Follow Your Soul escrita por Nez


Capítulo 8
Capítulo 6


Notas iniciais do capítulo

Mais um capitulo



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6º Capitulo

Mal cheguei a casa fui logo fechar-me no meu quarto - não tinha outro lugar para estar, nem nada para fazer. Não me apetecia estar com ninguém. Se estivesse em Lisboa, a esta hora já estava a passear a Fá – que saudades da minha cadelinha. Mas, também, se estivesse em Lisboa não haveria Sérgio nem nada que me deixasse chateada e triste - a não ser o olhar triste da minha mãe.
Deitei-me sobre a cama, deixando as lágrimas caírem pelo meu rosto. Sentia uma raiva dentro de mim, uma revolta, que não sabia explicar. Pensei que a vinda para Tavira fosse tornar-se uma nova etapa da minha vida, um novo começo, … pensei que fosse algo bom para variar, mas enganei-me! Mais lágrimas caíam, quando alguém bate á porta.
-“Inês posso entrar?” – perguntou-me a Carolina do Outro lado da porta.
Apressei-me a limpar as lágrimas do meu rosto.
-“Entra linda.”- disse-lhe eu com a minha voz a falhar. Fantástico, mesmo o que eu precisava: a minha voz a revelar que não estou bem.
A Carolina entrou no quarto e mal reparou no meu rosto e nos meus olhos vermelhos de tanto chorar, veio logo sentar-me ao pé de mim na cama.
-“O que aconteceu prima?” – perguntou-me com um olhar de preocupação.
-“Oh não foi nada Carolina.” – respondi-lhe com um sorriso, mas este não deve ter sido muito convincente pela cara que ela fez.
-“Inês sabes que podes falar comigo não sabes? – perguntou ela. Ia a responder-lhe quando ela continuou – Sabes que se se passar alguma coisa eu ajudo-te certo? Eu adoro-te prima.”- disse-me ela a sorrir.
Não aguentei, agarrei-me a ela chorando. Ela abraçou-me, num abraço apertado e reconfortante. Não me largou.
-“Isso prima. Deita tudo cá para fora. Chora!” – disse-me ela, dando pancadinhas nas minhas costas.
-“Oh Carolina eu queria que tudo corresse bem em Tavira, foi para isso que me mudei para cá. E no entanto está tudo mal. Tenho o parvo do Sérgio que não me larga, a tua irmã está diferente comigo e acho que se deve ao facto do Sérgio gostar de mim. Mas eu não gosto dele Carolina, eu não gosto!” – disse-lhe eu quase a gritar, á medida que as lágrimas caíam sem hesitar.
-“Eu sei linda. A verdade é que a Mariana não aceitou muito bem a separação com o Sérgio. Ele nem sequer lhe deu uma explicação sabes? E no dia seguinte já estava agarrado a outra.
-“Oh prima… mas eu não tenho culpa. Eu não pedi nada disto, não pedi… NÃO PEDI!”
-“Eu sei priminha”- disse-me ela quase a chorar comigo.
-“E o pior é que a Ana falou comigo e parece que ele me procurou quando se lesionou no jogo e, e eu não estava lá. Ela diz que ele ficou de rastos. Ele é um parvo e é super irritante, mas…não sei… senti-me mal por o ter magoado, senti-me mal com isto tudo.” – Já soluçava abraçada á minha prima outra vez.
-“Calma Inês. Não sabíamos que te sentias assim. De certeza que as nossas brincadeiras e estarmos sempre a falar dele não ajuda, pois não?” – perguntou-me ela envergonhada.
-“Não. Acho que só piora. Acho que isso lhe dá esperanças sabes? E com certeza que só alimenta o ódio da Mariana por mim.”
-“Ela não te odeia prima. No fundo ela sabe que não tens culpa. E que o Sérgio não era para ela, não durou mais de um mês…” – disse-me ela com compaixão.
-“Mas ela gostava dele e esse tempo que ela esteve com ele deve ter significado muito para ela, percebes? Ai prima sinto-me tão mal. Ele não me larga, vocês só o provocam. É impossível. E depois da conversa da Ana percebi que o magoei, e eu não quero magoar ninguém, não o quero magoar!” – mais lágrimas transbordavam dos meus olhos que já me ardiam de tanto chorar.
-“Calma Inês. Vais ver que tudo vai passar. Se o ignorares ele vai acabar por perceber certo? – disse-me ela sorrindo, encorajando-me.
-“Isso não vai ser muito fácil. Estamos no mesmo grupo em Área de Projecto sabias?”- disse-lhe desanimada.
“Mas tenta evitá-lo. Não lhe ligues muito, ele há-de perceber que não estás nem aí para ele.” – disse-me.
-“Tens razão Carolina. Sou uma parva por estar aqui a chorar não sou?” – perguntei-lhe limpando as lágrimas e rindo-me ao mesmo tempo.
-“Bem… só um bocadinho assim.” – disse-me ela rindo á gargalhada.
Afinal falar com alguém acabou por ser melhor do que imaginava. Graças á minha Carolina já me sentia bem melhor.
-“Vá ! Agora sai dessa cama e vamos dar um passeio tá? Vamos lanchar. É uma ordem!” – deu-me um beijo da bochecha e puxou-me pela porta fora.

* * *

 

Finalmente o fim-de-semana chegou. Não que tivesse algo muito interessante para fazer ou assim, mas ao menos não tinha que ir á escola durante 2 dias. Não tinha de encarar o Sérgio. Coitado! Mas é melhor não pensar nisso, ainda agora é de manhã, não quero ficar deprimida. Fiquei na cama ainda a preguiçar quando o meu telemóvel começou a tocar.
-“Estou?” – atendi ainda com aquela voz de sono.
-“Bom dia Inês! Acordei-te?” – saudou-me ela toda entusiasmada.
-“Olá Ana , bom dia! Não tinha acabado de acordar. Passasse alguma coisa para estares a ligar a esta hora?” – não era normal ela ligar-me tão cedo . Suspeitei.
-“Não... Não. Queria saber como estás e saber se querias vir ao cinema hoje. Estreou aquele filme “A Melodia do Adeus” e eu queria muito ver! Queres vir? Vá lá, vá lá.” -Esta miúda não existe. Comecei a rir.
-“Ana tens noção das horas? Ainda agora são de manhã.” – disse-lhe rindo-me ao mesmo tempo. Ela não perdia tempo.
-“Oh eu sei que ainda é cedo. Mas podíamos almoçar no centro e íamos ver umas lojinhas e depois íamos ao cinema. Que dizes?”- perguntou-me ela entusiasmada.
-“Hmm... não sei Ana. Não sei se me apetece ir ver um filme para sair de lá a chorar, já me chega a minha vida.” – De facto ir ver um filme onde o pai da raparia morria não era muito divertido nem surreal, afinal o meu pai também morreu. Cedo de mais. Lágrimas vieram-me os olhos.
-“Oh miga vá lá. Vais ser giro, prometo! É uma maneira de me desculpar por ontem. Anda lá. O filme é ás 15h.” – implorou-me ela. Bem mal não haveria de fazer e sempre era melhor do que ficar em casa sem fazer nada.
-“’Tá bem eu vou! Mas encontramo-nos onde?” – respondi-lhe. Sabia que ela ficaria feliz e ao menos eu estaria numa boa companhia – na companhia da minha melhor amiga.
-“Vens? YUPIIIIIII SNOOPYYYYYYY ! Vai ser muito giro. Passo aí em casa ás 11:30m para irmos para o centro ‘tá? ADORO-TE!” – disse-me ela totalmente entusiasmada com um certo tom de histeria. Ainda bem que ela estava feliz.
-“Ok. Até já então sua maluca. És mesmo tola.” – disse-lhe eu rindo-me por causa do seu entusiasmo , que era, com certeza, contagiante.
-“Oh eu sei.”- e riu-se ás gargalhadas –“ Xauzinho. Já nos encontramos. Beijinhos” – despediu-se ela toda contente.
-“Beijinhos.”
Mal desliguei o telemóvel, saltei da cama e fui tomar um banho. Se bem a conhecia ela ia chegar mais cedo e portanto não me podia demorar.
Tal dito tal feito, eram 11 horas e a Ana já estava a tocar a campainha. Saímos de casa e apanhamos o autocarro para irmos para o centro comercial.

Chegando lá, começámos por passear numas lojas onde comprei uns ténis e umas quantas camisolas - não que eu precisasse, já que tínhamos feito compras logo no princípio do ano. Foi nesse dia que a Ana passou a ser a minha melhor amiga.
-“Inês diz-me uma coisa. Tinhas muitos amigos lá em Lisboa?” perguntou-me a Ana tirando-me dos meus devaneios.
-“Tinha alguns, mas a mais especial é a Rita. Ela é a minha vizinha de cima, ou pelo menos era.” Disse eu com um sorriso. Falar dela fez-me lembrar como tenho saudades dela. Tenho que lhe telefonar, aproveito para saber se ela sabe como a minha mãe tem andado, já que as nossas mães são muito amigas.
           Almoçámos no McDonals mesmo em cima da hora do filme. Chegámos e já estavam os anúncios a começar, o filme era muito lindo, mas não aguentei e chorei bastante, fez-me lembrar tanto o meu pai.

Estava a adorar a tarde com a Ana, era sem dúvida uma grande amiga. Apanhámos no autocarro e sentámo-nos lá atrás para irmos mais á vontade e para podermos falar mais um pouco.
-“Como vão as coisas com o Daniel? “ – perguntei-lhe. Ainda me lembro do dia em que ela nos contou toda contente que o Daniel tinha dito que gostava dela. Entretanto tinham começado a namorar. Faziam um casal tão querido. Ela loirinha e ele moreno, ela alta e ele também – eram perfeitos um para o outro. Quem me dera encontrar alguém que me fi
-“Ai Inês tão óptimas. Ele é um querido comigo. Ontem escreveu-me uma carta toda romântica. Deves achar piroso não? – disse-me ela, olhando-me com receio que eu afirmasse que sim, achava piroso.
-“’Tás a gozar? Piroso?! Acho super romântico, que querido da parte dele. Ai… só a mim é que não me aparecem príncipes desses. – disse eu soltando um suspiro , que a fez olhar para mim com aquele olhar que só ela faz.
-“O que foi?” – perguntei eu a rir.
-“Só não tens príncipe porque não queres Inês!” – respondeu-me ela .
-“Ana não vais falar de quem eu estou a pensar certo?” – não me apetecia nada falar do Sérgio. A tarde estava a correr tão bem.
-“Bem…Tens razão não vale a pena. Além disso não fiques assim, o que não faltam para aí são príncipes, e tu mereces um que te faça muito feliz! Olha como o do filme – lindo e querido.” – Olhámos uma para a outra e começámos a rir feitas malucas.

* * *

Acenei á Ana e continuei o meu caminho até á casa da minha tia. Com isto tudo já eram quase 18h00. Já estava a ficar escuro. Por uns instantes lembrei-me do dia em que o Sérgio me acompanhou a casa. Lembrei-me de como ele sorriu para mim depois de nos termos despedido. Se calhar devia ligar-lhe para saber como é que ele estava. Não! Acho que não consigo, talvez mandar-lhe apenas uma sms. Apressei-me a tirar o telemóvel do bolso pronta para lhe mandar uma mensagem, quando reparei que o numero dele não constava na minha lista de contactos.
-“Que espera que és Inês!” – suspirei. Lembrei-me que nunca tínhamos trocado números de telemóvel. Bem também não iria pedir o número á Ana, nem às minhas primas, nem a ninguém.
            Abri a porta de casa, parece que não estava ninguém. Dirigi-me até ao meu quarto e liguei o portátil. Já há muito tempo que não ia ao msn. Decidi que iria falar com a Rita. Já não tinha notícias dela há tanto tempo.

 


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Notas finais do capítulo

Espero que gostem.



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