WILLIAM

O Thatch perdeu a conta de quantas escadas ele subiu, só sabia que estava bem longe do seu quarto.

Ele olhava para os lados, tentando prever alguma armadilha, mas tudo estava quieto. Virando à direita, as garotas pararam em uma porta dando passagem para William, que as olhou desconfiado, mas entrou

As sobrancelhas do capitão se franziram ainda mais quando ele pisou naquele lugar. Era um quarto iluminado por luzes vermelhas, repleto de mulheres nuas que namoravam na cama, algumas no sofá, parede e até mesmo no chão.

As duas garotas que havia o levado até lá, entraram já se despindo e se beijando, deixando William mais confuso.

—Finalmente você chegou —a rainha sorriu para o Thatch. Ela também usava um robe, branco e praticamente transparente devido as rendas, que marcavam bem seu corpo.

—Que porra é essa, Marylin?

—Ai pra que essa cara? —ela disse o observando e mordendo os lábios. —Pelo o que eu me lembro foi você quem me viciou nisso...

—Foi há dois anos —William revirou os olhos colocando a arma em um balcão, vendo que não tinha ameaça nenhuma ali.

—Está me dizendo que não gosta mais de orgias? —Marylin se aproximou dele estendendo uma taça, enquanto uma mulher nua se aproximava com vinho e os servia. Ainda desconfiado, o pirata aceitou, mas não bebeu.

—Óbvio que gosto —William analisou o quarto, achando tudo muito estranho. —Mas no seu castelo?

—Não tem como uma rainha sair sempre para casas noturnas —Marylin sorriu bebendo e observando William com desejo. —Então eu trago a diversão para cá...

—Para de me olhar assim, Marylin —William também bebeu ao ver que o vinho não estava adulterado. —Não vai rolar nada.

—Por que não? —a rainha andou devagar para trás do Thatch, que permaneceu parado, porém atento aos movimentos da garota. —Você sabe que nós éramos bons nisso…

—Marylin… —William começou a falar, mas ela não deixou.

—Quando eu te vi todas as lembranças me invadiram... —a Filha da Noite falava com uma voz sensual, querendo seduzir William. —Me lembro das noites em que a gente fazia a cama tremer, o seu corpo… —ela colocou seu copo em uma mesinha e passou suas mãos pelas costas do pirata. —Sua língua em mim, seus dedos —Marylin agora envolvia William ao passar suas mãos em seu abdômen, começando a descer e querer adentrar o robe até sua parte íntima.

—Já chega —William segurou os pulsos da rainha e os afastou dele.

—Vai se fazer de difícil agora? —Marylin riu.

—Você deve ter merda na cabeça pra achar que eu vou comer você —ele a olhou, sem filtrar nenhuma palavra.

—Você já fez isso várias vezes.

—Porque eu achava que você era outra pessoa —William revirou os olhos. —Na verdade, você fingiu ser outra pessoa. Fingiu ser uma camponesa.

—Argh! —Marylin se irritou. —Eu não consigo entender! Você está lá com Katherine e ela é sangue azul, William! Qual a diferença dela para mim?

O Thatch não aguentou e riu, indo para a varanda do quarto, que inclusive também tinha garotas que não eram nada discretas.

—Sério que você me perguntou isso? —ele a olhou.

—Olha o que eu te ofereço —Marylin estendeu os braços, mostrando o quarto. —Tenho certeza que se a Lecerf entrasse aqui ela ficaria assustada.

—Coração, eu não sou um adolescente que não pode ver mulher pelada e já parte pra cima —William começou a achar a situação engraçada. —E eu também não sou inocente, Marylin. Acha mesmo que eu iria acreditar que todas essas mulheres estariam aqui sem que seu precioso conselho permitisse?

A rainha ficou sem argumentos e apenas continuou olhando para William.

—Já que seu plano não deu certo, pode me falar a verdadeira razão para eu estar aqui —ele continuou.

—Te ofereço uma troca, Will —Marylin se aproximou. —Fique comigo.

O pirata arqueou as sobrancelhas, não acreditava no que havia escutado.

—Considere suas opções… —a Filha da Noite chegou mais perto de William, que permitiu, deixando a rainha pensar que ele estava interessado. —Eu tenho um reino poderoso, o segundo maior exército que esse mundo já viu. Eu sou rica e posso te dar tudo o que quiser. —ela tocou o rosto do pirata. —Ouro, mulheres, até mesmo a liberdade para continuar velejando… E Katherine? Uma princesa cujo reino está em meio de uma guerra perdida. Acho bem óbvio qual é a alternativa mais vantajosa...

William sorriu, entendendo a jogada de Marylin.

—Então eu me junto a você —ele inverteu as posições, colocando a mulher contra a divisória de mármore da sacada. —E Stellarum finalmente consegue navegar os mares em paz, é esse seu plano?

—Nós dois sairemos ganhando, amor —Marylin sorriu passando as mãos entorno dos ombros do pirata.

—Tenho que admitir —William sorriu de canto e se aproximou do pescoço da mulher, a fazendo arrepiar apenas ao sentir sua respiração. —É um bom negócio, especialmente para seu reino conseguir expandir o comércio... Mas tem um problema, boneca.

—Qual? —a rainha fechou os olhos ao ouvir a voz do Thatch em seu ouvido.

—Você não é a Katherine —ele sussurrou. Marylin abriu os olhos e franziu as sobrancelhas. William se afastou um pouco e a olhou. —E quer saber agora qual é o meu plano? Meu plano é ter cinquenta mil homens ao amanhecer no litoral, não trinta.

—O quê? —Marylin perguntou sem entender.

—Vocês pediram um preço desproporcional ao número de soldados. Katherine aceitou, mas eu não.

—Já foi feito um acordo, William —Marylin começou a ficar nervosa.

—Eu não dou a mínima para o acordo. Eu quero os melhores militares na praia, prontos para embarcar —o Thatch sorriu e passou o indicador pela face da rainha. —Você sabe muito bem do que eu sou capaz, coração. —sua expressão ficou séria —Eu vou ganhar a guerra, e caso você não tenha feito o que eu mandei, não há um lugar em que eu não te encontre, Marylin.

—Isso é uma ameaça? —ela disse entre os dentes.

—Não —William se afastou dela e pegou sua arma, indo para a porta. —É uma promessa.