Celle, o retorno escrita por Nany Nogueira


Capítulo 31
As bodas de prata




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Sam olhava-se no espelho, admirando a própria imagem num belo vestido de baile.

Enxergava que seu rosto apresentava pequenas marcas de expressão, as quais, com certeza, iriam se acentuar cada vez mais, a medida que a idade avançasse. Ainda assim, sentia-se bonita, talvez até mais do que nos seus 20 e poucos anos. Agora, que via-se com o dobro disso, estava mais segura, confiante e bem resolvida.

Ela não diria que o tempo a fizera mudar a personalidade, mas, certamente atenuara os seus traços mais agressivos. Depois de mãe, esposa, proprietária de um restaurante, chefe de muitos funcionários, sócia de Gibby e em breve avó, aprendera a ser mais flexível na convivência, mas, mole, jamais! Ainda sabia impor respeito.

Continuava perdida no seu reflexo e na sua imagem quando Freddie, trajando um elegante terno azul marinho, entrou, passando a mão na cintura dela, até a barriga, abraçando-a por trás e depositando um beijo no pescoço dela que a fizera se arrepiar. Ele percebeu e zombou:

— Mesmo depois de 25 anos de casados, ainda consigo despertar emoções fortes em você, Rainha Benson!

— Você se acha, nerd!

— Eu me acho mesmo. Eu me acho o cara mais sortudo do mundo por ter a mulher mais linda do mundo por todos esses anos! E que venham mais 25!

— Será que estaremos vivos até as bodas de ouro?

— Eu não tenho dúvidas disso, meu amor. Temos que viver para conhecer os nossos bisnetos, afinal, nosso primeiro neto já está chegando.

— Não quero ficar tão velha a ponto de ser um peso para a Belinha ou os gêmeos.

— Seremos um casal de velhinhos muito saudável e independente, e o mais importante: muito apaixonados, como sempre! – virando-a para ele e a puxando para bem perto num abraço.

— Você promete?

— Eu nem preciso prometer, isso já é um fato para nós. Depois de 25 anos, ainda temos dúvidas de nosso amor?

— Acho que não tenho mais nenhuma, embora tivesse muitas no início da nossa relação, as quais você mesmo dava causa, nerd! – dando um soco no braço dele.

— Ai! Sua mão ainda é bem pesada! Mas, que bom que superamos tudo, juntos!

— Quando nos conhecemos, aos 8 anos, você podia imaginar que construiríamos uma família juntos, que passaríamos mais de duas décadas casados?

— Eu te confesso que não, meu amor. Quando eu te conheci, você seria a última garota com quem eu gostaria de me casar.

— Valeu mesmo pela sinceridade.

— Vai dizer que você queria se casar comigo quando me conheceu?

— Certamente que não. Seu jeito nerd me irritava muito!

— Ainda irrita?

— Só às vezes, seu jeito fofo se sobrepõe na maior parte do tempo.

— Digo o mesmo. Apesar de você ainda me irritar de vez em quando com o seu jeito mandão, o brilho dos seus olhos azuis da cor do céu, do meu céu, se sobrepõem a tudo.

— Eu também amo o mel dos seus olhos, o mel é tão doce quanto o seu olhar e o seu beijo.

Os dois olharam-se profundamente, sorriram e tomaram os lábios um do outro. Sam já havia passado um batom vermelho e ambos ficaram com as bocas borradas, até ouvirem a campainha.

Sam falou, contente:

— Devem ser os gêmeos! – correndo para a sala.

Freddie tentou avisar:

— Amor, arruma o batom! – mas, ela nem escutou.

Sam abriu a porta e viu Eddie e Nick. Seus meninos lhe pareciam ainda mais bonitos, cada vez mais crescidos, aos 21 anos.

Nick logo reparou:

— Jeito novo de usar batom, mãe? – rindo.

Freddie apareceu ainda limpando-se com um lenço de papel e Nick completou:

— Desculpem-nos se chegamos em má hora – rindo mais ainda – Deveriam deixar isso pra lua de mel.

Eddie manifestou-se:

— Eles estão completando 25 anos de casados, não estão se casando novamente, então, não haverá uma lua de mel.

Freddie falou:

— Não precisamos de uma data para ter uma lua de mel, temos isso todos os dias, há 25 anos – passando o braço sobre os ombros da esposa.

Nick tirou onda novamente:

— Quem vê, pensa! Passaram todos esses anos entre tapas e beijos.

Sam respondeu:

— Aí é que tá a pimenta da relação. Não seríamos nós, se não fosse assim.

Eddie e Nick trocaram um olhar e riram.

Enquanto isso, num prédio a uma quadra do Bushweel, Isabelle tentava perceber alguma barriga no espelho, mas mesmo inclinando-se para frente, não via nada. Cris entrou e elogiou a moça trajando um belo vestido de festa. Ela perguntou:

— Você acha que é normal estar entrando no terceiro mês sem barriga?

— É cedo ainda, amor. Tenho certeza de que quando você menos esperar sua barriga vai esticar tanto que vai até se assustar!

— O ultrassom está marcado para a próxima semana. O médico disse que pode ser que dê para ver o sexo do bebê. Também fará exames para ver a saúde dele. Eu não me importo se vai ser menino ou menina, só quero que ele esteja bem.

— Eu também, minha querida! – colocando a mão na barriga dela – Mas, eu tenho certeza de que está.

Ela sorriu e mudou de assunto:

— Ellie vai com a Mabel para a festa?

— Vai sim. Estão todas se arrumando na casa da sua avó Pamela: Mabel, Melanie e nossa pequena Ellie, deve ir à festa que nem uma boneca de porcelana – falou ele, orgulhoso.

— Ellie já se parece mesmo uma boneca de porcelana, ficará encantadora num vestidinho de festa. Quando puder, dance com ela, isso irá criar memórias positivas para o futuro. Sinto saudades e me lembro com carinho até hoje de quando eu era pequena como Ellie e dançava sobre os pés do meu pai.

— Eu adoro dançar com a Ellie e certamente farei isso essa noite. Mas, tenho certeza de que sua mãe deixará uma dança para você e seu pai também, só não sei se ele a suportará em cima dos pés dele agora – rindo.

— Engraçadinho! – disse ela, rindo também – Melhor irmos logo! – puxando o rapaz, que trajava um smoking, pela mão.

Quando Sam e Freddie chegaram ao local, com Eddie e Nick, ficaram muito satisfeitos com o que viram. A decoração da festa estava lindíssima. Havia muitos garçons e outros funcionários do Buffet a postos. Foram recebidos pela cerimonialista que indicou onde era a mesa destinada para a família, ao centro, próximo ao bolo de cinco andares e à grande mesa onde seria servido o jantar. Os lugares estavam marcados: Sam e Freddie no centro, com lugares para os filhos, genro, irmã, sobrinha, sobrinha-neta e os pais do casal.

Mas, ninguém da família ainda tinha chegado. Para surpresa de Sam, os primeiros foram os amigos de Los Angeles.

Cat, Robbie, Valentina, Samantha, Goomer, Dice com a esposa Elisabeth e a pequena Megan, de 4 anos.

Jade e Beck, convidados, nada responderam, como já era de esperar, tampouco compareceram. Sam sabia que a amiga havia ficado com muita raiva depois do rompimento de Isabelle com Richard, rompendo qualquer contato com Sam e Freddie também.

Nonna havia falecido há poucos anos, depois de sofrer tanto com o Alzheimer, até o estado terminal. Cat e Valentina ficaram muito abaladas na ocasião, por serem muito apegadas, mas, aos poucos, foram superando o luto.

Quando Eddie e Nick viram a bela Valentina, então com 19 anos, ficaram bobos. A moça os cumprimentou educadamente, mas com frieza.

Nick não perdoou:

— Parece que nem nos conhece. Não se lembra de nós? Somos amigos de infância.

— Eu me lembro, mas, faz muito tempo que não nos vemos. Não somos mais crianças – respondeu ela.

Eddie falou:

— Pare de incomodar a moça. Perdão, Valentina, meu irmão é um palhaço.

— Não há o que perdoar. Agora, se me dão licença, vou acompanhar minha família à mesa – saindo.

Nick comentou com Eddie:

— O que tem de bonita, tem de nojenta! Mas, ela vai se dobrar aos encantos do “papai” aqui!

— Não brinque com os sentimentos da garota. Ela é filha da melhor amiga da nossa mãe.

— Quem disse que eu quero brincar? Se ela cair na minha rede, não solto mais!

— Você? Fiel a uma só? Até parece!

— Eu quero, eu posso e eu consigo! Basta que você fique fora da minha reta.

— Como assim?

— Eu percebi que não fui o único a reparar na Valentina. Mas, ela é minha! Fique fora disso!

— Você não vive dizendo que sou o nerd bobalhão que vai ficar para tio? Então, por que se preocupar comigo? – com um sorriso irônico.

Nick nada respondeu e se retirou, pensando num plano para se aproximar de Valentina naquela noite. Eddie simplesmente foi se sentar à mesa da família, ao lado dos pais.

Não tardou para Isabelle e Cris chegarem, cumprimentando a todos. Cat falou, empolgada:

— Sua mãe já me contou a novidade, Belinha! Ainda me lembro quando você nasceu, nem parece que faz tanto tempo assim, agora já vai ter o seu próprio bebê. Isso é incrível!

— É verdade, tia Cat. O tempo passa muito rápido mesmo.

Robbie perguntou:

— É menino ou menina?

Cris respondeu:

— Ainda não sabemos, o ultrassom está marcado para a semana que vem.

Alison havia acabado de chegar com Greg, então Isabelle e Cris pediram licença para receber os amigos.

Logo chegaram Carly, Gibby e Sophie. Depois, Pamela, Coronel Shay, Melanie, Mabel e Ellie, a qual, como era de se esperar, estava encantadora num vestido lilás rodado e com uma tiara de flores na cabeça.

Spencer, Audrey e Júnior, com 15 anos, não tardaram.

Marissa Benson e Charles vieram em seguida. E então, colegas de trabalho do casal e amigos de Seattle.

Em pouco tempo, o espaçoso salão de festas estava lotado. A banda começou a tocar e todos já estavam animados bebendo champanhe, vinho, água, refrigerante ou suco e comendo os petiscos da entrada.

De repente, Freddie subiu ao palco e pediu a palavra. Sam sentiu o coração acelerar, afinal, o que o marido estaria aprontando?

A loira ficou ainda mais nervosa ao ver Carly subir também. Nada disso estava programado. Se estava, não contaram à ela.


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