Palace escrita por Bia Sodré


Capítulo 2
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Voltei
Obrigada meninas que comentaram, muito obrigada mesmo.
Capítulo dedicado a vocês e a quem favoritou



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Daddy G’s é uma merda,mas é muito melhor do que alguns dos outros clubes da cidade.
Então, novamente, isso é como dizer: — Dê uma mordida neste pedaço de galinha podre. Não é tão verde e tão embolorado quanto esses outros pedaços. — Ainda assim, dinheiro é dinheiro.
A chegada de Carrick Grey  na escola, está me corroendo durante todo o dia. Se eu tivesse um laptop e uma conexão à Internet, eu Googava o cara, mas meu velho computador está quebrado e eu não tinha o dinheiro para comprar outro. Eu não pude ir até a biblioteca para usar outro. É estúpido, mas eu estava com medo que se eu deixasse o apartamento, o Grey pudesse me emboscar na rua.
Quem é ele? E por que ele acha que ele é meu tutor? Mamãe nunca o mencionou para mim. Por um momento antes, eu perguntei se ele poderia ser meu pai, mas os papéis diziam que meu pai
estava morto, também. E a menos que a minha mãe tenha mentido para mim, eu sei o nome do meu pai não era Carrick . Era Raymond . Ray.
Isso sempre me fez sentir que era uma mentira. Algo como uma resposta rápida, quando seu filho diz: — Conte-me sobre meu pai, mamãe!— E você responde o primeiro nome que vem à mente— Uh, seu nome era, um, Ray, querida.
Mas eu odeio pensar que minha mãe estava mentindo. Nós sempre fomos honestas uma com a outra.
Eu empurro Carrick Grey fora da minha mente, porque esta noite é a minha estreia no Daddy G’s, e eu não posso deixar algum estranho de meia-idade em um terno de mil dólares me distrair.
Já existem homens de meia- idade suficientes, articulando para ocupar meus pensamentos.
O clube está lotado. Eu acho que a noite da colegial católica, é um grande atrativo para o Daddy G’s.As mesas e cabines no piso principal estão todos ocupados, mas o nível de cima onde fica a sala VIP está deserta. Não é uma surpresa. Não há muitos VIP’s em Kirkwood, esta pequena cidade do Tennessee, perto de Knoxville. É uma cidade de baixa renda. Se você fizer mais do que 40 mil em um ano, você é considerado podre de rico. É por isso que eu a escolhi.
Aluguel barato e a escola pública é decente.
O camarim fica na parte de trás, e está cheio quando eu entro.
Mulheres seminuas olham paraminha entrada. Algumas acenam, duas sorriem, e então elas voltam a sua atenção sobre como proteger suas cintas-ligas ou aplicar sua maquiagem em camadas de vaidade.
Apenas uma vem até mim.
— Branca de neve ?— Diz ela. Eu concordo. É o nome artístico que eu tenho usado no Miss Candy. Parecia apropriado na época.
— Eu sou Rose. George me pediu para mostrar-lhe as coisas esta noite.
Há sempre uma mãe galinha em cada clube, uma mulher mais velha que percebe que está perdendo a luta contra a gravidade e decide fazer-se útil de outras maneiras. No Miss Candy’s tinha sido Tina Bombom, a loira enrugada me levou sob sua asa, por um tempo. Aqui, é a velha ruiva Rose, que cacarejava ao meu lado, enquanto ela me orientava em direção à grade de metal com as fantasias.
Quando eu encontrei o uniforme colegial, ela segurou a minha mão. — Não, isso é mais tarde. Põe isto.
A próxima coisa que eu sei, é que ela está me ajudando em umespartilho preto com laços cruzados e uma tanga preta rendada.
— Eu estou dançando nisto?— Eu mal posso respirar com o espartilho, e muito menos alcança-lo para desata-lo.
— Esqueça o que está em cima. — Ela ri quando percebe que parei de respirar. — Somente dance no pole para Richie Rich e você vai ficar bem.
Dou-lhe um olhar vazio. — Eu pensei que estava indo para o palco.

— George não lhe disse? Você está fazendo uma dança privada no salão VIP agora.
O que? Mas acabei de chegar aqui. Da minha experiência no Miss Candy, normalmente você
dança no palco algumas vezes, antes de qualquer um dos clientes solicitar um show particular.
— Deve ser um dos frequentadores do seu ex clube, — Rose adivinha quando ela percebe a minha confusão. —Richie Rich apenas dança aqui como ele fosse dono do lugar, ele colocou cinco pratas nas mãos de George e disse para enviar você. — Ela pisca para mim. — Toque- o direito e você vai ter mais grana dele.
Em seguida, ela se foi. Olho para as outras dançarinas, enquanto eu fico lá me debatendo se isso foi um erro.
Eu gosto de mostrar como eu sou resistente, e sim, eu sou, até certo ponto. Estive pobre e com fome. Fui criada por uma stripper. Eu sei como dar um soco se eu tiver que fazer. Mas eu tenho apenas dezessete anos. Às vezes me sinto muito jovem para ter vivido a vida que tenho. Às vezes eu olho ao redor e penso que eu não pertenço aqui. Mas eu estou aqui. Eu estou aqui, e eu estou quebrada, e se eu quero ser a garota normal que estou desesperadamente tentando ser, então eu preciso sair deste quarto e andar até o senhor que está na sala VIP, como Rose tão bem expressou.
George aparece quando eu passo pelo corredor. Ele é um homem corpulento com uma barba cheia e olhos bondosos. — Será que Rose lhe informou sobre o cliente? Ele está esperando por você.
Balançando a cabeça, eu engulo sem jeito.
 — Eu não tenho que fazer nada extravagante, certo? Apenas uma lap dance regular? Ele ri.
— Tão extravagante quanto você queira, mas se ele te tocar, Bruno irá levá-lo para fora.
Estou aliviada ao ouvir que o Daddy G’s impõe a regra não toque-a-mercadoria. Dançar para homens asquerosos, é muito mais fácil de engolir quando suas mãos asquerosas não chegam a qualquer lugar perto de você.
— Você vai fazer muito bem, menina. — Ele dá um tapinha no meu braço. — E se ele perguntar, você tem vinte e quatro anos, OK? Ninguém com mais de trinta anos trabalha aqui, lembra?
E quanto a menos de vinte anos? Eu quase pergunto. Mas eu continuo com meus lábios apertados. Ele tem de saber que estou mentindo sobre a minha idade. Metade das meninas aqui estão. E eu posso ter vivido uma merda de vida, mas de jeito nenhum eu pareço ter trinta e quatro anos. O meu corpo me ajuda a mal passar por vinte e um.
George desaparece no camarim, e eu tomo um fôlego antes de ir pelo corredor.
O som que estava abafado, me cumprimenta na sala principal. A bailarina no palco apenas desabotoou a camisa de uniforme branco, e os homens vão à loucura na primeira visão dela, e vejo as notas de dólares que chovem no palco. Isso é o que eu foco. O dinheiro.
Esqueço todo o resto.
Ainda assim, eu estou tão chateada com o pensamento de sair da GW e todos os professores que realmente parecem se preocupar, com o que eles estão ensinando. Mas eu vou encontrar outra escola em outra cidade. A cidade onde Carrick Grey não será capaz de me encontrar.
Eu travo meus pés. Então eu giro em pânico.
É tarde demais. Grey já atravessou a sala VIP sombria e sua forte mão circunda o meu braço.
— Ana, — diz ele em voz baixa.
— Deixe-me ir. — Meu tom é tão indiferente quanto eu posso fazer, mas a minha mão treme quando eu tento me soltar.
Ele não me deixa ir, não até que outra figura passa para fora das sombras, um homem em um terno escuro e com os ombros de um linebacker. — Não toque, — diz o segurança ameaçadoramente.
Grey libera meu braço como se ele fosse feito de lava. Ele poupa um olhar sombrio para Bruno o leão de chácara, em seguida, volta-se para mim. Seus olhos ficam trancados no meu rosto, como se ele estivesse fazendo um esforço pontiagudo para não olhar para o meu corpo.
— Nós precisamos conversar.
O uísque em seu hálito quase me derruba.
— Não tenho nada para lhe dizer, — eu respondo friamente.
— Eu não o conheço.
— Eu sou o seu tutor.
— Você é um estranho. — Agora eu sou arrogante. — E você está interferindo no meu trabalho.
Sua boca se abre. Em seguida, fecha.

Então ele diz:
— Tudo bem. Comece a trabalhar.
O que? Há um brilho zombeteiro em seus olhos, quando ele deriva para trás em direção ao luxuoso sofá. Ele senta-se, espalhando as pernas um pouco, ainda zombando de mim.
— Dê-me o que eu paguei para ter. — Meu coração acelera. De jeito nenhum. Não estou dançando para este homem.
Do canto do meu olho eu vejo George aproximando a passos largos. Meu novo chefe olha para mim com expectativa.
Engulo em seco. Eu quero chorar, mas eu não vou. Em vez disso, eu deslizei ao longo de Grey com uma confiança, que eu não sinto.
— Bem. Você quer que eu dance para você, papai? Eu vou dançar para você.
Lágrimas picam no interior das minhas pálpebras, mas eu sei que elas não se alastram. Eu treinei- me para nunca mais chorar em público. A última vez que chorei, foi por minha mãe no seu leito de morte, e foi depois de todas as enfermeiras e os médicos deixarem a sala.
Carrick Grey tem uma expressão de dor em seu rosto, quando eu passo na frente dele.
Meus quadris rolam ao som da música, como se por instinto. Na verdade, é instinto. A dança está no meu sangue. Está é uma parte de mim. Quando eu era mais jovem, minha mãe foi capaz de juntar dinheiro para enviar-me para aulas de ballet e jazz por três anos. Depois que o dinheiro acabou, ela assumiu parte do ensino. Ela assistia vídeos ou aulas no curso do centro comunitário antes que chutassem ela para fora, e então chegava em casa e me ensinava.
Gosto de dançar, e eu sou boa nisso, mas eu não sou estúpida o suficiente para pensar que vai ser uma carreira, a não ser que eu queira fazer strip para viver. Não, minha carreira vai ser prática.
Negócios ou direito, algo que vai me dar uma boa vida. A dança é um sonho tolo de menina.
Quando eu passo minhas mãos sedutoramente para baixo da frente do meu espartilho, Grey solta um gemido. Não é o gemido que eu estou acostumada na audiência. Ele não parece ligado.
Ele olha... triste.
— Ele está rolando sobre sua sepultura agora, — Grey diz com voz rouca.
Eu o ignoro. Ele não existe para mim.
— Isso não está certo. — Ele soa engasgado.
Eu lanço o meu cabelo para trás e projeto meus seios para fora. Eu posso sentir os olhos de Bruno em mim a partir das sombras.
Cem dólares para uma dança de dez minutos, e eu já girava afastando dois minutos. Oito mais para ir. Eu posso fazer isso.
Mas, evidentemente, o Grey não pode. Mais uma oscilação e ambas as mãos reprimem meus quadris.
— Não, — ele rosna. — Steve não iria querer isso para você. Eu não tenho tempo para piscar, para registrar suas palavras.
Ele está em seus pés e eu estou voando pelo ar, meu tronco batendo em seu ombro largo.
— Deixe-me ir!— Eu grito.
Ele não está ouvindo. Ele me leva por cima do ombro, como se eu fosse uma boneca de pano, e nem mesmo o súbito aparecimento de Bruno pode
pará-lo.
— Saiam do meu caminho!— Quando Bruno dá mais um passo, para ele. — Esta menina tem dezessete anos! Ela é menor de idade, e eu sou seu guardião, e assim Deus me ajude, se você der mais um passo, terei todo policial em Kirkwood neste lugar e você e todos esses outros pervertidos serão jogados na cadeia por pôr em perigo uma menor.
Bruno pode ser robusto, mas ele não é burro. Com um olhar aflito, ele se move para fora do caminho.
Mas, eu não sou tão cooperativa. Bato meus punhos contra as costas de Grey , minhas unhas arranhando seu caro paletó.

— Coloque-me no chão!, — eu grito.
Ele não faz. E ninguém o impede enquanto ele marcha em direção à saída. Os homens do clube estão muito ocupados olhando de soslaio e vaiando. Eu vejo um flash de movimento. George chegando ao lado de Bruno, que furiosamente sussurra em seu ouvido, mas, em seguida, eles se foram e eu sou atingida por uma rajada de ar frio.
Estamos fora, mas Carrick Grey ainda não me colocou para baixo. Eu vejo seus sapatos extravagantes batendo o pavimento rachado do estacionamento. Há um tilintar de chaves, um alto beep, e então eu estou impulsionada pelo ar novamente, antes de aterrar em um assento de couro. Eu estou na parte de trás de um carro. A porta bate. Um motor ruge para a vida.
Meu Deus. Este homem está me sequestrando.


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Notas finais do capítulo

E foi isso.
Beijos de lumus.
Se gostou deixe um comentário, pfv.
Até a próxima.



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