Onírico escrita por Deusa Nariko


Capítulo 8
Capítulo VIII: A Decisão


Notas iniciais do capítulo

Oitavo capítulo de Onírico!
Boa leitura!



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CAPÍTULO VIII:

A Decisão

•♦•

SAKURA SE DEMOROU MAIS do que imaginara com Sachiko, explicando à menina da forma mais simples que encontrou quais ervas ela poderia usar para preparar unguentos, quais abaixariam febres e quais preveniriam infecções. Foi enfática nos ensinamentos, mostrando-a quais partes da planta usar e quais descartar. Tinha sido bastante divertido, na verdade, e Sachiko se mostrou uma aluna muito aplicada, questionando-a e fazendo comentários inteligentes vez por outra, de modo que ela só retornou à estalagem de Mahina horas após haver se separado de Sasuke.

Depois de prometer que continuariam no dia seguinte no horário combinado, Sakura subiu o caminho estreito que levava colina acima com o sol às suas costas, refulgindo num céu alaranjado típico de poente. Nuvens grandes e lilases flutuavam segundo o vento, que também agitava a densa floresta verde montanha abaixo.

Ela se deteve, virando o corpo a fim de apreciar a paisagem. Sem dúvida era uma vista de tirar o fôlego de qualquer um. Iwaki era conhecido por sua beleza, era um dos motivos por que quisera conhecer o vilarejo pessoalmente e não apenas pelos relatos de sua mestra. Mas uma vez que ela e Sasuke conheceram pessoas tão gentis sofrendo sob a crueldade de bandidos inescrupulosos, uma vez que se envolveram com os assuntos daqueles aldeões indefesos, passou a agradecer por ter insistido tanto em chegar até ali. Aquelas pessoas precisavam deles.

Mas a descoberta daquele dia ainda a assombrava. As fichas de Sasuke abandonadas naquela caverna, o distanciamento recente dele depois de admitir que o alvo do bando era ele próprio, a conversa que ambos ainda precisavam ter... Tudo isso pesava nos seus ombros.

Suspirando, ela se aprumou e continuou a trilha, chegando à estalagem charmosa minutos depois. Atravessou a porta e encontrou Mahina sentada a uma mesa na área destinada às refeições dos hóspedes. Ela parecia concentrada ao analisar o conteúdo de um pergaminho, do qual ergueu os olhos assim que notou Sakura adentrar o recinto. Também bebeu um gole do chá fumegante do copo de porcelana que mantinha ao alcance da mão.

— Sakura-san, pensei que voltaria mais cedo, junto ao Sasuke-san — ela murmurou com cordialidade.

Sakura cruzou as mãos nas costas e se aproximou da mesa, ocupando o banco defronte para Mahina.

— Estava com a Sachiko-chan. Conhece?

Mahina aquiesceu em concordância.

— É uma menina adorável.

— Sim, muito. — Sorriu.

Mahina propôs à Sakura que bebesse chá junto a ela, mas Sakura alegou que precisava encontrar seu companheiro. Uma expressão de surpresa tomou o semblante dela à menção do nome de Sasuke.

— Ele saiu um pouco depois de chegar, e não voltou até agora — informou-a prestativamente.

Sakura ficou tensa de repente e se levantou, disfarçando a tensão no seu rosto com um sorriso.

— Obrigada, Mahina-san. Acho que vou esperá-lo no quarto, se não se importar.

— O jantar será servido às oito — Mahina acrescentou antes de beber outro gole do seu chá, focando sua atenção no pergaminho desenrolado que tinha diante de si outra vez.

Sakura passou por ela e seguiu em direção às escadas, chegando ao quarto que ocupava desde a noite anterior em menos de um minuto. Fechou a porta com um suspiro e se recostou à superfície sólida, só então se dando ao luxo de processar tudo o que descobrira naquele dia, colocando as engrenagens do seu cérebro engenhoso para trabalhar a fim de juntar as informações que tinham até o momento.

Sasuke era o alvo daquele bando criminoso. Aparentemente o bando tinha se instalado naquele vilarejo e começado a extorquir os aldeões um tempo depois do término da Quarta Guerra Ninja. Nenhum deles jamais teve o menor vislumbre do rosto do líder, de modo que apenas os seus subordinados vinham à Iwaki para coletar recursos e para fazer ameaças.

Sakura tocou o queixo com o dedo indicador e andou a esmo pelo cômodo, pensando. Com o corpo em movimento, achava mais fácil fazer todas as conexões entre as informações ou, pelo menos, tentar fazê-las. Aquelas fichas na caverna indicavam que o bando havia assassinado alguns Shinobis leais, possivelmente grupos enviados para caçá-los e exterminá-los. A probabilidade de que eram Shinobis de elite era imensa, então ela e Sasuke deveriam prosseguir com cuidado mais do que nunca.

Mordendo o lábio, deteve-se no meio do cômodo num gesto brusco. Seria melhor se Sasuke estivesse ali com ela para que discutissem aquela descoberta de uma vez por todas e eles pudessem encerrar aquele assunto, decidindo melhor como ajudariam aquelas pessoas. Onde você está?, ela perguntou com impaciência.

Sua resposta surgiu na soleira apenas minutos depois, entrando no recinto e fechando a porta, encerrando-os dentro do cômodo. Apesar da expressão serena, Sakura pensou ter visto certa tensão no modo como ele se movia. Sentada sobre o futon, com o conteúdo da sua mochila revirado, ela o assistiu se aproximar e se sentar ao lado dela. Finalmente ela o indagou:

— Aonde você foi, Sasuke-kun? Me deixou preocupada — censurou-o e, por um breve instante, enxergou culpa nos olhos dele.

— Precisava fazer alguma coisa — ele alegou e, ante o silêncio expectante dela, complementou em seguida: — Mandei uma mensagem para Kumo através de um falcão, alertando o Raikage sobre a condição de Iwaki. Também pedi cautela, em vista das ameaças que essas pessoas vêm sofrendo.

Sakura estava pasma.

— Você... enviou mesmo uma mensagem para Kumo?

— Não vi outra saída — disse com um meneio cansado da cabeça —, não depois do que descobrimos naquela caverna. Os Shinobis que eles assassinaram... Muitos deles eram leais a Kumo.

— Disse na mensagem que o alvo deles era você?

Sasuke meneou a cabeça, negando.

— E pediu por ajuda? Para que intervissem na situação?

O silêncio de Sasuke em seguida foi toda a resposta de que ela precisava. Sakura cerrou os olhos e suspirou. Toda aquela situação a tinha exaurido além de qualquer expectativa. Deixou os ombros caírem, pesados, enquanto Sasuke avertia o olhar, quase soando culpado quando proferiu as próximas palavras.

— Não sei como as coisas acontecerão a partir de agora. O Raikage com certeza responderá a isso enviando os seus melhores Shinobis para cá, para lidarem com a situação.

— E o que você pretende fazer? — Sakura perguntou com visível preocupação.

Ele foi categórico ao respondê-la.

— Assim que os Shinobis de Kumo puderem garantir a proteção dessas pessoas, vou atrair esses criminosos para longe daqui e lidar eu mesmo com eles. Se é a mim que querem, então me seguirão aonde eu for.

Sakura empalideceu, apertando um punho contra o peito, contra o coração comprimido pela angústia.

— Acha que podemos lidar com todos eles? Sozinhos?

Ele a olhou de viés, de um jeito incisivo que a levou a enrijecer e a se levantar num ímpeto de raiva. A decisão dele estava escrita em todo o seu rosto, na sua postura cautelosa e até mesmo um pouco distante.

— Não pode achar que... Shannaro! — ela explodiu.

Sasuke também se levantou, colocando-se diante dela. Olhou-a de modo mais suave, muito embora sua expressão parecesse ter sido esculpida em pedra devido à rigidez dos músculos do rosto.

— Não vou te envolver nisso, Sakura — declarou cateórico.

Sakura cerrou os dentes ao ponto de rangê-los, devido à raiva. Ela já antecipara a decisão dele, mas tê-lo declarando-a palavra por palavra equiparava-se a receber um soco no estômago. Ele estava mesmo decidido a afastá-la até que toda aquela situação terminasse?!

— Então é isso?! Vai me pedir para ir embora enquanto você fica para trás para lidar com todos esses criminosos?! Esqueceu que nem ao menos temos noção de em quantos eles estão e qual o nível dos seus poderes?!

Sasuke averteu o olhar, quase tomado pelo remorso.

— É a mim que eles querem.

Sakura apoiou as mãos nos quadris, soando intimidadora quando falou:

— E isso supostamente significa que eu devo te abandonar, não é?! Bem, tenho más notícias para você: eu nunca fujo de uma briga! E eu não vou te deixar para trás!

Sasuke crispou os olhos e franziu o rosto, trincando os dentes. O timbre dele continha um apelo, uma urgência que por mais que a comovesse não a demoveria de sua decisão de permanecer ao lado dele e de enfrentar tudo aquilo como deveria ser: juntos.

— Eu não vou te arriscar, Sakura. Eu já me decidi.

— Do que você tem medo? — ela o peitou, recusando-se a ceder. — O que te assusta tanto?

Ele não hesitou em respondê-la, olhando-a nos olhos.

— Me assusta que possam te usar para chegar até mim, Sakura. Que te tornem um alvo para me atingir. Se eles... — Sasuke se interrompeu de repente, lutando contra as palavras como se só o ato de proferi-las pudesse torná-las mais reais: — Eu não suportaria isso. Se te machucassem para me atingir.

As palavras dele a amoleceram, esfriando a raiva e a indignação que sentia. Ela sabia como era difícil para Sasuke se abrir sobre os seus sentimentos, sobre os seus medos. Ele tinha progredido incrivelmente nas últimas semanas, enquanto viajavam juntos, enquanto criavam uma rotina tranquila juntos, assim como uma intimidade crescente. Às vezes, ele mencionava eventos do seu passado para ela na calada da noite, quando estavam abraçados e o rosto dele estava pressionado contra o seu cabelo e a pele do seu pescoço. Compartilhava memórias ainda dolorosas dos dias que viveu ao lado da sua família, experiências traumáticas demais que ainda o faziam ter pesadelos perturbadores.

Sakura via o seu esforço, o seu empenho em deixá-la saber o que ele pensava, o que sentia. Por vezes, ele vocalizava seus pensamentos e sentimentos, por vezes bastaria deixá-la olhá-lo, sem se retrair ou recuar, por um momento para adivinhá-los inequivocadamente. Ela valorizava esses gestos vindos dele como se fossem a joia mais preciosa de todo o mundo — e, de fato, o eram.

Mas mesmo que conhecesse os medos mais profundos de Sasuke, não podia permitir que ele a afastasse do que julgava ser perigoso sempre que se sentisse inseguro, não havia a menor chance de que Sakura o abandonasse para lidar com aquela situação sozinho e ele próprio deveria conhecer o bastante dela para saber que ela não aceitaria aquela decisão docilmente.

Por isso se aproximou, mansa, dele, notando como a expressão no seu rosto continuava tensa.

— Eu sei que está sendo difícil para você — disse, num tom suave. — E entendo que a sua decisão tenha sido tomada baseando-se em experiências traumáticas que você não quer reviver. Mas precisa confiar em mim, acreditar que eu sei o que estou fazendo e que posso perfeitamente decidir por mim mesma se quero me envolver com essa situação ou não.

Antes que ele a interrompesse, Sakura lançou-o um olhar profundo que silenciou qualquer protesto.

— Você devia ter uma ideia de que poderíamos enfrentar uma situação como essa quando apareceu naquele povoado no país do Fogo e me pediu para viajar contigo, Sasuke-kun. E eu não estou fazendo isso apenas por você. Nós só descobrimos que você é o objetivo desses criminosos apenas horas atrás. Mas a questão é que eu quero ajudar essas pessoas também e nós tínhamos planejado cuidar disso juntos.

— Você não sabe por que eles estão atrás de mim — Sasuke murmurou, abatido.

— E isso pouco importa para mim — Sakura replicou, crispando o cenho.

— Eu cometi muitos erros, Sakura, feri muitas pessoas... E se a razão pela qual sou o alvo deles...

Sakura o interrompeu ao pousar as mãos na face dele, envolvendo-a com ternura e retendo seu olhar.

— Você já pagou pelos seus crimes. Foi julgado e foi absolvido de todos eles pelos únicos que podiam te sentenciar. — Balançando a cabeça emendou: — Então não me importam as motivações deles, se acreditam que estão fazendo justiça ou se se contentam com a vingança, você não pode ser punido, Sasuke-kun, porque continua se redimindo pelos seus erros até hoje pelo que ouço dos relatos das suas viagens através do Kakashi-sensei.

Sasuke não disse uma única palavra, mas a tensão no seu rosto abrandou, relaxando os músculos da face. Sakura acariciou-a uma última vez antes de afastar as mãos, mas não desviou o olhar do dele.

— Então não me importarei tampouco se você achar que deve me afastar agora, por acreditar que eu corro algum risco. Porque também foi minha escolha estar ao seu lado quando aceitei o seu pedido para vir contigo. Foi minha decisão, Sasuke-kun, e a partir daquele dia eu concordei que enfrentaria tudo por você, para ficar com você, e nós faríamos isso juntos.

“E, francamente, você me conhece. Não há a menor chance de eu te deixar para lidar com aqueles caras sozinho, shannaro! Não depois de tudo o que fizeram a essas pessoas.

Sasuke suspirou, por fim, aceitando a decisão dela de permanecer ao seu lado. Sakura sorriu, satisfeita. Então o surpreendeu em seguida ao apertar-se contra o corpo dele e erguer-se na ponta dos pés para beijá-lo. Não havia mais qualquer traço de resistência nele, e ele se entregou. Quando se afastou, ela tinha uma expressão travessa na face corada pela ousadia:

— Estamos juntos nisso até o fim, Sasuke-kun. Você não precisa mais se isolar e tentar carregar todo o peso do mundo sozinho. Eu estou bem aqui para te ajudar sempre que precisar, não se esqueça. Afinal... — O rubor nas faces dela se acentuou e os olhos claros e brilhantes se desviaram do rosto dele: — Somos um casal, não somos?!

Sasuke deixou escapar um riso baixo e abrupto, tão inesperado que a chocou. Mas quando o fitou novamente ele estava sorrindo como não sorria já havia algum tempo. A visão do sorriso fez seu coração bater mais forte.

— Está certa — ele admitiu. — Vamos continuar com o plano inicial.

— E segurar as pontas até a ajuda de Kumo de chegar — Sakura acrescentou, ela mesma sorrindo outra vez. — Presumindo que a sua mensagem alcance a vila da Nuvem.

— Alcançará — ele assegurou, pousando a mão no ombro dela.

Mais tarde, eles desceram para o jantar, no horário conforme Mahina havia informado. Havia uma mesa farta à espera deles e o cheiro que emanava das panelas ainda quentes fez o estômago de Sakura protestar. Ela mal tinha comido o dia todo.

Sasuke e ela se sentaram à longa mesa, defronte para a hospedeira.

— Isso tudo parece delicioso, Mahina-san! — Sakura elogiou-a, e ganhou um meio sorriso como resposta.

Os três se serviram e começaram a comer. O silêncio, apesar de inusual, não era de todo incômodo e abarcou a todos, até mesmo Sakura — que não encontrava assuntos que pudessem ser discutidos ou comentados —, em pouco tempo.

Disposta a mudar aquela situação e iniciar uma conversação agradável, Sakura provou uma porção do arroz e do tempura.

— Isso está mesmo muito bom, Mahina-san.

— Obrigada — ela agradeceu, fitando-a por um breve instante com seus intensos olhos dourados.

— Acho que só a minha kaa-chan faz um tempura tão gostoso quanto o seu. Tem família, Mahina-san?

Mahina não titubeou ao respondê-la, mas não ofereceu nada mais do que uma resposta vaga.

— Sim, tenho. Mas vivem longe daqui.

Sakura entendeu a deixa e não lhe perguntou mais nada. Mahina seguia sendo um mistério completo, muito embora não sentisse qualquer vestígio de hostilidade provindo dela.

O jantar prosseguiu, a comida estava deliciosa e, ao seu término, Sasuke e Sakura agradeceram pela refeição e decidiram se retirar. Depois de uma visita à casa de banhos, Sakura retornou ao quarto e encontrou Sasuke, também úmido do banho que tomara há pouco, deitado no futon. Ela se acomodou sobre o peito dele, enlaçando-o com braços e pernas, e, sem terem mais o que conversar ou discutir, desejou boa noite a ele e fechou os olhos para tentar dormir.

Mas o sono não veio. Sua mente estava agitada demais, seus pensamentos insistiam em tomar as mesmas direções, levando-a invariavelmente de volta àquela caverna, aos túneis úmidos e escuros, às câmaras esculpidas na rocha que guardavam inúmeros segredos a respeito daquele bando criminoso.

Sakura pensava com mais frequência do que gostava nos rostos dos Shinobis mortos, impressos nas fichas que encontraram, em como haviam se deparado com documentos confidenciais ligados a Sasuke, documentos que jamais deveriam cair em mãos erradas.

Depois de um tempo, e cansada de não conseguir pegar no sono, ela se levantou no escuro. Despiu a yukata e vestiu os shorts pretos e o vestido curto vermelho com gola chinesa. Não se preocupou em avisar Sasuke, ele estava dormindo profundamente e ela não queria acordá-lo só para dizer que caminharia um pouco ao ar livre.

Desceu as escadas e atravessou o vestíbulo da estalagem, deslizando a porta da frente e saindo para a noite fresca que fazia lá fora. Havia uma grande lua cheia no céu escuro, mas grandes nuvens flutuavam à deriva, encobrindo-a ocasionalmente e bloqueando a sua luz.

Sakura suspirou e fechou a porta silenciosamente. Um vento noturno contínuo varria o topo do aclive, balançando os galhos nas copas das árvores. Olhou para o vilarejo lá embaixo e se perguntou se Sachiko, Shouta e a família dela estavam bem. Imaginou como reagiriam à descoberta de que os criminosos tinham Sasuke como alvo.

Balançou a cabeça, dispersando o pensamento. Não fazia diferença. O fato de que estavam atrás de Sasuke não alterava absolutamente nada no plano deles. O bando criminoso ainda precisava ser detido.

Sakura se abraçou, de repente sentindo frio e falta do calor do corpo de Sasuke para aquecê-la. Estava prestes a retornar ao quarto para tentar dormir quando ouviu um galho se partindo ali por perto.

Imediatamente ela se colocou em alerta, sua espinha se enrijecendo como diamante, e olhou à sua volta, desconfiada e pronta para reagir ao menor sinal de perigo. Esperou por mais um ruído pelo próximo minuto, mas não ouviu mais nada. Um vento soturno não parava de balançar as copas das árvores, farfalhando nas folhas verdes. Apesar da lua cheia e clara, era uma noite excepcionalmente sombria.

Sakura se afastou um pouco da fachada da estalagem na esperança de atrair outro ruído, ou mesmo obter um vislumbre de cor na mata escura. Embrenhou-se um pouco no terreno, sentindo-se confiante o suficiente para fazê-lo, e abafou os passos na grama alta, tomando cuidado para não pisar num galho e delatar sua presença.

Depois de um longo momento com o bosque nos fundos da estalagem imerso em um silêncio profundo de novo, Sakura pensou ter ouvido outro galho se partindo mais adiante. Ela se esgueirou, movendo-se graciosamente de árvore em árvore, rumando em direção à origem do barulho.

Finalmente, chegou até uma clareira iluminada pela luz da lua e vislumbrou a silhueta das costas de uma mulher, de pé no seu centro, vestindo um familiar quimono amarelo. Sakura a reconheceu de imediato e ponderou entre se revelar a ela ou não. Afinal, o que estava fazendo naquele bosque tarde da noite e sozinha? Era possível que, como a própria Sakura, estivesse com insônia e tivesse resolvido curá-la com uma caminhada ao luar? Pouco provável, concluiu.

Mas ao vislumbrar o que carregava numa das mãos, seu brilho metálico reagindo à luz do luar, Sakura congelou onde estava e observou quando a mulher desembainhou completamente uma longa katana, virando-se na direção do seu esconderijo e declarando com firmeza:

— Sei que está aí, Kunoichi da Folha. Por favor, revele-se.

Incrédula, Sakura resistiu ao convite, permanecendo onde estava. Mas então Mahina despiu-se depressa do quimono amarelo que vestia para revelar o traje ninja discreto que usava sob a vestimenta, e adotou uma postura ofensiva, posicionando a bela katana diante do corpo.

— É melhor que venha até mim por livre e espontânea vontade, aprendiz da Princesa das Lesmas. Já faz algum tempo que venho querendo testar as minhas habilidades contra você.

E, dizendo isso, avançou na direção de Sakura com a katana em riste, não lhe concedendo uma oportunidade de recusa para a sua oferta.

 

 


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Notas finais do capítulo

E agora?! Qual será o propósito da Mahina? No próximo capítulo teremos respostas!

Até o próximo! Xoxo



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