Celle, o retorno escrita por Nany Nogueira


Capítulo 42
A filha do Gibby




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— Bebeu? Você já me pediu em casamento antes, mas, temos um impedimento...

— Não há mais impedimento!

— Como assim?

Cris correu e pegou o documento assinado por Mabel. Isabelle leu rapidamente mal acreditando.

— Como a convenceu a assinar isso?

— Eu não a convenci, eu não fiz nada. Ela fez por livre e espontânea vontade.

— Isso é inacreditável!

— Pois é! Acho que ela está feliz com o Richard, afinal.

— Tomara que seja isso mesmo.

— Vamos confiar que coisas boas podem nos acontecer sem segundas intenções depois de tanta turbulência. Vamos acreditar que Mabel e Richard estão felizes e, assim, seremos ainda mais felizes também.

— Você tem razão, vamos acreditar.

— Agora pode me dar a honra de colocar a aliança no seu lindo dedo anelar?

Mesmo sem esperar a resposta, Cris se ajoelhou novamente diante da moça e colocou a aliança, beijando a mão dela em seguida.

Ele se levantou e o próximo beijo foi nos lábios. Ela interrompeu o beijo ao sentir uma pontada na barriga, gemendo e se afastando do amado, enquanto segurava a barriga.

— O que foi? – perguntou ele, preocupado.

— Uma pontada, mas, já passou.

— Não é melhor te levar para o hospital?

— Não se preocupe, não vão nascer agora, eu saberia...

— Como, se nunca teve um filho antes?

— Até as mães de primeira viagem sabem disso, confie em mim. Vamos jantar no apartamento da sua mãe, ela nos convidou, aproveitamos e contamos a novidade...

— Claro, vou tomar um banho antes – disse Cris, empolgado.

— Vai lá – concordou ela, sentando-se no sofá, já que a barriga lhe pesava.

Carly esperava o casal servindo um delicioso jantar preparado por Gibby. Sam e Freddie também haviam sido convidados. Sophie ajudou o pai, satisfeita. Dava indícios de ser tão boa na cozinha quanto ele.

Todos conversavam animadamente na sala, enquanto Gibby terminava de colocar a mesa com a ajuda da filha, quando a campainha tocou. Carly abriu a porta e viu Mabel diante dela, sorrindo e convidando-a a entrar. Os demais se surpreenderam.

 

Cris se levantou e logo perguntou de Ellie, ao que ela respondeu:

— Ficou no hotel com a minha mãe.

O rapaz entendeu que ela não queria mais permitir o acesso dele à menina e se ressentiu, mas se calou.

Gibby ouviu a voz da filha e foi até ela, cumprimentando-a com um beijo no rosto e um abraço. Sophie veio atrás e fez o mesmo.

Todos jantaram sem esconder o constrangimento com a presença de Mabel e sem entendê-la também. A resposta veio após a sobremesa, quando todos saíram da mesa e voltaram a se sentar na sala.

Gibby pediu que Mabel, Sophie e Cris sentam-se mais perto. Os três filhos assim fizeram. Ele começou, permitindo que os demais participassem:

— Todos sabem que tenho 3 filhos e amo-os igualmente, nunca fiz diferença por terem o meu sangue ou não. Mas, agora, diante das circunstâncias, só poderei contar com uma de minhas filhas, porque o Cris não veio do meu sangue, mas do meu coração e Sophie ainda é menor de idade...

— Pai, estamos preocupados, o que aconteceu? – perguntou Cris, nervoso.

Sophie olhava para o pai assustada e já contendo o choro. Gibby prosseguiu, tomando as mãos de Mabel e olhando nos olhos dela:

— Talvez só você possa salvar o seu velho pai agora...

Mabel também começou a ficar nervosa e perguntou:

— O que preciso fazer?

— Me doar um rim!

Todos se surpreenderam, com exceção de Carly, que já sabia o que se passava.

— É assim tão grave, pai? – perguntou Cris.

— Você não vai morrer, né pai? – questionou Sophie, abraçando-o, já sem conseguir conter o pranto.

Gibby abraçou a filha caçula e olhando para a mais velha, falou:

— Mabel, meu rim direito está muito comprometido. Tenho feito sessões de hemodiálise, mas sem sucesso. Se nos próximos meses eu não encontrar um doador compatível, tenho poucas chances de vida. Não quero deixar vocês ainda...

Foi a vez de Mabel correr para o pai com lágrimas nos olhos e abraçá-lo:

— Pai, eu te daria a minha vida! Sei que tenho errado muito nos últimos tempos e o senhor está decepcionado comigo, mas, nunca duvide do meu amor. É claro que eu te dou o meu rim.

— Os pais podem ficar decepcionados, mas, perdoam seus filhos sempre. Eu sabia que podia contar com você, minha eterna Belzinha, por isso te chamei aqui hoje – beijando a cabeça da filha.

— Sim, pai, pode contar comigo. Eu vou salvar a sua vida, eu não saberia viver sem o senhor.

— Temos que fazer exames de compatibilidade, mas, o médico falou que você sendo minha filha tem melhores chances que qualquer outra pessoa.

— Vai dar certo, pai! Sou sua filha!

Sam olhava para a cena sentindo um frio na espinha, temendo por Gibby, por Mabel e até por Melanie, mesmo sabendo que a irmã não merecia a sua preocupação.

Diante da revelação de Gibby e da presença de Mabel, Cris e Isabelle guardaram para si a novidade do casamento próximo.

Sam desculpou-se, afirmando um pequeno mal-estar e se retirou do apartamento. Foi direto para o hotel em que Melanie se hospedava. Ellie já dormia e ela aproveitou para falar com a irmã:

— Chegou a hora de você abrir o jogo para Gibby e Melanie, se não quiser passar vergonha maior e prejudicar ainda mais a saúde de um homem doente!

— Do que está falando?

— Gibby acabou de pedir um rim para Mabel, acredita que ela é a doadora ideal, a sua filha de sangue e maior de idade. Mas, sabemos que ela não é! Vai permitir que façam exames de compatibilidade e que o médico venha expor a total incompatibilidade de perfeitos estranhos ou vai evitar tanto sofrimento e falar logo a verdade?

— Você colocou na cabeça que Mabel não é filha do Gibby, eu nunca te disse isso!

— Não precisou dizer. Se esquece que eu cuidei da sua filha por mais de um ano, quando você a largou para ir para Havard sem pensar nem uma vez sequer?

— E daí?

— Mabel foi atropelada, o médico cogitou uma lesão interna, disse que se houvesse hemorragia interna, a menina precisaria de sangue, fez o teste de tipagem, Mabel é B positivo!

— E daí?

— Nós somos O positivo, Mabel! E o Gibby é A positivo!

— Ficou entendida de genética agora?

— Sempre fui péssima aluna e você sabe disso. Mas, a incompatibilidade sanguínea foi levantada pelo médico do hospital à época. Eu não contei essa minha conversa com o Doutor a ninguém. Mabel já estava fragilizada demais para eu jogar no ventilador, naquele momento, que o pai dela, que estava se reaproximando, depois da menina se sentir totalmente abandonada, não era o pai dela!

— Quem te garante que o resultado do exame não tava errado?

— Você me contou do teu vizinho sarado e da sua carência longe do Gibby, aí juntei as peças... Mabel, chega! É a hora da verdade!

— Você não é ninguém para me dizer qual a hora da verdade.

— Se você não contar, eu vou! Já me calei por tempo demais!

— Você não ousaria fazer isso – segurando Sam pelo braço.

Sam puxou o braço:

— Você sabe do que sou capaz, e não tenho medo de você. Tic Tac, o tempo tá passando. Não vou permitir que Mabel e Gibby criem esperanças numa transfusão que nunca poderá ser feita.

Sam saiu e Melanie ficou pensativa.


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