temi quando soube que tinha despertado o Sharingan tão novo. Não dava mais para evitar a realidade cruel em que vivíamos. Nós shinobes somos armas. Ainda bem que Sasuke estava lá por você. Não importava o quão aterradora havia sido a missão, se você chegasse em casa e fosse abraçado pelo seu pequeno irmão sua alma se restaurava.

“Por você e por Sasuke, Shisui... Eu daria a minha vida sem hesitar.”

Sua sentença aos doze anos. Como eu fiquei feliz em ouvi-la, você também tinha sentimentos intensos por mim. Mas não. Não permitiria que isso acontecesse. Nunca deixaria que você se ferisse.

Contudo a relação entre o clã e a vila começou a ficar cada vez mais tempestiva. Era compreensível, os motivos de Fugaku-san em querer se rebelar não eram frívolos. Éramos tão orgulhosos, os Uchihas, tão certos do seu lugar dentro de Konoha, o clã mais poderoso da vila sendo tratado com tamanha repulsa, sendo vigiado como se tivesse cometido algum crime. Eles não tinham provas, apenas suspeitas que cresceram com o passar do tempo. Levou anos para nosso sangue começar a ferver, mas ferveu e entrou em ebulição deixando para trás um rastro de raiva e perseguição.

E você estava bem no meio disso, sendo usado como espada e escudo. Você não merecia isso. Eu trocaria de lugar contigo um milhão de vezes se fosse necessário.

Meu balsamo foi ver seus sentimentos por mim se transformarem lentamente e começarem a ir para um caminho que mesmo alguém tão genial como você tinha dificuldade em entender. Sempre que íamos ao Nakano nos banhar nas águas límpidas, um tradição comum entre nós, eu pude perceber o jeito novo que seus olhos me encaravam, suas bochechas ficando rosadas ao me ver tirando as roupas, esses momentos são o tesouro da minha memória, eu sempre as busco quando preciso rever seu olhar doce, porque agora você não sorri mais.

...

O dia estava quente demais, os dois ANBUs tinham acabado de voltar de uma missão Rank-S, mas que por sorte foi realizada sem grandes problemas. Não houve mortes naquele dia e isso por si só já era o suficiente para deixar Itachi bem. Só os céus sabiam quão sujo se sentia quando precisava ceifar a vida de alguém.

— Está de bom humor – Shisui comentou já dentro da água. – Nem reclamou quando te convidei para vir para cá hoje.

— Eu gosto de vir aqui – defendeu-se tirando a roupa, estava tão distraído que nem tinha visto o outro entrar no rio. – Só não estou no clima ultimamente – colocou o pé na água ignorando a temperatura baixa.

— E hoje você está no clima? – O mais velho provocou com o tom um tanto rouco.

Itachi encarou os olhos negros contornados por longos cílios com atenção. Engoliu a seco pela intensidade do rosto do primo. Já tinha um tempo que sentia seu corpo reagir de forma diferente com determinadas ações de Shisui, algumas espontâneas e outras propositais como essa de agora. Antes pensava que conhecia tudo sobre o mais velho, não tinha mais tanta certeza assim. Esse tom de voz não devia arrepiar sua pele, não devia esquentar seu corpo daquele jeito. Mas o fazia.

Decidiu que o melhor a fazer era ignorar e afundou o corpo até a altura da cintura, a correnteza estava fraca aquele dia, em contraste com seus batimentos cardíacos que triplicaram de velocidade conforme o outro se aproximou como um felino.

— Solta esse cabelo – Shisui pediu rente ao seu ouvido já com a mão no elástico e puxou de forma suave.

Os longos fios libertos se espalharam pelas costas e emolduraram o rosto de Itachi que tentava a todo custo se impedir de corar. Shisui estava muito perto e se caso seu rosto avermelhasse ele certamente notaria.

— Ainda não superou essa sua fixação com meu cabelo? – Tentou brincar se afastando suave centímetros, contudo os dedos do mais velho se fecharam com delicadeza em seus ombros e por isso o encarou confuso. – Shisui...

A palma da mão do moreno de cabelos curtos acariciou a pele em tom pêssego com carinho e seguiu pelo caminho óbvio que foi o rosto de Itachi. Dedilhou as maçãs altivas e acariciou de leve os lábios arroxeados pelo frio. Itachi era tão absurdamente lindo, adorava o zelo que ele tinha com todos a sua volta, a tranquilidade contagiante, o jeito que a simples presença dele aliviava todos os sentimentos ruins que possuía. Observou o peito do jovem ANBU subir e descer com mais velocidade.

— Shisui...

— Não chame o meu nome com essa voz – encarou os negros como os seus que para sua satisfação pessoal estavam febris.

Os pensamentos do seu primo não estavam nada castos.

— E-eu – mordeu a boca confuso. – Eu não quis...

— O que quer Itachi? – Instigou incapaz de recuar. – Aqui não existe clã, família, vila ou ordens, somos só você e eu. Se quer algo apenas venha e pegue. Já neguei alguma coisa para você?

O menor engoliu a seco e concordou, estava levemente ofegante e não entendia o porquê. Deixou seus instintos o guiarem e ergueu os braços para segurar o rosto do mais velho e aproximou suas bocas devagar.

— Eu posso? – Indagou apenas com o intuito de suscitar, queria desnortear Shisui como ele o desnorteava.

— Deve – respondeu praticamente sem voz.

O contato inicial foi tímido, obviamente aquele era o primeiro beijo de Itachi e por isso Shisui decidiu que o deixaria explorar o quanto quisesse antes de acometer qualquer domínio. Repreendeu um gemido quando suas línguas finalmente se tocaram, entreabriu mais a boca entrelaçando-se ao primo de maneira lenta e sensual. O gosto dele era maravilhoso, nem nos seus mais loucos sonhos tinha chego perto da sensação que era finalmente experimentar aquela boca. Apertou os dedos nos cabelos macios com delicadeza e o trouxe para mais perto aumentando o ardor da caricia. Não demorou muito para que seus corpos se grudassem e mesmo com a água gelada do rio os dois ficassem quentes.

— S-Shisui – Itachi ofegou sentindo-o mordisca seu queixo e beijar toda a extensão do seu pescoço finalizando o caminho com uma mordidinha na sua orelha que refletiu direto na sua pélvis. Em reflexo arranhou as costas pálida de leve.

Aquela reação explosiva era completamente nova, contudo intensa demais para ser vivenciada plenamente no primeiro contato e por isso o mais velho se afastou um pouco e aproveitou para apreciar o rosto vermelho do primo. Ele lhe direcionou um olhar envergonhado que fez seu coração inchar de paixão.

— Eu quero mais – exigiu em tom baixo.

Shisui riu baixinho e concordou. Itachi não tinha que se preocupar com nada, aquele era o primeiro de muitos beijos que trocariam.

...

Tantas lembranças boas.

Tão apaixonados e inocentes naquela época, nós éramos Itachi. Naquele dia no Nakano, descobrimos que apesar de tudo, o mundo era sim, um lugar bonito e ingenuamente acreditamos que nada poderíamos nos ferir. Que ficaríamos juntos para sempre.

Mas a realidade voltou depressa.

As tensões entre o alto escalão da vila e o clã atingiu seu ápice. A rebelião batia na porta e trazia consigo seu maior temor; a guerra. Seu coração não suportaria ver aquele mar de sangue, você temia por todos e cada um, mas acima de tudo, temia pelo seu irmão. Sasuke não devia crescer em meio a morte e destruição. Nós tínhamos que dar um jeito de evitar aquilo, custe o que custasse.

Fomos ao Sandaime e expomos nosso plano. A última carta na manga, eu usaria o Kotoamatsukami em Fugaku, meu genjutsu o manipularia sem que ele se desse conta disso e acabaria de uma vez com o preceito de rebelião. Nós Uchihas éramos muito leais, eles ficariam confusos e irritados, mas seguiriam as ordens do seu líder, sejam elas quais fossem.

E eu fiz.

Juntos, nós impedimos aquela batalha tola de acontecer, mas a que preço? O quando isso custou ao seu e ao meu coração?

O Sandaime podia confiar em nós, mas Danzou não confiava e se aproveitou do estado confuso que Fugaku-san ficou para tramar, graças ao Mangekyou dele foi mais difícil ativar o jutso, mas nem ele pode resistir ao poder dos meus olhos. Isso poderia ser motivo de orgulho para qualquer um, menos para mim.

Quando as novas ordens vieram, o clã ficou desestabilizado, o que tinha mudado? Por que seu capitão, seu líder de repente ruiu com toda ideologia que eles vinham criando a tanto tempo? Foi como assoprar um castelo de cartas. Sabíamos que seria assim e por alguns instantes respiramos aliviados.

Entretanto, Danzou não ficou nada satisfeito e enviou uma equipe ANBU atrás de mim, ele queria meus olhos, almejava o poder do Sharingan e não era em prol do bem-estar da vila, era por puro desejo egoísta, ambição doentia por poder.

Foi fácil derrotar os subordinados deles. Que chance uma simples unidade teria contra nós dois juntos? Nenhuma. Levou algum tempo, mas assim que terminou, nos apressamos em voltar para Konoha, agora era o momento de expor Danzou para o Hokage. Uma vez que o plano tinha dado certo, qual seria a desculpa do conselheiro para nos atacar.

Fomos arrogantes, não fomos?

As noticias vieram rápido. O clã Uchiha foi atacado e massacrado.

Como?

Eles estavam desequilibrados pela súbita mudança de ideologia de Fugaku-san, quebrados e perdidos sem entender o que tinha mudado. Nenhum deles teve chance.

...

Os dois jovens Uchihas correram até o distrito com o coração dolorido e o que encontraram lá foi justamente o que tentaram evitar a todo custo. Um banho de sangue. Sangue de seus irmãos, seus amigos, seus companheiros, sua família que eles tinham trabalhado tão duro para proteger e que tinham falhado de forma miserável.

Os homens de confiança do Hokage já estavam lá, organizando e identificando os corpos. Extra oficialmente foi dito que o clã foi atacado por uma nação inimiga e por estar tão aos limites da vila não teve chance de pedir ajuda.

Itachi sentiu a boca tremer e os olhos nublarem ao ver os corpos de seus pais enfileirados, mortos. Sentia os olhares a sua volta, a pena e engoliu quaisquer sentimentos. Não podia quebrar agora, não podia. Precisava ter certeza de que ele estava bem. Todos os dias ele treinava até depois do horário, hoje não seria exceção certo?

Shisui conseguia sentir o desespero saindo em ondas do mais novo. Mesmo que por fora ele parecesse completamente controlado. Os olhos vermelhos giravam para todo canto, buscando, implorando para que seu maior medo não se concretizasse.

O primogênito de Fugaku sentiu gelo correr pelas suas veias ao ver Hatake Kakashi caminhando na sua direção sem a máscara ANBU e carregando nos braços o corpo diminuto, nem o grande pupilo do Yondaime conseguia disfarçar a dor que estava sentindo, percorreu o caminho sem olhar um instante para os olhos do companheiro.

O jovem ANBU nem sentiu quando a primeira lágrima cruzou seu rosto. Seus músculos estavam paralisados, ácido corroía suas entranhas. Estendeu os braços de forma automática para receber o corpo do seu irmão mais novo. Kakashi se afastou imediatamente, era próximo a Itachi, sabia o quanto ele amava aquela criança e por mais blindado que um shinobe devia ser emocionalmente, não teria estomago para ver aquilo. Lembrava-o de Obito.

Pela primeira vez na vida, Uchiha Itachi caiu de joelhos.

Não existiam ferimentos visíveis no corpo de Sasuke, alguém havia quebrado o pescoço dele. Soluçou alto com a resolução. Será que ele tinha visto os pais morrer antes de ser assassinado? Ou sua mãe e seu pai que foram forçados a ver o filho caçula morrer primeiro? Não sabia a resposta e provavelmente nunca saberia. Ele tinha falhado.

Sentia o coração trincar e se estilhaçar de forma que até respirar estava doendo.

Seus dedos acariciavam a testa pálida, o lugar que costumava bater em um laço que só eles entendiam, não havia resquícios de calor ali.

Não havia uma próxima vez.

— Itachi...

— Ele está tão gelado Shisui – murmurou desorientado. – Por que ele tem que estar tão gelado?

Seu irmãozinho sempre foi tão quente, cheio de vida, repleto de determinação e de uma inocência que ele jamais teria.

Lágrimas de sangue encheram os olhos do mais novo, seu mangekyou despertou graças a dor absoluta de perder Sasuke.

...

O mais cruel de tudo aquilo foi precisar aceitar aquela situação calados. Se os outros clãs descobrissem que foi a própria vila que mandou fazer aquilo com os Uchihas, perguntas demais seriam feitas e possivelmente a onda indignação geraria revoltas e a ideia de revolução viria à tona, trazendo fim para a honra do clã Uchiha.

Aquilo foi bem amargo de engolir.

— Eu peço perdão – Hiruzen falou com a cabeça baixa. – A vocês dois. A única coisa que eu posso garantir é que o nome do clã Uchiha nunca será manchado. Seus irmãos serão para sempre lembrados como os guerreiros mais fortes da aldeia da folha. Eu lhes dou minha palavra.

Era uma recompensa miserável considerando o que tínhamos perdido.

Você deixou de se importar não foi meu amor? Sua alma se partiu com a morte de Sasuke. Seu coração ferido mortalmente conforme o caixão pequeno desceu para o túmulo bem entre os seus pais. E quando a terra começou a ser jogada você desviou o olhar, sem se importar com o sinal de fraqueza.

Tantos fragmentos de esperança jogados ao vento.

Tornou-se comum te encontrar frente ao túmulo de Sasuke, especialmente quando chovia e as gotas de água se misturavam com suas lágrimas, o ato não disfarçava sua tristeza. Sua mão mantinha-se firma contra o mármore numa busca vã por contato que não podia existir mais.

Deus, como isso me dói Itachi.

Lamentava por você, lamentava por Sasuke, eu também o amava muito. Ele era como um irmãozinho para mim também. O bebezinho que nós falhamos em proteger. As vezes eu me pergunto que caso não tivéssemos intervindo as coisas teriam terminado desse jeito? O preço teria sido tão alto assim?

Você não dizia, mas só do jeito que me olhava, deixado explicito que eu era a única razão de continuar, meu amor te mantinha de pé, era o que não deixava você desistir de si. Eu queria meu amor, eu juro que queria ter o que você precisava para ser feliz de novo, mas isso estava além do meu alcance.

Só me restava te cercar com os meus sentimentos e cuidar da sua alma estilhaçada, porque no final eu amo cada um dos seus fragmentos.  

 


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Notas finais do capítulo

Críticas? Elogios? Sugestões?

Curiosidade sobre o Kotoamatsukami, Ele permite que o usuário entre na mente de seu oponente e manipule-o, dando-lhe experiências falsas, fazendo parecer como se eles estivessem fazendo coisas de sua livre e espontânea vontade. É considerado como um genjutsu da mais alta classe, devido à vítima ser inteiramente manipulada sem saber que ela está sendo manipulad, ou seja, é muito TOP e até onde eu sei só nosso bebê Shisui que tem ^^



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