Ascendente escrita por Victória Winslet, Sophia Malfoy


Capítulo 5
Ferrou!


Notas iniciais do capítulo

Bom Capítulo!



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Quando acordei, não reconheci o lugar. Era branco, e iluminado. Lembrei de minha luta com Molly e tentei levantar. Senti uma forte tortura e uma imensa dor, soltei um fraco gemido.

— Ei Chloe, calma. – Disse uma voz controlada. Reconheci ser Will.

— O que houve?

— Sua luta, hoje de manhã, com a Molly. Ela te deu um chute e você desmaiou. Mas relaxe, você foi muito bem, Molly também teve de vir. Eric até considerou a luta como um empate.

— Como assim empate? Eu não deveria... – Iniciei, sendo cortada em seguida.

— Calma. Descanse por enquanto, depois te conto tudo.

— Quem ganhou? Ao final? – Perguntei lhe ignorando.

— Edward. Peter está todo arrebentado. – Sorri com essa informação. Sentindo meus lábios arderem.

— Meu rosto está muito ruim? – Perguntei. Will gargalhou, e me entregou um espelho. Percebi algumas marcas roxas, um corte na testa e outro no lábio, mas nada tão exagerado.

— Veja pelo lado positivo. Caso cicatrize, posso fazer cosplay de Harry Potter. – Comentei referindo-me ao corte na testa.

— Você é louca. – Concluiu rindo.

Tris teve alta no fim do dia seguinte, Peter havia pegado pesado com ela.

Os treinos prosseguiram durante o resto do semana, corridas, tiro ao alvo e arremesso de facas. A vida na Audácia embora turbulenta, agressiva e ousada era boa, me transmitia uma sensação de liberdade. Meu maior problema até o presente momento era a forma de pensar e agir como alguém da Erudição, o que embora me colocasse em uma posição boa perante os demais iniciados era ruim já que diversas vezes tiveram de me instruir a usar a coragem e não a lógica.

Acordei de sobressalto e como todas as vezes em que isso ocorria, não consegui voltar a dormir resmungando com essa constatação encarei o relógio que indicava 5:45 da manhã, ou seja duas horas e quinze minutos antes do tempo em que deveríamos obrigatoriamente estar de pé.

Saí do dormitório e aproveitei a privacidade para tomar resolvi descer para o refeitório.

Nesse percurso fui cantarolando baixinho, costume esse que criei desde a cerimônia de escolha, presumia que fosse algum tique-nervoso estranho. Fui interrompida por uma voz muito conhecida por mim que ditava em um tom de voz moderado:

— ... quatro em cada entrada externa, dois em cada porta interna com exceção da sala de controle, lá, pensei em seis. -Disse minha mãe. Estranhei. O que ela estaria fazendo na sede da Audácia? Tratei logo de me esconder atrás de um bebedouro, não sem antes Eric encarar-me. Seu olhar parecia ser uma mistura de surpresa e sarcasmo. Após ele, minha mãe, Max, alguns executivos da Erudição e seguranças da Audácia passarem resolvi voltar para o dormitório, por algum motivo eu não me sentia segura ficando sozinha naquele refeitório.

Deitei em minha cama e fiquei encarando o teto. Lembrei-me do dia em que Will havia dito ter visto o carro da Erudição na sede da Audácia. Me perguntei se aquelas visitas eram constantes. E sobre o que poderiam estar falando. Segurança para um evento talvez? Não, era algo mais sério para minha mãe em pessoa estar tão cedo. Apoio para sua candidatura como líder? Apoio para algum projeto secreto? Uma coligação? Resolvi que não chegaria a lugar nenhum com aquela linha de raciocínio e busquei alguma distração. Não sei ao certo em que momento, mas adormeci.

Fui arrancada de meu sono pela voz de Christina. Assim que abri meus olhos tive de fechá-los novamente já que a pouca luz que entrava pela pequena janela do dormitório estava batendo diretamente em meu rosto.

— Vejam só, ela está viva. – Comentou Beatrice ironicamente. Gemi enquanto me levantava. – Estávamos te chamando a cinco minutos. Al achou que você pudesse ter tido uma morte súbita durante a noite. – Completou.

— Nossa, obrigada Al. Comentei enquanto prendia meus cabelos em um rabo de cabelo. Eu já estava vestida então fiz tudo com calma.

— O que queria que eu pensasse? Você é sempre a primeira a acordar, tem um sono tão leve que se cair uma pena ao seu lado você acorda e hoje ficamos te chamando e te sacudindo e nada. Nem um murmúrio. Eu já iria chamar algum dos líderes,

— Eu já havia acordado, bem mais cedo, mas... – Parei abruptamente. Por algum motivo não quis contar o real motivo de ter voltado para a cama.

— Mas? – Indagou Will.

— Mas fiquei com dor de cabeça e voltei. – Concluí. Eles pareceram acreditar.

— Vamos deixar o papo de morta-viva para depois e ir comer? Eu estou com fome. -Resmungou Tris.  Nós rimos e concordamos.

O café foi ocorreu num clima bom, demos bastante risada e pusemos a conversa em dia. Eu me sentia bem ao lado dos daqueles quatro, como jamais havia me sentido na erudição.

— Matthews – Chamou-me Eric. Me virei em sua direção, Will, Al, Christina e Tris se entreolharam.  Podemos conversar. Em particular?  - Perguntou. Eu assenti. Saímos do refeitório e continuamos andando até estarmos próximos ao Fosso. Tentei ficar o mais longe possível do precipício. Eric me dava medo.

— Vai me matar agora ou depois? – Questionei sem conseguir me controlar. Ele riu. Na verdade, gargalhou.

— Não te chamei aqui para lhe matar. Seus amigos sabem que está aqui comigo. Seria tolice. Suspeitariam de mim logo de cara.

— Nossa, que reconfortante. – Comentei com sarcasmo.

— Às vezes me pergunto se realmente tem sangue totalmente erudita. Possui muitas características da Franqueza, o fato de não possuir o filtro entre o cérebro e a boca por exemplo.

— Se eu realmente dissesse tudo o que penso provavelmente teria sido assassinada no primeiro dia. Além disso, minha antiga facção defendia que esconder sua opinião apenas para passar uma boa impressão era tolice. Apreciávamos bastante o debate, a argumentação.

— É, devo admitir que para alguém que não nasceu na Franqueza falar a verdade acima de tudo seja um símbolo de coragem. Mas enfim não foi para isso que te chamei.

— Eu sei, é sobre o que eu vi hoje de manhã. Fique tranquilo, não ou contar a ninguém.

— Acredito. Contudo, ainda assim quero que olhe para esse lugar. – Fiz o que ele pediu. – Se eu desconfiar que contou para alguém vou te fazer sofrer tanto antes da morte que você vai desejar estar aqui para se atirar precipício abaixo. Estamos entendidos? –Disse presunçoso. Eu assenti.

— Posso te fazer uma pergunta?

— Acabou de fazer. Mas sim, pode.

— Duvido que vá me responder, mas, o que era aquilo. Parecia que estavam combinando algo, segurança para algum evento, apoio para... – Fui interrompida por Eric.

— Quanto menos souber melhor. O que está acontecendo somente diz respeito a Audácia e a Erudição, aos seus líderes mais precisamente.

— Então é algo sério.

— Tão sério que duvido que seus laços afetivos e sanguíneos com sua mãe impediriam que você fosse assassinada caso informações fossem vazadas. – Explicou. Assustada eu assenti. – Pode voltar para o refeitório. – Concluiu.

Quando retornei à mesa fui bombardeada de perguntas. “Expliquei” que Eric havia me chamado para perguntar se eu estava bem já que as informações sobre a “Morte Súbita” haviam chegado aos ouvidos dos líderes. Eles pareceram acreditar.

Fomos para o treinamento, novamente seria combate corporal, mas agora cada um de nós enfrentaria Eric ou Quatro. Dessa vez a luta terminaria em cinco minutos, ou quando um dos competidores não pudesse mais continuar.

—É o seguinte - Iniciou Eric. - Já lhes foi explicada a forma como acontecerão as lutas, vocês foram divididos, cinco enfrentarão Quatro, e cinco me enfrentarão a mim. Daqui a uma semana essa situação será invertida, aqueles que tiverem com Quatro hoje estarão comigo semana que vem, e vice-versa. Alguma dúvida? - Perguntou. Ninguém disse nada. Em seguida ele pendurou o quadro onde haviam os combates.

1ª Luta: Edward e Eric

2ª Luta: Molly e Quatro

3ª Luta: Drew e Eric

4ª Luta: Al e Quatro

5ª Luta: Christina e Eric

6ª Luta: Tris e Quatro

7ª Luta: Chloe e Eric

8ª Luta: Peter e Quatro

9ª Luta: Chloe e Eric

10ª Luta: Myra e Quatro

Na primeira luta, Edward conseguiu se manter consciente durante os cinco minutos, sintetizando sua “vitória”. Já entre Molly e Quatro as coisas não saíram tão bem, e ela acabou perdendo a consciência vinte e cinco segundos antes do tempo acabar. Drew conseguiu se manter acordado e até lutando até quase o fim do tempo, mas após um golpe desferido por Eric em sua cabeça acabou desmaiando. Aos dois minutos e meio da luta de Al ele teve de ser retirado após um golpe na barriga. Iniciara-se a luta entre Christina e Eric, observei sua forma de luta. Ele era forte e ágil, começava atacando, e sempre derrubava o oponente, para assim ter mais poder de controle. Fui fazendo pequenas anotações mentais para tentar enfrentá-lo quando chegasse minha hora.

— Pare - Fui arrancada de meus devaneios pela voz sôfrega de Christina.

— Pare? - Eric indagou indignado. - Quer que eu pare?

— E-Eu, não aguento. - Gemeu ela. O Líder encarou-a de forma gélida, mas em seguida assentiu.

 - Tudo bem. - Disse oferecendo-lhe a mão como forma de apoio. Relutante Christina aceitou. Eric saiu apoiando-a para fora do ringue e continuou caminhando, todos os seguimos. - Está melhor? - Indagou, estávamos próximos ao fosso. Ela assentiu.

— Ótimo. - Respondeu Eric, em seguida empurrou-a para baixo do precipício, segurando-a apenas pelas mãos. Christina gritou. - Segure. - Falou referindo-se a uma barra de metal que sustentava o corrimão do Fosso. Quando ela obedeceu, ele prosseguiu. - Se conseguir se sustentar por cinco minutos eu esqueço sua covardia, se desistir está fora e se cair, bem, não preciso dizer. - Disse olhando o relógio. Busquei Quatro com o olhar, ele apenas observava a cena.

— Isso é um absurdo! - Exclamei antes de conseguir me conter. - Isso é risco de morte. Não pode fazer isso! - Eric encarou-me e andou vagarosamente até estar diante de mim.

— Posso sim. Eu sou seu líder. - Falou friamente. - Se está incomodada, se retire. Mas se sair, tá fora. - Encarei Christina, ela parecia estar aguentando bem. Foi o que pensei. Uma onda de vapor jorrou do fundo do fosso e tornou as mãos de minha amiga escorregadias.

— Achei que como líder devesse nos inspirar e motivar a corrigir nossos erros e não apenas puni-los por se sentir um covarde ameaçado. – Exclamei. Christina, suba, eu fico no seu lugar.  – Terminei lhe oferecendo a mão.

— Se fizer isso ambas estão fora. – Proclamou Eric. Ele parecia furioso e ainda mais ameaçador.

— Se elas saírem eu também saio. – Disse Tris se ajoelhando ao meu lado.

— Eu também. – Al Exclamou.

— Vou junto. – Falaram Edward e Myra.

— E eu. – Proferiu Will. Após uma longa revirada de olhos e um suspiro Eric ofereceu a mão para a castanha subir e em seguida declarou.

— Ok. Três pontos por ousadia e coragem para cada um dos sete. Por hoje já basta, estão liberados pelo resto do dia, continuamos amanhã. – Estávamos saindo quando ele terminou. – Exceto você Matthews, me acompanhe. E espero que pelo menos uma vez me obedeça ou te garanto que terá um destino pior do que a morte. – Assim que ele terminou de falar pude vislumbrar claramente a palavra ‘Ferrou’ piscando em minha cabeça.


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Notas finais do capítulo

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