O Jogo Maldito escrita por Danilo Alex


Capítulo 4
26 de Abril de 2012


Notas iniciais do capítulo

Queridos amigos, mil perdões pela demora!

Pra não perder mais tempo do que já perdemos, bora partir para a leitura?

Vejo vocês nas notas finais!



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26 de Abril de 2012 – 3h13

 

Caro diário de bordo, só tenho a você para recorrer! Acordei sobressaltado no meio da noite, perseguido por um pesadelo terrível envolvendo meus amigos e familiares.

Sonhei que a sombra de um garoto armava ciladas mortais para cada um deles, e tirava suas vidas bem diante dos meus olhos, sem que eu pudesse fazer nada para evitar. Acordei arfante há pouco, o suor empapando minha camiseta.

Me ergui da cama sufocando com a mão um grito de terror preso em minha garganta seca, o qual escapou em forma de soluço. Olhei o rádio relógio sobre o criado-mudo e constatei ser pouco mais de três da manhã. Não era um bom agouro.

Segundo os cristãos, três da manhã foi a hora que o Diabo tomou para si, em oposição a Cristo, que morreu às três da tarde. Logo, esse não pode ser um bom horário, já que a crença popular afirma ser quando os portões do inferno se abrem e o Mal vaga livremente.

Tomei um gole de água da jarra que sempre trago comigo antes de dormir e tateei a gaveta do criado-mudo em busca da pequena lanterna que uso quando vou pescar com meu pai. Em seguida, vim procurá-lo, meu amigo diário de bordo.

Sob o pequeno embora poderoso facho de luz, escrevo agora furiosamente em suas páginas como se minha existência dependesse disso, o que, de certa forma, é verdade. Escrever tornou-se minha terapia secreta, quase uma obsessiva busca pelo conforto mental.

 Meus pais se mostram cada dia mais preocupados com minha mudança de hábitos e comportamento, mas é simplesmente impensável falar a respeito disso com eles. Não posso envolvê-los nessa história macabra porque os amo mais que qualquer coisa nessa vida. Eles são meu tudo, e eu não permitirei, de forma alguma, que o Mal venha apanhá-los. As trevas querem a mim, fui eu que as desafiei, agora preciso arcar com as consequências.

Sozinho.

Sentindo que as sombras me cercam, escrevo. Ilhado pela luminosidade, redijo isto que, a cada dia que passa, mais me convenço se tratar de meu testamento.

Meu quarto está silencioso e meio imerso na escuridão; entretanto, sei que não estou só.

Posso sentir isso.

Há um intruso em meus aposentos.  Aquele tipo de invasor que não pode ser impedido por janelas travadas ou portas bem trancadas.

Poucas coisas nesse mundo são capazes de deter, ou pelo menos atrasar o garoto que me espia das sombras. Um garoto cujo rosto fantasmagórico vi pela primeira vez há tempos, estampado em uma foto que eu definitivamente gostaria de esquecer.

Prosseguindo com nossa história, a qual você já pode perceber que é pavorosa, no dia seguinte perguntei aos outros integrantes do grupo se eu poderia ver a foto que veio anexa para eles. Inventei uma desculpa, dizendo que meu e-mail não tinha chegado etc.. Todos eles concordaram tranquilamente e não tinham comentado nada a respeito de uma décima pessoa no retrato que receberam. Verifiquei fotografia por fotografia, e todas estavam normais, sem o garotinho que aparecera na minha.

Arthur, se era mesmo ele, quisera ser visto apenas por mim. Por quê? Seria devido ao meu ceticismo crônico na época?

Relutei um bom tempo até aceitar aquele fato.

Mostrei a foto para Carlos uma vez, e perguntei o que ele via.  Respondeu que não viu nada demais. Comparamos a minha foto com a de meu melhor amigo, e ele disse que, a seus olhos, eram completamente iguais.

Mas não eram. Para mim, não eram.

Eu podia divisar com nitidez o rosto espectral do garoto que me encarava fixamente da fotografia, o queixo ligeiramente erguido, num ângulo aparentemente petulante.

O problema então era comigo, tinha de ser.

A única pessoa do grupo que não acreditava no sobrenatural fora escolhida por Arthur para ser sua testemunha.

Cansei de estudar aquela foto...

Scanneei-a e enviei a um amigo que é realmente talentoso lidando com esses programas como o Photoshop. Pedi que ele fizesse o favor de analisá-la. Até então eu ainda nutria a tênue esperança de que tudo não passava de apenas uma brincadeira de mau gosto de um dos envolvidos nas sessões. Alguns colegas nossos tinham um senso de humor um tanto negro, e não era de se duvidar que fizessem algo do tipo para tentar nos pregar uma peça.

Pouco depois recebi o e-mail de resposta de meu amigo, onde ele respondia que a foto era original e estava intocada, sem nenhum tipo de edição ou montagem.

Empunhando meu celular, disquei o número desse amigo. Tocou duas vezes antes que ele atendesse. Agradeci pela análise rápida da foto que havia feito para mim, e sem perder tempo perguntei quantas pessoas ele vira na imagem.

Ele demorou um instante para responder, aparentemente surpreso com minha pergunta. Depois, falando devagar como alguém que dialoga com um maluco, disse que vira nove pessoas na fotografia.

— Por que a pergunta, Pedro? — ele indagara espantado após alguns segundos do meu silêncio.

Respondi que não era nada além de curiosidade, agradeci e desliguei.

Meus companheiros do grupo conseguiam falar com Arthur por meio do tabuleiro, mas eu podia vê-lo em fotografias.

Estremeci. O que seria aquilo? Alucinações? Estaria eu desenvolvendo um quadro esquizofrênico ou algo do tipo?

No dia seguinte felizmente tive uma surpresa agradável.

Bem no finalzinho da tarde Julia me ligou para perguntar se eu estava ocupado. Evidentemente respondi que para ela eu estava sempre disponível e imediatamente fui recompensado com sua risada, aquele riso cristalino e maravilhoso que ainda posso ouvir se fechar meus olhos nesse momento, caro diário.

Então Julia falou que, como a noite que se avizinhava parecia prometer ser bastante agradável, ela pensava em sair para caminhar um pouco, e quis saber se eu não a acompanharia.

Ainda esfregando os olhos, mal acreditando aceitei imediatamente.

Combinamos que eu a buscaria em casa meia-hora mais tarde.

Desligando o telefone, fui correndo tomar um banho e me arrumar.

Meu pai me levou de carro até a casa dela e cheguei pontualmente. Minha musa estava deslumbrante como sempre. Talvez os outros caras não vissem nada demais em Julia, mas para mim ela era perfeita. Era impossível imaginar um mínimo detalhe nela que eu não gostasse.

Anoitecera.

O céu escuro estava crivado de estrelas, como um elegante manto negro cravejado de diamantes.

A lua cheia, majestosa, se erguia vagarosamente acima das copas das árvores, das casas e dos prédios.

O clima estava agradável, uma brisa refrescante soprava em nossos rostos bagunçando os cabelos dela, negros como o de uma jovem apache, que agora estavam soltos e revoltos.

Nunca amei tanto o vento antes, porque, devido à ação dele, de tempos em tempos Julia precisava tirar as madeixas da frente de seu rosto, e sempre que isso acontecia eu via aqueles pequenos olhos negros e brilhantes estudando meu rosto com atenção enigmática.

Eu então, embasbacado, tinha de respirar fundo para recobrar o fôlego. Ela percebia e sorria para mim. Um sorriso que, aos meus olhos, era muito mais encantador do que todo aquele céu estrelado; mais lindo até do que a própria lua, cuja figura prateada e descomunal se elevava gradativamente até seu trono na abóbada celeste revestida de trevas, onde ela reinaria absoluta até os primeiros raios de sol.

Íamos caminhando e conversando sobre várias coisas, mas obviamente ela quis falar principalmente sobre o tabuleiro e a manifestação de Arthur.

Intimamente fiquei um pouco contrariado por ter de tocar naquele assunto com Julia.

Falar do tabuleiro me fazia lembrar da foto. Obrigava-me a lembrar do rosto assustador de Arthur.

Para desviar um pouco o assunto, sugeri que passássemos numa sorveteria que ficava a duas quadras de onde estávamos.

Caro diário de bordo, a sorveteria em questão se chama “Ice Crime” (isso mesmo, Crime Gelado, traduzido em português), um criativo joguete de palavras que o proprietário fez devido o original “Ice Cream”, que é sorvete, traduzindo. Então, se você, pondo os olhos no letreiro luminoso na entrada da sorveteria, lesse a primeira palavra em inglês, e a segunda em português, sem perceber estaria praticamente falando “sorvete” em inglês.

O Senhor Félix, dono da Ice Crime, é amigo do meu pai de longa data.

Desde criança frequento o lugar com minha família, e muitas e muitas vezes o homem me contou a história de como escolhera o nome para a sua sorveteria.

Além do trocadilho genial que acabei de explicar, o senhor Félix era um grande fã de filmes de gângster, sabe, caro diário? Toda essa coisa de "Os Intocáveis", "O Poderoso Chefão" e Al Capone, aqueles criminosos das décadas de 1920/1930 retratados pelo cinema, que, vamos admitir, definitivamente são caras de estilo.

Com seus ternos impecáveis, sobretudos e chapéus, ostentando expressões de poucos amigos e empunhando suas refinadas submetralhadoras Thompson, eles simplesmente se destacavam.

A Thompson, apelidada carinhosamente de “Tommy Gun”, dotada de cabo e empunhadura de madeira assim como ornada com um acabamento de muita classe, tornou-se icônica nas mãos dos gângsteres, cuspindo cerca de 850 balas por segundo, causando muita dor de cabeça à polícia da época e consolidando pouco a pouco o império do crime em terras norte-americanas. 

Então, inspirado pelas empolgantes façanhas dos mafiosos, Félix batizou seu estabelecimento de Ice Crime, decorando as paredes com fotos dos atores e das cenas de seus filmes favoritos.

Para mim, o sorvete de lá é o melhor do mundo e é, literalmente, um crime deixar de provar as iguarias geladas de lá. Por isso escolhi justamente esse lugar para levar Julia.

Quando me viu, o Senhor Félix esboçou um sorriso antes de acenar para mim, embora olhasse um pouco assombrado para a minha companheira.

Sorri. Aquele homem era de outro tempo. Não adiantaria explicar que aquela garota ali do meu lado, com seus piercings, maquiagem pesada, roupas escuras e longos cabelos pretos como a noite era a dona do meu coração.

Acho inclusive que ele surtaria se eu tentasse dizer-lhe isso.

Julia nem percebeu que o homem a avaliava, tão admirada estava com a decoração incrível do lugar.

Pedi dois milk-shakes: um de morango, que eu sabia que ela adorava, e um de chocolate para mim, já que sou chocólatra de nascença. Ambos os sorvetes eram ovomaltine. Paguei, despedi-me do senhor Félix e deixamos a Ice Crime.

Quando estávamos caminhando novamente pela rua, ela tomou um gole do milk-shake pelo canudinho, arregalou os olhos e, suspirando de satisfação, disse:

— É realmente maravilhoso, Pedro! Como eu nunca soube desse lugar? — e completou com seu sorriso perfeito – Obrigada.

Caminhamos durante mais algum tempo, ela rindo como criança ao me mostrar a lua cheia boiando contra o céu estrelado como um imenso balão redondo e prateado.

Julia era apaixonada pela lua, assim como o era por sorvetes de morango e o mundo dark.

Terminando nossos milk-shakes, jogamos os copos na lixeira mais próxima e estacamos. Lambendo os lábios melecados de sorvete, ela olhou subitamente para mim com uma intensidade que me deixou rubro:

— Você é corajoso, Pedro? Gosta de aventuras?

— Bom... Acho que sim — respondi desconcertado pela indagação surpresa, sem fazer ideia de onde ela queria chegar com aquilo.

Como se lesse meus pensamentos, Julia explicou:

— Perguntei porque estou a fim de um garoto assim para me acompanhar em uma aventura noturna agora mesmo.

Subitamente fingindo estar sério, olhei demoradamente ao redor. Depois pousei meus olhos nela. Dando de ombros, falei em tom de brincadeira:

— Bem, acho que você deu azar, o garoto mais perto sou eu. Então você vai ter de se contentar com isso.

Rindo a valer, ela apenas se virou fazendo sinal para que a seguisse.

E disparou a correr, descendo a rua.

Imediatamente a acompanhei, é claro, sem saber o que aquela maluca pretendia. Eu tinha de fazer um enorme esforço para não rir, porque isso me tiraria o fôlego e eu não ia querer perder Julia de vista.

As pessoas passavam por nós na rua e se viravam para nos olhar, como se fôssemos uma dupla de extraterrestres em desabalada carreira pelas vias noturnas da cidade.

Quando finalmente alcancei Julia, ela estava parada sob um poste, e a luz amarelada que a banhava delineava suas maravilhosas formas juvenis. Ela se voltou para olhar enquanto eu me aproximava, e então eu tive a impressão de que estava vendo uma foto em sépia de algum anjo noturno, propositalmente deixado na Terra para iluminar as noites escuras de caras solitários como eu.

Puxa vida, isso foi poético. Não foi, meu amigo diário de bordo?

Quando eu já estava bem perto, Julia me mostrou o muro alto e pintado de branco à nossa frente e só então me dei conta de que a seguira até o cemitério.

Sem me dar tempo para pensar, ela saiu correndo em direção ao campo santo. Com uma agilidade felina, escalou o muro para ficar encarapitada lá no alto, me fitando de modo desafiador.

Como alguém tão pequeno pudera galgar a parede com aquela velocidade e habilidade? Provavelmente ela já fizera aquilo diversas vezes, pois a segurança que demonstrara ao saber exatamente onde apoiar os pés, conhecer cada saliência, por menor que fosse, e a precisão com que dera dois passos na parede para tomar impulso deixavam clara a sua prática.

Fiquei lá embaixo, boquiaberto, olhando para ela, tomado por uma sensação de irrealidade. Julia não parava nunca de me surpreender.

— E então? Você vem ou não? — o modo como ela provocou foi tão natural que podia parecer que ela estava me convidando para entrar numa piscina com ela ao invés de em um cemitério.

— Você é maluca! – respondi e continuei imóvel, hesitante.

— Se vier, vai ser bem recompensado. — ela disse languidamente, piscando de um modo travesso.

Cara, aquilo era música para meus ouvidos!

 Mal terminou de falar, a garota passou as pernas por cima do muro e deixou-se cair para o lado de dentro do cemitério.

Coçando nervosamente o queixo olhei ao redor para ver se havia alguém se aproximando.

Meu pulso estava acelerado.

Nunca fizera algo parecido.

Quando tive certeza de que não haveria testemunhas, corri em direção ao cemitério e saltei o mais alto que pude. Meus dedos agarraram-se ao topo do muro e eu fiquei esperneando desajeitadamente por alguns segundos, tentando achar apoio para os pés.

Se pudesse, sei que você riria de mim agora, caro diário de bordo, mas creia-me, saltar o muro do cemitério foi bem mais complicado do que parecia, principalmente por minha falta de prática.

Duas coisas agiram a meu favor: primeiro era o fato de eu ser alto, pois isso me ajudou, ainda que penosamente, a içar meu corpo magrelo até o topo do muro. A segunda coisa, pela qual fiquei realmente feliz, era o fato de Julia já estar me esperando do outro lado, e não poder ver a situação ridícula em que eu me achava, esperneando até conseguir encontrar apoio para os pés.

Instantes depois, ofegante e com a barriga toda ralada, lá estava eu ao lado de uma sorridente Julia.

— Não devíamos estar aqui, você sabe — eu disse a ela em tom baixo de reprimenda — Se alguém nos apanhar, estaremos encrencados.

— Então não faça barulho, rapaz.  — ela sussurrou após um sorriso divertido, indicando mais uma vez que a seguisse.

Andamos por alguns minutos entre lápides entalhadas em granito, sepulturas adornadas com vasos de diversas flores, velas cuja cera estava quase toda derretida. Anjos e santos de mármore colocados sobre os túmulos pareciam me fitar com olhar reprovador. Os grilos cricrilavam e uma coruja piou ao longe. Para a nossa sorte, a luz possante e prateada do luar iluminava intensamente nosso bizarro tour pelo campo santo.

— Por que vocês, góticos, curtem tanto esse tipo de lugar, Julia? – murmurei para ela enquanto a seguia rapidamente, tomando cuidado para não tropeçar em nada.

— Apreciamos o silêncio e a paz – ela respondeu também em voz baixa, sem se virar ou parar de caminhar — Gostamos de vir para escrever, pintar, ler, ou simplesmente pensar na vida. Mas não foi por isso que eu te trouxe aqui.

Ela parou e apontou o dedo para um túmulo a um canto. Na lápide estava escrito um nome que me fez prender a respiração: ”Arthur Dias Azevedo”. Tentando não permitir que ela percebesse, estremeci. Abaixo das frases de saudade de família e amigos, havia as datas de nascimento e falecimento. O Arthur enterrado ali tinha acabado de fazer dezessete anos quando faleceu.

— Encontrei enquanto procurava por aqui da última vez em que vim. – Julia explicou, me tirando do estado de perplexidade — Você acha que é ele, Pedro? Acha que é o “nosso” Arthur?

Fiquei um pouco zonzo quando ela perguntou isso, mas, resolutamente percorri com os olhos a sepultura até achar uma foto emoldurada, maltratada pelo tempo. Nela aparecia um garoto branco, sério, de cabelo loiro, liso e curto, algumas sardas no rosto juvenil. Também naquela foto Arthur parecia estar olhando diretamente para mim.

— Talvez seja ele. – falei desviando a vista enquanto engolia em seco discretamente.

Como Julia não respondesse nada, olhei para ela e a percebi muito próxima de mim, seus olhos negros refletindo intensamente a luz da lua, presos nos meus, pedindo algo. Ela me fitava de um modo diferente de todas as outras vezes. E o silêncio me disse exatamente o que fazer.

Engraçada essa vida, não é, querido diário de bordo? Realmente irônico que o primeiro beijo na garota que gosto tenha sido em um cemitério, em noite de lua cheia, bem diante do túmulo de alguém que há pouco começara a me assombrar. Vivendo intensamente aquele momento único, esqueci-me completamente de Arthur. Preferi me concentrar no beijo de Julia, sorvendo da boca dela o gosto de morango do milk-shake da Ice Crime.

Subitamente um facho poderoso de lanterna nos atingiu em cheio. Assustados, nos voltamos em direção à luz. Um cão furioso rosnava e uma voz masculina zangada cortou o ar:

— Ei, vocês dois! Respeitem o descanso dos mortos! Tratem de arrumar outro lugar para fazer isso, seus pirralhos! Quando eu puser minhas mãos em vocês, vou ter o prazer de entregá-los pessoalmente à polícia!

Sem esperar mais, corremos o mais rápido que podíamos em direção ao muro. Julia ia à frente, rindo feito uma desmiolada, e ligeira como um coelho. E eu logo atrás, apavorado, arfante, ouvindo atrás de nós os passos pesados do vigia e os latidos desvairados do cão. O bicho ainda mordeu e rasgou boa parte da barra da minha calça novinha, quase conseguindo abocanhar minha panturrilha. Apesar disso tudo, conseguimos escapar e voltamos correndo para a casa da Julia.

Caro diário de bordo, obrigado por me receber quando eu mais precisava.  Registrar em suas páginas essas boas lembranças me acalma, e acho que agora consigo voltar a dormir um pouco.

De manhã, justo no primeiro horário tenho uma prova complicadíssima de álgebra, e nem sei como vou fazer se chegar lá na escola parecendo um zumbi.

Me despeço de você, amigo diário de bordo, renovando a promessa de que logo estarei de volta para continuarmos navegando nesse oceano inescrutável e sombrio em que estou condenado a vagar desde que comprei aquele maldito tabuleiro na loja do senhor Ramón.

Bem que ele tentou me avisar...


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Notas finais do capítulo

E aí?

Valeu a espera?

Que tal um review bem bacana pra mim, para me contarem o que estão achando?

Nos vemos em quinze dias!!!



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