Seduza-o escrita por AurietaForever


Capítulo 1
Seduza-o


Notas iniciais do capítulo

Esta uma one-shot que se passa duas semanas depois que Julieta revela a Aurélio o que passou nas mãos de Osório.



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Ele estava afastando-se.

Sim, ela não deveria ter revelado nada.

Deveria ter aguentado sozinha.

Quando foi que tornou-se tão fraca?

Todos aqueles pensamentos confusos giravam na cabeça de Julieta enquanto ela estava trancada no quarto. Duas semanas passaram-se rapidamente desde a revelação que fez a Aurélio, contou-lhe seu maior segredo e naquele momento, sozinha no frio do quarto, arrependia-se amargamente.

Ele estava distante. Poucas palavras trocadas e o tempo estava sendo tomado pelo trabalho completamente. Ele a repelia? Sentia nojo dela? Céus, eram tantas perguntas e todas elas acabavam com um fim trágico, ele afastando-se.

Mas que tipo de mulher era ela? A que não conseguia satisfazê-lo? A que chorava durante as tentativas de se entregar. Ela não era uma mulher completa e por isso o estava perdendo.

Uma decisão foi tomada, uma necessária e que impediria que ele se afastasse mais.

Julieta conferiu a própria imagem no espelho e não sentia-se completamente orgulhosa de si mesma. A camisola preta, com decote generoso, mostrava mais do que ela gostaria. Tocou os cabelos soltos uma última vez. Ela não sabia se o arrepio que percorria sua pela era pela noite fria, o medo do que faria ou os pés descalços no chão frio. Não importava muito o motivo naquele instante, ela precisava de coragem!

“Não pense muito ou estragara tudo novamente” gritou para si mesma.

Ela caminhou pela casa. Desceu até a sala, onde não se encontrava nenhum criado, todos dispensados por suas ordens. Mas quem ela realmente queria encontrar estava sentado no sofá, com o nó da gravata um pouco desfeito e alguns papéis no colo. Havia pedido a ajuda dele duas semanas atrás com alguns problemas da fazenda e ele parecia muito empenhado em ajudá-la.

— Aurélio, ainda acordado? — Sua voz pareceu tirá-lo do transe em que ele se encontrava, completamente compenetrado no trabalho.

— Sim, na verdade acredito que até amanhã teremos resolvido o problema dos cafezais.

— Eu confio em você.

Ele finalmente pode tirar os olhos dos papéis para olha-la. “Deus, porque ela tinha que ser tão bonita?”. Julieta era como uma obra de arte, uma pintura, algo que ele desejava tocar mas que deveria ser manuseado com extrema delicadeza. Não foram criadas palavras para descrever tamanha formosura. Os traços firmes e ainda assim delicados. Os olhos carregados de tantos mistérios, tantos segredos, tantas dores, mas no fundo havia algo mais. Uma pequena faísca que crescia, deixando os olhos dela cheios de algo que poderia ser facilmente comparado com luxúria.

— Está tudo bem, Aurélio?

— Sim, sim, claro que está tudo bem. Apenas desconcentrei-me um pouco.

Ela sentou-se ao seu lado, pegou distraidamente um dos documentos da mão dele, os cabelos dela caíam delicadamente sobre seu rosto quando ela abaixou a cabeça para lê-lo. Aurélio havia criado algum tipo de fascínio pelos cabelos soltos dela, eram poucas as ocasiões que tinha a oportunidade de vê-los, mas eram lindos e serviam para deixá-la ainda mais atraente, se fosse possível deixar o que já era perfeito ainda mais belo.

— Você é muito bom com os negócios — elogiou e o olhou por alguns segundos com um sorriso antes de voltar a atenção aos papéis.

— Estou empenhando-me muito. Com sua ajuda talvez daqui a alguns anos eu seja tão bom quanto você.

— Não duvido que daqui a algumas semanas já esteja melhor que eu. — Sorriu novamente e desta vez conseguiu olhá-lo nos olhos.

O licor que bebeu dentro do quarto serviria ajudá-la a tratar daquela situação com o máximo de normalidade possível.

— Mas eu não quero falar sobre negócios agora, tem algo mais importante.

Os dedos pequenos dela retiraram as mãos dele de todos os papéis e os colocou sobre a mesa de centro. Aurélio encarou desentendido, ela parecia tão diferente, mais atrevida do que a Julieta recatada que ele conhecia. Não eram só os atos dela, mas o brilho nos olhos que o fazia pensam que algo não estava normal. Ela levantou-se de onde estava e por alguns segundos ele pensou que ela sairia, mas Julieta voltou a atenção completamente para ele.

Ergueu a camisola negra e sentou-se no colo do homem que parecia extasiado e sem entender. Viu quando o espanto apoderou-se do semblante dele, com um pouco de incerteza, muito desejo. Julieta não sabia ao certo como agir, deixou que seus instintos guiassem sua falta de experiência.

Ela o beijo no instante que viu que ele poderia hesitar. Talvez ele desejasse outra. Outra que não fosse tão quebrada quanto ela. Suas mãos percorreram o peitoral dele e pararam nos cabelos Aurélio, tentando o trazer para mais perto de seus lábios. Ela afrouxou a gravata e separou-se do beijo para removê-la. Tirou a blusa que ele usava, abrindo apressadamente os botões e jogou o tecido no chão. Ela sentiu o medo percorrer sua espinha mas o contraiu o máximo que pôde.

Aurélio tentou reagir, afastá-la, mas sua tentativa serviu apenas para que ela intensifica o beijo. Julieta não estava bem. Ela parecia nervosa. Parecia não saber o que fazer. Parecia que ela não queria sentir prazer, apenas dar, sem receber em troca. Ele tentou afastar os pensamentos de sua cabeça, tocou o corpo dela, puxando sua cintura para mais perto. Entretanto suas suspeitas pareciam se confirmarem ainda mais quando as mãos pequeninas dela moveram-se para o cinto da calça que ele usava, tentando puxar de alguma forma.

Ela não o olhava nos olhos, ela sequer conseguia os abrir. Aurélio sentia desejo, ele era homem afinal de contas, mas antes disso, antes de ser o homem que sentia desejo, ele era o homem que se preocupava com ela. Segurou a mão de Julieta que tentava remover o cinto e separou-se dos beijos.

Em outra ocasião ter Julieta em seus braços, sentada em seu colo buscando-o seria o motivo de sua perdição, mas naquele instante apenas parecia errado. Ela tentou com a outra mão livre abrir o cinto mas ele segurou novamente.

— Julieta, não — Usou seu tom mais firme.— Não!

— O que está errado com você? Estou tentando agradá-lo, Aurélio. Por Deus, qual o seu problema?

— Eu quem deveria estar fazendo essa pergunta. Qual seu problema?

— Eu já disse, queria agradá-lo. — Ela parecia brava, vermelha. Talvez fosse raiva, vergonha ou desejo, ele não podia saber ao certo, muito menos quando tantos pensamentos rondavam sua cabeça.

— Julieta, vá para seu quarto imediatamente.

— Eu quero lhe dar prazer, Aurélio.

— Eu já disse, vá para seu quarto agora — Pediu novamente, removendo-a de seu colo.

Aurélio a viu ofegar repetidas vezes e seus olhos encherem-se de lágrimas rapidamente. Julieta parecia tão irreal, tão diferente. Ela segurou a camisola para poder apressar seus passos, quase correndo pelas escadas.

Entrou no quarto como uma tempestade, furiosa. Jogou contra a parede um vaso e a garrafa de licor de que bebia alguns minutos atrás. Ele a estava abandonando. Talvez realmente tivesse outra mulher, mais bonita e interessante. Sentia-se ainda mais suja, estava ridícula. Ele não a desejava e certamente sentia nojo dela, talvez repulsa.

Recolheu-se em sua cama, puxando o lençol para mais perto de si e sentiu as lágrimas molharem suas bochechas. Quem amaria uma mulher seca como ela? Vazia, que vive em luto fechado, lembrou de todas as palavras de Susana e percebeu que a antiga assistente não estava tão errada.

A porta do quarto foi aberta quase dez minutos depois. Aurélio ainda estava sem camisa, parecia tão preocupado com algo. Caminhou até a cama dela, sentando-se longe o suficiente para não receber toda a ira que ela guardava mas perto o suficiente para ouvi-la e poder dar um pouco de conforto, entender o que estava acontecendo com ela e porque a mudança repentina de comportamento.

— Veio me desprezar novamente? Uma vez não foi suficiente?

Não houve resposta. Ele pareceu sentir algo no ar.

— Julieta, você andou bebendo? — Questionou quando o cheiro do licor derramado no chão preencheu seus sentidos.

— Sim, um pouco. Se veio aqui perguntar isso pode ir agora.

— Eu não vou sair até que me explique o que aconteceu na sala.

— O que aconteceu na sala? Não está óbvio? Eu tentei dar ao meu namorado, ou ex, um pouco de prazer, mas ele me desprezou. Tentei ser um pouco mulher e menos vítima, entende?

— Eu exijo que você pare de agir assim e pare de falar assim de si mesma. Não a desprezei, simplesmente não posso dormir com você sabendo que está fazendo isso por obrigação.

Ela sentiu novamente as lágrimas molharem sua face e tratou de enxugar rapidamente.

— Julieta, — aproximou-se mais, ficando apenas alguns centímetros de distância dela — eu não quero que nossa primeira vez seja em uma sala com você abrindo minhas calças e bêbada.

— Eu não estou bêbada, Aurélio. Pensei que poderia criar um pouco de coragem se bebesse um pouco.

— Enfim, eu não quero que seja assim, não quero que você beba para se entregar a mim. Venha aqui, por favor.

Ela hesitou, pensou que talvez fosse melhor manter-se afastada mas acabou por ceder. Aproximou-se dele e Aurélio a envolveu em seus braços.

— Quando penso em nossa primeira vez imagino sendo algo maravilhoso para nós dois. Quero que você, tanto quanto eu, esteja confortável, que não seja por obrigação, que sinta prazer. Eu não nego, sinto vontade de tê-la em meus braços, de beijá-la, acarinhá-la, possuí-la e fazê-la minha mulher, mas sei que temos muitos anos pela frente para fazer tudo isso.

— Então porque você está afastando-se de mim?

— Eu não estou me afastando de você, Julieta. Eu apenas estou focado no trabalho porque quero que você se sinta orgulho de mim. Eu quero ser o homem que você merece e eu sinto muito se a fiz pensar que a estava deixando de lado.

— Eu já sinto orgulho de você, sou uma privilegiada por tê-lo ao meu lado, querido. Mas pensei que poderia estar perdendo-o, que você não me amava depois de tudo que te disse sobre meu passado.

— Nunca mais pense assim. Eu a amo, independentemente de qualquer coisa. Saber de seu passado apenas me fez amá-la mais, você conseguiu passar por coisas que eu não sei se seria capaz, se estivesse no seu lugar. Estou satisfeito com tudo que tenho de você, para mim ter seus beijos, poder te tocar, sentir seu cheiro e abraçá-la já é maravilhoso.

— E eu te amo por isso.

Ele sorriu de canto.

— É a primeira vez que você fala, com todas as letras, que me ama, sabia?

— Não é verdade, eu provavelmente já disse antes, você que não lembra.

— Não, eu certamente teria lembrado se a mulher da minha vida tivesse dito que me ama.

— Eu sei que parece impróprio, mais ainda depois de tudo que fiz na sala, mas se incomodaria em dormir aqui comigo hoje?

— Dormir com você nunca é incômodo, mas é a Julieta ou o álcool quem está pedindo?

— Julieta, aliás eu nem bebi tanto assim.

— Então eu aceito.

Ela voltou para cama, ajeitando-se debaixo dos lençóis e ele fez o mesmo. As mãos de Aurélio circunda a cintura fina dela e Julieta aninhou-se no corpo dele, ela encaixava-se perfeitamente no seu corpo. Após alguns segundos, movendo-se nos braços dele ela encontrou uma boa posição, da última vez que dormiram juntos ele descobriu o quão inquieta ela era.

— Eu esqueci minha camisa, na verdade eu duvido que ela ainda tenha botões depois de hoje a noite.

— Não tem problema, eu o esquento.

Os cabelos dela cobriam parcialmente o rosto de Aurélio e ele inalou profundamente o cheiro agradável que eles exalavam.

— Você promete que nunca vai me trocar por nenhuma outra mulher.

— Só se você prometer que não vai me trocar por nenhum outro homem.

— Prometo.

— Então eu prometo também. Mas por favor, nunca mais me apareça assim, não sei se sou capaz de suportar outra provação como essa.

Ela deu-lhe um largo sorriso, virou um pouco o rosto e o beijou profundamente rapidamente retornando à posição anterior. Protegida nos braços do homem que ama.

— Boa noite.


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