•Capítulo 1•

Christian e Ana entraram no quarto, as expressões sérias e irritadas. Tudo começou um pouco antes do jantar de negócios com o Sr. e a Sra. Boyle,  a qual Christian queria Prescott junto e Ana bateu o pé dizendo que não iriam com mais nenhum segurança senão Taylor.

A garota já estava de saco cheio de nunca ter privacidade, ou ter um momento sozinha fora daquela casa.

Até no banheiro ela tinha seguranças.

Tudo bem que depois de tudo com Hyde, Christian se tornou mais do que protetor com Ana e Teddy - porém, Taddy não entendia o que era ser vigiado a cada segundo -, mas Ana não conseguia se acostumar com aquilo. Estava cansada de aquele ser sempre o assunto das brigas com o marido.

A morena jogou a bolsa na cama com violência e se sentou na beirada, pronta para tirar os sapatos.

— Você nunca confia em mim - vociferou.

— Você sabe que isso não tem nada a ver com confiança - Christian rebateu, desfazendo o nó da gravata enquanto o paletó foi jogado na poltrona com a mesma intensidade que Ana jogou a bolsa.

— Era um restaurante, Christian! O que iria acontecer lá? Você está paranoico com isso. Eu não posso ir para o trabalho sem a droga daqueles armários atrás de mim, eu não posso ir ao banheiro sem um deles. Eu estou cansada, e muito, muito estressada com tudo isso.

— Não ligo se você está estressada ou não, os seguranças ficam - ele decretou, indo para o closet.

A garota bufou, jogou os sapatos para o lado, a raiva fervendo em cada poro de seu corpo.

Deus, era tão difícil lidar com Christian em todos os aspectos.

Ele sempre agia como o dono de tudo e então pedia desculpas por tratá-la daquele jeito.

— Não, não ficam! - decidiu ela. - Não quero nenhum segurança comigo amanhã. Eu estou segura, okay?

— Sawyer e Prescott estarão te esperando no carro, como sempre - Christian falou, sem se abalar com a fala da esposa.

Ana retirou os brincos.

— Você está exagerando em tudo. Hyde está preso, sem poder pedir custódia. Você acabou com Linc, e Elena... Bom, ela é só uma vadia que não teria coragem de chegar perto de mim ou do Teddy - ela resmungou. - É sua amiga, inclusive - ironizou.

Christian bufou e finalmente conseguiu desabotoar a gravata.

Ana colocou as jóias no porta joia dentro do closet e se apoio na penteadeira.

— Então, sim, os seguranças saem - declarou.

— Eu não vou continuar discutindo com você, estou cansado - murmurou ele.

— Não quero que continue, só declarei um fato - rebateu ela.

— Você acha mesmo que eu vou aceitar isso? Os seguranças vão com você, e a cada passo que você der para fora dessa com meu filho eles vão também.

— Nosso filho - corrigiu ela.

Christian estava estressado nos últimos dias, por causa da empresa, talvez, Ana não sabia. O homem continuava sendo o mesmo de sempre, nunca falava sobre nada, ela quem tinha que tentar arrancar. Porém, naquela semana, estava difícil conseguir alguma coisa dele. Naquele momento, Christian parecia querer explodir, então ele apenas se virou de costas para Ana e retirou o relógio.

— Christian, eu não vou desistir, não adianta me ignorar - falou ela.
O homem colocou o relógio em cima da penteadeira e mirou a esposa.

— Eu também não vou - garantiu.

Ela semicerrou os olhos e engoliu em seco.

Tudo bem, tudo bem, ela entendia que ele queria protegê-la. Mas aquilo era demais. Ela não estava em perigo, ninguém ali estava. Então aquilo tudo só a irritava.

— Eu não vou com seguranças para o trabalho amanhã! Você não manda em mim, eu já disse isso.

— Vamos ver se você não vai.

A morena revirou os olhos e bateu a mão com raiva na estante com sapatos.

— Droga, Christian, você me sufoca porque não conseguiu salvar a sua mãe!

Ana mais do que sentiu o tapa dado no lado esquerdo de seu rosto.

Ela automaticamente sentiu a ardência específica em seu lábio que com certeza havia cortado, sentiu o gosto metálico do sangue, o machucado provavelmente causado pela aliança no dedo do outro.

A morena pôs a palma da mão no rosto, sentindo-o quente, o espelho atrás de Christian mostrava a marca vermelho vivo, junto do sangue no canto do lábio.

Ela não conseguia desviar o olhar de si mesma no espelho, com certeza por não querer olhar para o homem que amava e que simplesmente havia acabado de lhe dar um tapa.

— Ana - ele começou, aproximando-se dela.

A morena piscou, deixando duas lágrimas escorrerem por seu rosto sem conseguir evitar

— Não, não chega perto de mim...

— Eu não... Eu não queria ter feito isso... Eu...

— Eu não quero te ouvir agora - ela sussurrou.

— Amor...

Ela finalmente olhou para ele. Tinha que admitir: ele estava arrependido. E expressão de Christian era uma mistura de confusão, arrependimento, terror. Mas Ana não tinha como pensar naquilo, ela tinha ela mesma para se preocupar.

— Não! Não me chama assim. Você perdeu esse direito quando me bateu. Você ficou maluco?

— Eu não pensei antes de...

— É claro que você não pensou. Meus parabéns, você acabou de foder com o nosso casamento!

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