Os Elos da Corrente escrita por Janus


Capítulo 6
Capítulo 6




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 Agora ia ser oficial! Da próxima vez em que se ausentasse da vila para procurar algo para sua esposa, deixaria um kage bushin para vigiá-la. Tinha que reconhecer que encontrou dificuldades e acabou chegando mais tarde do que previsto, mas ela poderia ao menos ter avisado alguém sobre para onde iria!

 Pensando bem, ele tinha dito para os outros – principalmente para os que eram do clã dela - tentarem segurá-la na vila enquanto ele procurava pelos remédios. Dificilmente diria para onde estava indo se saiu escondida. Ela devia estar muito desesperada.  E não podia culpá-la por isso.

 Felizmente Pakkun tinha identificado seu rastro facilmente a partir da vila. Primeiro ela foi até um pequeno vilarejo próximo onde ele já tinha procurado inutilmente pelo remédio. Depois foi até um posto comercial. A seguir Pakkun os levou a uma parte de uma estrada onde haviam sinais claros de luta. O corte nas copas das árvores o fez pensar que Kaede tinha lutado ali.

 Talvez só Naruto fosse mais teimoso e impaciente que ela. Uma característica do clã? Tomara que não. Não queria enfrentar esse tipo de personalidade no seu filho. Muito menos que esse fosse viciado em lamen!

 - Estamos bem perto agora – disse Pakkun parando em uma das árvores – espere! – ele farejou o ar preocupado – uma das outras pessoas que também seguiram este mesmo caminho está bem perto.

 Desde aquele ponto em que houve uma luta, Pakkun percebeu que o cheiro de Kaede ficou misturado ao de mais pessoas. E permaneceu assim por todo o curto trajeto até ali. Pelo que viu dos galhos cortados, tinha sido no dia anterior a luta, mas a trajeto daquele ponto até ali tinha sido percorrido por eles em poucas horas. O que podia significar que eles viajaram pela estrada, e não entre as árvores. Como o odor de sua esposa acompanhava o mesmo trajeto, ou ela os estava acompanhando ou os estava seguindo.

 - Onde? – perguntou ele tentando saber com mais precisão a localização do que ele tinha farejado.

 - Naquela direção – indicou ele com a pata – a brisa está trazendo o cheiro dele para cá. Ou dela... sinto um perfume também.

 Decidiu ser cauteloso e dispensou Pakkun. Subiu para a parte mais alta da arvore e ficou avançando lentamente na direção indicada. Poucos minutos depois ele viu um vulto pulando entre uma árvore e outra. Colocou o corpo no tronco da árvore em que estava e ficou observando cautelosamente, se mantendo o mais indetectável possível.

 Era uma um mulher com cabelos azuis escuros, e a bolsa presa a coxa e a outra na cintura mais o fato dela estar andando de lado no tronco de uma arvore enquanto pegava algumas folhas mostrava claramente que era uma kunoichi.

 Observou-a pular entre as árvores e as vezes saltar ao solo, sempre pegando folhas dos galhos ou dos arbustos. Quando tinha feito uma bola com aquilo começou a pular mais rapidamente, se afastando.

 Seguiu-a até uma pequena clareira onde viu várias carroças formando um circulo e no centro deste as cinzas de uma fogueira. Devia ser um acampamento feito para passarem a noite. Uma olhada em uma ruiva que estava a sua esquerda lhe respondeu sobre onde estava sua esposa e seu filho.

 Ela parecia que tinha acabado e acordar, e aquela kunoichi de cabelo azul estava agora diante dela conversando alguma coisa. Parecia que ela tinha brincado com o bebê nos braços de Kaede. Pelo jeito, ela não era uma prisioneira, e não parecia mais preocupada como antes. Só que... que diabos tinha acontecido para Kaede estar acompanhando-os? Ficou um tanto confuso sobre como agir agora. Devia ir até lá para se apresentar e ser inteirado do que ocorreu ou era melhor observar por mais algum tempo?

 Preferiu ficar oculto naquele momento e apenas observar. Aguardou enquanto as duas mulheres conversavam e percebeu que os homens arrumavam as carroças para partirem. Ficou imaginando se Kaede apenas decidiu ficar com eles para aproveitar uma noite ao lado de uma fogueira já que não era aconselhável ficar com a criança ao relento.

 Minutos depois seus olhos se arregalaram ao vê-la sentar-se em um das carroças e logo em seguida seguirem até a estrada e prosseguirem viagem. Ela realmente os estava acompanhando! Mas porque? Curioso com o fato e ainda mantendo a cautela, começou a seguir a caravana.

 Uma hora depois, viu a mulher de cabelos azuis pular da primeira carroça até onde Kaede estava. Parecia que estava olhando o seu filho. Logo em seguida viu-a fazer vários selos com as mãos – inicialmente pensou ser um jutsu para criar um selo de contenção, mas a seqüência após os movimentos iniciais não fazia sentido – e terminar colocando a mão esquerda sobre alguma coisa. Talvez fosse um papel ou pergaminho. Viu-as conversarem um pouco e... elas olharam na sua direção?!

 Olharam mesmo! A de cabelo azul até apontou na direção em que se encontrava. Será que sentiram a sua presença? De qualquer forma, talvez já tivesse observando o suficiente. Viu a moça pegar algo da bolsa e...

 Abriu bem os olhos quando viu uma kunai vindo na sua direção. Foi para trás da árvore e aguardou ouvir o baque desta contra o tronco. Quando voltou a ver a caravana. A mulher já tinha voltado para a primeira carroça. Ou melhor... uma pessoa usando a capa e capuz de Kaede estava na primeira carroça – sabia que não era sua esposa porque ela ainda estava no mesmo lugar de antes, só que sem a capa. Olhou para a kunai que se cravara na árvore e viu um papel amarrado nesta. Havia um texto escrito ali.

 Pegou a folha e a leu com curiosidade.

 “Se você é o marido de Kaede-san, então pode continuar nos seguindo, podemos ter alguma dificuldade a frente. Caso faça parte do bando de ladrões que está agindo nesta estrada, desapareça. E eu quero minha kunai de volta!

 Sentiu-se meio idiota por ter sido descoberto. Pelo menos a kunai não iria atingi-lo se tivesse permanecido onde estava. A moça tinha boa mira! Bom, ele esperava que tivesse boa mira, do contrario tinha tentado matá-lo mesmo...

 Bando de ladrões, heim? Talvez fosse interessante ver como aquela kunoichi iria cuidar disto. Decidiu permanecer oculto apenas seguindo a caravana. Já que tinha sido descoberto, ao menos poderia agir mais tranqüilamente caso fosse necessário.

 

 

-x-

 

 

 Eram passadas duas horas após o meio dia quando ouviram o ranger das carroças se aproximando. Os dois batedores que estavam vigiando a estrada já tinham retornado e disseram que além dos cinco homens que conduziam as carroças, haviam apenas mais duas pessoas. Uma estava sentada na carroça da frente e usava um capuz e capa que cobriam todo o corpo. A outra era uma mulher ruiva que estava na ultima carroça e tinha algo nos braços que bem podia ser uma criança recém nascida.

 Pelo jeito, a tal figura encapuzada devia ser o que fazia a segurança da entrega. Achou inacreditável ser apenas um considerando o que já tinham feito antes.

 Não teriam nenhuma misericórdia. Já tinham feito muitas ameaças advertindo para não continuarem com as entregas para a vila. Assim que estivessem suficientemente próximos, iriam sem nenhum aviso pular sobre todos e cortá-los em pedaços.

 Os integrantes sobreviventes do bando aguardavam na parte de fora de onde a estrada fazia uma curva. Neste lado tinham varias rochas grandes que provavelmente chegaram ali após algum deslizamento ocorrido na montanha mais atrás. As arvores também cresciam ao redor de rochas grandes e pequenas naquele local. Estas pedras deviam ter caído na estrada devido a um deslizamento e foram empurradas pelos que a liberaram. Sem duvida isso deve ter ocorrido vários anos antes, mas acabou criando um perfeito local para emboscadas.

 No alto da arvore atrás deles estava um vigia que daria o sinal de ataque. Pelo som que ouvia devia ser em mais um ou dois minutos. Sentia o seu coração bater mais depressa e o movimento de seus lábios traiam a sua ansiedade. O alvo inicial era a pessoa com capuz. Depois seriam os condutores e por último a mulher. Talvez se divertissem um pouco com ele antes de matá-la, mas ele não queria prisioneiros. Assim que acabassem ali voltariam à vila e depois de descansar um pouco iriam atacar. Matariam todos os moradores e pilhariam o que fosse possível.

 - Agora! – gritou o homem do alto da árvore.

 Todos os nove pularam por sobre a rochas gritando e correndo em direção a primeira carroça. A pessoa encapuzada não fez nenhum movimento durante os segundos que levaram para vencer a distancia.

 - Vocês foram avisados! – gritou quando movia a sua katana para separar a cabeça do corpo dele. Duas pessoas ao seu lado miravam o condutor – que não esboçava nenhuma reação – e os outros seguiam para as carroças atrás.

 Quando sua espada atravessou o pescoço dele, percebeu que algo estava errado. Não tinha sentido nenhuma resistência. Surpreso, viu que a cabeça dele ainda estava no mesmo lugar. Os seus homens notaram coisa similar no condutor. Suas katanas atravessam seu corpo mas nenhum sangue era visto. Parecia quase que uma ilusão.

 Momentos depois as carroças e as pessoas desapareceram. Todos olharam o redor confusos. O que tinha sido àquilo? Uma alucinação? Súbito notou que alguns metros a frente estava uma pessoa com capuz e capa cobrindo todo o corpo – a mesma pessoa que tinha tentando decapitar antes – e uns cinqüenta metros atrás estavam as carroças que desapareceram. A pessoa de capuz estava segurando um papel com a mão estendida. Papel este que pegou fogo e desapareceu.

 Eles deram alguns passos para trás, tentando entender que tipo de feitiçaria era aquela.

 - Se eu soubesse que ninguém tinha habilidade decente eu não teria desperdiçado uma tarja de genjutsu. Vocês não podem imaginar como é difícil fazer isso – disse uma voz feminina que vinha da pessoa encapuzada.

 Diante dos atônitos atacantes, ela removeu o capuz e deixou a capa cair ao chão, revelando a forma de uma jovem mulher de cabelos azuis muito escuros e com olhos também azuis. Usava uma roupa justa que refletindo ao sol mostrava ser de um vermelho escuro. Uma das pernas da calça não existia, e seus calçados pareciam ser bem flexíveis.

 - Mas quem diabos é você? – disse ele irritado agora.

 - Eu? – ela apontou para o peito, onde havia um tipo de placa metálica – sou a responsável por escoltar desta caravana. E vocês devem ser os desempregados que estão atacando todos os que passam por esta estrada, acertei?

 Um dos seus homens correu em direção a ela gritando alto com a katana sendo movida de um lado para o outro. Sem dizer nada ela apenas sorriu e aguardou ele chegar mais perto. Quando foi acertá-la, ela pulou por sobre ele e o acertou nas costas da nuca com o pé, jogando-o no chão.

 - Não é educado atacar uma moça delicada como eu – disse de forma zombeteira.

 Apertou o cabo de sua katana com ambas as mãos e trincou os seus dentes tentando se controlar. O pulo que ela deu... já tinha ouvido falar de pessoas assim. Shinobis! Pessoas com habilidades incríveis que podiam até derrotar exércitos. Mas porque ela estaria por ali? Aquela região era terra de ninguém já fazia décadas. Ninguém se incomodava com aquelas terras que pertenceram ao extinto país do Redemoinho.

 - Espere! – começou ele mantendo a voz sob controle – talvez possamos fazer um acordo...

 Ela olhou-o curiosa, mas nada disse. As carroças mais atrás tinham parado de se mover e pareciam aguardar o desfecho dos acontecimentos. Se ela era mesmo uma shinobi, ia derrotá-los facilmente. Evitou de parecer assustado quando o homem que ela tinha derrubado antes se levantou e tentou atacá-la pelas costas. Ele dobrou o corpo ao receber um chute que ela deu sem nem mover a cabeça na direção dele. Ele agarrou a barriga por alguns segundos e caiu no chão de novo, se contorcendo de dor. Parecia inclusive que tinha cuspido sangue pela boca.

 Sentiu que seus homens estavam com medo. Alguns davam passos para trás mantendo as katanas a frente. Outros chegaram mesmo a pegar um faca para ter mais uma arma em mãos.

 - Você deve ter sido paga para esse trabalho, certo? – continuou ele vendo que ela parecia curiosa sobre sua oferta – bem, garanto que teremos mais dinheiro depois que pilharmos a vila. Você pode pegar o que quiser de lá. Só queremos a vila destruída, senhora shinobi.

 Ela fez uma careta com os lábios e maneava a cabeça mostrando uma negativa.

 - Mulheres ninjas são chamadas de kunoichi – disse ela mostrando irritação na voz – e eu sou senhorita! Alem disso, se pilhagem me interessasse, porque eu perderia tempo fazendo serviço de escolta?

 Ela fez um movimento rápido com as mãos e ele ouviu um som metálico ao seu lado. Ao se virar viu um de seus homens deixar a katana cair ao chão e apertar as mãos com força. Percebeu um tipo de adaga grande ao lado da katana caída. Nem viu quando ela arremessou aquilo.

 Agora ele estava com medo.

 - Dá para parar de perder tempo e matar eles logo? – ouviu uma outra voz de mulher gritar a distancia – preciso dar de mamar ao meu filho.

 - Você ouviu minha amiga. Larguem as armas e fiquem de joelhos no chão. Os moradores da vila vão decidir o que fazer com vocês.

 Ouviu murmúrios dos homens. Alguns estavam indignados com o que ela disse, provavelmente não acreditando que uma única mulher podia ser páreo para todos. Mas ele não pensava assim. Só poderia escapar dali se possuísse algum trunfo. Se fossem levados a vila os moradores com certeza iriam matá-los por tudo o que tinham feito, portando não tinha nada a perder.

 - Vamos! – gritou ele correndo em direção a mulher com seus homens o seguindo. Esperava que ela saltasse sobre eles como tinha feito antes com o primeiro que a tinha atacado. Diminuiu o passo para que os outros o ultrapassassem e desviou dela no ultimo momento possível. Viu-a com alguns papeis nas mãos e parecia que ela tentava usá-los para segurar as katanas. Não ficou pensando no que ela fazia, apenas seguiu correndo para as carroças enquanto ela ficava ocupada atrás.

 Ouviu outros sons metálicos. Ao olhar para trás percebeu que as katanas de alguns deles estavam partidas. Ela tinha feito isso com aquelas tiras de papel? Não se preocupou em descobrir. Ao chegar mais perto viu que os homens deixavam as carroças e saiam correndo. A única a não se mover era a mulher de cabelos vermelhos que estava sentada segurando aquele que devia ser seu filho. Perfeito! Teria uma refém agora.

 Subiu na carroça e agarrou a ruiva pelos cabelos, colocando a katana no seu pescoço. Quando olhou em direção onde seus homens estavam lutando com a mulher, engoliu em seco. Todos já estavam no chão e ela estava ali diante dele com os braços cruzados e com a mesma expressão que uma mãe faria diante de um filho travesso.

 - Bem - disse ele sentindo-se confiante – achou que Tasu do clã Tsurukumo seria facilmente derrotado? – ele sorria ao mesmo tempo em que ofegava devido a corrida que fez – agora, se quiser que esta mulher viva...

 - Você pode parar de bagunçar o meu cabelo? – disse a ruiva irritada – além disso, não balance muito. Meu filho acabou de dormir e isso não é fácil em cima desta carroça que balança mais que um navio em um mar com tempestade.

 A maneira indiferente que ela tinha dito aquilo o deixou surpreso. Estava com uma katana afiada na sua garganta e ela não parecia incomodada.

 - Quieta mulher! – disse puxando seu cabelo para o alto e tentando dar uma ênfase ameaçadora na voz.

 - Então seu nome é Tasu? – a kunoichi sorria – bom saber. Talvez haja alguma recompensa por você. Vou me lembrar de perguntar.

 - Acho que você não entendeu – disse entre dentes e tentando se controlar diante do fato de nenhuma das duas estar demonstrando o mínimo de preocupação – eu iriei matar essa mulher se não me deixar ir. E você não esta em posição para impedir isso.

 Ela abaixou a cabeça e a maneou levemente de um lado para o outro.

 - Agora tenho certeza que você nunca teve treinamento em usar uma katana. Deve achar que basta balançá-la de um lado para o outro que todos saem correndo. E quanto ao que você disse antes, eu estou em posição sim. Nós três estamos.

 Três?

 - O que quer dizer? – ele apertou levemente a katana contra o pescoço de sua refém.

 - Bom, tente cortar o pescoço dela e vai ver...

 Arregalou os olhos. Não havia como ela o impedir de fazer isso. Estaria usando de algum blefe?

 - Vou matá-la! – gritou com fúria e medo – estou falando serio!

 - Olha, chibi-Tsurukumo, vou contar até três. Quando eu terminar, ou você larga esta coisa afiada antes que alguém se machuque, ou corta o pescoço dela. Mas eu imagino você vai é molhar as calças. Um...

 Ficou em pânico. Que diabos?

 - Dois...

 Maldição. Ela não se incomodava com a mulher. Sabia que ela o mataria se cumprisse com a ameaça. Mas se hesitasse, seu destino seria o mesmo. Com sua mente totalmente encurralada diante das opções, decidiu ir até o fim. Iria ser morto de qualquer forma, não importasse o resultado! Ao menos levaria alguém com ele.

 Puxou a katana contra si de forma a cortar o pescoço da mulher, mas para a sua surpresa, uma fumaça branca surgiu onde a mulher estava e em seguida ele notou que sua lâmina estava presa em um tronco de madeira.

 A sua refém nunca esteve ameaçada.

 - Eu disse que qualquer um de nós três podia impedi-lo. Acho que Kaede-san ficou com pena de você antes. E se a pessoa atrás de você é o marido dela como ela tinha me dito, você está com problemas.

 Assim, que ela disse aquilo, ouviu um som como o estalar de dedos nas suas costas. Quando se virou viu um homem com cabelos brancos e uma máscara cobrindo o rosto do nariz ate o pescoço com a palma de uma mão se fechando sobre o punho formado pela outra.

 - Vou precisar dele vivo – disse a mulher – mas não necessariamente podendo andar.

 - Muito obrigado – disse ele demonstrando alegria na voz. – venha... vamos ter uma conversa.

 Ele foi agarrado pelos cabelos e arrastado sem muito esforço pelo chão.

 

 

-x-

 

 

 Observava detidamente a katana que pertencia ao líder dos ladrões enquanto eles eram amarrados pelos condutores das carroças. Eles iriam ser puxados pelo caminho restante até a vila.

 - Só três socos? – disse Kaede demonstrando irritação – ele ameaça a sua esposa e seu filho e você só dá três socos?

 Era uma katana muito bem feita, realmente pertencia a um clã orgulhoso.

 - Não estou com pressa – respondeu o homem como se desculpasse. Em seguida foi ouvido um som de impacto e um gemido vindo do homem sendo castigado.

 Os integrantes do bando estavam assustados. Alguns resignados por terem sido pegos. Ela ainda se perguntava o que eles queriam realmente. Lembrava-se de Tasu comentar que iam pilhar a vila, mas tinham se dado muito trabalho apenas para isso. Ficaram um mês impedindo que esta recebesse mantimentos, quase como se fosse um cerco.

 - Chama isso de soco? Bata como homem! Deixe-me mostrar como se faz... ME SOLTA!!

 - Sua amiga disse que queria ele vivo, querida.

 As outras katanas estavam todas partidas. Iam levá-las com eles como prova. Já estavam todas amarradas juntas e postas em uma das carroças.

 - Só me deixe quebrar a espinha dele.

 Pelo jeito ela teria de intervir para não perder uma possível recompensa pelo prisioneiro.

 - Kaede-san – chamou ela gentilmente – por favor. Vou precisar dele.

 - Você só precisa que ele consiga falar, não é? E de que o rosto possa ser reconhecido caso haja alguma recompensa.

 O homem ficou com tanto medo que perdeu o controle de sua bexiga, urinando ali mesmo.

 - Que vergonha – disse a ruiva demonstrando desprezo e nojo – você realmente não merece apanhar de mim.

 Ela se afastou e puxou seu marido com a mão junto com ela. Deviam ter muito o que conversar.

 - Bem meu caro Taso-sama – ela deu entonação de sarcasmo na voz ao dizer o seu nome – pelo que vi esta katana é especial. Acho que você a roubou de seu clã quando fugiu ou foi expulso dele. Eu duvido muito que um clã capaz de ter uma obra cara e refinada como essa possa ter um integrante que vive de roubar carroças e pilhar aldeias.

 Ele nada disse, apenas tentava ocultar a dor que sentia no abdômen decorrente dos socos que tinha recebido. Mal conseguia mover as pernas.

 - Não posso dizer que sei como é viver em um clã, mas sei que você desonrou o seu. E não é merecer desta arma.

 Ela pegou algumas tarjas de seu cinturão de pergaminhos e com movimentos rápidos as enrolou ao redor da lamina. Quando terminou haviam quatro fitas de papel enroladas a pontos eqüidistantes desta. Virou a lamina para baixo e em um movimento certeiro cravou esta em uma pedra grande que compunha o piso da estrada.

 - Realmente é uma katana excelente, capaz de perfurar rocha. Mas você sabia disto, não é? – ela sorria enquanto observava o olhar impressionado dele – claro, é preciso alguém que saiba como usar uma  katana para fazer isso. O que não é o seu caso. O fio desta lâmina tem muitas falhas e aposto que a usou até para cortar os cabelos e fazer a barba, insultando o seu clã com isso.

 Havia medo em seus olhos, e vergonha também.

 - Você não merece esta arma, mas acima de tudo, esta arma não merece ser usada por você. Infelizmente você causou tantos danos nela com seu despreparo que ela se tornou inútil para qualquer merecedor.

 Sem dizer mais nada, ela ergueu sua mão com dois dedos em riste e com a outra mão com os dedos na mesma posição a posicionou de forma que os dedos formassem uma cruz. Fechou os olhos e se concentrou. Estalos fortes foram ouvidos vindos da lâmina e esta se partiu em cinco pedaços. Os cortes surgiram nos locais onde ela tinha enrolado os papeis. Foi isso o que ela tinha feito antes quando partiu as katanas dos outros. Eles ficaram tão surpresos que tinha sido fácil nocauteá-los.

 - Vou tentar enviar esses pedaços de volta ao seu clã, explicando o porque de ter feito isso. Com sorte talvez eles a reforjem, ou a deixem assim como aviso para caso existam outros como você por lá.

 Sem dizer mais nada, ela pegou os pedaços da arma e a colocou em sua mochila. Depois seguiu para onde tinham ido a Kaede e seu marido. Queria conversar um pouco com eles. Não se incomodou com o homem ali deitado no chão. Sabia que não podia se mover e caso tentasse, não iria longe.

 - Porque ficou esperando tanto tempo antes de aparecer? – dizia Kaede para o marido. Ela estava mesmo alterada com aquilo – Ayla-san percebeu a sua presença desde manhã cedo!

 - Mesmo? – ele parecia impressionado – Bom, eu achei melhor entender o que estava acontecendo. Você e nosso filho pareciam bem, e ela parecia estar cuidando dos dois. Achei estranho você a estar acompanhando...

 - Teve sorte dela ter falado comigo antes, ou ela teria ido te matar!

 - Calma ai, Kaede-san – disse interrompendo a conversa – eu não disse isso.

 - Não estrague a bronca que estou dando nele – virou-se para ela ainda nervosa - se ele queria apenas vigiar deveria ter sido mais cauteloso.

 - Mas eu fui! – defendeu-se - Nem imagino como ela notou minha presença.

 - Se você respira – disse Ayla sorrindo – eu posso te achar.

 Ambos se viraram para ela intrigados com o que tinha dito.

 - Você é mesmo cheia de surpresas – disse Kaede impressionada – o que vai fazer com aquele que ainda esta no alto da arvore?

 Ela se referia ao que tinha dado o sinal para atacarem e vendo o que houve decidiu permanecer na arvore escondido.

 - Por enquanto nada. Achei estranho apenas nove pessoas irem pilhar uma vila e ficar impedindo os mantimentos de chegarem. Pode ser que hajam mais. Se for o caso ele vai me levar até o resto.

 - Kakashi-kun, pode fazer isso? – Kaede estava agora toda amorosa – estou em débito com ela. E você também. Ela salvou o nosso filho.

 - Será um prazer – disse ele – vou segui-lo e se houver mais deles, cuidarei do assunto.

 - Eu agradeço – respondeu Ayla – Creio que agora você irá embora, Kaede-san. Não parece haver mais toxinas letais no sangue do seu filho, mas aconselho a levá-lo ao um médico.

 - Uma médica deve chegar ainda hoje – ela disse com voz animada – e sem duvida vou querer que ela o examine. Mas eu gostaria de lhe acompanhar até a vila antes de ir.

 - Essa médica não vai ficar preocupada se não te achar? Quanto tempo precisa para retornar a sua casa?

 - Um dia – disse kakashi – vou pedir para Pakkun avisar que estamos bem e que iremos retornar amanhã a noite.

 Ele bateu a mão espalmada no chão e um cachorro vestindo um colete apareceu. Ayla ficou abismada quando viu aquilo.

 - Pakkun, vá até a nossa aldeia e passe um recado para eles. Diga que iremos retornar amanhã a noite e que estamos bem. Peça para Sakura-chan esperar por nos e também envie minhas desculpas pelo desencontro para ela.

 - Está bem, Kakashi, mas não sou cachorro-correio – sem dizer mais nada ele correu pela estrada e saltou para as árvores.

 - Ayla-san? Tudo bem como você?

 Ela não respondeu. Ainda estava com os olhos arregalados tentando entender o que tinha visto.

 - Ayla-san?

 - Eu... como você fez isso? – perguntou a Kakashi como se fosse uma criança maravilhada com um truque de magia.

 - Pelo jeito, você não sabe sobre contratos...

 - Só conheço o que me foi ensinado – disse ela observando o cachorro pular por entre as arvores e desaparecer – minha tia-avó apenas me explicou o que ela podia fazer. E isso ela não podia!

 - É um jutsu de invocação – explicou ele – você pode invocar animais com os quais tenha contrato.

 - Eu tenho um selo de invocação – disse ela em voz baixa – parece que há muitas coisas interessantes para se aprender.

 - Sim – respondeu Kakashi sorrindo por debaixo da máscara – mas você disse que tem um selo para invocação?

 - Ele está com uma pessoa que estou tomando conta – ela parecia acanhada – se houver uma emergência, ele pode me chamar.

 - Selo...? – murmurou Kaede também aparentando estar confusa.

 - Qual o problema?

 - Invocação é feito por jutsus, não por selos – respondeu ela – pelo menos nunca vi um selo que pudesse fazer isso.

 - Bem... – ela sorriu olhando para o homem de cabelos brancos – talvez se Kakashi-san me explicar sobre contratos, eu retribua falando sobre meu selo de invocação.

 - Hum,.. – fez ele coçando o queixo.

 - Prefiro trocar isso pelo seu segredo para explodir tarjas quando quiser – tornou Kaede entrando na conversa.

 - Desculpe, mas mesmo que eu lhe explique, não vai lhe ser útil.

 - Porque não?

 Ayla apenas sorriu. Tocou o ombro direito dela com o dedo médio de sua mão e surpreendendo a ambos, moveu o próprio corpo para cima como se fizesse flexão em uma barra, apenas tendo o dedo como apoio.

 - Se você não pode fazer isso com seu chakra, não há como criar os selos explosivos que uso – disse Ayla tranqüilamente.

 Ela tocou o solo novamente e observou que os prisioneiros estavam bem amarrados agora.

 - Melhor irmos – disse ela – ainda vai conosco, certo Kaede-san?

 - Sim - disse em voz baixa, ainda não acreditando no que viu.

 - Então vou por estas carroças para andar. Quero chegar antes do anoitecer.

 - A propósito, acho que isso é seu – disse Kakashi lhe jogando uma kunai.

 - Obrigada – ela sorriu – não tenho estoque infinito disso.

 Ambos a observaram se afastando, ficando em silencio por algum tempo.

 - Foi como se ela colocasse toda a mão no meu ombro – disse Kaede quando ela já estava distante – eu senti o peso do corpo dela, mas não no local em que ela me tocou. Ela...  ela...

 - Ela usou o chakra para expandir a área de contato – completou Kakashi – mas o fez apenas através de onde o seu dedo a tocava. É preciso um controle de chakra muito além do que qualquer ninja médico possui para fazer isso. Mas fiquei mais interessado no que ela disse – olhou para Ayla que conversava com um dos homens aprisionados – sobre usar selos explosivos.

 - Então não são tarjas, mas sim selos? São fuuinjutsus? – Kaede ficou pensativa.

 - É o que parece. Isso explica ela poder escolher quando detoná-los, e também sobre aquela tarja de genjutsu que usou antes. Devia ser um fuuinjutsu que ela fez.

 Kaede continuou pensativa, mas não disse mais nada.

 - Bem, fique de olho no que está ainda naquela árvore.

 - Eu vou, e você cuide de nosso filho.

 - Eu sempre cuido – disse ela sorrindo.


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