Tom Riddle tinha tudo para ter um futuro incrível e próspero. Seria um bruxo influente e muito poderoso, sendo conhecido e admirado por todo o mundo bruxo. O seu desejo de ser reconhecido foi realizado de qualquer forma, porém sua arrogância, seu ódio por mestiços e, claro, seu temor a Morte, fariam com que ele arruina-se não só o seu futuro como o de centenas de milhares de criaturas.

    O efeito Tom Riddle foi tão grave que nem mesmo o próprio Destino sabia o que aconteceria no confronto entre ele e Harry Potter. Tudo o que Destino sabia é que Fred,  Ninfadora, Lupin e até mesmo Bellatrix não deveriam morrer nessa guerra que ele causou. Todos ainda teriam anos de uma gloriosa vida e muitos obstáculos. De certa forma a mais afetada pelo efeito Tom Riddle foi Bellatrix, ela acabou entrando em um mundo só dela e tornou-se insana devido as torturas que foi submetida. Destino podia afirmar com toda certeza que o desequilíbrio causado por Tom Riddle, ou Voldemort, foi muito pior que o causado por Grindelwald.

Destino estava tão desesperado que simplesmente parou o tempo, precisava pensar em uma forma de colocar tudo em ordem. Porém nada parecia claro para ele, por mais que tentasse não conseguia ver o que aconteceria dali para frente. Já havia parado o tempo a “dias” e pela primeira vez em séculos estava exausto de tanto pensar. Foi então que Morte apareceu impaciente. Ela, assim como Destino, estava furiosa com Voldemort, teria que levar muitas almas que ainda não estavam maduras e isso gera várias complicações na passagem para o outro lado. Sem falar no gigantesco problema das sete almas que Voldemort tinha.

—Olha eu sei que está com medo mas não podemos simplesmente parar tudo, isso vai piorar o desequilíbrio do universo-Morte disse com sua voz aveludada,sentando-se ao lado de Destino.

—Eu sei, acredite, eu sei. Mas não tenho a menor das ideias sobre o que fazer nessa situação-Disse encarando um Harry congelado que atirava um feitiço em Voldemort.-Mesmo que Harry ganhe a guerra, o desequilíbrio que estamos sofrendo é maior que isso, o mal ainda vai existir e ser o maior lado da balança, eu sinto isso.

—E o que vamos fazer então?

—Acredito que vou ter que tomar medidas extremas, e você não vai gostar nada. Estou pensando em voltar no tempo

—Estamos tão desequilibrados assim? Já lhe pedi para voltar várias vezes e você sempre nega, dizendo que causaria consequências inimagináveis

—Consequência inimaginável é se ele ganhar essa guerra.

—Mas qual o plano se voltar no tempo? Voltar onde? Quando?-Ele suspirou frustrado

—Não tenho ideia, não sei exatamente quanto vai ser o bom para o equilíbrio e quanto vai piorar ainda mais. Temo que só poderemos voltar alguns anos, serão muitas almas que vão ter que voltar para o mundo dos vivos. É impossível que voltemos mais que vinte anos, então matar Voldemort antes dele se tornar tão poderoso é impossível.

    –Eu confio em você.-Tocou a mão de Destino e apertou levemente, em uma tentativa de lhe passar segurança e conforto.

    –Eu não-Riu e com um estalar de dedos as horas, dias e meses começaram a voltar na frente de Destino e Morte.

    –Não vai trazer os mortos a vida?

    –Vou, mas preciso saber onde você vai parar.

    E então Destino parou o tempo novamente. Ele tinha voltado vinte anos. Morte decidiu analisar o lugar em que estavam. Era uma noite e eles estavam em uma floresta barulhenta, vários animais perigosos rondavam a área e estava começando uma tempestade de neve. Morte olhou intrigada para Destino, ele encarou-a com seus olhos dourados como âmbar.

    –Não lembra desse lugar?-Ao olhar ao redor mais uma vez ela avistou um rastro de sangue que levava até um corpo e ficou ainda mais confusa.

    –O recém-nascido? O que ele tem haver com toda essa história?

    –Tudo, preciso que traga-o de volta à vida-Morte caminhou em passos lentos até o corpo do bebê, a neve já estava cobrindo seu corpo gelado. Ela abaixou-se e pegou-o gentilmente no colo, soprou levemente seu rosto e a criança voltou a vida chorando. Ele tinha sido largado no meio da floresta logo após o parto, ainda estava ligado ao cordão umbilical e a placenta. Destino retirou sua capa de pele vermelha e cobriu a criança.

    –Agora pegue a criança que irei trazer todos de volta-E assim morte desapareceu deixando Destino com a criança, essa logo dormiu em seu colo.

    Morte precisou de quase quarenta dias humanos para conseguir trazer todas as almas que ela já tinha levado para seus corpos novamente. Isso sem falar de todo o tempo gasto apagando a memória delas até aquele dia específico, escolhido. Morte estava com um pouco de medo, em toda sua existência nunca viu Destino voltando no tempo, alguns minutos ou horas depois de muita insistência dela já havia ocorrido, mas anos nunca. Nem mesmo o período em que o tempo ficou parado já tinha sido presenciado por ela.

    Morte já estava em casa e aproveitou a falta de atenção de Destino para analisá-lo. Fazia muitos séculos que não reparava no marido, ambos sempre muito atarefados, quase nunca tinham um tempinho para eles. Destino estava mudado, já aparentava a idade de um homem de 45 anos. Em relação ao primeiro encontro entre eles, ele estava diferente. Sua pele acobreada já começava a ficar flácida, o cabelo era preto como petróleo mas já apresentava vários fios brancos, seus olhos que carregavam as estrelas estavam mais caídos e com diversas marcas de expressão. Voldemort com toda certeza afetou Destino muito mais do que Morte imaginou. Suspirou cansada e arrumou sua longa capa preta.

    –Estava pensando em um nome para nossa criança.-Destino disse animado. Morte retirou sua capa negra e encarou Destino

    –Nós vamos ficar com ela?

    –Claro, até que ela tenha idade para ir para Hogwarts.

    –Em quais nomes você pensou?

    –Aurora? Astride?-Morte torceu o nariz e pegou a menina do colo de Destino.

    –Manon, Manon Kali

    –Fantástico-Destino sorriu-Você sempre tem as melhores ideias-Eles riram. Morte afagou o rosto da menina que dormia de forma serena em seu colo. Ela sempre quis ter uma filha e depois de tantos séculos finalmente está tendo uma. Morte sabia que ela e Destino seriam pais atarefados, mas com toda certeza estariam ao lado da criança para tudo, ensinando-a mais sobre o mundo do que qualquer outro bruxo saberia.

    –Uma pena que ela não tenha seus olhos-Morte encarou Destino e ele deu um beijo nela.

    A partir daquele momento a Morte e o Destino se dividiam em trabalhar e cuidar de Manon. A simples existência da garota no mundo já havia mudado, e muito, a história de Voldemort e do, ainda não nascido, Harry Potter.