Porto seguro escrita por Miyuki Suzuno Oowashi, Nani


Capítulo 1
One-shot


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem, esse casal é um neném.



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O garoto de cabelos negros possuía um sorriso alegre em seu rosto, além de ajudar os membros do time a se recomporem em momentos de tensão. Suas palavras sempre alegravam a todos. Contudo, mesmo tendo um coração tão caloroso e bom, o seu interior encontrava-se em conflito, parecia ter congelado. A morte de sua mãe foi um enorme impacto em sua vida, ficando sozinho no mundo, afinal, não tinha ideia de onde seu pai se encontrava.

O sorriso que sustentava em sua face era para evitar preocupar seus amigos, além disso, as palavras que costuma proferir também eram para animá-lo. Jogar futebol e treinar tornou-se um modo de ocupar sua mente, escapar da realidade e trazer-lhe felicidade, porém não acabaria com seu eterno luto. Havia momentos os quais aquele sorriso desmoronava.

— Asuto, você está bem?

Tomou um susto, não esperava alguém ali. Limpou as lágrimas e não ergueu a cabeça, sabia quem era. Engoliu no seco e tentou falar sem voz chorosa.

— E-estou ótimo, Norika. Obrigado p-por perguntar. — Sem sucesso.

Não obteve resposta, entretanto podia ver as pernas da garota à sua frente. O silêncio da resposta que não vinha atiçava mais sua curiosidade a cada segundo, fazendo-o levantar a cabeça e surpreender-se ao notar o quão próximo o rosto dela estava ao seu, fazendo-o corar levemente.

— Mentiroso. — disse ela. — Você estava chorando! Vamos, me conte, o que aconteceu? — Seu tom mostrava preocupação.

A esverdeada abaixou-se para encarar melhor Inamori, contudo o jovem tornou a esconder o rosto. Com um suspiro, Norika levou as mãos até as laterais do rosto dele e ergueu-o com cuidado, aquilo deu-lhe um susto e, ao se encararem, pareceu que a vontade de chorar aumentou, fazendo com que as lágrimas corressem por suas bochechas impiedosamente.

— Calma, está tudo bem, está tudo bem.— A voz agora estava suave e os polegares eram usados para secar sua face. — Eu estou aqui, vou esperar se acalmar para conversarmos se quiser. — E abraçou-o forte.

O moreno debulhou-se em lágrimas por mais alguns minutos, até finalmente estar apenas fungando.

— Obrigado, Norika. — disse ainda com a voz embargada e desvencilhando-se dela levemente vermelho. — Estou melhor…

— Quer conversar?

Asuto assentiu devagar.

— Foi apenas um momento para eu… Descarregar. Não se preocupe, é sério! Estou super bem.

— Esses olhos vermelhos e o choro compulsivo de agora a pouco não vão me fazer mudar de ideia, Asuto. O que você anda guardando apenas para si?

Ele parecia relutante em dizer, ponderou um pouco e começou a falar; suas inseguranças, pensamentos, medos, ideias, tudo, contou tudo à ela. Ao final, parecia ter ficado mais leve, todavia um soluço o fez erguer a cabeça novamente, assustado. Arregalou os olhos e o pânico pareceu tomar conta de si, olhos da menina de cabelos cacheados estavam cheios de lágrimas, que escorriam pela pele pálida e iam ao chão.

— Asuto… — A voz embargada dela pareceu uma facada em seu peito. — Por que você guarda tudo isso para si? Não confia na gente? — A cada palavra dita, parecia que as lágrimas aumentavam. — Que bela amiga eu sou, não consegui notar isso! Estúpida! Estúpida!

— N-Norika, calma! — Agora quem estava preocupado era ele. — Como eu disse, não queria que ninguém soubesse…

Umihara olhou-o triste e irritada, fazendo com que Inamori recuasse.

— Isso não é certo, Asuto! Você só se machuca assim! Guardar mágoas, rancores, preocupações só te destrói por dentro!

Dito isso, ela limpou as lágrimas rapidamente e aproximou-se mais dele, quase colando os narizes.

— Agora eu vou ser seu porto seguro! Quando quiser desabafar, fale comigo! — Afastou-se e um caloroso sorriso surgiu em seu rosto, junto a um olhar brilhante, talvez pelo choro. Aquilo pareceu fazer o coração do garoto esquentar e o rosto enrubescer, mas abriu um sorriso verdadeiro para ela, um sorriso aliviado.

[...]

Asuto observava preocupado o movimento do pneu pendurado na árvore, enquanto a esverdeada tentava parar aquela monstruosidade com as próprias mãos. Toda vez que ela era arremessada, seu peito apertava pouco a pouco, queria ajudar, mas não podia. Teve de ir até ela após ser atirada ao chão com o impacto, parecia ter doído.

— Eu estou bem… — Foi o que ela disse e voltou a continuar com mais um dia daquele treino.

Passado algum tempo, viu-a ir ao chão, esgotada, e correu até ela, extremamente preocupado.

— Chega por hoje. — falou o treinador, antes de ir embora.

Ajudou-a a levantar e serviu de apoio, Norika estava esgotada. Andaram até a sala do clube que estava vazia, onde sentou-a e ficou ao seu lado.

— Você está realmente bem? — O tom de preocupação em sua voz era quase palpável.

— Está tudo doendo, mas eu estou bem, obrigada. 

Ela abriu um sorriso alegre para Inamori, que logo notou diversos arranhões em seu rosto.

— Ah! Temos que tratar isso! Vá tomar banho enquanto eu preparo os primeiros-socorros!

Norika apenas assentiu e seguiu as ordens do garoto de cabelos pretos, tomou banho e logo estava ali novamente. Ele já encontrava-se com o kit em mãos, então apenas tratou de sentar ao seu lado e ser cuidada. Asuto fazia os curativos meio desajeitado, não estava acostumado a fazer, mas não daria o braço a torcer.

Terminados os curativos, ele limpou a testa e sorriu, recebendo outro sorriso em troca.

— Obrigada por ficar comigo nos treinos. — agradeceu ela.

— A-ah! — Aquilo pegou-o desprevenido. — Por nada. Deve ser bem difícil, mas sei que você consegue, Norika!

— Obrigada, porém acho que vai demorar para isso acontecer…

— Não fale assim! Quando menos esperar, vai segurar aquele pneu com um dedinho!

Riu do comentário e aproximou-se rapidamente dele, depositando um beijo em seu rosto.

— Obrigada pela confiança, ela é muito importante para mim.

O tom do garoto tornou-se carmim e ficou sem ação, mas logo voltou levemente ao normal com a chegada do resto do time à sala.

[...]

O tempo tranquilamente após a partida contra a Teikoku, sem qualquer interrupção ou ideias estonteantes do treinador. Encontravam-se preocupados, seu jogo contra o Instituto Aoba foi cancelado e trocado para a Academia Seishou, além disso, aquela partida seria a última da fase, se perdessem, era o fim do sonho.

Norika estava em seu quarto, mexia no celular, vagava pela internet e, hora ou outra, conversava com sua mãe. Admitia estar temerosa, mas sua preocupação maior era com Asuto, ele havia recebido uma carta de sua falecida mãe, encontrada no hospital em que ela estava. Deram privacidade a ele, mas queria saber como Inamori estava…

Sua linha de pensamento foi cortada por uma leve batida na porta do seu quarto.

— Norika! — Era a voz dele.

Levantou rapidamente e foi até a porta, abrindo-a. No instante seguinte, Asuto entrou no quarto, parecia animado.

— A carta da mamãe foi maravilhosa! Eu me sinto energizado! Meu pai está vivo!

— Opa, como?

— Na carta, mamãe disse que ele está vivo, mas se mudou para o exterior. Ah! Eu preciso encontrá-lo! Você vai me ajudar, não é?

— Mas é claro que sim! — respondeu animada. — Sabe para qual país ele foi?

— Não…

— Então a gente acha! — falou antes que ele entristecesse.

— Sim!

Ambos ergueram os punhos para cima, felizes, e logo começaram a rir. Depois de acalmarem-se, Norika sentou na cama, enquanto Inamori sentava na cadeira à sua frente, parecia agitado.

— Ainda feliz demais com essa notícia? — questionou ela.

— N-não é só isso, hum… O que você vai fazer no dia de folga?

— Ainda não decidi, por quê?

— Vamos… Vamos ao cinema? — Ele estava nervoso.

— Vamos! — Abriu um sorriso, animada. — Já chamou os outros? Qual filme?

As bochechas dele foram adquirindo tons avermelhados e ele passou a encarar o chão.

— N-não, eu queria que fosse só n-nós… dois. — Terminou a frase e seu rosto parecia explodiria, apertava a barra de sua blusa.

— Ah… — Aquilo pegou-a de surpresa, fazendo-a corar. — Claro! Mal posso esperar.

[...]

Para evitar comentários do grupo, Asuto saiu mais cedo e disse que a esperaria em frente à bilheteria. Ele estava nervoso, extremamente tenso, mas feliz, havia tido coragem para chamar Umihara ao cinema e ela aceitou, agora lá estava ele. Suas mãos suavam como nunca e seu coração quase saia pela boca, era primeira vez a qual fazia aquilo, não tinha como pedir conselho a algum dos meninos sem que fosse coberto de perguntas, então optou por ficar quieto.

O jovem de cabelos negros olhou o horário em sua band, estava perto da hora marcada. Respirou fundo, levando uma das mãos até o peito, como se tentasse acalmar o próprio coração, que batia acelerado. Iria contar hoje aquilo preso em seu...

— Te achei! — A voz ao seu lado fez o seu esforço ir embora no mesmo segundo.

— N-Norika! Você chegou adiantada! — disse surpreso.

— Eu estava com pena de te fazer esperar mais, então eu vim logo! — Abriu um sorriso alegre.

Umihara estava com suas roupas casuais, assim como ele, mas aos olhos do jovem rapaz, ela parecia mais bonita que o normal.

“Foco! Foco!” gritava em sua própria mente.

— Vamos escolher o filme? — Conseguiu controlar o nervosismo e perguntou.

— Sim!

Não demoraram e optaram por um de comédia que começaria em alguns minutos, aproveitaram para comprar algumas guloseimas e bebidas. A sessão logo começou e ambos riam com as piadas e situações que passavam naquela grande tela. Ao final, saíram da sala com lágrimas nos olhos e barrigas doendo de tanto gargalhar, assim como a maioria das pessoas ali presentes.

— Está com fome? — perguntou Inamori após se recompor.

— Eu queria um sorvete, podemos?

— Boa ideia!

Dirigiram-se à uma sorveteria ali perto, escolheram os sabores e saborearam ao discutir sobre o filme, voltando a rir sozinhos ali.

Asuto tomou um susto quando viu Norika próxima a si e sentiu o rosto esquentar, sendo surpreendido com um guardanapo limpar o canto da sua boca, em seguida ela se afastou.

— Estava sujo. — disse ela, sorrindo docemente e rindo fraco da vergonha estampada no rosto dele.

— O-obrigado.

Ele respirou fundo e levantou, estendeu a mão e abriu um sorriso meio envergonhado.

— Vamos? Já terminamos o sorvete mesmo.

A de cabelos cacheados apenas aceitou e levantou-se, sendo guiada por Inamori, estava curiosa para o que viria.

Chegaram a uma praça muito bonita, as árvores estavam floridas, dando um ambiente muito belo ao local. Seguiram para um local mais discreto dali, onde poucas pessoas transitavam.

— Hum… Norika… — Iniciou, ficando frente a frente. Ambos tiveram as bochechas tingidas de vermelho. — Durante muito tempo, eu pensava em você como uma irmã mais velha, alguém que sempre cuidava de mim e tratava dos meus machucados, mas nos últimos tempos, desde aquele dia, eu passei vê-la diferente! — Seu rosto pegava fogo a essa altura, mas ele não desviou o olhar do dela. — Você começou a parecer mais e mais bonita a cada dia, o seu sorriso passou a esquentar meu peito, suas palavras me davam mais ânimo e força que qualquer outra, e eu queria estar mais próximo…

— Asuto…

— E-eu gosto muito de você! Por favor, seja minha namorada! Mas se não quiser, continue sendo minha amiga. Não quero perder mais ninguém import...

Um indicador interrompeu-o.

— Você falou demais. — disse ela, rindo discretamente, fazendo-o ficar sem jeito. — Mas eu também mudei minha opinião sobre você e quero que saiba o quanto desejo estar ao seu lado também. — Em um movimento rápido, Norika depositou um beijo em sua bochecha.

Em seguida, ela se aproximou e abraçou-o, tendo o gesto retribuído instantes depois. Continuou:

— Eu também gosto muito de você e não serei apenas a sua namorada, mas aquela em quem pode contar a todo instante, seu porto seguro.


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Notas finais do capítulo

O que acharam? Por eles serem dois bebês, optei por não colocar um beijo, talvez em uma futura fanfic, espero que tenham gostado! Até a próxima!



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