Acordei por causa do cheiro de flores. Espreguicei-me sentindo-me incrivelmente bem e preguiçosa. Abri os olhos e me deparei com um céu... Sentei rapidamente na cama arfando e olhando ao redor. Onde eu estava? O que tinha acontecido? Como eu vim parar naquele lugar?

_Calma, estou aqui.

Olhei para o lado e meu coração deu saltos. Minha mãe. Freya estava sentada em um divã perto da cama. Eu tive ímpetos de ir para o lado dela, mas minha mente havia começado a funcionar. Se ela estava ali era porque eu tinha saído de Niflheim e se eu havia saído do inferno congelado era porque...

_Vencemos? – perguntei confusa.

_Sim, minha menina, vocês se mostraram os guerreiros mais ousados e corajosos que já vimos lutando juntos – Freya sorriu orgulhosa.

Cai na cama novamente. Conseguimos. Realmente conseguimos. Comecei a ri descontroladamente e enquanto isso minha mãe sentava-se ao meu lado e colocava a minha cabeça em meu colo. A abracei me sentindo incrivelmente leve e feliz. Mas foi então que eu lembrei.

_E o Eri... e os outros? – questionei a ela ficando vermelha por ter quase dito apenas o nome de Eric.

_Bom acho que você mesma pode ver.

Ela falou algumas palavras antigas e a minha frente apareceu uma fumaça branca e alargada, do tamanho de uma TV gigante de plasma. Imagens começaram a surgir do acampamento. Sentei ao lado de minha mãe para poder ver melhor. O primeiro a aparecer foi Nico, ajudando na colheita de morangos junto com Annabeth e Percy que riam de alguma coisa que ele havia dito. Logo depois estava Rosalyn e Tyler treino arco-e-flecha.

_Eles quiseram terminar o verão no acampamento – explicou Freya.

_E... E Thalia e Ryan? – perguntei.

Ela fez um gesto de mãos e o que eu vi foi uma floresta. Vi um grupo de garotas e uma no centro, de frente a Thalia. Ártemis. Engoli em seco e fiquei tensa pela filha de Zeus.

_Você... você está pedindo para sair?! – repetiu Ártemis um pouco zangada.

_Eu... eu não posso ficar, lady Ártemis, não quando amo um homem – Thalia tremeu, mas disse todas as palavras – Não enquanto sei que vou viver amando-o e ele irá... ele irá morrer um dia e eu não iria estar perto dele.

_Tola! – disse uma das garotas – ele é apenas um homem!

Thalia encolheu-se um tanto envergonhada, mas manteve-se no lugar. Ártemis estava realmente com raiva, olhava para Thalia incrédula e eu achei que ela iria matá-la ali mesmo. Porém um brilho rosa surgiu na floresta até se transformar em uma vermelho intenso e então surgir uma mulher absurdamente linda. Ela poderia ser comparada a minha mãe... Só podia ser Afrodite.

_Deixe ela ir, Ártemis – pediu Afrodite sorrindo meio que vitoriosa – Não deve castigá-la quando ela lutou com todas as forças para manter o juramento que fez a ti. Mas o amor nenhum semideus pode controlar.

_Você estava envolvida nisso! – Ártemis disse contrariada.

_Não me meto com os nórdicos, sabe disso – Afrodite revirou os olhos – Mas ela o ama e tudo o que a impediu de jogar-se nos braços daquele garoto lindo, alto e gostoso foi a lealdade a você. Não despreze isso, nem você o pode fazer.

Ártemis ficou em silêncio e suspirou. Ergueu a mão para Thalia e ordenou.

_Devolva-me seu arco e deixará de ser uma caçadora. Perderá a sua imortalidade e suas habilidades de caça. Nunca mais será aceita se o pedir novamente.

Thalia obedeceu um tanto trêmula, ajoelhou-se na frente de Ártemis em respeito e abaixou a cabeça, as caçadoras e sua líder sumiram. Mas Afrodite tocou o ombro de Thalia e sorriu meio sapeca, devo dizer.

_Posso levá-la até ele.

Ela sorriu tão grande que eu podia contar todos os dentes dela. Afrodite os teletransportou até a casa de Ryan. Provavelmente ele não quis voltar para o acampamento para não lembrar-se de Thalia, ele estava lavando o seu carro velho quando Thalia apareceu, ele estava sem camisa e enxarcado, até eu tive de admitir que teria dado o mesmo suspiro que Thalia deu ao vê-lo.

_Quem diria que conseguiria lavar um carro sem destruí-lo? – Thalia disse em tom alto para que ele a notasse.

Ryan deu um pulo de susto e virou-se para Thalia a olhando tão intenso que ela perdeu o sorriso. Simplesmente correu para ele e deu o beijo que devia ter dado a muito tempo atrás. Quando olhei para minha mãe descobri que ela tinha o mesmo sorriso que o meu.

_Mãe... está faltando...

_Lílian está com Hel, ela esta recuperando o tempo perdido que teve com a filha – Freya explicou.

_E o...

Freya suspirou e fez outro gesto. Meu coração disparou quando a imagem de Eric apareceu na minha frente. Ele estava sentado na margem do rio do acampamento, com os pés afundados e os olhos mais tristes que eu já vi. Eu já estava me esticando para tocá-lo quando me lembrei que era só fumaça. Entrei em quase desespero.

_Por que... por que ele está triste?! – indaguei confusa.

Minha mãe deu outro suspiro e ela me olhou profundamente. Algo estava errado.

_Você foi a única das minhas filhas em toda a história a conseguir realizar uma magia como aquela, quanto mais conseguir fazer o anti-feitiço que iria desfazer tudo – Freya contou com carinho na voz – mas foi demais para você meu amor, você conseguiu salvar Eric... mas deu tudo de si naquele momento, você... você entregou todas as suas energias para ele e não suportou tudo. Morreu pouco tempo depois. Quando eu a encontrei... estava com as mãos entrelaçadas a dele e com um sorriso bobo no rosto sabendo que havia conseguido.

Coloquei a mão na minha boca para conter a expressão de surpresa. Eu... eu estava morta? Por isso estava ali? Olhei novamente ao redor e pude perceber finalmente que havia nada, absolutamente nada além da cama e o divã onde minha mãe estava. Era como um mundo alternativo.

O choque me fez quase perder o fôlego, olhei novamente para a imagem de Eric. Eu consegui salvá-lo. Ele estava vivo assim como todos. Coloquei a mão no meu coração e disse para mim mesma que tudo bem, que no fim, eu consegui a maior parte do que eu queria e que nem tudo saia como se queria não é?

_Ele está vivo... isso que importa – murmurei triste – queria... ter dito pra ele mais uma vez que.. que eu o amava só pra que ele não esquecesse... ou ter olhado para os olhos dourados dele... são lindos mãe...

_Eu sei querida, eu sei – Freya me abraçou forte.

Então eu me permitir chorar um pouco. Não iria mais ficar com Eric, nunca mais, não poderia abraçá-lo, sentir seu cheiro ou beijá-lo. Eu já sentia tanta saudade só de pensar que a palavra nunca era realmente real. Mas então eu sorri quando pensei que ele estava vivo e bem.

_Minha querida, há algo que eu posso fazer por você – Freya murmurou.

A fitei com esperanças no coração.

_Você pode voltar, você irá encontrar novamente com o Eric exatamente no momento em que você for para Midgard... mas não irá se lembrar de nada do acampamento.

Agora eu estava surpresa.

_Isso quer dizer que eu não vou lembrar-me de nada... de Percy, de Thalia... da batalha... de Eric?

_Exatamente querida, eu só posso mandá-la de volta com essa condição. Mas acredite no amor, Eric irá encontrá-la novamente.

_Ele irá se lembrar?

_Sim.

Água. Havia água por todos os lados e estava me sufocando. Eu tentava subir desesperadamente para a superfície, mas algo me tragava para baixo e eu estava cada vez mais me afogando. Não, eu não podia morrer, era filha de Freya e tinha de fazer algo. Tentei um feitiço que desse propurção para baixo e que me ajudasse a subir.

Só então eu pude emergir em um rio... para apenas me chocar em uma rocha grande e bater a cabeça. A desgraça parecia cair sobre mim. Não sabia como fui parar ali ou porque estava em um rio, em minha cidade não havia rios! Comecei a subir e a descer junto com as correntezas, começando a perder a consciência novamente e lutando com todas as minhas forças para conseguir me salvar.

_NICK!

Não consegui ver de quem era aquela voz. Mas era alguém que me conhecia, alguém que podia me salvar! Então não demorei para sentir braços fortes me segurando e me puxando para fora daquele rio traiçoeiro. Fui deitada em algum lugar e não conseguia respirar, havia água demais. Senti as pressões no meu peito e a respiração boca-a-boca que forçou a água jorrar de minha boca.

_Oh Nick! Isso é um milagre! Você está viva!

Abri os olhos e encarei aquele garoto. Era lindo e quente. Quem era ele? Onde eu estava, tentei me levantar mas ele me segurou, sorrindo tão tolo que eu poderia jurar que estava apaixonado.

_Vai ficar tudo bem, Nick, eu peguei você e não vou largar nunca mais – ele murmurou.

Eu já ia protestar, mas ele me fitou e eu vi aqueles olhos dourados. Meu coração disparou sem motivos nenhum, eu não o conhecia! Mas porque eu estava trêmula? Ah porque estava quase me afogando... ou não. Porém, aqueles olhos dourados... Eram os olhos mais lindos que eu já vi.