Follow Your Soul escrita por Nez


Capítulo 40
Capítulo 38




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Capítulo 38

Após a conversa com a minha mãe, dirigi-me para o meu quarto e comecei a arrumar a minha mala de regresso a Tavira. Sentia-me feliz por voltar, mas ao mesmo tempo não o queria fazer. Tinha medo do que ia encontrar quando lá chegasse. Esta ausência do Sérgio deixava-me nervosa. Será que estava arrependido? Será que conheceu outra pessoa? Nunca o apanhava no msn e eram raras as sms que me mandava. Sentia uma alegria melancólica , se é que é possível.

Tinha que avisar a Rita que não iria passar o ano novo com ela. Sei que ela ia ficar triste , mas eu sei que ela ia compreender.

Destinatário: Ritinha mana

Mensagem: Mana precisamos de nos encontrar. Queres ir almoçar ao shopping?”

Enquanto não me respondia – ainda devia estar a dormir- fui preparar-me para a saída com ela. Apetecia-me mesmo um banho quente. Pelo que me dirigi ao wc e enchi a banheira de água quente , deitando uns sais na agua para ver se relaxava – não acreditava muito nisso, mas decidi experimentar.

Sentia-me tão relaxada, mesmo quase a adormecer. Quando me assustei com uma mensagem no telemóvel. Entusiasmada a pensar que seria uma mensagem do Sérgio finalmente. Peguei no telemóvel, esquecendo-me que estava cheia de espuma nas mãos  e resto do corpo.

Mensagem: Olá mana. Podemos almoçar lá sim. Encontramo-nos no shopping então ok? Que eu vou agora às compras com a minha mãe e assim encontramo-nos lá. Beijinhos

Senti os meus olhos a arder, quando me apercebi de que estava a chorar. Porque é que ele não me dizia nada?! Que raiva. Sentia-me á beira de um colapso.

Despachei-me do meu banho, outrora relaxante e apressei-me a vestir-me e a pegar na minha mala para ir ao shopping.

Avisei a minha mãe para não contar comigo para o almoço, porque ia aproveitar o pouco tempo que tinha para estar com a Rita. O que ela compreendeu perfeitamente.

Saí de casa e , para variar, avizinhava-se chuva , o que vale é que trouxe o meu chapeuzinho pequenino na mala. Fui para a paragem esperar pelo autocarro para o shopping.

Já tinham passado 10 minutos e nada. Que chatice! Peguei no telemóvel e ,também nada! Nem sinal do Sérgio. Apoiei a minha cabeça nos meus joelhos. Não queria chorar, mas era a vontade que tinha naquele momento, os meus olhos ardiam, a minha visão estava turva.

-“Olá!” – disse uma voz que depressa reconheci, uma voz meiga , agora até já o ouvia em todo o lado.

-“Estou a endoidecer.” – murmurei para mim, enquanto uma lágrima escorria pelo meu sorriso triste.

-“Olá!” – repetiu a voz. Mas desta vez algo me assustou. Algo me tocou no ombro. Levantei a minha cabeça e reparei que não era imaginação.

-“Olá!” – disse-lhe baixinho , enquanto me sentava como deve ser, limpando as lágrimas da minha cara.

-“Posso sentar-me aqui?” – perguntou apontando para o banco que eu estava a ocupar com a minha mala.

-“Claro. Desculpa.” – disse enquanto tirava meia desastrada as coisas do banco -“ já te podes sentar!” – sorri-lhe.

O rapaz apressou-se a sentar no banco. Imperou um silêncio na paragem do autocarro. Certamente eu não seria a primeira a cortá-lo.

-“ Acho que te conheço de algum lado. Mas não sei de onde…” – disse ele virando-se para mim. Reparando nos meus olhos vermelhos inchadíssimos – “Está tudo bem?”

-“Salvaste a minha cadela.” – respondi baixando a cabeça. Os seus olhos verdes a fixarem-se nos meus. Não queria que me vissem assim, frágil como sempre. –“Está tudo bem sim! Ela está óptima, sem um arranhão!” – sorri.

-“Não! Eu ‘tava a perguntar se está tudo bem contigo? ‘Tás com cara de quem ‘teve a chorar.”

-“Ah!” – exclamei.

-“Não percebo essa resposta. Tas bem ou não?”

Não queria responder á pergunta. Já sei que se respondesse mais lágrimas iam cair e isso eu não queria. Para minha salvação o meu autocarro apareceu.

-“Desculpa tenho que ir!”

-“Não faz mal. Eu também vou nesse autocarro, por isso podemos continuar!”

Raios partam! Não tenho sorte nenhuma – pensei para mim.

Entrei no autocarro e comprei o bilhete até ao shopping. Quando olhei á procura de um lugar reparei que o rapaz já estava lá atrás a fazer-me sinal. Tentei ignorá-lo, mas não resultou.

-“Então porque estiveste a chorar?” – perguntou-me ele , sentado todo torto encostado á janela e virado para mim.

-“Eu não estive a chorar. E porque queres saber? Nem me conheces!” – respondi secamente.

-“Mas adorava conhecer!” – sorriu ele. O seu sorriso depressa me acalmou. Não conseguia chatear-me com alguém assim. Parece que transmitia calma e , sobretudo, segurança.

-“Acredita não ias adorar. A minha vida é patética , assim como eu.” – disse baixo.

-“Oh não sejas patética tá bem?” – disse-me ele rindo. Não consegui evitar rir também.

-“Eu nem sei o teu nome… Como te posso falar dos meus problemas?”

-“Gabriel!”

-“Olá Gabriel! Eu sou a Inês!” – disse em risos apertando-lhe a mão.

-“É um prazer menina!”

O percurso até ao shopping pareceu curto demais. Não queria sair ali. Queria saber mais sobre ele e, sem dúvida, falar com ele fez-me bem. Curiosamente não falei dos meus problemas, em especial, mas falámos de tudo um pouco. Fiquei a saber que ele tinha 18 anos e que frequentava o 12º ano sem saber o que seguir na faculdade. Fiquei a saber que não tem namorada, achava as raparigas muito complexas e sinceramente complicadas - altura em que lhe dei um encontrão e nos rimos. Falámos das coisas mais banais possíveis. Ele era sem dúvida simpático, era fácil estar ao pé dele e fácil falar com ele. Parece que já o conhecia há muito tempo. Sentia-me bem ao pé dele.

-“Vou sair aqui!” – disse enquanto carregava no STOP. Já me sentia triste por ter que sair nesta paragem e não puder mais falar com ele.

-“Mau , eu acho é que me andas a perseguir. Tudo bem não resistes aqui ao meu charme, mas podias ser mais discreta!” – disse ele a rir.

-“Vais sair aqui também?!” – perguntei-lhe contente. Quando ouvi um estrondo enorme , seguido de muita chuva, o que me assustou. E me fez lembrar um dia com o Sérgio passado no jardim. O que me entristeceu.

-“Porra pá! Não podiam esperar até eu estar dentro do shopping?!” – refilou ele feito parvo.

A porta do autocarro abriu-se e então tornou-se desagradável. Chuva por todo o lado , muita chuva, e para ajudar… o vento.

Tentei abrir o chapéu de chuva – o que foi complicado.

-“ O quê? Esse chapéu é a tua salvação? Ai tou condenado!” – disse ele levando as mãos á cabeça, dramatizando exageradamente.

-“Se quiseres podes sempre ir á chuva!” – disse eu , virando-lhe costas ofendida, e dirigindo-me para o shopping.

-“Ta bem , ta bem. Mas chega-te para lá.!” – disse ele segurando no chapéu e colocando o braço sobre o meu ombro para me puxar mais para o meio do chapéu. Senti um arrepio. Mas de facto não queria ir á chuva. Pelo que não lhe sacudi o ombro. O estranho era que tinha acabado de o conhecer, e sentia-me tão bem com ele.

Estávamos quase a chegar ao shopping quando veio uma rabanada de vento.

-“GABRIEL AGARRA O CHAPÉU!” – gritei-lhe mas o chapéu já ia longe.

-“PORRA !” – disse ele.

-“ E agora?” – perguntei-lhe a rir.

-“Anda!” – disse e pegou na minha mão e começámos a dançar.

-“T’AS LOUCO!” – gritei sentindo a chuva a cair em cima de mim. Como eu detestava sentir a roupa colada ao corpo.

-“De vez em quando acontece!” – e não parava de me fazer dar voltinhas, enquanto toda a gente olhava para nós.

-“Gabriel está toda a gente a olhar!” – disse encostando-me a ele e afundando a minha cara  no ombro dele envergonhada.

-“Então é melhor dançares bem!” – sussurrou ele – girando-me novamente.


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