Celle, o retorno escrita por Nany Nogueira


Capítulo 39
Temos um acordo?




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Isabelle respondeu:

— Pode continuar me chamando como sempre me chamou, pelo meu nome.

Richard deu um sorriso irônico e respondeu:

— Nada mais é como sempre foi entre nós.

— Ainda assim, acredito que podemos conversar de forma civilizada.

— Entre – convidou Richard.

A avó subiu as escadas e deixou os dois a sós na grande sala de visitas.

A moça começou:

— Eu soube que você e Mabel estão num relacionamento sério...

— Não creio que veio até aqui para falar do meu relacionamento com a sua prima. Por acaso fiz isso com você e Cris? E olha que eu tenho motivos...

— Não vim aqui falar propriamente do seu relacionamento, mas, sei que está influenciando a Mabel...

— Agora vai me acusar de quê?

— De nada. Mas, se você se importa com a Ellie como demonstra, deve entender que ela vai sofrer demais se for afastada do Cris, se você e Mabel a levarem para Los Angeles, se tirarem os direitos de pai do Cris.

— Já entendi. Quer o meu apoio para Cris não perder a preciosa filha. Por que eu faria isso?

— Eu já falei, pelo bem da Ellie.

— Corta essa! Ellie será feliz comigo e com Mabel em Los Angeles. Você e Cris se acham muito perfeitos, acham que eu e Mabel somos perturbados demais para cuidar de uma criança, pode falar!

— Eu nunca disse isso!

— Precisa dizer?

— Eu não entendo porque pensa isso de mim. Nunca te menosprezei, tampouco à Mabel, você e ela que estão atacando a mim e ao Cris!

— Depois de tudo o que nos fizeram ainda se sentem injustiçados?

— Eu sinto muito por tudo, Rick! Mas, seria ainda mais injusto me casar com você amando outro.

— Nós temos uma história, Belinha! – gritou Richard, caindo em sentido pranto.

Isabelle aproximou-se e tocou o ombro de Richard que se esquivou, dizendo:

— Não me toque, você não tem mais esse direito!

— Está bem. Richard, você pode não acreditar, mas, tudo o que vivemos foi real e foi com amor.

— Até o Cris reaparecer na sua vida.

— Eu admirei você mais do que já fui capaz de admirar o Cris. Pra mim, você era o homem mais correto, justo, sensível e amoroso que já conheci. Incapaz de me magoar...

— Falou bem, eu era, até você me magoar primeiro.

— Uma pena que a minha conduta tenha sido capaz de mudar a sua essência. Se eu errei, peço perdão, mas, ainda ouso te pedir que não permita que o mal que te fiz seja tão grande a ponto de mudar quem você é. Seja maior que eu, seja maior que o Cris, maior que todos, seja simplesmente o Richard de antes, supremo na sua sensibilidade e grande no seu coração.

Richard nada disse, ficou sem voz. Isabelle pegou a bolsa largada no sofá e saiu sem olhar para trás.

O dia do julgamento chegou. Grávida de gêmeos aos 7 meses de gestação, Cris não queria que ela o acompanhasse ao Tribunal, mal conseguia disfarçar o próprio nervoso, mas, ainda sim, pensava ser mais importante poupá-la, bem como aos seus filhos, temendo um parto prematuro, tão comum no caso de dois bebês.

Isabelle nunca deu ouvidos a ninguém e foi ao julgamento, ignorando o discurso de Cris. Sentou-se na primeira fileira, dando-se conta de que no fim daquela fileira estava Richard. Trocaram um breve olhar. Ela ainda tinha a esperança de que ele tivesse refletido sobre as suas palavras e convencido Mabel a fazer um acordo, mas, ele pouco expressou com o breve olhar.

Aberto o julgamento, a Juíza logo perguntou se as partes entraram em acordo. Cris tentou argumentar, mas Mabel logo cortou, afirmando que não havia qualquer possibilidade de acordo, ao que a Magistrada esclareceu:

— Sendo assim, terei que passar, sem delongas, ao meu veredicto...

Todos olharam ansiosos para ela, que prosseguiu no discurso:

— A verdade biológica é inquestionável, o Senhor Cristopher Shay não é o pai de Elena Puckett Gibson Shay. Embora eu entenda que há um laço mais forte que o sanguíneo envolvendo o Senhor Shay e a infante, as leis e os precedentes de nosso País ainda não reconhecem esse tipo de paternidade, dita socioafetiva nos países latinos. Dessa forma, como devo seguir a orientação da nossa pátria, não há como atribuir ao Senhor Shay a paternidade e a guarda da menor. Logo, julgo procedente o pedido de destituição do poder familiar e guarda da Senhora Mabel Puckett Gibson e improcedente o pedido da outra parte, destituindo o Senhor Shay do poder familiar e atribuindo o poder e guarda exclusiva da infante para a mãe.

Cris não se conteve mais, caindo em pranto. Isabelle teve vontade de correr para ele, mas, foi contida por Sam, ao seu lado, que segurou seu braço e depois apertou a mão da filha, demonstrando estar com ela e que se contivesse mais um pouco.

A sessão foi declarada encerrada e Isabelle correu para o amado, que ainda chorava. Perto dali, Mabel e Richard comemoravam a vitória com abraços e beijos.

Mabel aproximou-se de Isabelle e Cris e disse, com ar triunfante:

— Passo mais tarde para buscar a Ellie, arrumem as coisas dela.

Richard completou:

— Se faltar alguma coisa, eu mesmo darei a ela, meu amor – beijando os lábios de Mabel – Ela terá um novo pai agora.

Isabelle fitava Richard sem acreditar no que ele se tornara. Cris, sentindo derrotado, disse apenas:

— Está bem.

Isabelle perguntou ao amado:

— Não podemos recorrer ainda?

— Podemos. Mas, por se tratar de uma ação de guarda, nada impede que a Mabel a leve mesmo antes de uma decisão final.

— Então, não vamos perder as esperanças. Pode ser um até logo e não um adeus.

— Tomara. Mas, em poucos dias ela faz 4 anos. Eu nunca passei um aniversário longe dela antes.

— E não vai passar esse também. Você vai visitá-la.

— Se Mabel não permitir?

— Minha mãe pareceu saber algo sobre a tia Melanie. Não gosto de chantagem, mas, é uma emergência.

A moça foi até a mãe que continuava sentada no banco, pensativa.

— Mãe, uma vez a senhora sinalizou saber algo da tia Melanie que poderia ajudar no caso da guarda da Ellie...

— Sei onde quer chegar... Quer que eu a faça obrigar a Mabel a devolver a Ellie? Não sei se minha artilharia chega a tanto...

— Nem tanto. Já seria muito bom se Cris pudesse estar com a filha no dia do aniversário dela de 4 anos.

— Vou ver o que posso fazer.

— Eu sempre posso contar com a senhora – abraçando a mãe.

Mais tarde, Sam tocava a campainha do apart hotel. Sabia que Mabel e Richard estavam no apartamento de Isabelle e Cris, a fim de buscar Ellie.

Melanie logo abriu a porta:

— Se veio discutir a guarda, nada mais pode ser feito. Você ouviu a Juíza no Tribunal...

— Não vim discutir a guarda, mas, tem algo que você pode fazer pela minha família... – empurrando a porta e entrando.

— E por que eu faria?

Sam deu um sorriso irônico antes de abrir a boca e começar a expor o que sabia.


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