Seu Amor Em Mim #Aurieta escrita por euimaginoassim


Capítulo 10
Noites com Sol


Notas iniciais do capítulo

Aurietas, convenhamos.. a obra original está muuito melhor que qualquer fanfic. Estou amando e esse foi inclusive, um dos motivos de eu quase não voltar aqui. Mas, voltei. Pense num agosto abençoado!!



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Fogo.

Não há melhor palavra para descrever o calor que tomava conta do meu corpo naquele momento. Aurélio beijava minha boca, meu pescoço e minha nuca, enquanto eu o ajudava a se livrar da gravata e da camisa. Acho que de tão sedentos só enxergávamos um ao outro, tantas foram as vezes que tropeçamos nos móveis pelo caminho até a cama. Eu usava um vestido muito bem fechado, dificultando o trabalho de Aurélio. Ele acabou fazendo um pouco mais de força e, sem querer, rasgou um pedaço do tecido. Eu senti o corpo gelar. Me arrepiei, mas não de um jeito bom. Aquele som... Quantas vezes ouvi na vida? Ele me levava de volta ao meu quarto com Osório. Eu podia ouvir as várias camadas de tecido que eu usava para tentar me proteger sendo rasgadas por ele, deixando claro quem detinha o poder sobre quem. Num ímpeto, eu bati em seu rosto e o empurrei o mais forte que pude. Sentei a beira da cama e ofegante, abri os olhos aos poucos.

"O que eu fiz?"

Aurélio me abraçou por trás repetindo que estava tudo bem.

— Julieta, sou eu, meu amor! Sou eu. Você pode confiar em mim, sou eu, Aurélio!

Eu virei para que pudesse também abraçá-lo. Beijei seu rosto que ainda estava vermelho e não pude conter o choro.

— Perdoe-me! Eu não queria te machucar. Eu lembrei dele. Era nele que eu queria bater, não em você. Perdão, meu amor.

— Não precisa se desculpar! Eu entendo. E não chore, por favor! Esse maldito não merece que você derrame mais nenhuma lágrima por causa dele.

— Não é por ele que estou chorando, Aurélio! É por nós dois. É porque eu nunca vou conseguir me entregar de verdade a você e eu sinto que, aos poucos, isso vai nos afastar.

Aurélio passou a secar minhas lágrimas suavemente e acariciar meu rosto, enquanto falava.  

— Não! Se hoje eu tenho uma certeza na vida é que nunca vou me afastar de você, Julieta. Nunca! A não ser que você me queira longe.

Eu o abracei mais forte.

— Eu te quero aqui comigo. Pra sempre!

Deitei no colo de Aurélio pra que ele me acalentasse em seus braços.  Aos poucos o meu medo de perdê-lo se esvaía e eu me sentia segura novamente. Ficamos ali a manhã inteira e acho que passaríamos o dia todo se não tivéssemos sido interrompidos por batidas na porta. Era Camilo.

Olhei para Aurélio, desesperada. Eu não tinha forças para encarar Camilo diante daquela situação. Eu sentia vergonha, sentia medo. A verdade é que eu não queria ter que encarar mais ninguém. Apenas Aurélio, que me entendia e me confortava em todos os momentos.

— Não posso ao menos imaginar o quanto essa conversa vai ser difícil pra você, Julieta. Mas, se me permite opinar, acho que não deveria fugir. Você e Camilo estão brigados há dias. Sabe-se lá o que ele pode estar pensando depois de ler tantas informações sobre a história dos pais... sobre a própria história! Se ele está aqui é porque precisa de uma resposta, então, dê essa resposta a ele! E se, por acaso, as coisas se tornarem dolorosas demais pra que possa suportar sozinha, eu estarei aqui, esperando pra dividir esse peso com você.

As palavras de Aurélio me deram um pouco de coragem. Levantei da cama, respirei fundo e fui ter com Camilo a conversa mais dura de nossas vidas. Eu revelaria a ele a verdadeira face de seu pai. O real princípio da sua existência.

Camilo me esperava no sofá da sala. A cabeça apoiada sobre as duas mãos enquanto olhava fixamente para o chão. Eu fiquei alguns segundos olhando para ele e quando tive forças para pedir que me acompanhasse até o escritório, suas palavras tomaram a frente das minhas.

— Eu vim aqui pra ouvir da sua boca que aquilo tudo é mentira! Vamos, Dona Julieta! E por favor, não use de truques e artimanhas. Depois de tantos golpes contra mim, seu próprio filho, não me admira que agora queira golpear o marido, ainda que morto, manchando a sua imagem perante a sociedade e perante a mim. Mas, me diga... não se envergonha?

— Vergonha, eu? Sim. Sinto muita vergonha até hoje. Por tudo que vivi, por ter sido fraca. É muito doloroso viver com alguém por obrigação. Não só obrigação moral, mas, obrigação física. Sob a pena de sofrer a dor na própria carne. Eu sinto vergonha, Camilo. Mas, sei que não tive culpa e não admito que você nem ninguém jogue esse peso em minhas costas novamente.

— Então, a senhora vai insistir nisso? Quer mesmo me convencer que...

— Eu não quero lhe convencer de nada, meu filho. Pelo contrário! Por mim, você nunca saberia. Se eu pudesse apagar o dia de hoje, esse jornal horroroso e até o meu passado... Ah se eu pudesse, Camilo! Eu apagaria sem pestanejar. Mas, eu não posso. A verdade está aí, exposta, pra você e quem mais quiser ver. Eu não vou tentar convencê-lo, mas, não negarei.

Camilo tinha, notavelmente, a feição mais fragilizada ao longo da minha fala. Contudo, seus olhos não mentiam. Era nítido que ele ainda duvidava do jornal e de mim. Mas, eu o compreendia. Eu errei muito com meu filho. Foram muitas mentiras, muitos jogos que hoje eu sei que perdi. 

— Essa é uma acusação muito grave, Dona Julieta.

— Eu não estou fazendo acusação alguma e nem sei como essa história foi parar no jornal. Mas, se veio buscar a verdade, meu filho, já disse que não negarei.

— Você está querendo dizer que eu... – Ele deixou as lágrimas escorrerem. – Que eu sou fruto de um abuso do meu pai contra você? Que meu pai era um canalha? Mas, como isso é possível se você SE CASOU COM ELE? Vocês se casaram, viveram juntos por anos, eu não entendo... não consigo entender.

— Infelizmente, meu filho... Casei e vivi com seu pai, que eu tanto odiava. Mas, porque fui obrigada! Porque depois do que ele fez comigo eu me tornei uma moça manchada. Eu engravidei. E meus pais jamais aceitariam uma filha manchada, grávida e solteira dentro de casa. Eu não tinha escolha. Eu não tinha outra saída porque eu precisava sobreviver àquilo tudo pra cuidar de você, e foi isso que eu fiz! Eu sobrevivi.

A essa altura eu também já deixava as lágrimas escaparem. Reviver meu passado era sempre cruel, mas agora, diante de meu filho, eu parecia estar apanhando da vida. Sentia doer o corpo e a alma.

— Então, você sempre me odiou?

— Jamais! Eu jamais tive sentimentos ruins por você, meu amor. – Eu tentei tocá-lo no rosto, mas, ele se esquivou. – Você sempre foi o meu príncipe, meu menino tão amado. Meu maior tesouro. Eu queria te proteger de tudo e de todos, inclusive dele... Pra nossa sorte ele se foi cedo e nos livrou de sua presença asquerosa. Eu nunca quis falar assim do seu pai na sua frente, Camilo! Mas, se a vida colocou a verdade diante de nós, por mais que doa, você precisa entender... Seu pai foi um verme repugnante que eu sempre odiei. E vou odiá-lo até o fim dos meus dias.

Camilo estava em choque. Mas, seu olhar já não me julgava. Ele me ouvia atento e absorvia aos poucos as duras palavras que eu proferia sobre seu pai.

— Então, é por isso que a senhora nunca me tocava? É por isso que me mandou para um colégio interno? Agora tudo faz sentido! Você me olhava e via em mim o resultado do que ele fez contra você. Por isso não suportava a minha companhia... Diga-me: ainda é assim que me vê, minha mãe?

— Eu não conseguia tocar você nem ninguém, meu filho. Mandar você pra longe foi a maneira que encontrei de não deixar a verdade transparecer porque eu NÃO QUERIA que você soubesse. Eu não queria! Eu preferi que você tivesse apenas boas lembranças da sua história. Sei que errei muito com você Camilo. Mas, nunca duvide do meu amor. Nunca!

Eu me joguei no sofá, exausta daquele dia, daquela conversa, do meu choro que não cessava e fazia doer até juízo. Fechei os olhos por um tempo e, de repente, senti meu filho tocar meus ombros levemente, me fazendo despertar em meio a minha divagação. Segurei sua mão, olhei fundo em seus olhos e tomei coragem.

— Posso te pedir um abraço?

Ele respondeu já me abraçando forte. Choramos e nos consolamos por alguns minutos. Ele se desculpou por ter duvidado de mim inicialmente e eu de pronto, disse que o entendia. Tentei poupá-lo dos detalhes mais sórdidos da minha relação com seu pai, mas, não deixava de responder nada que me era perguntado.

— Eu não consigo nem imaginar tudo que você passou, Mãe! Só de pensar eu sinto nojo, raiva. Não posso acreditar que sou filho desse homem. A vontade que eu tenho é de renegá-lo... Se eu pudesse apagaria o meu sobrenome paterno e deixaria claro para todos que eu só tenho você. Que eu sou o filho de Julieta, apenas de Julieta!

— Meu filho, as coisas são como são. Não deixe que isso atormente a sua vida! Já basta o tormento causado na minha, por tanto anos.

— É uma questão de justiça, Mãe! No fim das contas, essa sempre foi a verdade, não é? A única coisa que esse homem me deixou foi o sobrenome. Quem me criou, cuidou de mim e me educou foi você, sozinha! E eu a agradeço muito por isso. Porque você poderia ter me renegado, poderia ter me abandonado diante do que eu significava na sua vida, mas, não! Você me amou. E eu quero que saiba que eu a amo e admiro muito, apesar de todas as nossas desavenças.

— Nós temos a vida inteira pra superar essas desavenças, Camilo. Prometo não deixar mais nenhuma mentira ficar entre nós.

— E eu prometo ouvi-la mais. Agora eu vejo o quanto eu precisava te ouvir.

Nos abraçamos mais uma vez e ele prometeu me visitar num dia mais calmo. Pediu que eu me cuidasse e eu fiz a ele a mesma recomendação antes de nos despedirmos. Nunca pensei que falar sobre o passado, apesar de doloroso, me traria tanta leveza e paz. As pessoas mais importantes da minha vida já sabiam de tudo, me entendiam e estavam do meu lado. O saldo do dia era positivo, isso eu não podia negar.

Fui para o meu quarto e de tão aliviada que estava, dormi por horas. Quando acordei já era noite. Ao meu lado na cama, havia uma rosa vermelha e um bilhete de Aurélio:

“Se quiser conversar, não hesite em bater na minha porta.”

Tomei banho, vesti minha camisola e me penteei. Eu bateria na porta de Aurélio, mas, não apenas para conversar. Eu estava decidida a me entregar de vez ao meu desejo e dessa vez, sem medo. Perante sua porta eu preferi entrar sem bater. Ele dormia. Lembrei de quando invadi seu quarto no pequeno hotel do vale, desesperada com a possibilidade de perdê-lo para sempre. Era um curioso paralelo aquele, visto que agora eu estava convicta de que jamais o perderia. Sentei na cama ao seu lado, acariciei seus cabelos e não resisti em beijá-lo, mesmo dormindo. Ele acordou um pouco desnorteado e perguntou se eu precisava de algo.

— Preciso de você, Aurélio!

Nos beijamos ardentemente, nos abraçamos e rolamos na cama. Experimentei seus beijos, toques e carícias em cada amostra da minha pele à medida em que nos livrávamos das nossas roupas até que finalmente, a pele dele era a única roupa que eu vestia. Senti o peso do seu corpo sobre o meu corpo e comecei a acariciar sua cabeça que a essa altura estava mergulhada em meus seios. Meu corpo arrepiava, mas agora, de um jeito bom. Então, Aurélio, ainda ofegante, desacelerou o ritmo em que estavámos e olhou fundo em meus olhos.

— Se você realmente quer... Se você tem certeza disso, Julieta, me abrace forte!

Eu o observei por alguns segundos e não pude deixar de admirá-lo. Como ele era lindo, assim... com o cabelo bagunçado! Sempre gentil. Sempre preocupado comigo. Ah, como eu era afortunada de tê-lo pra mim! O abracei o mais forte que eu pude. O envolvi com todo o meu corpo. Braços e pernas. Foi quando nos tornamos um só.

Aurélio mergulhava cada vez mais fundo dentro de mim e eu, totalmente atrelada a ele, sentia algo que ainda não conhecia: uma sensação de gozo que amolecia o meu corpo e me fazia salivar ao mesmo tempo em que uma forte vibração percorria todos os meus músculos, levando minha boca até a dele para mais um beijo quente. E se não nos beijávamos, respirávamos o ar da boca um do outro, enquanto nos movimentávamos pela cama, espalhando o nosso suor pelos lençóis. Meus olhos reviravam. Eu parecia estar em outra dimensão, outra realidade. Tão leve quanto uma pluma flutuando no tempo, eu flutuava na minha paixão.

Aos poucos nossos movimentos tornaram-se mais lentos e a urgência deu lugar a carinhos longos e leves. Terminamos abraçados, exaustos e felizes. Era tanta felicidade e satisfação que não tive como não me emocionar, o que preocupou Aurélio.

— Julieta, o que aconteceu?

Eu sorri pra ele, penteando com a ponta dos dedos as suas sobrancelhas.

— Aconteceu que eu acabei de viver algo lindo, como eu nunca imaginei. Sei que declarações não são comuns de minha parte, mas, preciso que saiba que você foi o meu primeiro beijo de amor. Meu primeiro sonho de amor. Meu primeiro homem. O único que permiti me tocar. Meu primeiro e único, para sempre. Eu te amo, Aurélio.

Ele sorriu, devolveu a declaração e inverteu nossas posições, deitando a cabeça sobre meu peito. Dormiu enquanto eu acariciava seus cabelos. Mas, eu não consegui dormir. Fiquei o máximo que pude apreciando a sensação de tê-lo ali comigo, naquela que foi a mais linda noite da minha vida. Lá fora ainda estava escuro e mesmo assim eu podia ver os raios de sol entrando pela minha janela e brilhando sobre nós dois. 

"Boa noite, meu amor."


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Notas finais do capítulo

#FinalmenteAurietou né gente? já antecipando a tag aqui, haha bjs :*