Poder e Controle II escrita por Anne


Capítulo 6
''Get Free''




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Sometimes it feels like I've got a war in my mind
(Às vezes, parece que tenho uma guerra na minha mente)
I want to get off, but I keep riding the ride
(Eu quero sair, mas eu continuo seguindo em frente)
I never really noticed that I had to decide
(Eu nunca percebi realmente que eu tinha que decidir)
To play someone's game or live my own life
(Entre jogar o jogo de alguém ou viver minha própria vida)

Agora as aulas estavam mais puxadas: Transfiguração e Feitiços passaram a exigir feitiços não-verbais, Theodore Nott começara a encher sua paciência exigindo ajuda com os feitiços e os metros de pergaminho de tarefas extracurriculares pareciam ter dobrado. Além de dividir sua atenção entre Nott e Zabini, que estava se desesperando antes mesmo dos exames começarem, Annelise também ajudava Krystal, que assim como ela no ano passado estava enfrentando o triplo das tarefas, já que os professores queriam testar sua educação em Ilvermorny. Quando pensava estar livre, Slughorn a convidava para jantares, os quais ela nunca recusava já que Zabini não lhe dava a oportunidade, a seguindo para todos os lugares tagarelando sobre como ela deveria ser uma boa amiga e acompanhá-lo naquela chatice. Com tudo isso acontecendo, mal lhe sobrava tempo para conversar com Draco. Desde o dia na porta da sala de Poções, eles não haviam tido nenhum outro beijo, com ou sem língua, não se aproximavam o suficiente nem mesmo para um simples encostar de dedos. Draco parecia sumir quando não estavam em aula e estava constantemente lendo diversos livros diferentes. Parecia estressado e inquieto, não ficava no salão comunal e ia direto para o dormitório quando voltava de sabe lá onde. Annelise não ficou tentando falar com ele ou descobrir o que estava acontecendo: sabia que provavelmente era relacionado à missão e não queria invadir seu espaço pessoal. Se ele precisasse, falaria com ela.
Na sexta-feira, antes do passeio ao povoado no sábado, depois de longas cinco horas passadas na Biblioteca com Krystal, Annelise voltou para a sala da Sonserina sentindo a cabeça latejar. Se surpreendeu ao encontrar Draco sentado com Nott, Zabini e Goyle, jogando uma partida de xadrex bruxo contra Crabbe enquanto os outros faziam apostas. Annelise se sentou numa poltrona de couro preto, observando.
— Que bom que apareceu, Morgerstern! — Disse Theodore, com um sorriso largo. Ele bagunçou o cabelo, a olhando.
— Não se atreva a me perturbar, Nott. Já estou com a cabeça cheia... — Murmurou ela. A partida parou e os garotos começaram a olhar de um para o outro. Ela fechou os olhos, massageando as têmporas.
— Não ia te perturbar. Queria te perguntar se você quer ir num encontro comigo.
Annelise o encarou em choque. Olhou para Draco, que não demonstrava reação, e voltou-se para Nott.
— Eu...
— Pode aceitar, Morgerstern. Não sou seu namorado. — Declarou Malfoy, num tom de deboche. Annelise sentiu o sangue ferver e ficou em silêncio por alguns minutos, engrenagens girando em seu cérebro.
— Fico feliz em aceitar, Theodore.
Sem chance de resposta, ela se levantou num salto e subiu para o quarto, batendo a porta com força ao passar. Rosnando, se jogou na cama e suspirou pesadamente, sentindo o estresse dar lugar ao cansaço outra vez.


O sábado amanheceu congelante. Annelise pulou da cama e vestiu calças de couro de dragão pretas, botas, um suéter de lã que batia em suas coxas e por cima. Olhando-se no espelho, achou graça de cada peça ser preta e resolveu colocar o cachecol verde escuro da Sonserina ao redor do pescoço. No último minuto, decidiu colocar também a touca e finalmente saiu do quarto, procurando por Theodore no Salão Comunal.
— Ele já saiu. — Disse Zabini, parando ao lado dela. O amigo estava excepcionalmente bonito, usando todas as peças de roupa pretas também. — Nott, eu digo. É difícil acompanhar sua vida.
— Vou te azarar. — Ameaçou com um sorriso. — Como assim ele já saiu? Esse idiota não tem amor na própria vida? Como me convida para sair e não me espera?
Blásio deu de ombros mas não respondeu, pois Daphne Greengrass enlaçou seu braço e o puxou para fora da sala comunal. Bufando, Annelise apertou o passo e seguiu os dois de longe, procurando Krystal e Draco com os olhos. Quando chegou nas portas de carvalho, parou diante da enorme fila que se formava atrás de Filch batendo o pé com impaciência. Viu Draco parado, vestindo um sobretudo preto, mas ele não falou com ela. A olhou rapidamente e encarou um ponto atrás dela. Annelise se virou.
Theodore Nott vinha agasalhado com roupas cinzas e pretas, o que destacava ainda mais o buquê de doze gerbéras rosas com um laço branco de cetim amarrando-as juntas. Ele parou diante dela e sorriu, estendendo o buquê.
— É pra você.
Annelise estava imóvel, sentindo o sangue pulsar em seus ouvidos. De tudo que havia enfrentado até aquele momento em sua vida, aquele parecia o mais difícil. Ficou longos minutos encarando o braço estendido, e então as flores. Quando um tom avermelhado subiu pelas bochechas de Nott pelo número de pessoas dando risadinhas do acontecido, ela piscou e pegou as flores, sorrindo tão largo que os músculos do rosto doeram.
— Que gentil, Nott. Muito obrigada.
Ela passou os dedos pelas pétalas macias, sentindo ele se aproximar e ficar ao seu lado.
— Hum, você gostou mesmo? Eu não sabia o que fazer... Venho agindo como um idiota com você por perto.
— Eu gostei sim, é claro! — Annelise sorriu para ele. — Tem mesmo! Mas eu também me comporto como uma idiota às vezes.
As flores favoritas dela continuavam sendo rosas, mas havia verdadeiramente ficado feliz com o presente do rapaz.
— Nomes! — Guinchou Filch, atraindo a atenção dos dois. — Deixe-me ver essas flores!
— Não se atreva! — Retrucou Annelise, tirando o buquê do alcance das mãos dele. — Não se preocupe, Filch, não tem nenhuma maldição mortal nelas.
— Theodore Nott e Annelise Morgerstern. — Ele se meteu entre os dois, pois Filch parecia prestes a ter um ataque. Ele passou o sensor de segredos nos dois e os liberou para passar, olhando desconfiado para as flores que ela segurava junto ao peito. Caminharam lado a lado e em silêncio até Hogsmeade, enfrentando o frio que parecia congelar os dedos aos poucos. Finalmente pararam na entrada do vilarejo, dando uma olhada ao redor.
— Olha só, fecharam a Zonko's. — Annelise comentou.
A loja de logros estava apagada, cheia de madeiras pregadas nas janelas e na porta. Parecia um pouco sombria, fazendo Annelise se perguntar se tinham fechado por medo ou se teriam sido sequestrados também. Ela mordeu o lábio inferior, pensativa.
— Então... onde você quer ir? — Começou Theodore, enfiando a mão nos bolsos. — Casa de chá da Madame Puddifoot? — Annelise fez uma careta de horror que o fez rir. — Tudo bem, não imagino você frequentando um lugar desses, de qualquer maneira...
— Já fui uma vez. Com Blásio. — Respondeu com um sorrisinho.
O que?! — Surpreendeu-se, as sobrancelhas arqueadas. — É mesmo? Não sabia que...
— Ah, não, não! Nada disso! — Ela riu. — É uma longa história. Que tal o Três Vassouras?
— Ah sim, obrigado! — Theodore sorriu, dando o braço para ela. Annelise segurou-o, sentindo-se ligeiramente envergonhada, e os dois caminharam para dentro do estabelecimento com pressa, sendo recebidos por uma lufada de ar quente que os fizeram suspirar de alegria. O bar estava, como sempre, cheio de gente. Procuraram por uma mesa e se sentaram, tirando os casacos pesados e jogando em uma das cadeiras vazias. Theodore se levantou para fazer os pedidos e deixou Annelise sozinha. Ela olhou ao redor, entediada, vendo Draco sozinho numa mesa afastada encarando um embrulho preto. Esticou o pescoço, tentando dar uma espiada.
— Olá, senhorita. Gostaria de dar uma olhada nos meus pertences? — Um homem atarracado e fedendo à álcool e fumo parou ao lado dela, tirando algumas coisas de uma bolsa de couro marrom e exibindo para ela.
— Não, obrigada. — Agradeceu, virando o rosto. Algo lhe chamou a atenção: uma das taças de ouro que ele exibia continha um brasão que não lhe era estranho. — Deixe-me ver isso.
Annelise puxou-a da mão dele e olhou com calma. Era o brasão da família Black.
— Essa é muito especial, tem vários anos de...
— Como é seu nome?
— Fletcher. Mundungo Fletcher.
Ela jogou a taça dentro da bolsa outra vez e o olhou com desprezo.
— Não se deve roubar dos mortos, senhor Fletcher. Saia daqui. — O homem pareceu perder a cor por um instante, a boca aberta de choque. — Vá antes que eu decida te azarar.
Mais do que rapidamente, Mundungo fechou a bolsa e correu para fora do bar, com gritos da Madame Rosmerta sobre ele fazer comércio dentro do bar dela. Narcisa e Bellatrix não pisavam na antiga casa dos Black havia anos, o que a fez pensar que ele havia roubado os pertences da família depois da morte de Sirius Black. Pensou em Potter e em como ele ficaria furioso quando soubesse. Pensou ainda na própria casa, cheia de tesouros antigos de gerações de sua família e em como ela mataria quem quer que tentasse entrar sem sua autorização. Olhou para Draco mais uma vez e o viu encarando-a, então procurou por Theodore e viu que o rapaz enfrentava uma fila monstruosa no bar, conversando animadamente com outro aluno da Sonserina.
— Annelise. — Murmurou uma voz perto de seu ouvido. Ela se sobressaltou, olhando para o lado direito. Draco estava abaixado ao seu lado.
— O que você quer? — Perguntou com azedume.
— Preciso da sua ajuda.
— É mesmo? — Deu um sorriso sarcástico. Os olhos de Draco estavam levemente arregalados. Ele checou se ninguém estava ouvindo. — Preciso que leve isso para o banheiro feminino. Me ajude a entrar lá sem ninguém ver.
— Pra que?
— É... é para...para Dumbledore. — Ele engoliu em seco. — Está enfeitiçado. — Annelise baixou a cabeça, em choque.
— Cala a boca, quer ser ouvido? O que pretende fazer com isso?
— Enfeitiçar alguma aluna para enviar pra ele.
Annelise passou a língua nos lábios, olhando para as pessoas. Ninguém parecia notar os dois, agachados e sussurrando. Puxou a varinha do casaco e bateu na cabeça dele, murmurando o encantamento para o feitiço da desilusão. Imediatamente, Draco se transformou num camaleão transparente, seu corpo assumindo a cor do que estava atrás dele.
— Me dá o embrulho.
— Cuidado, pegue no tecido. Coloquei magia negra nele. — Advertiu Draco. Annelise arregalou os olhos, tentando encontrá-lo, mas só conseguia enxerger levemente o contorno de seu corpo. Segurou o embrulho contra o corpo e se levantou, acenando para Theodore de longe e indicando o banheiro. Sentiu Draco caminhar muito perto dela e, rapidamente, entraram no banheiro feminino que estava vazio. Annelise colocou o pacote na pia e se virou para onde achava estar Draco.
— E agora?
— Estou aqui. — Ele bateu em seu ombro. Ela se virou. — A primeira aluna que entrar vou enfeitiçar.
— O que vai fazer?
— Maldição Imperius.
Os dois ficaram em silêncio, olhando o pacote, até ela ouvir passos cada vez mais perto. Se enfiou num banheiro e deixou a porta entreaberta para espiar. Ana Abott entrou no banheiro sozinha e se enfiou em uma cabine, ficando alguns minutos lá dentro e em seguida puxando a descarga. Annelise enxergou o contorno imóvel de Draco enquanto Ana lavava as mãos e saia do banheiro, batendo a porta.
— Ela estava sozinha, por que não fez?
— Não consegui. — Sua voz estava rouca.
— Draco... — Annelise suspirou. — Eu sei como é isso, mas você precisa se esforçar!
— Eu nunca realizei uma Maldição Imperdoável antes!
Annelise ficou quieta.
— Entra aqui na cabine. Se alguém entrar em grupo vão esbarrar em você. — Ela abriu toda a porta e o sentiu passar, esbarrando nela levemente. Tornou a encostá-la. — Que encantamento você colocou naquilo? O que é aquilo?
— É um colar. Demorei dias para obter sucesso. Peguei uma maldição no livro ''O Quarto Livro da Filosofia Oculta: Demonologia e Bruxaria''.
— Como diabos entrou com isso em Hogwarts? É livro de magia negra!
— Não posso te dizer. — A porta do banheiro abriu e um grupo de meninas risonhas entraram. Annelise fechou sua porta e ficou em silêncio.
— E o que você vai fazer então, Romilda? Potter nem sabe da sua existência. — Comentou uma delas, com a voz estridente.
— Ora, poção do amor, é claro! Soube que o professor Slughorn tem um caldeirão de Amortentia na sala dele.
Elas explodiram em gargalhadas ao mesmo tempo que duas descargas eram puxadas.
— Duvido que você vai conseguir roubar Slughorn!
A porta do banheiro bateu e uma torneira pingando era o único som presente no banheiro.
— Que idiotas, elas nem viram o pacote! Enfim.... Deixa que eu faço. — Annelise declarou.
— O que?
— Eu executo a Imperius. Você já mexeu com coisa pior pra isso. Deixa que eu faço.
— Não, vo-
Novamente, alguém entrava no banheiro. Annelise puxou a porta e espiou para fora. Katie Bell, da Grifinória, arrumava o próprio cabelo encarando o espelho, dando olhadinhas curiosas para a embrulho na pia. Annelise pegou a varinha, sentindo a mão de Draco segurar seu pulso e puxou, olhando feio para onde imaginou estar seu rosto. Esticou a varinha, apontando para a cabeça da menina.
Imperius! — Um fio vermelho saiu da ponta de sua varinha e arrastou-se até a cabeça dela, parecendo entrar dentro de sua cabeça. Os olhos de Katie ficaram vidrados e vermelhos e seus braços caíram ao lado do corpo, sem se mexer. Annelise abriu a porta e saiu da cabine. — Katie Bell, quero que você pegue esse presente e entregue para o professor Dumbledore. Não deixe ninguém te impedir, saia desse banheiro com o presente e não pare até entregar nas mãos de Dumbledore e somente Dumbledore. Você nunca me viu aqui. Você não sabe quem te mandou fazer isso. Você só encontrou o presente e sentiu que precisava entregar para ele. Agora vá.
Annelise baixou a varinha, assistindo a menina pegar o embrulho e sair quase correndo do banheiro com ele nos braços.
— Você não precisava fazer isso. — Disse Draco, com a voz rouca.
— Essa é uma tentativa burra. Você não consegue simplesmente falar com Dumbledore sem marcar um horário, mas espero que dê certo. — Ela abriu a porta do banheiro e saiu, sem olhar para trás. Viu Theodore sentado na mesa, de costas, olhando para os lados. Duas cervejas amanteigadas esperavam com ele, o buquê de flores na mesa. Apertou o braço e quase pulou no banco.
— Que bom que resolveu se juntar à mim. — Nott sorriu com sarcasmo.
— Desculpe. — Annelise sorriu. — Encontrei uma amiga e acabei me distraindo.
— Tudo bem. — Ele não pareceu acreditar, no entanto. — Pedi uma cerveja amanteigada pra você, não sei se gosta...
— Eu gosto. — Ela puxou o copo e tomou o primeiro gole, sentindo o líquido preencher sua boca. Theodore bebeu do seu copo, parecendo procurar algo para dizer. Annelise o analisou: ele era inegavelmente bonito. Costumava ser muito quieto e de poucas palavras, por isso desconfiava da razão por ter lhe chamado para sair, quando no ano passado mal olhava para ela.
Parecendo ouvir seus pensamentos, ele começou a falar.
— Talvez meu convite tenha sido inesperado...
— Claro que foi.
Ele pareceu ligeiramente desconcertado e ela sorriu largamente, incentivando-o.
— Você chama minha atenção desde o ano passado, sabe? Mas parecia sempre alheia ao mundo, ou enterrada em livros e pergaminhos. — Deu de ombros. — Aí percebi que Draco se aproximou e, sei lá, as coisas começaram a rolar entre vocês.
— E o que te fez tentar? — Ela riu. — Principalmente agora.
— Que as coisas estão mais sérias entre vocês? — Theodore riu. — Exatamente isso. Como não é nada oficial e parece estar mais sério, decidi tentar logo antes que... antes que perdesse a chance. De uma vez. E, bom, eu sei que você só aceitou porque ficou brava com ele.
— Desculpe. — Annelise sorriu. — Mas realmente foi inesperado.
— Sou eu quem deve pedir desculpas. — Theodore deu de ombros, terminando sua cerveja. — Então, o que gosta de fazer?

{...}


O encontro com Theodore acabou assustadoramente bem. Ele era divertido, educado e gostava muito de ouvi-la falar. Annelise se surpreendeu sobre como o tempo passou rápido e logo estavam voltando para o castelo, com sacolas cheias de doces e conversando sobre as coisas mais aleatórias. Theodore não falava muito sobre a família e Annelise também fugiu das perguntas que ele fez sobre os Morgerstern. Se despediram no salão comunal da Sonserina, quando ele decidiu subir para o dormitório masculino e ela levou seus doces para o malão no quarto. Voltou, dando uma olhada geral nos sofás de couro vazios e franziu a testa. Decidiu ir procurar por Krystal, pois não gostava nada de estar distante da amiga.
Encontrou-a na mesa da Grifinória, conversando sobre alguma coisa com os olhos arregalados. Em sua companhia estava Parvati Patil, que olhou Annelise com desprezo quando ela se aproximou da mesa.
— Krystal, poderia doar um minuto do seu tempo para sua velha amiga? — Pediu, cruzando os braços e fingindo que Patil não estava ali. Krystal se virou.
— Annelise! Parvati, eu volto logo. — Ela se levantou e puxou Annelise pelo braço para fora do Salão Principal até chegarem nas escadas. Sentando-se em um degrau, ela bateu a mão ao seu lado para que a amiga fizesse o mesmo, mas Annelise permaneceu de pé, cruzando os braços.
— Agora você é amiga de Parvati Patil? — Perguntou, a rosto se retorcendo numa careta.
— E você é amiga do pior tipo de gente nessa escola. — Krystal defendeu-se. As sobrancelhas de Annelise se ergueram tanto que ela sentiu os músculos do rosto repuxarem. Olhou para os lados antes de responder.
— Eu sou o pior tipo de gente. Bom saber que essa é sua opinião. — Ela se virou, pronta para sair marchando de volta para as masmorras, mas sentiu Krystal puxá-la pelo pulso.
— Eu me expressei mal, desculpe. Deixe de ser dramática.
Annelise se sentou, ainda emburrada.
— Peço desculpas também. — Disse, a contragosto.
— É que estou assustada, sabe. Uma garota foi atacada hoje, voltando do vilarejo.
— O que? Como assim? Não soube de nada!
— Bem, não sei dizer exatamente. Ela é da Grifinória. Katie Bell, se chama. Não foi atacada, foi enfeitiçada. Levava um negócio estranho e não deixava ninguém pegar, até que a embalagem abriu e ela acabou tocando sem querer. Subiu no ar gritando e tudo. Os professores estão todos com ela na enfermaria, mas parece que vão mandá-la para o hospital bruxo.
A sensação era a mesma de estar sendo esbofeteada inúmeras vezes seguidas. Tentou controlar as expressões faciais, mas Krystal, que continuava contando sobre o acidente, nem percebera a palidez que tomara conta do rosto de Annelise.
— Vão levá-la para o St. Mungus? — Perguntou, ouvindo sua voz sair rouca.
— Sim, isso. — Ela assentiu. — Todo mundo ficou sabendo! Onde você esteve?
— Perdi a noção do tempo em Hogsmeade. — Annelise esfregou as mãos na calça disfarçadamente ao notar que suavam. Precisava encontrar Draco com urgência. Ele devia estar se sentindo péssimo, ainda pior do que ela. Ela se virou para Krystal, com seus brilhantes olhos a encarando. Se ela se levantasse e saísse, seria a segunda vez que daria as costas para Krystal para ir atrás de Malfoy. Não queria ter que escolher entre os dois.
— Coitada, não é? A amiga dela está um caco. Eu morreria se algo acontecesse com você. — Krystal continuou, os cachinhos balançando conforme ela movimentava a cabeça. Annelise umedeceu os lábios e deu um sorriso nervoso, abraçando a amiga.
— Eu também! Eu também, Krystal. Sempre vou te proteger. — Declarou, com o rosto enfiado no cabelo de Krystal. A promessa era mais para ela mesma do que para a outra, no entanto.
— Eu te amo, você sabe! — Abraçava Annelise com força. — Mas agora preciso ir. Combinei uma coisa com Lilá e Parvati e não posso cancelar, mas amanhã quero você comigo o dia todinho!
— Está bem. — Annelise sorriu, vendo ela se levantar. — Até!
Observou Krystal até sumir de vista ao entrar novamente no Salão Principal. Suspirando, ela se levantou para procurar Draco. Procurou nas masmorras, no primeiro andar, no segundo, e enfim quando chegou no terceiro, esbarrou-se nele.
— Draco! — Exclamou, segurando-o. Ele a olhou, seu rosto entregando cansaço. Parecia levemente abatido. — Você-
— Aqui não. — Disse ele, olhando para os lados. Segurou-a pelo pulso e a levou até a primeira porta que apareceu, a abrindo e dando a sorte de encontrar uma sala de aula vazia. Ele entrou esfregando as têmporas e se sentou numa carteira. Annelise fechou a porta e foi até ele. — Você já soube? Sobre a menina...
— Bell, sei. Eu soube agora.
Ele não disse mais nada. Engoliu em seco, o pomo de adão subindo e descendo. Parecia incapaz de olhar para Annelise, fitando as botas dela. Ela decidiu ficar em silêncio também. Não queria invadir o espaço dele. Sentou-se na cadeira em frente a carteira onde ele estava e o observou. Ficaram assim por pelo menos dez minutos até ele umedecer os lábios e a olhar nos olhos.
— Como foi com Theodore hoje? — Perguntou com o tom de voz seco.
Annelise segurou um suspiro.
— Surpreendentemente legal. — Disse, esperando qualquer reação de Draco. Ele tornou a ficar quieto e pensativo, ela quase podia ouvir as engrenagens girando em seu cérebro. Ele fitava o anel com o brasão Malfoy em seu dedo, então ergueu os olhos outra vez.
— Ele te beijou?
Ela o fitou, ligeiramente surpresa. Não esperava que a pergunta viesse tão rápida e direta assim.
— Não, claro que não.
Draco assentiu.
— Não vou te impedir de sair com ele. — Declarou, olhando a janela. Annelise só o encarou, sem dizer nada. — Não seria justo se eu fizesse isso.
— E por que?
— Eu... — Draco suspirou audivelmente. — Nada, deixa pra lá. Vamos descer, já está na hora do jantar.

 


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Notas finais do capítulo

O próximo capítulo é na visão da Krystal pq me deu uma vontade enorme de escrever no ponto de vista dela KKKKKK e ele é sobre o aniversário da Annelise! Tem mais informações sobre os amigos de Ilvermorny... estou ansiosa pra postar!


Comentários, por favor!! ♥ Minhas aulas voltaram e eu preciso de um estímulo de vocês!! Beijo amores!



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