God only knows it's not what we would choose to do escrita por Ariel F H


Capítulo 1
God only knows it's not what we would choose to do


Notas iniciais do capítulo

OIOIOI

isso aqui é só um negocinho que eu escrevi esse final de semana por três motivos
??” eu amo imaginar o nico fã do nirvana
??” eu amo solangelo
??” eu quis

me desculpem se tem algo relacionado a momento histórico que teje errado, mas eu creio que não. AH, EU NÃO ACHO QUE PINK FLOYD DÁ SONO! QUE FIQUE BEM CLARO EU DEFENDO O LADO NEGRO DA LUA. vocês não sabem como me doeu dizer que pink floy eh ruim. ser escritor as vezes eh fazer grandes sacrifícios.

enfim, espero que gostem

abraços ♥



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— Eu acho que seu pai é realmente muito legal.

Us and them tinha começado a tocar quando Will disse a primeira coisa depois de vários minutos. Nico abriu os olhos. Ele estava quase dormindo naquela posição. Estava confortável, e Pink Floyd soava mais como um sonífero pra ele do que realmente música a ser apreciada — mas jamais diria isso em voz alta. Will o mataria. Os dois costumavam ter brigas bobas por isso. Você só gosta de gritaria, Will dizia. Nico apreciava mais coisas como hard rock, punk e agora o grunge, enquanto Will amava qualquer coisa lenta com letra estranha.

Nico queria ouvir o novo disco do Nirvana mais uma vez, mas Will estava claramente chateado com alguma coisa, então dessa vez Nico sequer perguntou qual álbum eles ouviriam, simplesmente colocou The dark side of the moon no momento em que entraram no quarto. Will sorriu com isso, o que foi bom. Eles geralmente passavam vários minutos decidindo qual seria a trilha sonora do dia. Enquanto o lado A do disco tocava na vitrola — que originalmente era do pai de Nico, mas agora estava na posse de Nico vinte e quatro horas por dia — os dois não conversaram muito. Estavam mais ocupados com outra coisa.

Eles estavam juntos há meses, mas há apenas poucas semanas começaram a fazer algo que se parecia com sexo, mas não era realmente — ao menos Nico pensava isso, ele ainda estava confuso com a coisa toda. Will também estava confuso, na verdade. Nenhum deles tinham experiência alguma. Nico foi o primeiro garoto que Will beijou. Will foi a primeira pessoa que Nico beijou.

Sexo ainda era uma coisa que assustava Nico. Meses atrás apenas a ideia de Will o tocar deixava Nico em pânico. Ele sentia como se estivesse cometendo um crime, mas graças a Deus não pensava mais assim. Levou um tempo para admitir o que sentia, e mais tempo ainda para entender que não havia nada de errado. Além disso, não tinha tanta certeza assim se sabia com clareza como as coisas funcionavam. A escola dava informações sobre como deveria ser com um homem e uma mulher, mas ninguém jamais falou com ele sobre como era com dois homens. Bem, Will falou uma coisa ou outra, porque Will sempre parecia mais informado do que Nico nesses assuntos, mas não era como se tivesse tido uma aula que esclarecia todas as suas dúvidas. E Nico não tinha coragem para perguntar, seria constrangedor demais, mesmo que Will provavelmente não se importasse em falar sobre isso. Ele sempre estava aberto a conversar sobre tudo.

Nico levantou a cabeça para olhar Will nos olhos. Havia levantado da cama alguns minutos atrás apenas para colocar para tocar o lado B do disco, mas então os dois ficaram em completo silêncio novamente, apenas deitados juntos e ouvindo aquele álbum mais uma vez.

Ele estava no meio das pernas de Will, deitado em seu peito nu. Nico também estava sem nada da cintura para cima, e a sua calça jeans estava desabotoada, assim como a de Will. Nico amava esses momentos. Ele se sentia tão íntimo de Will, como se pudesse confiar sua vida nele. E provavelmente poderia. Merda, ele confiava em Will. Confiava de uma maneira que não fazia com mais ninguém.

Nico esfregou os olhos — ele realmente não brincava quando dizia que Pink Floyd dava sono. Jamais teria passado da segunda faixa de The dark side of the moon se não fosse por Will.

— O que? — perguntou.

Will olhou para Nico. Estava encarando o teto antes disso. Seus olhos pareciam tristes, o que era absurdamente incomum.

— Eu disse que seu pai é muito legal. Queria que o meu fosse assim também.

Ah.

Nico sentiu algo bom dentro de si quando as mãos de Will foram até seus cabelos e fizeram um carinho ali. Ele gostava tanto disso. Não havia nada melhor no mundo do que aqueles dedos o tocando.

Will começou a cantarolar baixinho a letra da música.

Nico se colocou mais para cima, deitando a cabeça no ombro de Will, que passou um dos braços em volta da cintura dele.

— Meu pai é... Meu pai. — ele murmurou.

— Eu sei que ele é distante e tudo mais. — Will comentou, encarando o teto novamente, com os dedos dedilhando a pele de Nico, como se quisesse seguir o ritmo lento da música — Mas ele é realmente legal.

— Eu sei.

E Nico realmente sabia. E agradecia a isso todos os dias. Hades era a única pessoa viva de sua família. Nico não tinha mais nem mãe e nem irmã. Se não tivesse ao menos um pai decente, não saberia como viver.

— Quando ele nos pegou junto eu jurei que ia surtar ou alguma coisa assim.

Nico escondeu o rosto na curva do pescoço de Will ao ouvir isso. Aquela lembrança era uma das mais vergonhosas que tinha em sua mente.

Ele e Will estavam se beijando no quarto de Nico, em uma tarde aleatória. Tipo, realmente se beijando, quando a porta abriu do nada e teve aquele momento absurdamente constrangedor onde três pessoas se encaravam e tentavam entender o que estava acontecendo ali. Depois de quase um minuto inteiro, Hades falou muito alto Desligue a música, eu preciso fazer um relatório e não consigo me concentrar com essa droga de punk. Pela primeira vez, Nico não se importou com seu pai falando mal de Bikini Kill. Ele quis bater em si mesmo por esquecer que naquele dia Hades não estaria trabalhando, e quis morrer por ser tão patético e começar a tremer descontroladamente quando realmente se deu conta do que tinha acontecido. Will passou quase uma hora o acalmando. Nico lembrava de os dois deitarem em sua cama e Nico enrolar seus dedos nos cachinhos do cabelo de Will — eles eram tão lindos, macios e cheirosos —, enquanto Will falava para Nico respirar fundo e se acalmar, mas tudo o que ele queria era desesperadamente viver outra vida, ser outra pessoa, ou no mínimo ser diferente. Sentir o mesmo que sentia por garotos com garotas.

Mas ele não era assim

Naquela noite, Hades apareceu no quarto de Nico, e o garoto só conseguiu olhar para os olhos do pai quando ouviu um Está tudo bem, ok? Eu não me importo. Só não deixe as pessoas saberem. Você pode fazer o que quiser. Mas, acredite, sua vida vai ser muito melhor se ninguém souber.

Nico começou a chorar novamente, então Hades o abraçou pela primeira vez em muito tempo. Me desculpe, Nico disse, Me desculpe te decepcionar.

Você não me decepcionou, eu só fiquei um pouco surpreso.

E isso foi tudo.

Eles nunca mais tocaram diretamente no assunto, mas Hades sabia de todas as vezes que Nico saia com Will, e não parecia se importar em Will passar noites e tardes inteiras no quarto de Nico. Tome cuidado era seu conselho. Nada além.

— Você tem sorte. — Will sussurrou. — O meu pai teria surtado.

Nico fechou os olhos e suspirou. Sabia como as coisas eram muito diferentes na casa de Will, e esse era o principal motivo para Nico ainda não ter sido apresentado à ninguém da família Solace.

— Ontem eu ouvi minha mãe conversando com a minha tia. — Will falou.

Nico se afastou do pescoço de Will e o encarou. Aquilo significava alguma coisa.

— O que elas disseram? — ele perguntou lentamente

Will ainda olhava para o teto quando disse:

— Algo sobre AIDS. Eu só peguei o meio da conversa, mas minha mãe disse que... Que esse tipo de pessoa merece essa praga. E-e que ela agradecia todos os dias por nenhum filho dela se deixar levar pelo caminho errado. Por... Você sabe.

Nico mordeu o lábio inferior. Aquilo era algo horrível de se dizer. E a mulher sequer sabia que estava se referindo ao próprio filho.

— É por isso que você está tão pra baixo hoje?

Nico sentiu os dedos de Will se apertarem em sua cintura.

— Eu nunca vou poder ser sincero com ela, Neeks.

Nico sentiu que Will estava prestes a chorar. Ele era extremamente aberto sobre os próprios sentimentos, e a sua relação com a mãe era ótima, exceto nisso.

— Eu odeio fingir pra minha família que você não existe.

Aquilo foi como um soco no estômago de Nico. Ele se mecheu na cama, ficando por cima de Will e o obrigando a o olhar nos olhos.

— Você não pode culpar ela. — Nico disse, tocando o rosto de Will. — Ou o resto da sua família. Eles só estão reproduzindo o que ouvem.

— Eu sei, eu sei. — Will murmurou. — Mas isso tudo é horrível.

Nico assentiu. Não havia nada que pudesse fazer para mudar aquilo. Os dois sabiam muito bem disso.

— Eu acho que eu não posso ser eu mesmo e continuar a ser filho dos meus pais.

Will não estava olhando para Nico quando disse isso.

— Ei. — Nico disse. Ele aproximou seu rosto do de Will, deixando seus narizes se tocando. — Eu acho você um filho incrível. Se eles não enxergarem isso, vai ser uma burrice maior do que achar Bikini Kill ruim.

Will sorriu. Um sorriso de verdade. Aquilo acalmou Nico.

— Você realmente tem uma coisa por essa banda.

Nico sorriu também. Ele encostou seus lábios nos de Will suavemente, da forma como amava fazer.

— Um dia nós precisamos ir a um show delas. — Will disse, se referindo ao Bikini Kill.

— Dizem que elas fazem todos os homens irem no fundo e deixam as mulheres na frente, perto do palco.

— Sério?

Nico confirmou com um aceno, ocupado demais rindo e beijando Will para dizer qualquer coisa.

— Eu amaria ficar no fundo com você. — Will disse, puxando Nico para um abraço.

Nico sentiu seu coração se apertar. Eles nunca planejavam coisas para o futuro. Eles nunca marcavam de fazer coisas sozinhos em público, por mais inocente que fossem. Eles tinham medo.

A relação deles poderia acabar a qualquer momento.

Dava para contar nos dedos o número de pessoas que sabiam que eles não eram apenas amigos. O melhor amigo de Nico, Jason, e a  namorada dele, Piper. O pai de Nico. A melhor amiga de Will, que as vezes fingia ser a namorada de Will. E mais ninguém. Se a pessoa errada soubesse, seria o fim. Se alguém da família de Will ao menos desconfiasse, Will estaria em outro país no dia seguinte, contra a própria vontade, em alguma escola católica bizarra.

Nico se perguntou se Will pensava o mesmo que ele sobre futuro. Nico queria desesperadamente, com todas as suas forças, viver o resto da vida ao lado de Will, mas eles não poderiam se casar nem nada. Não poderiam sequer andar de mãos dadas na rua. Não poderiam deixar que as pessoas soubessem. Que tipo de futuro era esse?

Nico encostou novamente a cabeça no peito de Will. A pele dele era quente — ao contrário da de Nico, que parecia estar sempre fria — e aquilo o reconfortava.

As vezes Will era seu único refúgio.


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