Un regalo escrita por Brru


Capítulo 4
pétala ll




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Aurélio esperou que aquela mulher apavorante o deixasse em paz, para depois senta-se ao lado de seu pai ainda no pátio do cortiço. Ambos observavam as mulheres com suas tigelas de comidas, e doces, as mesmas montavam a mesa do jantar coletivo; onde todos amigos mais próximos do cortiço, bebiam e comiam sem nenhuma restrição. De longe via a felicidade de sua filha com Ernesto, também Camilo e Jane, imediatamente pensou em Julieta, faltava ela ali ao seu lado segurando sua mão, olhando nos seus olhos... deixando o ambiente mais bonito e sutil com o som da sua voz.


No entrando, as coisas não funcionavam como desejava. Sua amada estava razoavelmente intrigada com sua atitude de logo cedo. Aurélio, sabia que logo estariam de bem, mas achou necessário a dar um tempo, esperaria tudo se acalmar e logo voltaria para a mansão. Por hora ficaria aquela noite no cortiço, fora convidado por todos, e faria a alegria de Ema.


Sentou-se no final da mesa onde sua visão era ampla, e poderia ver a todos, também o fizera para curtir sua solidão aquela noite. Certa vez Julieta o disse que a solidão não a assustava, mas Aurélio pensava o contrário. Sentir-se sozinho era como tomar o pior dos cafés, como lutar e morrer um passo antes da vitória.. sentir-se sozinho era esta em meio a tanta gente alegre, e só pedir a Deus a presença de uma..


Bom, mas não foi como ele havia imaginado.. Não era só solidão. Quando a sobremesa estava sendo servida, Aurélio, de repente viu um par de olhos bem curiosos o olhando. Seu sorriso fora inevitável. Desde que soube que tinha um sobrinho pensou em se aproximar do mesmo, mas a mãe do mesmo, Tenória, não era tão razoável com essa próximamente, então, ele resolveu deixar as coisas acontecerem naturalmente. Mas ali estava ele, comendo um pedaço de bolo, e encarando Aurélio como se o mesmo tivesse cometido um crime. Estilingue.


— Estilingue.. - Aurélio disse seu nome, e o garoto o olhou mais desconfiado.

— Tio.. - ele bebeu um pouco de suco, e certificou-se se sua mãe não estava por perto. Por sorte Tenoria conversava com Ema e Jane.- Preciso lhe contar algo.. Mas prometa que não dirá nada a mamãe.

Aurélio sorriu. - Prometo.

— Posso confiar no Senhor?

— Você tem a minha palavra..

— A palavra de um futuro barão vale muito! - Aurélio riu novamente, estava encanto com a inteligência de seu sobrinho. - Confiarei no Senhor.

— Então, diga-me..

— Bom, quando estou livre de tarefas e do colégio, sempre fico na porta do cortiço para ajudar as senhoras com as sacolas e ganhar um trocado..- Aurélio assentiu. - Mas hoje cedo ouvi duas mulheres discutindo, e elas falavam do senhor..

— De mim? - o deu mais atenção. - Como sabe disso?

— Porque uma dessas mulheres era a Dona Julieta. - Aurélio olhou para seu sobrinho rogando aos céus para saber o desfecho dessa história.

— Julieta? E do que falavam?

— Eu já disse... do senhor.. Ah, uma que parecia um palmito de tão magra disse que o senhor só estava desfrutando do dinheiro de Dona Julieta, que jamais se encantaria por uma mulher como ela...

Aurélio, por um momento não soubera o que dizer ao pequeno que estava tão curioso por uma resposta sua.

— Me diga, Estilingue, como era esse outra mulher?

— Magra, alta.. Hmmm, cabelos pretos, nariz arrebitado e estava junto a outra mulher.. Outra de nariz arrebitado.

— Lady Margareth?

— Sim! A mesma que ameaçou Elisabeta logo cedo.. - disse Estilingue empolgado.

— Então, estão fazendo um complô.. - Aurélio pensou alto.

— Prometa que não dirá a mamãe que lhe contei.. Eu disse a ela que não diria ao Senhor, mas achei necessário..

— Você tem minha palavra, pequeno.. - sorriu. - Muito obrigado por me contar, Estilingue. E saiba que eu jamais faria algo para prejudicar Julieta..

— Eu sei.. Eu sei.. Vocês são namorados!

— Estilingue!!! - de repente a voz de Tenória ecoou por seus ouvidos. A mulher pegou seu filho pela orelha, e o levou até o outro lado do cortiço.


Aurélio reprovou a atitude de Tenória, no entanto, seus pensamentos agora estavam em um misto de curiosidade, e ansiedade. Depois de tudo que ouvira não sabia ao certo, se iria a mansão para reconciliar-se com Julieta, ou apenas para buscar suas coisas. A conhecia bem, mas estavam em um momento de fragilidade, principalmente da parte de Julieta. Saberia então, se o amor que sentiam era tão forte e resistente como ele sentia, e imagina ser.


Pela manhã Aurélio fora surpreendido com a visita de Darcy, e sua inesperada proposta. Aurélio pensara por um momento, e logo juntou-se a Darcy em seu escritório. Teria com o que ocupar a cabeça até chegar a hora de ter uma longa conversa com Julieta.

Antes de ir a mansão fora novamente ao cortiço, e lá teve outra surpresa. Ema o esperava ansiosamente.

— Até que enfim, papai! - ela disse aparentemente impaciente.

— Aconteceu algo?

— Sim, estamos atrasados!

— Atrasados? Ema, eu não estou entendendo.

— Darcy, não comentou com o senhor? Hoje vamos comemorar o aniversário de Elisabeta, e a festa será lá na mansão de Julieta.

— Bom, eu não estava sabendo de nada, minha filha, e confesso que não estou no clima para festa. - suspirou. - Eu e Julieta precisamos conversar, então creio que será melhor eu esperar até que a festa acabe.. ficarei aqui com papai.

— Ha, ha, ha.. - riu a baronesinha nervosa. - Nada disso!- ela fora até a cama e ergueu um conjunto masculino. - Eu não gastei com alfaiate à toa, esse é o meu primeiro presente para o senhor.. - ela entregou as peças de roupa ao seu pai..- Você foi a primeira pessoa que pensei quando recebi meu primeiro salário, precisava lhe dar algo e... - disse com olhos marejados. - Gostaria muito que o senhor vestisse meu presente essa noite.

— Ah, minha filha... - ele disse correndo para seus braços e a abraçando.

— Obrigada por tudo, papai! - o olhou. - Por aceitar meu noivado com Ernesto, por ser... esse pai tão maravilhoso. Eu o amo.

— Eu também a amo muito... - sorriu. - E atenderei ao seu pedido.

...

A casa de Julieta nunca esteve tão cheia como estava no momento. Amigos e conhecidos de Elisabeta transitavam por todos os lados. Aurélio e Ema, não demoraram a chegar. Foram recebidos por uma aniversariante muito sorridente e feliz.. Elisa estava linda, todos estavam, mas Aurélio com seu novo traje estava arrancado suspiro das mais velhas, novas e de uma linda mulher que se deliciava com a imagem que via. Seu porte atlético se encaixava perfeitamente no corte de seu novo terno; sua postura, seu sorriso e simpatia lhe fazia o homem mais atraente aquela noite. Julieta precisou tomar um pouco de vinho, e acalmar os nervos.


Logo, ele a viu do outro lado da sala, apreciava seu vinho com calma enquanto o olhava. Antes que pudesse se aproximar de Julieta, Aurélio fora apresentando a algumas pessoas, algumas que ele sequer decorou o nome. As mulheres eram a maioria, todas um tanto atrevidas e coviteiras. Mas enfim, ele conseguiu.. Finalmente conseguiu aproximar-se de Julieta. A mesma estava tão deslumbrante que Aurélio percebera sua garganta por um momento secar, lhe faltavam palavras, mas talvez o brilho em seus olhos ao vê-la, o denunciara.

Julieta era tudo.. Era o seu mundo, o colorida mesmo com suas vestes pretas, o fazia feliz mesmo com suas feridas e medos, lhe arrancava suspiros mesmo que seus os olhos estivessem tão escuros aquela noite...

— Julieta.. - disse em sussurro.

— Aurélio.. - ela respondeu no mesmo tom. Queria dizê-lo tantas coisas, mas só conseguia olhá-lo e admirar cada traço seu..Sua pele ainda estava levemente arroxeada, mas nada que escondesse toda sua beleza, seu encanto.. - Pensei que não viria.

— Ema insistiu, e cá estou!

— Há, hmm.. Muita gente, na verdade eu nunca estive em uma festa com tanta gente.

— Elisabeta é muito querida.. Todos gostam muito dela.

— Sim.. - ela assentiu. Parecia que aquela era a terceira vez que eles se viam, estavam travados, parados.

— Aceite minhas desculpas.

— Tudo bem. - bebeu mais um pouco de vinho, e ignorando todos ao seu redor se aproximou mais dele. - Senti muito sua falta ontem.. - confessou. Aurélio suspirou, segurando sua enlouquecida vontade de beijá-la.

— Também senti muito a sua falta. Me senti mal por minha atitude, achei melhor da um tempo e..

— Por favor, não faça mais isso.. Não fique tanto tempo longe de mim. - ela segurou sua mão.

— Pensei que você ficaria melhor sozinha.. Pra pensar.. - completou. - Ema me convidou para ficar alguns..

— Não, Aurélio, não. - disse o interrompendo. Estavam tão próximos, tão ligados por seus olhares que nem o maior dos conservadores os interromperia naquele momento.

— Olha, eu sei o que Susana disse a você.. Entenderei se você precisar..

— Deus, homem! - ela tomou todo o restante do vinho que havia em sua taça, e sem se importar com a multidão o tirou dali, precisavam conversar e principalmente, ela precisava beijá-lo.


....


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