The Baby Sitter escrita por Mrs Ridgeway


Capítulo 36
35. As piores escolhas


Notas iniciais do capítulo

Vocês não tem noção do tanto de playlists que eu escutei para entrar no clima desse capítulo.



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Muito irritada, Katrina Parkinson subia as escadas da Torre Oeste. Suas últimas semanas haviam sido péssimas. Os últimos meses, na verdade, se ela fosse observar com mais cautela. Para completar a sua onda de azar, Crazy, a sua velha coruja, estava sumida a dias. Katrina desejava que a ave estivesse viva, pelo menos.

Ela avançou o degrau superior e deu de cara com um corujal praticamente vazio. Apenas três corujas estavam presentes na grande sala circular. A primeira ave dormia, tranquila, apoiada em uma das janelinhas de pedra. A segunda, todavia, não parecia estar para muitos amigos, isolada em um dos poleiros mais altos. 

A terceira coruja parecia ser a mais animada de todas. Ela piava em breves intervalos e agitava as asas. As suas penas cor de caramelo se sacudiram e algumas até caíram pelo espaço. Katrina reconheceu a ave como a mesma que usara das últimas vezes que ela precisou enviar cartas para alguns lugares.

A coruja segurava um rolo de pergaminho selado na sua pata direita.

— Que bosta de dragão.

Agora ela teria que escolher entre as outras duas, a coruja preguiçosa ou a coruja mal-humorada. Katrina chegou mais perto. 

— Quem ousou em te manter ocupada até uma hora dessas, hein? – ela perguntou a corujinha caramelo, que apenas piou. 

A sonserina percebeu que o pergaminho possuía um selo bem específico: o brasão do Hospital St. Mungus. A curiosidade da garota foi instantânea. Será que? ela conjecturou. Katrina pegou o pergaminho entre os dedos da ave e o desenrolou. 

Não fui eu. Merlin que quis, também pensou, agora mil vezes mais curiosa.

Coincidência ou não, a carta estava destinada a Scorpius Malfoy.

— Interessante. – disse baixinho. 

Katrina sorria, mordaz, enquanto lia o diagnóstico. – Muito interessante mesmo…

 


 

— Qual o problema?

Scorpius olhava para Albus com curiosidade.

— Que problema? – indagou o moreno.

— Que você está pensando, ué.

— Eu não estou pensando em nenhum problema.

— Claro que você está.

O loiro jogou-se na poltrona livre. – Até porque essa sua expressão de quem comeu cera de ouvido não é comum.

Albus respirou fundo.

— Não é bem um pensamento, na verdade. – começou. –Eu só estava reparando em algumas coisas ultimamente. – Você e a Rose estão classificados para a final da disputa acadêmica; o Jay e o Fred também. E todos vocês já tem alguma previsão do que querem para o futuro. A Violet, o Zabini, metade da nossa turma… Até mesmo a Lily já tem planos.

— A Lily?

— Sim, a Lily. Ela disse que terá uma loja de roupas três vezes maior do que a Talhejusto & Janota.

O loiro assobiou. Estava impressionado. 

— O que é isso, Potter? – Scorpius franziu a testa. O seu semblante era engraçado. – Algum tipo de crise existencial?

Albus não soube dizer. Malfoy riu da careta engraçada que o amigo fez. Seus olhos verdes pareciam perdidos em algo da tapeçaria presa na parede à frente.

— Eu não acho que você deveria se pressionar em relação a isso. – falou o loiro. – Você ainda tem um tempo para pensar melhor no que quer.

— Mas, Scorpius, eu acho que fiz merda durante escolha dos NOMs. – Al parecia a beira do colapso. – Eu deveria ter pensado melhor quando fiz a escolha das matérias.

— Por merlim, Al, tenha calma! – bradou Malfoy com o amigo. – Que merda tinha na água do seu treino hoje? 

Albus riu no mesmo momento que o quadro da mulher gorda rolou para o lado. Alguns alunos passaram em direção à saída, e provavelmente dirigiam-se a Hogsmeade. Alguém, no entanto, fez o caminho contrário e caminhava na direção dos dois.

Bonnie Corner estendeu um pedaço de pergaminho lacrado para Malfoy.

— A Roxanne pediu para te entregar, Scorpius. – falou. – Ela disse que pegou no corujal enquanto estávamos no treino.

— Valeu. – respondeu o garoto.– E bela finta mais cedo. – a elogiou.

O loiro vinha tentando abrandar a sua irritação com Bonnie desde que a colega votou pela sua saída do time. Ela sempre fora legal com ele e Malfoy sabia que a sua decisão tinha sido apenas racional.

Bonnie sorriu, ruborizada. – Obrigada. Em breve será você novamente. – ela assentiu e se afastou.

— O que é isso? – Albus indicou o pergaminho na mão do amigo.

— Acho que a resposta do St. Mungus.

— Sobre a poção?

— Sim.

Scorpius analisava o selo lacrado do hospital, uma varinha por baixo de dois ossos cruzados. Ele esperou tanto tempo por aquela resposta que agora, segurando aquele pergaminho, parecia não saber o que fazer.

— Vamos, abra. – ordenou Albus sem muita cerimônia.

Malfoy respirou fundo. Ele desenrolou o pergaminho e, devagar, pôs-se a ler o que estava escrito. A cada frase que os seus olhos cinzentos percorriam, Scorpius sentia como se estivesse caindo em um profundo buraco.

Não é possível, pensou.

A carta, no entanto, dizia o contrário.

 

 

 

 

Caro Sr. Malfoy,

Agradeço a sua paciência durante a longa espera por esse resultado. A nossa equipe tem se empenhado nessa busca ao longo de todos esses meses. Foi um trabalho difícil e realmente árduo. Diversos curandeiros e medibruxos estavam debruçados em cima de testes e de hipóteses, e, sinto muito em ter que informá-lo que não foi encontrado nenhuma substância atípica na poção que o atingiu. 

Como já foi explicado anteriormente em nossas outras conversas, a poção levava como um dos seus principais ingredientes o pó-de-rursus, uma substância altamente volátil. Testamos o ingrediente aqui no  hospital e vimos que este estava realmente estabilizado na poção em questão. Uma vez estável, o pó-de-rurus concede ao bruxo que o utiliza a realização do desejo que este mentalizou no momento da sua utilização. Posso dizer que acredito que durante a preparação da poção, a estudante que o atingiu desejou, de alguma forma, a sua queda. Por isso deu-se o fatídico acidente.

Estarei fora da Inglaterra nos próximos meses, o que irá dificultar a nossa comunicação. Saiba que essa é uma informação extraoficial, dessa forma, aguarde o meu retorno para uma conversa oficial com  a diretoria de Hogwarts e com os seus pais.

Lamento muito por esse resultado.

Atenciosamente,

Alicia Spinnet.

 

 

 

 

— Ei! – Rose estava na ponta da escada da Torre de Astronomia. – Por onde você andou?

Um garoto alto e loiro olhava para o horizonte apoiado na balaustrada de ferro. A mancha vermelha do céu, que espalhava a sua luz por quase todo o espaço, indicava que o dia estava chegando ao fim. Scorpius Malfoy, no entanto,  não se moveu ao ouvir a voz da namorada.

Rose deu alguns passos para frente. O tablado de madeira rangeu manhosamente sob os seus pés.

— Eu te procurei durante quase o dia inteiro. Não consegui te sentir em lugar nenhum.

— Eu tirei a pulseira. – disse, sério, mas ainda imóvel.

— Por quê? – Rose aproximou-se do garoto. Estava preocupada. Nem mesmo durante o período das piores brigas que tiveram naquele ano a ruiva o viu tirar a pulseira do seu braço. 

Algo de muito sério deveria ter acontecido.

— Scor, o que houve? – ela insistiu.

Scorpius virou-se em sua direção. Sua respiração era rápida e parecia falhar em alguns momentos.

— Eu recebi outra carta de Alicia Spinnet hoje. 

Já haviam algumas horas desde a sua última refeição, contudo, Rose sentiu o estômago embrulhar quase que no mesmo instante. Um bolo subiu pelo seu esôfago e quando atingiu a sua laringe, a garota sentiu como era o hálito ácido de um assunto indigesto.

Rose engoliu a saliva ruim.

— Acho que você já sabe o que dizia. – os olhos cinzentos estavam frios e focados na direção da garota. Rose podia senti-lo esquadrinhar cada milímetro das reações dela.

A ruiva não conseguiu conter as lágrimas. Uma de cada vez, o líquido salgado escorreu de cada um dos olhos amendoados.

— Quantas vezes eu te perguntei, Rose? – Malfoy a encarava sem nenhuma piedade. – Quantas vezes eu te pedi para me falar a verdade…

— Me desculpe. – a garota abaixou a cabeça.

— Droga, Rose… Por quê?!

— Me desculpe…

O loiro virou-se novamente para o horizonte. Seus dedos seguravam o resguardo da amurada com tanta força que os nós estavam embranquecidos. Scorpius sentia o coração bater tão forte que chegava a doer dentro do peito.

— Por que você mentiu? – ele também chorava. – Por que você me disse que não tinha desejado?

— Eu não tinha certeza… 

Rose tocou-lhe as costas. – Eu… eu não sabia como isso funcionava…

— Se você não tivesse certeza, você teria me dito a verdade.

Mais lágrimas caíram pelas bochechas de Rose. Desde o acidente ela se martirizava. Rose nunca soube descrever o que sentiu no momento que lançou aquela poção no ar. Pelo visto, seu maior medo estava certo: ela causara o acidente de Scorpius de propósito. A ruiva temia que talvez os seus desmaios não possuíssem uma cura. 

 

"O Pó de rursus sozinho não necessita de maturação. – continuou a explicação. – É o último ingrediente da ágardis. Ele concerne ao bruxo a realização do seu objetivo."

 

Se o objetivo de Rose era a queda de Malfoy, estava feito. Nada, nem ninguém, teria o poder de mudar isso. 

— Por favor, olha para mim. – a garota pediu.

O pedido não poderia ser mais inoportuno. Quando Malfoy a fitou, foi como se algo novo viesse à luz dos pensamentos dele. O laivo na sua íris se tornava cada vez mais avermelhado.

— Foi por isso que você aceitou participar da disputa acadêmica. – ele afirmou antes que ela dissesse algo. – Você sabia que eu nunca conseguiria sozinho.

— Não, Scor! – Rose negou. – Eu aceitei porque eu acredito em você. – ela falou. – Eu acredito na sua motivação.

Malfoy rejeitou a explicação. Ele balançava a cabeça em negação.

— Você aceitou por pena de mim.

Apesar de já estar próximo de Rose, não parecia o suficiente. Scorpius quase colou o corpo dos dois. Ele falava baixo e com bastante calma, de um jeito que a ruiva nunca o escutou falar antes. Rose aceitou o contato mais íntimo. Na verdade, ela desejava abraçá-lo e fazê-lo acreditar que ela nunca o quis mal, ainda que fosse o que a garota acreditara que fizera no fim.

— Você aceitou por se sentir culpada pelo que você fez.

— Não diga isso, Scor… – Rose segurava a barra do casaco de Scorpius. – Você sabe que não é isso…

Os soluços da ruiva eram tão incontroláveis que até atrapalhavam a sua fala. Malfoy encostou a sua testa na fronte da garota. As lágrimas dos dois se misturaram.

— Eu te amo, Rose. – ele disse de pálpebras fechadas. – Eu te amo desde a primeira vez que você me corrigiu naquela sala de transfiguração. Eu te amo desde a primeira vez que a gente riu juntos. Desde a primeira vez que jogamos xadrez e quadribol… e desde o primeiro natal n'A Toca.

Porém, igualmente devagar, Scorpius se afastou. 

 – Eu te amo por tudo o que a gente viveu, ruiva. E também por tudo que a gente não viveu nos últimos anos… – completou. – Mas, eu não confio mais em você.

Scorpius era capaz de lembrar de cada momento. Sabia o quanto sentia falta de Rose nos últimos anos. Sabia o quanto a distância dos dois o corroeu. A garota à sua frente, que chorava tanto quanto ele, foi o principal motivo de fazê-lo querer continuar atrás dos seus sonhos. Durante os meses que se passaram, Malfoy acreditou que ela havia o perdoado.

Sua última esperança, quando a viu chegar ali na Torre, era de que a ruiva gritasse com ele. Bradasse e dissesse que ele estava errado. Que o St. Mungus estava errado. Que Alicia e toda a equipe de curandeiros estavam errados. Malfoy sabia que se agarraria em toda e qualquer chance de que aquilo não fosse verdade.

Mas assim que ele a olhou nos olhos ele entendeu que não teria a resposta que desejou ao longo de toda aquela tarde. E o que mais doeu foi descobrir que Rose sempre soube que nunca existiu erro algum na poção.

— Agora eu te entendo. Agora eu vejo o que você sentiu quando eu te mandei aquela carta.

Scorpius puxou delicadamente o casaco que estava preso entre os dedos da ruiva. – Nada funciona quando a gente não fala a verdade.

— Isso sig-significa o que eu-estou… eu…

Malfoy aspirou o ar com certa dificuldade, mas assentiu com a cabeça à pergunta.

— Eu sou o maior culpado disso tudo, Rose. Você não teria desejado a minha queda se eu não tivesse feito o que eu fiz. Isso só foi consequência do meu erro.

— Éramos apenas duas crianças.

— Ainda somos. E isso não impediu nenhum de nós dois de magoar um ao outro.

O loiro engoliu a grossa saliva e limpou a bochecha com o dorso da mão. – Talvez… talvez o meu avô esteja certo. Talvez os Malfoys só façam as piores escolhas.

Scorpius puxou algo de dentro do bolso do casaco. A fina pulseira reluziu aos últimos raios de sol do dia. Ele a depositou na palma da mão de Rose e, logo em seguida, rumou em direção à saída. A garota escutou um fungado antes de ouvi-lo pisar fortemente sobre as tábuas do assoalho da escada.  Scorpius havia ido embora.

Rose admirou a cópia da sua joia. Agora estava sozinha e os seus olhos, antes já marejados, voltaram a debulhar mais uma sequência de lágrimas insistentes. 

 

 


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Notas finais do capítulo

Então é isso, pessoal.
Me deixem saber se a nossa TBS está viva, plsss.

Beijão.



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