50 Tons Depois do Felizes Para Sempre escrita por Carolina Muniz


Capítulo 12
10.


Notas iniciais do capítulo

Oiiiii ♥



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• Capítulo 10 •

— Você acha que eu engulo esse negócio todo entre vocês, né? - Kate disparou.

Ana estava em sua cama, na suíte principal, onde voltou a dormir nos últimos meses. Christian estava trabalhando, Gail fizera Teddy tirar sua soneca da tarde após a morena fazer um acordo com o pequeno depois de ver Detona Halph com ele, e Kate havia aproveitado que tinha um trabalho para fazer ali perto e estendeu o horário - mais do que devia, mas Ana estava adorando. Não era como se ela ficasse sozinha, pelo contrário, sempre tinha alguém com ela naquele quarto. Sua mãe mesmo havia ido embora uma semana antes, após ficar dez dias em Seattle, Ana conseguiu convencê-la de que estava bem, Grace também passava ali quase todos os dias, assim como Mia e até mesmo Elliot. José e sua namorada vinham todos os fins de semana, e Christian até havia parado de bufar toda vez que Taylor anunciava que o casal estava subindo. Sem contar em Teddy, que - não entendendo nada do mundo e da vida - só estava cada vez mais feliz em poder ficar com a mãe todas as horas do dia durante todos os dias. No começo havia sido difícil, Teddy não queria entender sobre sua mãe não poder pegá-lo no colo, ou sobre ela não brincar com ele no prado ou o mesmo não poder pular em cima dela na hora de acordar. Mas com toda conversa e gentileza, o pequeno estava apaixonado pela irmãozinho ainda na barriga da mãe e aprendeu que todas limitações era para que logo logo ele pudesse brincar com ele. Mesmo assim, Teddy tinha apenas um ano e sete meses, ele precisava da mãe e do pai lhe dando atenção máxima e tinha algumas recaídas quando precisava dividi-los com o irmão que nem nascera ainda.

Mas tudo se encaixava.

Até mesmo Kate lhe intimando respostas novamente - como nas últimas semanas - se encaixava.

Como Ana poderia acabar com a inquisição Kavanagh?

— Mas não engulo, okay? - continuou a loira. - Tem alguma coisa diferente entre você e Christian. Ele está super protetor com você, prestativo, mas vocês parecem distantes um do outro. Não é o casal meloso que mesmo com um filho ainda parecem dois adolescentes apaixonados. O. Que. Aconteceu?

Ana suspirou.

— Kate, não é nada. É só toda essa situação, tudo isso mudou tudo.

— Até parece. Sou sua melhor amiga, lembra? E também sou casada com o irmão do seu marido. E mesmo que esse senhor meu marido se recuse a me dizer o que houve entre vocês, eu continuo casada com ele, e sei que vocês estão com problemas porque o Elliot não consegue disfarçar o desgosto quando vocês dois brigam.

Ana revirou os olhos e bufou.

— É um absurdo meu marido saber e eu não - continuou Kate com seu monólogo de lamentação. - Você está sujando meu posto de melhor amiga, estou me sentindo ameaçada.

— Para de drama, Kate.

— Não é drama, é a síndrome do abandono. Eu estou sentindo - ela pôs a mão no peito teatralmente.

Ana bufou novamente. 

— Meu deus, okay, eu conto - rendeu-se. - Mas você não pode fazer objeção, não pode ficar querendo quebrar tudo e resolver minha vida, entendeu? Lembre-se: eu não posso me estressar - pautou.

— É tão sério assim?

— Se eu disser que tenho papeis de uma petição de divórcio na minha bolsa, você cai dura?

— Ai, meu Deus!

Então Ana contou. Contou tudo. Detalhe por detalhe. Desde o tapa ao beijo. E só ali ela percebeu o quanto queria ter feito aquilo antes. Ela precisava daquilo. Precisava desabafar sobre o que estava vivendo nas últimas semanas.

Nossa, como sua vida virou aquilo de repente?

—  Que vontade de dizer umas verdades na cara dele! - Kate murmurou com raiva.

Ana suspirou e balançou a cabeça. 

— Não começa, Kate. Eu só te contei porque precisava conversar com você, e porque você quando faz drama dá até medo. Mas você não vai fazer nada. Já foi, okay? Isso é entre mim e ele.

— Ana, ele te bateu!

— E já pediu desculpas, ele já se arrependeu, no mesmo momento ele se arrependeu.

— Isso não é o suficiente.

— Desculpa, Kate, mas é o meu casamento, eu lido com ele.

— Se o Elliot faz isso comig...

— Não foi o Elliot e não foi com você - cortou ela. - Você pode, por favor, deixar sua implicância com Christian de lado?

— Quando ele vacila desse jeito é meio difícil conseguir deixar para lá - resmungou a loira.

— O Christian é um marido incrível, e um pai incrível também, ta'? Ele se arrepende, eu sei que sim. Ele nem precisou pensar... Eu  não consigo perdoá-lo, eu acho. Eu estou... Eu estou p com medo, Kate - Ana murmurou, os olhos embaçados com as lágrimas. - Eu o amo. Eu o amo mais do que algum dia imaginei que alguém pudesse amar outra pessoa. Mas eu também me amo, entende? E tudo o que fico pensando é que se eu não fizer nada drástico , ele vai fazer de novo. Christian tem problemas, ele tem uma bagagem bem grande de todas essas coisas. E se tudo voltar? E se for pior? Eu não quero passar por isso. E ainda tem o Teddy. Ele está crescendo, eu não vou fazer meu filho passar por isso. E tem outro vindo - ela pôs a mão contra a barriga. - Está tudo uma bagunça.

— Deixando meus princípios sobre o ex-dominador - Ana revirou os olhos - de lado, acho que você o ama demais para conseguir ficar sem ele, e mesmo que ele tenha feito algo tão errado, você não consegue sobrepor com as coisas boas que ele sempre faz para você. Ele te ama, qualquer um vê isso. Você está magoada, mas não esta duvidando dos sentimentos dele. Só está chateada e com medo que tudo mude. Mas, sabe, Ana, mesmo sem querer, tudo já mudou. 

— Você tem razão, eu não duvido do que ele sente. E toda vez que eu penso no que fazer, eu fico me perguntando se vale a pena apenas não esquecer o que ele fez. Eu me lembro de todos os momentos que ele fez com que eu me sentisse amada, entende? Mais até do que os "eu te amo". E eu fico pensando se não devo deixar para lá uma coisa que ele fez por impulso.

Kate concordou com a cabeça.

— Tem mais uma coisa. Eu acho que você está envolvida na atitude dele que sequer leva em conta o que o levou a isso. Nada justifica, claro, e eu ainda quero muito gritar com ele. Não vou fazer nada, não se preocupe - falou rápido antes que Ana a repreendesse. - Mas então... E o que você disse para ele?

— Foi por impulso, eu me arrependi no mesmo momento - defendeu-se.

— E você disse isso para ele? Você disse que se arrepende e pediu desculpas?

Ana pressionou os lábios um contra o outro. 

— Não, eu não fiz nada disso.

— Não acredito que vou dizer isso, mas: você também destruiu alguma coisa aí e ele precisa saber que você não quis dizer aquilo também.

A morena mirou a janela. Em tantas semanas e ela ao menos havia pensado naquilo. Claro que havia magoado Christian, ela cruelmente colocara sua mãe - um assunto delicado e que ainda o afetava muito - no meio e o acusara de algo que não estava ao seu alcance, e nem sequer mostrara arrependimento, não tentou retirar o que disse em momento algum. Apenas o fizera se sentir culpado pela atitude dele e ainda mais por suas palavras.

Talvez não fosse tempo o que ela precisasse dele, talvez ela apenas não conseguia lidar com fato de que havia o machucado e nem admitir, com sua mania de perfeição enganou a si mesma. Não era tempo, era perdão. Era demonstrar que errou e que se arrependia ao ponto de com certeza nunca mais querer sentir aquilo novamente.

Ela sentiu as lágrimas inundando seu rosto de forma silenciosa.

— Como eu pude dizer uma coisas dessas para ele?

Kate se despediu de Ana e Teddy um pouco antes das 17h, o pequeno fez manha com a madrinha, mas acatou a despedida depois de uma promessa em que a loira o levaria ao parque no fim de semana.

Bom, ele era mimado mesmo.

Ana ainda permaneceu com Teddy em seu quarto, desenhando com o menino, até Gail levá-lo para o banho antes do jantar. A morena deu um beijo em sua cabeça quando o pequeno fez manha e lhe convenceu a ir com Gail, pois ela não poderia.

Aquilo partia seu coração.

Mas o que poderia fazer?

Ana se deitou na cama e desligou a TV - Christian havia colocado ali depois que os médicos disseram que Ana teria de ficar no quarto por toda a gravidez.

A garota não via muito, mas era uma ajuda com Teddy para fazê-lo ficar quieto, sem querer arrastar a mãe para o prado e brincar o dia inteiro.
Christian chegou um pouco mais tarde naquele dia, Teddy já estava dormindo com a cabeça na barriga de Ana, a mãozinha segurando com força sua blusa do pijama - já pronta para dormir - e na boca a maldita chupeta azul com ursinhos quando o homem entrou no quarto.

Ana sentiu seu coração batendo mais rápido enquanto passava gentilmente a ponta dos dedos pelo cabelo revolto e macio do filho.

— Oi - saudou o outro.

— Oi - Ana sorriu.

Havia sentido falta do marido. Muita. Nos últimos dias apenas não via a hora dele chegar, apenas para ficar perto dele, pois o mesmo sempre estava ali quando estava casa, sempre com ela, não a deixando ficar no tédio, mesmo que os dois ficassem em silêncio durante todas as horas.

Christian se inclinou sobre a morena e lhe deu um beijo no topo da cabeça, então ajoelhou ao lado da cama e beijou os cabelos de Teddy.

— Quer que eu o coloque na cama? - questionou.

— Sim, ele acabou de dormir, não vai acordar tão cedo - disse Ana.

Christian concordou com a cabeça e pegou o pequeno nos braços, em silêncio e cuidadoso o levou para o quarto, colocou-o no berço, beijou sua testa com carinho - lamentando que o menino não estivesse acordado para ver o pai, ele com certeza havia ficado esperando, como todos os dias - e saiu, não sem antes ligar os mobiles.

Christian voltou para a suíte principal, tirou paletó e desatou o nó da gravata, tudo sob o olhar atento de Ana.

— Como passou o dia? - ele perguntou enquanto se sentava na beira da cama para tirar os sapatos.

— Bem. Eu não fiquei enjoada essa manhã, nem a tarde também. Como a Dra. Greene disse: depois dos três meses tudo passa - ela sorriu docemente enquanto tocava a barriga já minimamente aparente.

Christian lhe devolveu o sorriso e se levantou, levando os sapatos para o closet. Com Teddy ali todos os dias, não era sensato deixar tudo espalhado pelo chão. O homem se surpreendeu quando percebeu Ana na porta.

— Sabe que não pode ficar se levantando, Ana - repreendeu ele enquanto colocava o relógio na bancada.

— Fiquei deitada o dia inteiro.

— É como deve ser.

Ana reprimiu a vontade de revirar os olhos e se aproximou do marido, ficando ao seu lado.

— Então... Você demorou hoje - comentou ela.

— Fiquei preso numa reunião com uns acionistas. Eu ia ligar, mas não foi tanto assim.

Ana levantou uma das sobrancelhas enquanto olhava para o relógio da parece que marcava 19h04min.

O homem saía às 17h do trabalho, chegava no máximo 17h30min.

— Eu fiquei preocupada - admitiu ela.

Christian se virou para a esposa.

— Desculpa. Eu realmente deveria ter ligado - disse ele.

Ana mordeu o lábio inferior enquanto o encarava. Levantou uma mão hesitante e a levou ao peito do outro, ficou na ponta dos pés e tocou os lábios nos dele devagar. Segurou o tecido da camisa entre os dedos e o puxou contra si, voltando os pés firmes no chão, fazendo o outro beijá-la de verdade.

Christian segurou seu rosto entre as mãos e retribuiu o beijo. Tão devagar. Gentil. Amoroso. Tudo com eles estava sendo daquele jeito nas últimas semanas: sempre gentil e devagar. Era como se pudessem quebrar se fosse diferente. Ana sentia que podia quebrar se fosse.

— Eu quebrei minha promessa - disse ela de repente, contra os lábios dele, interrompendo o beijo - e me arrependo muito do que fiz - completou.

A morena ainda o segurava perto enquanto Christian a encarava confuso, esperando ela terminar de falar.

— Eu não queria ter dito aquilo - declarou ela.

Christian soltou seu rosto, e a garota apertou mais os dedos em sua camisa para impedi-lo de se afastar.

— Não queria mesmo - insistiu ela, os olhos cheios de lágrimas, mesmo assim não quebrando o contato visual entre eles. - E só o que eu posso pedir é que você me desculpe e que você me perdoe.

Ela piscou, deixando as lágrimas caírem.

— Você não faz ideia do quanto eu me arrependo do que eu disse... É claro que você não faz ideia, eu ao menos disse para você. Eu foi tão egoísta em só te culpar por tudo, porque era tão mais fácil não me preocupar com o que eu disse porque você fez pior. Eu só não queria admitir que eu tinha errado também. E foi uma discussão tão idiota que eu comecei por nada, absolutamente nada - ela fungou e limpou o rosto rapidamente. - A única coisa que você quer fazer é me proteger e eu só querendo me importar em não ter seguranças comigo. Isso nem é uma opção porque eu sei que é perigoso. Eu nem sei porque fiquei tão irritada com tudo. Às vezes parece que eu vou explodir e eu acabo descontando isso em você...

— Está tudo bem - ele garantiu, limpando as lágrimas do rosto da garota que não paravam de cair.

— Não, não está tudo bem - ela afastou o rosto minimamente para fazê-lo parar e apenas olhar para si. - Você só está dizendo isso porque eu estou grávida e estou sensível.

— E você? Não está dizendo isso por que está grávida e sensível? - ironizou ele.

— O quê? Não! É claro que não. Eu estou dizendo a verdade: eu me arrependo muito. Eu com certeza nunca mais vou fazer nada do tipo, eu não quero mais me sentir do jeito que eu estou sentindo há meses. Eu não deveria ter dito aquilo... Foi cruel. Horrível. Eu me sinto uma pessoa horrível.

— Ana, para com isso. Está tudo bem.

— Para de dizer que está tudo bem...

— O que você quer que eu eu diga? Você já pediu desculpas, eu acredito em você, acredito que você se arrepende.

— Para de ser tão compreensivo. Eu não fui nem um pouco compreensiva.

— Então é isso? Está sentindo remorso pela forma que você agiu comigo quando eu te pedi desculpas? Já foi, okay? - ele suspirou, afastando-se. - Você precisa descansar agora - falou, indicando a cama do outro lado do quarto. - Por favor.

— Não faz isso...

— Não fazer o que, Anastacia? - ele parou, encarando-a irritado. - Eu não vou brigar com você. Você não pode se estressar, não pode se irritar, você não deveria nem estar fora da cama agora. Então, não, nós não vamos discutir sobre isso. Eu aceito suas desculpas, já está tudo bem. Agora vai para cama. Eu preciso de uma banho.

Ele se afastou completamente dela e saiu do closet, indo em direção ao banheiro.

Se ela se sentiu pior? Era possível mesmo?

Até que ponto você sabe que o amor de alguém por você não foi abalado, mesmo sabendo que essa pessoa ainda te ama?

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Notas finais do capítulo

Eeepa, Ana finalmente percebeu que errou feio ali, e que exigia de Christian uma coisa que nem ela se preocupou em fazer. Enfim, gente, i cry escrevendo esse cap, nem sei porque, nunca me senti emotiva escrevendo but dessa vez aconteceu. Espero que vocês tenham curtido, até o próximo e não se esqueçam: lute como uma garota ;)



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