Viena, Áustria

Na mesma caverna escura e fria, Victor parecia estar em uma crise de raiva.

—MALDIÇÃO! – Gritou o misterioso homem enquanto socava a parede da caverna. Em sua frente, havia um corpo de um jovem rapaz. – Esses malditos fracos! – Disse entredentes.

— Tenho uma má notícia, Victor. – Disse o homem do rosto cavernoso e vermelho. – Alguns Vingadores estão no país, investigando. – Completou.

— Não se preocupe com isso, Johann! – Respondeu Victor seco. – Não podem nos encontrar e não há pistas. – Disse por fim enquanto tentava acalmar sua respiração.

— O professor precisa acertar na fórmula o mais rápido possível. Antes que o tempo acabe. – Johann disse enquanto observava o jovem homem caído no chão. – E aquela pessoa que você disse que viria? – Perguntou por fim.

— Ah, ele virá, meu caro. – Respondeu Victor com um sorriso. – Tenho certeza que ele virá. – Continuou.

— Mas está demorando demais! – Rebateu o homem, contendo sua raiva.

— Não se preocupe. – Sorriu. – Ele virá. – Completou.

Evie

Apertei a bolinha de borracha, colorida, cheia de sensores e fios pela décima vez. Eu mal conseguia me mexer na poltrona onde eu estava sentada por conta de todos os fios ligados a mim. E lá estava eu, na sala de testes da base da S.H.I.E.L.D de Nova York. Loki tinha me levado lá para que Dr. Banner pudesse examinar minhas habilidades.

— Muito bem. – Disse Dr. Banner calmamente enquanto analisava seu computador. – Pode apertar mais uma última vez, por favor. – Pediu. – Com o máximo de força que você conseguir. – Completou. Apertei a bolinha novamente, juntando o máximo de força possível.

— Força? – Perguntou a jovem assistente com uma prancheta na mão.

— Normal para avançada. – Respondeu Dr. Banner concentrado. – Compatível ao de um ser humano comum, mas não compatível ao peso e altura dela. – Completou por fim.

— Reflexo? – Continuou a jovem, concentrada demais em sua prancheta.

— Aparentemente, normal. – Respondeu Dr. Banner ao analisar todas as informações na tela no computador.

— Fator de cura? – A jovem encarou Dr. Banner por cima do óculos.

— Mais rápido do que uma pessoa comum. Mas nada de extraordinário. – Respondeu por fim. – Ah, existe alguma espécie de energia envolvendo seu corpo. – Continuou ao olhar imagens na tela do computador. – Não consigo identificar o que é. – Bufou.

— Isso se chama manipulação da magia. – Disse Loki como se fosse óbvio.

— Impressionante. – Dr. Banner parecia maravilhado com a situação. Eu não fazia ideia do que aquilo significava.

— Temperatura do corpo? – Perguntou a jovem enquanto anotava informações em sua prancheta.

— Muito fria para uma pessoa que está viva. – Respondeu Dr. Banner arqueando uma sobrancelha. – Preciso fazer algo. – Dr. Banner pegou um isqueiro em seu bolso. – Não tenha medo. – Me tranquilizou ao perceber o medo em meus olhos. Eu sabia o que ele queria fazer. – Agora, se concentre. – Estendi a palma de uma mão para ele, que acendeu o fogo com cuidado em minha mão. No início, senti minha mão arder por causa do calor, mas logo o fogo foi absorvido, e eu não senti mais nada. Nem mesmo uma queimadura.

— Que curioso! – Disse meu pai consigo mesmo enquanto nos observava. – De todas as minhas habilidades, você foi herdar justo as características de um gigante de gelo. – Completou perplexo.

— A genética é assim. – Respondeu Dr. Banner dando de ombros. – Confusa. Imprevisível ás vezes. – Continuou e voltou sua atenção ao computador. – Bem, acho que terminamos. Stacie, por favor, o relatório. – A jovem arrancou o papel cheio de anotações e entregou ao Dr. Banner. – Aparentemente, suas características herdadas pelo Loki não são muitas, mas são... – Ele parou, parecendo procurar a palavra certa. – eficientes! – Disse por fim enquanto ajudava a tirar todos os fios ligados a mim.

— O que exatamente ela pode fazer? – Perguntou Loki curioso. – Quais são as características? – Ele parecia mais ansioso do que eu.

— Fator de cura melhor que uma pessoa normal. Hipnose. – Ele leu no papel. – Absorção de fogo e algo relacionado a congelar coisas. Mas, aparentemente, isso só funciona ao toque. – Continuou. – e por último, essa energia esquisita. – Completou por fim. – O resto, parece normal. – Deu de ombros como se fosse a coisa mais normal do mundo.

 Eu estava tonta com tanta informação. Como eu nunca tinha percebido algo assim? Por que minha mãe nunca tinha me contado isso antes? Tudo poderia ter sido mais fácil se ela ainda estivesse... Viva.

— Interessante. – Foi tudo o que Loki disse. Ele parecia perdido em pensamentos. Suspirei. Eu nunca tinha sonhado em ter poderes, mas isso não era tão ruim.

— Acho que ela deveria vir a S.H.I.E.L.D algumas vezes para treinar. – Sugeriu Stacie calmamente. – Precisa aprender a dominar suas habilidades, caso contrário, pode ser uma perigo para a sociedade. – Completou me olhando como se eu fosse uma ameaça para toda a população mundial.

— Talvez seja uma boa ideia. – Respondeu Dr. Banner coçando a cabeça. – Eu vou conversar com alguns agentes sobre isso. – Treinar na S.H.I.E.L.D me parecia uma ideia razoável, já que lá eu não corria o risco de machucar ninguém.

— Hum... Eu mesma poderia ensiná-la. – Disse Loki por fim. – Sou um mestre em todas essas habilidades. – Completou estufando o peito.

— Você sabe que não tem acesso livre à S.H.I.E.L.D. – Respondeu Dr. Banner o encarando. Tinha a sensação de ter perdido alguma informação ou alguma parte da conversa. Loki apenas suspirou, mal-humorado.

— Bom, melhor irmos. – Disse Loki sério, seguindo em direção a saída. Apenas o segui, apertando os passos, enquanto Dr. Banner vinha atrás de nós.

— Loki. – Dr. Banner chamou a atenção e meu pai parou, sem nem mesmo o olhar. – Você sabe bem o porquê. – Disse calmamente. Em cima da minha cabeça flutuava um ponto de interrogação. Do que eles poderiam estar falando?

— Isso é tão estúpido! – Loki esbravejou encarando Dr. Banner. Tentei encará-lo também pra ver se captava algum sinal do que eles poderiam estar falando. Mas, não identifiquei nada.

— Loki? Você aqui? – Uma voz familiar veio do início do corredor. Era o Sr. Stark. Ele estava acompanhado do...

— Peter Parker? – Eu quase gritei quando o vi. Ele deu um pulo quando me viu e tive a impressão de que queria sair correndo. – O que tá fazendo aqui? – Perguntei por fim.

— Evie? – Ele gaguejou. Ele estava pálido como um fantasma.

— Ele é o homem aranha. – Respondeu Sr. Stark rápido como se fosse algo normal. Meu queixo quase foi ao chão. Como ele podia ser o homem-aranha?

— Você é o homem-aranha? - Eu estava pasma demais para fazer comentários.

— Se-enhor Stark. – Peter gaguejou enquanto tentava repreendê-lo. – Não podia contar pra ela. – Disse por fim.

— Conhece ela? – Perguntou Sr. Stark a Peter.

— Ela é a desmiolada que colocou fogo no meu trabalho. – Sussurrou para Sr. Stark. Desmiolada? Eu mal podia conter minha indignação.

— Foi sem querer. – Me defendi e ele cruzou os braços.

— Botou fogo no trabalho dele? – Perguntou Sr. Stark incrédulo.

— Eu já disse que foi sem querer! – Rebati irritada. Não tinha sido por querer e ele sabia disso. Loki enrugou a testa observando a situação.

— Continua sendo desmiolada. – Retrucou Peter pra si mesmo.

— Como ousa falar assim com Evie LAUFEYSON, Princesa de Arsgard, seu criatura inseto? – Gritou meu pai visivelmente irritado. Peter deu um passo pra trás, assustado, quase se escondendo atrás do Sr. Stark.

— Na verdade, aranha não é um inseto, é um aracnídeo. – Corrigiu Peter fazendo Loki revirar os olhos em desprezo. - Pera aí... Você é filha do LOKI? – Peter quase não pode conter seu grito histérico. – Tá explicado porque você congelou sua mão. – Concluiu.

— É, nós descobrimos hoje que Evie pode congelar de vez em quando. – Dr. Banner falou pela primeira vez na discussão.

— Pera... Como você nunca percebeu que pode congelar as coisas? – Perguntou Parker como se isso fosse a coisa mais absurda que ele já tinha ouvido.

— Mas é claro, porque eu sou a Elza, e eu saio por aí congelando tudo, criando Olafs e construindo castelos de gelo enquanto canto Let it go. – Respondi seca.

“Ah, identifiquei uma referência”, a voz do Capitão ecoou por todo o corredor.

— Mas que merda é essa? – Perguntou Sr. Stark procurando o dono da voz.

“Olha a boca”, a voz do Capitão ecoou novamente. Ela vinha de um relógio. Do relógio do Dr. Banner.

— Ah, desculpe. Eu esqueci de desligar. – Disse Dr. Banner um pouco sem graça enquanto desligava o relógio. – É um identificador de referências e palavrões. – Completou rápido fazendo Sr. Stark soltar um “hã”. – Coisa minha e do Capitão. – Deu de ombros.

— Ah, podemos voltar ao foco? – Peter chamou a atenção de todos. – Para o fato dela ter quase me matado! – Completou histérico.

— Tá vendo? Devia ter congelado ele! – Disse Loki pra mim em tom de reprovação.

— Ah, isso tá certo? – Perguntou Sr. Stark ao meu pai em um tom de reprovação.

— O que? – Loki respondeu entediado.

— É esse o exemplo que dá para as crianças? – Sr. Stark deu um passo à frente fazendo Loki rir com escárnio. Crianças?

— Eu não sou mais criança, Sr. Stark. – Interrompeu Parker, mas ele nem mesmo se virou.

— Cala a boca, pirralho. – Repreendeu Sr. Stark enquanto encarava Loki. – Não vê que estou no meio de uma discussão importante? – Ele cruzou os braços fazendo meu pai rir ainda mais.

— Você realmente se acha um bom exemplo, homem de lata? – Perguntou Loki rindo com escárnio.

— É Homem de Ferro. – Respondeu Sr. Stark levantando o indicador. – Mas pra você é Senhor Homem de Ferro. – Completou ao se aproximar mais.

— Gente, calma. – Pude ouvir a voz tranquila do Dr. Banner, mas ele foi completamente ignorado.

— Não seja hipócrita, Stark. – Loki retrucou dando um passo para frente. – Eu lhe conheço muito bem pra saber que não é um bom exemplo. – Sorriu.

— É esse o exemplo que vai dar pra sua filha? – Perguntou Sr. Stark se aproximando ainda mais. Dava sentir o clima tenso no ar. Nem eu nem Peter conseguíamos nos mover.

— Gente, calma. – Repetiu Dr. Banner sendo ignorado de novo.

— Acho que isso não é da sua conta. – Respondeu Loki entredentes, visivelmente irritado.

— CHEGA! – Ouvi Dr. Banner gritar, fazendo todos nós darmos um pulo. – Chega. – Arfou. Suas veias da testa estavam visivelmente alteradas. Ele respirou fundo algumas vezes. – Vocês querem que o outro cara apareça? – Perguntou por fim.

— Que cara? – Perguntou Peter confuso.

— O verdão. – Respondeu Dr. Banner respirando mais devagar. O Hulk. Só podia ser.

— Ah, acho que já tá na hora de irmos embora. – Disse Loki rapidamente. – Vamos, criança tola. – Completou me puxando pelo braço enquanto apertava os passos.

— É, também temos algo pra fazer. – Escutei Sr. Stark falando com Peter. – Vamos. – Completou.

Em questão de segundos Loki e eu estávamos fora da base da S.H.I.E.L.D. Ainda não tinha me acostumado com o fato dele poder se teletransportar dessa forma. Continuamos andando, sem dizer nenhuma palavra.

— Hey. – Tentei quebrar o silêncio. – Por que você não tem acesso livre à S.H.I.E.L.D? – Perguntei por fim mas ele não respondeu.

— Porque... – Ele hesitou por um momento e me encarou. – Humanos são estúpidos, criança tola. – Disse por fim e voltou a caminhar.

— Eu também sou uma humana. – Rebati tentando acompanhar seus passos. – E não sou estúpida. – Completei.

— Meia humana. Afinal, eu sou um deus. – Respondeu seco sem parar de andar. – Agora pode parar de tagarelar? – Pediu calmamente.

— Tá. – Respondi por fim. Tinha algo que eu não sabia, eu tinha certeza. E, eu precisava descobrir o que era.

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Tony seguiu em direção a uma sala, sendo acompanhado por Peter, que parecia eufórico em saber o que Stark queria.

— Sr. Stark, por que o senhor me chamou até aqui, afinal? – Perguntou o garoto mal contendo sua ansiedade.

— Sente-se. – Respondeu Tony fazendo um sinal para que Peter se sentasse. Rapidamente, Parker se sentou e encarou Tony. – Eu chamei aqui porque os Vingadores estão em uma missão complicada. – Começou. – Mas, devido às circunstâncias, e algo que descobri hoje, preciso que me ajude em outra coisa...

— E o que seria, Sr. Stark? – Peter interrompeu, ansioso.

— Nós descobrimos um Cristal poderoso e uma arma poderosa foi roubada do museu de Hofburg. – Disse Tony calmamente. – Muitas pessoas estão sendo encontradas mortas com mutações genéticas... Temos certeza que tudo isso tem uma ligação. – Continuou. – Natasha, Steve e Sam estão investigando isso na Áustria, mas quem quer que seja que está fazendo isso, está fazendo de forma muito bem feita, porque não há rastros. – Completou por fim.  

— O que quer que eu faça, Sr. Stark? – Perguntou o garoto mais sério.

— Tenho sérias desconfianças em alguém... Mas, não tenho como provar. – Deu de ombros. – Com o que descobrimos hoje, preciso que me faça um favor – Continuou calmamente. – Preciso que fique de olho na Evie. – Completou.

— Na Evie? – Perguntou Peter confuso. – Por que? – Peter não acreditava que Evie pudesse ser um perigo pra ninguém, apesar de seus dons.

— Bruce descobriu habilidades muito fortes nela hoje. – Respondeu Tony enquanto tamborilava os dedos na mesa.

— Eu estudo com ela há algum tempo, Sr. Stark. Não acho que ela seria capaz de fazer mal à alguém. – Respondeu por fim.

— O problema não é ela. E sim o pai dela. – Respondeu Stark calmamente. – Não confio em Loki. Não mesmo. – Admitiu.

— Acha que ele faria algum mal à própria filha? – Peter duvidava disso.

— Não. – Tony suspirou. – Mas, acho que ele poderia usar Evie como uma arma contra nós. – Continuou, não podendo esconder um vinco de preocupação. – Preciso que a vigie. – Completou.

— Isso é uma missão nova, Sr. Stark? – Perguntou Parker não contendo sua animação.

— Sim. – Respondeu Stark seriamente. – Você precisa vigiar Evie Swart Laufeyson. – Completou.