Favorita escrita por Urano


Capítulo 1
As memórias de Frank




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Favorita
Alice (sempre) seria sua lembrança favorita

Frank tinha uma péssima memória.

Desde que se lembrava havia sido assim. Isso então, é claro, exigia dele uma dedicação maior para tudo. Quando pequeno, tinha de se esforçar ao máximo para não se perder de sua mãe, porque de jeito nenhum poderia descrever a roupa que sua mãe estava usando no dia para alguém, caso precisasse encontrá-la — Mesmo que Augusta usasse chapéus berrantes e vestidos coloridos. Quando entrou para Hogwarts, tinha de vencer rapidamente a timidez e ser simpático; se não fizesse amigos, com certeza perderia aulas e acabaria dormindo em corredores, por que não conseguia se lembrar dos caminhos a seguir — não ajudava Hogwarts ser o labirinto que era. Quando era obrigado por seu pai a ir em uma daquelas reuniões de família, com todos aqueles sangue-puros, sempre acabava ofendendo alguém, mesmo sem querer; não era culpa dele de que não, seu rosto não me é familiar e eu não consigo me lembrar do seu nome, me desculpe.

Eventualmente, seu pai desistira das reuniões sociais. Augusta já era difícil, com seus modos e sua personalidade que a impedia de simplesmente se importar com o que pensavam dela — um filho que não sabia o nome do sabe-se-lá qual cara ocupava tal posto importante do ministério, como daquela ultima vez, não ajudava; Na última tentativa de seu pai em manter relações com seus familiares sangue-puro, o tal funcionário importante do ministério tentou uma conversa falsamente simpática por cerca de dez minutos; quando percebeu que Frank não se lembrava de quem ele era, ou que não conseguia se lembrar qual a posição do cara no trabalho (mesmo depois dele ter enfatizado isso duas vezes), o homem se levantou da mesa e se afastou, ofendido. Quando seu pai suspirou, Frank deu de ombros — sempre dissera que gente rica se ofendia fácil demais.

Uma vez, Remus lhe sugerira que sua memória ruim era falta de atenção. Tanto faz.

Pairando acima de tudo isso, havia Alice.

Lembrar de Alice... não era tão difícil. Ela não tinha uma personalidade ou aparência marcante (para os outros, pelo menos). Cabelos e olhos castanhos, voz doce, não muito alta, também não muito baixa. Alguém fácil de se misturar na multidão.

Mas, por algum motivo, Frank não a esquecia. Ela era sua lembrança favorita, se pudesse chamar assim.

Alice era a prima que ele se lembrava de procurar, aquela que fazia os jantares em família valerem a pena; Alice era a melhor amiga, a que sussurrava em seu ouvido o nome das pessoas e ficou consigo em Hogwarts; e, então, Alice era a garota favorita, aquela que Frank não se importava em ter de lembrar histórias ou datas de aniversários — Frank conseguia lembrar dela, e, um dia, acordou decidindo que ela deveria saber disso.

"Você, Alice" sussurrou, quando o céu começava a escurecer e eles observavam o movimento ficar cada vez mais escasso nos jardins. Não era incomum eles terminarem ali, sozinhos, debaixo daquela árvore "É minha lembrança favorita"

"Lembrança favorita?" ela murmurou, parecendo achar um pouco de graça, sem entender "Como assim?"

"Ah, bem" ele começou, e então parou um momento, porque não sabia como colocar isso em palavras "Somente isso. O par de olhos que eu gosto de olhar. O melhor nome para ver em uma carta endereçada a mim, nas férias. Meu melhor jeito de passar o fim de tarde, como hoje. Todas essas — você é minha melhor parte para lembrar."

Frank não sabia se estava fazendo sentindo, mas não sabia se realmente havia como expressar corretamente o que queria. Algo havia aparecido no rosto de Alice, porém, e era bonito e intenso de se observar, a emoção no rosto dela. Frank notou como estavam próximos e como ele conseguia se lembrar de cada parte do rosto dela, as sardas de seu rosto se distribuindo em padrões tão familiares para ele. Nenhuma outra pessoa ou coisa poderia despertar algo parecido nele, a sensação de familiaridade, perceber que sim, ele reconhecia facilmente aquilo.

"Você é minha lembrança favorita" repetiu, esperando que agora ela entendesse. Estavam realmente próximos agora. Conseguia sentir a respiração dela em seus lábios "E eu nunca esqueceria de você."

Não foi nenhuma real surpresa quando eles se beijaram. Ou quando apareceram de mãos dadas pelo castelo. Era algo que todos estavam esperando, Frank e Alice, juntos, a história doce deles, que faziam as garotas suspirarem.

Foi só no dia do casamento deles, tanto tempo depois, quando eles sorriam emocionados um para o outro, a cerimônia discreta em favor da guerra; Alice sorrira para ele e, quando eles finalmente deram o primeiro beijo de casados, se ergueu na ponta dos pés para falar no ouvido do — agora — marido.

"Você é minha lembrança favorita também, Frank" e deixou um beijo embaixo de sua orelha, onde ninguém poderia ver.

Mais tarde, naquela mesma noite, quando todos os convidados já haviam ido embora — a guerra não permitia que qualquer um ficasse fora até tão tarde, principalmente quando todos os seus amigos eram membros da Ordem —, os dois dançavam nos braços um do outro no salão vazio. Não havia música. Eles não se importavam.

"Quando nos encontramos pela primeira vez no trem para Hogwarts, no primeiro ano," Alice começou, brincando um pouco com os fios de cabelo dele enquanto eles se moviam juntos "você não se lembrou do meu nome, mesmo que já tivéssemos nos encontrado tantas vezes naquelas festas familiares ridículas."

"Desculpe" ele disse, apenas por reflexo. Parecia que era o que ele deveria responder a aquilo.

Alice revirou os olhos.

"Não se preocupe com isso" ela brincou "Quando eu repeti o meu nome, você parecia tão constrangido por não se lembrar. Foi tão fofo."

"Normalmente, as pessoas ficavam ofendidas quando eu não conseguia me lembrar delas" Frank murmurou "Não é minha culpa se eu tenho uma memória de merda."

Alice se ergueu um pouco na pontas dos pés para beijá-lo, lentamente.

"Eu olhei para você, Longbottom, e prometi a mim mesma" disse, os olhos brilhando "que eu faria você se lembrar de mim. Não importa o quanto eu tivesse de te irritar para isso."

Riram juntos, nos braços um do outro. Depois daquilo, não falaram muito naquela noite. Não precisavam. Aproveitaram a primeira noite de casados.

(Não foi nenhuma real surpresa que, no final, Alice fosse a única coisa que Frank podia se lembrar)

 

 


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Notas finais do capítulo

Eu não sei da onde isso saiu. Eu queria usar o prompt "You're my favorite" [...] "Just that" fazia algum tempo, mas eu não conseguia achar um história para colocar em volta. Eu imaginava que seria um fluffy, desde então definindo como um Franlice, um capitulo ou dois, talvez sobre como eles começaram a namorar.
Mas então, eu abri o word, sem nem planejar escrever alguma história e isso saiu. Frank e sua memória é algo inspirado diretamente da minha própria memória de merda, rs. Apesar de ser algo feito para ser fofo, a frase final, ou apenas o destino deles que sempre paira sobre o casal, tenha estragado isso.
Eu espero não ter ficado confuso. As vezes, não consigo organizar muito bem as palavras.
Obrigada por ler ♥



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