The Melting Snow escrita por honeychurch


Capítulo 4
Capítulo 3




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  Depois de terem prestado suas preces, sor. Willas a conduziu para uma bela mesa onde os criados tinham servido o desjejum. A refeição era um verdadeiro desfile de delícias, com potes de creme, tortas perfumadas, pães crocantes, frutas frescas e tudo mais que fosse adequado à elegância Tyrell. Por um instante Sansa pensou que isso significava que Willas queria passar mais tempo ao lado dela. Estava óbvio pela maneira parca com a qual comia que o rapaz Tyrell não fazia questão daquele banquete, então qual outra explicação haveria além de ter ele feito tudo aquilo por ela? 

Aquela era uma esperança tão doce quanto açúcar, e como açúcar ela logo se desfez. Willas falou apenas um pouco mais do que a cortesia o obrigava, e durante toda a refeição ele deu mais atenção aos papéis de seus assuntos de senhor do que a ela, e como se isso não fosse o suficiente, logo Hobber apareceu. Se ela fosse se casar com alguém seria com Hobber e não Willas, ou assim lady Olenna a garantira, e desse fato Sansa foi lembrada quando o herdeiro de Jardim de Cima sugeriu que ela navegasse pelo Vago com o cavaleiro da Árvore.      

Podia ser bastante pior, ela dizia para si mesma, no passado fora a noiva de um monstro, e depois a esposa de um anão ébrio. Hobber podia não reluzir como ela desejaria em suas fantasias, mas ele era adequado Sansa supunha. Ele jamais seria Willas Tyrell, com o belo rosto Tyrell, e o belo castelo Tyrell, mas adequado deveria ser o suficiente. 

 — Pelos deuses, eu gostaria de voltar para casa! 

Hobber se jogou de olhos fechados entre as almofadas dispostas na barcaça. Eles estavam sozinhos, entre almofadas, vinhos e doces, com ninguém para vigiá-los além dos remadores, e de um cantor que tocava harpa enquanto contava a história de uma donzela que ia se encontrar com o rei das abelhas. 

— E você deveria vir comigo. Não é divertido aqui, presos com um aleijado e uma velha. Talvez milady não goste do modo como falo pois é muito gentil, mas eu não posso me esquivar de ser honesto. Eles são minha família e naturalmente eu os amo, mas não poderia ser mais tedioso estar aqui. 

Sansa apreciou a bravura de sor. Hobber em ser sincero longe dos ouvidos de lorde Willas, e da língua espinhosa de lady Olenna. 

 — Milorde é muito afortunado, pode logo voltar para casa quando desejar, nem todos são agraciados com essa boa sorte. 

O cavaleiro da Árvore, em um rompante de cortesia, abriu os olhos e segurou a mão dela. 

— Não irei abandoná-la aqui. Eu vou partir apenas quando você puder partir comigo. 

Ela sorriu para as palavras gentis de Hobber, mas soltou sua mão da dele e se esticou para tocar a água do Vago. 

O Sol jogava sua luz, e o rio a refletia como se milhares de faiscantes diamantes tivessem florescido das águas. Sansa imaginou, ainda que por um segundo, o quanto não seria maravilhoso poder viver bem ali, nas profundezas daquele rio. Não se poderia ouvir nada, e nem ver nada além das imagens turvas de um paraíso subaquático intocado por guerras, mortes, ou promessas de casamento. Maravilhoso de fato, mas como tudo o que era maravilhoso, flertava com o absurdo.

— Como eu poderia ser feliz — perguntou ela ainda com as mãos acariciando o Vago — sabendo que o prendi em um cenário tão infeliz?

— Não se preocupe com isso milady, qualquer cenário se torna suportável quando a senhora está nele. 

A cortesia de Hobber, ainda que muito insistente, parecia pouco espontânea. Ele era um cavaleiro as beiras de implorar pela afeição dela, e mesmo assim Sansa não estava contente. Em outra vida essa seria a perfeita definição de seu maior sonho, ser cortejada por uma caveleiro sulista, tão ávido por levá-la para viver com ele em seu castelo, mas isso seria em outra vida. 

— O senhor entende, é claro, que eu não tenho como retribuir sua gentileza, não tenho família, nem dote, nem herança, a única coisa que tenho de minha é um marido pelo qual nunca pedi, e até isso é duvidoso se possuo de fato. 

 Hobber veio para o lado dela, se debruçar sobre o Vago, ela podia ver mais falas cavalhareiscas se formando em seus faiscantes e pequenos olhos, mas ao invés de mais uma declaração de sua suposta infinita admiração, ele fez apenas uma pergunta. 

 — O que quer dizer com duvidoso

Sansa corou, pois nenhuma donzela devia falar de certos assuntos sem corar.

— Eu li muitas histórias para saber que um casamento só está de fato completo quando se tem uma — por um instante ela pausou sua fala para buscar o termo menos constrangedor, mas foi em vão — consumação carnal. 

O modo como ele a olhou ao ouvir aquilo, era como se Sansa tivesse lhe contado uma das grandes maravilhas do mundo. 

 

— Ela é uma virgem!

Lady Olenna invadiu o gabinete do neto com uma energia que já não era do direito de alguém em sua idade. 

— Quem, a rainha talvez? Isso sim seria espantoso. 

Willas não poderia ter escolhido um momento mais inconveniente para ser interrompido, e terminando de escrever “rainha Cersei’’ na carta na qual estivera trabalhando ele colocou o papel de lado e olhou para avó. Aquela era uma senhora curiosa, tão frágil, tão ardilosa, e tão peculiar ao se sentar diante dele com uma taça vazia e um pires nas mãos por algum motivo conhecido apenas por ela e os deuses. 

— De todos os meus netos, você é o que tem as piores piadas. — Ela suspirou ao se acomodar na cadeira — Tudo fica tão mais simples agora! Eu me lembro daquele casamento, me lembro que o anão não permitiu a que cerimônia de por os noivos na cama acontecesse, e é claro me lembro dos boatos que surgiram depois. Alguns diziam que não houvera consumação, outros que nunca veríamos sangue nos lençóis de lady Sansa porque o rei já tinha reivindicado a virgindade dela, e também havia quem dissesse que o membro de um anão não tinha as dimensões necessárias para romper a virgindade de uma moça. Um lugar sórdido a corte. 

— Obrigada por ter dividido os detalhes comigo.

— Mas sempre foi difícil para mim acreditar que um diabrete pecaminoso como aquele fosse poupar uma criatura tão adorável quanto nossa Sansa. Qualquer Septão vai poder anular o casamento depois de uma breve consulta. 

Willas lembrou da carta vinda de Porto Real, ele deveria enviar a garota Stark para a capital o quanto antes, amordaçada se preciso, só assim a casa mais rica do reino poderia neutralizar a terrível ameaça de uma donzela amedrontada. 

— O marido dela está preso, por que tanto esforço em conseguir uma anulação se logo ela será uma viúva?

— Porque não queremos fazer parecer que aqueles dois pudessem ser cúmplices, e homens raramente dividem seus planos de homicídios com mulheres com as quais não copulam.

— Eu não saberia dizer, nunca refleti muito sobre a relação entre homicídios e o coito — Willas esfregou os dedos na vã tentativa de tirar uma mancha negra de tinta — Ela deveria ser poupada do toque das mãos geladas de um meistre até que essa seja a última opção. De qualquer maneira eu não vejo porque acreditariam em nós. Não acha que dirão do meistre que declarar lady Sansa uma donzela que o homem foi comprado? 

— Podem dizer o que quiserem, logo que o casamento for anulado Hobber vai estar feliz em nos providenciar um lençol manchado que afaste dúvidas. 

Ele deixou de lado a própria mancha nos dedos.

— Não estamos falando de uma égua, não pode enviá-la para a reprodução quando bem entender. 

 — Me perdoe, eu sempre me esqueço da sua predileção por animaizinhos feridos.  Pobre lady Sansa não pode ser submetida a inspeção de um meistre, pobre lady Sansa não pode ser enviada para um leito nupcial. De qual infortúnio vai querer livrar a pobre lady Sansa da próxima vez?

— Bem, eu acho que deveríamos movê-la de quarto. Onde você encontrou aquele lugar abarrotado e de gosto duvidoso? 

— Aquele era o meu quarto.   

  Repentinamente Willas voltou a se interessar pela tinta impregnada nos dedos. 

— Bem… Eles são afastados não são? Talvez fosse melhor que ela ficasse na ala da família. 

— Parece que não entende Willas, mas o que eu estou tentando fazer é torná-la parte dessa família.

Willas estava pronto para dar mais uma resposta preguiçosa, mas como uma interrupção não parecia ser o bastante, outra pessoa passou de rompante por sua porta.

— Eu preciso me casar com ela, eu a amo!

Hobber tinha as bochechas coradas de excitação, e naturalmente Willas o achou com um aspecto mais bobo do que o normal. 

— Já contou a ele vovó? 

O jovem Redwyne perguntou assim que tomou consciência da avó sentada ali com sua taça e seu pires.

 — É claro que sim querido — ela respondeu com um sorriso — E agora há pouco que eu possa fazer. Willas vai cuidar de tudo, não é mesmo meu bem?

Com um dificuldade inexistente segundos antes, a velha rainha dos espinhos se levantou e dirigiu ao neto mais velho um risinho de escárnio. Ela achava graça do desconforto no qual enfiara Willas, e ele não se esqueceria daquilo. 

— Eu agora os deixo com seus assuntos de homens, mas antes…

Ela se inclinou próximo a uma das estantes de livros, e com sua taça e pires capturou uma pequena aranha. 

— Será útil para meu jardim ter uma aranha. 

Com isso, ela sorriu mais uma vez e foi embora com passos lentos e arrastados.

Willas se perguntava se a avó tinha reparado na aranha antes de entrar no gabinete dele equipada com suas ferramentas de captura, ou se fora apenas uma coincidência. A segunda opção parecia mais provável, por isso mesmo ele acreditava mais na primeira. Quantos outros detalhes passariam despercebidos para todos menos para lady Olenna? 

— Por favor primo, você não se colocaria no caminho da minha felicidade não é? Acredite em mim, eu a amo. 

Hobber implorou, claramente menos entretido pela caça as aranhas da avó. 

— Eu fico feliz que se sinta assim Hobber, mas lady Sansa ainda é casada.

— Então vovó não te contou? O casamento nunca foi consumado, e por isso pode ser anulado a qualquer instante. Além disso, vovó disse que o anão está preso e que logo lady Sansa ficará viúva. 

— Sim, é claro… e ainda assim ela é acusada de...

— Não pode acreditar nessas mentiras! Você a viu. Conseguiu encontrar nela qualquer coisa que sugira envolvimento em um regicídio? 

— Não importa o que eu penso, ainda somos súditos da coroa.

Seu primo Redwyne deu meia volta irritado. 

— Eu a amo, eu a amo demais. Acho que já a amava quando a vi pela primeira vez no torneio em Porto Real. E eu serei melhor que Joffrey ou o anão, você sabe que serei. 

Amor a ideia passou pela mente de Willas, e voltando os olhos para sua carta inacabada, ele sentiu um arrepio na espinha. 

— Sua dedicação me comove primo — Ele mentiu — Se lady Sansa concordar, e é claro, se o senhor seu pai der a benção, eu não vejo porque não.

Pela primeira vez na vida seu priminhos briguento o abraçou, com afeto e centenas de agradecimentos. 

  Amor Willas pensou mais uma vez. Por que ele estava arriscando algo tão precioso quanto amor?


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