Capítulo 9

Visão do Mike

Chorando muito, Natasha me lançou um último olhar e saiu correndo em direção ao seu quarto, para onde talvez ela esteja indo. Eu ia me mover, mas um braço com unhas afiadas me segurou.
— O que você vai falar para ela? Já sabe? — Isabelle me perguntou ainda segurando meu braço.
— Me solta — ordenei puxando meu braço, mas em uma velocidade incrivelmente rápida ela segurou-o de novo.
— O que você vai falar? — ela me perguntou de novo, dessa vez em um tom mais exigente e ameaçador.
— A verdade — respondi encarando ela.
— Que seria...? — ela perguntou sem desviar o olhar.
— Que eu a amo — respondi sem hesitar.
—Eu a amo_ Pensei. Eu sabia que a amava, mas eu.. eu nunca tinha falado.
— Ela acha que eu não a amo...
— Porque você nunca falou — ela completou.
— E agora, Isabelle? — perguntei.
— Você tem que falar — respondeu ela, como se não fosse óbvio.
— Eu sei que tenho, mas na hora eu travo. Quer dizer.. eu já tentei antes, mas achava que era muito cedo e que ela se sentiria pressionada — eu falei, passando a mão no cabelo.
— Porque você estava usando a razão em vez da emoção. Você não pode pensar, você só tem que falar, sentir, se importar — Isabelle explicou.
— Há quanto tempo vocês duas se conhecem?
— Nossas mães eram amigas, então digamos que.. desde que estávamos nos úteros de nossas mães — ela respondeu.
— Ela sempre foi assim? — perguntei.
— Não. Mas os pais dela morreram cedo demais; ela era só uma criança, então não posso dizer se ela era assim antes em relação aos sentimentos — ela respondeu de forma sincera.
— Acho que... você deve falar com ela primeiro, eu vou depois — decidi.
— Tem certeza? — ela perguntou.
— Sim — respondi.
Ela soltou meu braço e correu pelo caminho em que Nat passou há alguns segundos.

Visão da Izzy

Corri até nosso quarto a pedido de Mike e me deparei com a porta trancada.
— Nat, abre a porta! Sou eu, a Izzy! — gritei batendo na porta. — Nat!!! — gritei de novo. — Natasha, abre essa porta! — ordenei. Da última vez em que Nat havia trancado uma porta... Me desespero ao lembrar do que tentou fazer.— NATASHA! — gritei.
Me afastei da porta e a chutei com toda a força que podia, a porta se escancarou e vi Nat caída no chão. Corri até ela verificando seu pulso e perdendo tempo, afinal Híbridos só morrem se tiverem seus corações arrancados, o que normalmente é impossível com as habilidades que temos. Peguei um copo de água e joguei na cara dela, para acordá-la.
Meio zonza, ela foi despertando.
— O que aconteceu? — perguntei.
— Eu estava andando até a cama quando tudo ficou preto e eu caí — ela explicou.
— Você desmaiou. Se lembra de ter comido hoje? — perguntei.
— Comi...
— Mas bebeu sangue? — perguntei.
— Não..
— Nat, você sabe que quando não bebe sangue sua parte vampira enfraquece! — eu alertei.
— Eu sei.. Mas espera, como você entrou? Eu me lembro de trancar a porta — ela perguntou.
— Eu arrombei — respondi.
— Ah, Izzy..— ela disse com um sorrisinho fraco, a pele estava pálida, suando frio, os lábios sem cor. E ela tinha o tremor no pulso, a pior parte. Ajudei-a a deitar na cama e me sentei ao lado dela. — Mike.. pode chamar o Mike? — ela perguntou.
— Claro. Já estou indo, não sai daí, garota — eu ordenei. Ela assentiu e eu disparei porta à fora.
Procurei na sala de aula, no refeitório, nas salas extras e nada do Mike ou dos garotos. Então, uns alunos conversando me chamaram a atenção.
— Você viu? Zayn Malik dando uma surra em Michael Clifford? — uma garota perguntou.
— Acho que eles estavam brigando por causa da irmã notava do Zayn, Natasha é o nome dela, se não me engano — o garoto respondeu.
—Droga, Zayn_ Pensei.
— Eles estão lá no ginásio, vamos ver?
Não esperei o resto da conversa, corri em velocidade Híbrida até o ginásio.

Visão da Lawrence

Ao final da partida, Chris vem até mim e me puxa, animado. Olho de relance para trás e vejo Harry me observando; pisco para ele e sigo Chris. Nós paramos na parede atrás do ginásio, onde me encosto e ele fica na minha frente. Ele se inclina sobre mim para nos beijarmos lentamente, eu aproveitando o sabor que ainda me é novo.
— O que foi isso? — Chris se afasta repentinamente.
— Isso o quê? — pergunto, confusa.
— Eu ouvi alguma coisa do outro lado do ginásio, como gritos...
— A aula ainda não terminou, deve ser que estão jogando — arrisco; ele dá de ombros. — Nós poderíamos sair por mais tempo qualquer dia desses, não acha? — proponho.
— Claro. Para onde você quiser, desde que não seja a uma balada. Você sabe como eu fico perdido — rio. Nos afastamos ainda mais do ginásio, caminhando em direção aos nossos armários.

Visão da Izzy

— Eles estão lá no ginásio, vamos ver?
Não esperei o resto da conversa, corri em velocidade Híbrida até o ginásio e me deparei com a seguinte cena:
Harry estava torcendo para Zayn, que dava vários socos no rosto do Mike, que parecia quase inconsciente. A mão do Zayn estava cheia de sangue, a cara do Mike também.
— Seu otário! Por que foi mexer com a minha irmã?! — Zayn disse furioso. — Eu vi ela chorando e sabia que era por sua causa, seu babaca! — ele continuou. — Eu vou matar você! — Zayn gritou.
Niall e Luke tentaram tirar Zayn de cima do Mike, mas Zayn os empurrou com um braço só, usando uma força impressionante. Ele já era naturalmente forte, e então nasceu Híbrido, e agora que estava furioso...
Mas isso já tinha ido longe demais.
—Acho que esse bracelete vai ter uma função_ Pensei.
Acionei meu chicote, ele se movendo entre minhas mãos de um bracelete para um chicote com eletricidade estática.
Lancei o chicote no ar e o enrolei na mão de Zayn, o impedindo de dar o próximo soco. Niall, Luke e Harry se viraram para me olhar, Niall abrindo um sorriso bobo.
— ME SOLTA, ISABELLE! — Zayn gritou.
Com raiva por ele ter me chamado de Isabelle, levantei o chicote e o lancei para trás, levando Zayn para longe do Mike. Niall e Luke correram para ajudar Mike, enquanto eu me colocava entre Zayn e Michael.
— Sai da frente, Izzy — Zayn ordenou.
— Não.. Zayn, para com isso! — eu ordenei.
— Não me faça bater em você também, por favor — ele implorou.
— Voce não poderia. Prometeu que iria cuidar de mim aqui dentro, e aliás, Alec quebraria você em dois — eu o lembrei.
— Porque está defendendo ele? Pensei que o odiasse — Zayn perguntou.
— Eu chamo de uma grande aversão. Mas não posso deixar que faça isso, mesmo que eu mesma queira dar uma surra nele de vez em quando — eu expliquei.
— Ele é um babaca! — Zayn gritou.
— É.. ele é um idiota, metido, um lobisomem marrento, um chato que me chama de Isabelle mesmo sabendo que eu odeio.. mas não é um babaca. E a Nat precisa dele...vivo — acrescentei.
— Ele não merece viver, não depois de... — ele começou, mas eu interrompi.
— "Não" depois do quê? Depois de fazer a Nat mais feliz do que ela já foi na vida inteira?! Depois dela ter o brilho apaixonado no olhar?! Ou talvez... talvez você não esteja com ciúmes dela, mas sim do que ela tem e você não. Um amor — respondi.
— ELE NÃO MERECE.. — ele começou, mas eu interrompi.
— ELE NÃO MERECE É LEVAR UMA SURRA DESSAS SEM PODER SE DEFENDER! — eu gritei.
— Tudo bem então, Isabelle — Zayn disse por fim.
— Mike, você está bem? — perguntei.
— Vou ficar. Você disse que a Nat precisa de mim.. — Mike respondeu se levantando.
— Ela desmaiou. Precisa de sangue, pegue um copo no refeitório e leve a ela, ela está no quarto — respondi.
Então Zayn disparou em velocidade Híbrida até o quarto.
—Droga_ Pensei. Corri em velocidade Híbrida e quando cheguei Zayn estava bloqueando a entrada do quarto.
Um pouco mais tarde, meio atrasados, Mike chegou carregado por Niall e Luke com um copo de sangue na mão.
— Deixa ele passar — ordenei.
— Não — Zayn rebateu.
— Sai da frente — ordenei, mas Zayn não se moveu. — Sai... AGORA!— gritei; percebi que Mike quase pulou de susto com meu grito. — Que droga Zayn, era para você ser um irmão mais velho. Mas está agindo como se fosse mais novo. PARA DE AGIR COMO UMA CRIANÇA IDIOTA E DEIXA ELE SALVAR A VIDA DA SUA IRMÃ E FAZÊ-LA FELIZ. Você só está entristecendo ela, Zayn. Você, agora, sai da frente! — gritei.
— Voce tem razão Izzy, me desculpa mesmo.. — Zayn se desculpou e desapareceu como um borrão.
— Luke, Niall. Vamos deixá-los a sós, eles precisam conversar — eu pedi puxando eles e empurrando Mike para dentro do quarto.

Visão da Nat

Ouvi um barulho e levantei a cabeça para ver quem entrava.
— Mike — tentei me levantar mas fiquei tonta.
— Fica assim, Nat — ele disse sentando de frente para mim na cama. — Você está muito pálida — ele continuou preocupado. — Bebe isso — me entregou um copo de sangue, bebi e devolvi para ele o copo vazio.
— O que foi essa gritaria na porta do quarto?
— Era a Izzy brigando com o Zayn — ele me disse um pouco desconfortável.
— Perdão Mike, você não merecia apanhar por mim — eu disse com culpa, colocando a mão em seu rosto. Ele botou a sua por cima da minha e a acariciou.
— Eu fui um idiota mesmo, Nat — ele disse abaixando a cabeça. — Eu não demonstrei o quanto me importo com você, e é por minha causa que você desmaiou — ele continuou, e quando finalmente levantou a cabeça ele chorava. Nunca o vi chorando. — Nat, eu dou a vida por você, eu mato por você, e eu mereci aqueles socos do Zayn porque eu sou um idiota — ele dizia e eu já chorava. — Por favor, fica comigo Nat; a razão para você ficar é que eu te amo — ele me olhava nos olhos. Aqueles olhos verdes esmeraldas, implorando por meu perdão. Me surpreendi e chorei mais ainda. — Não consigo imaginar o meu futuro sem você, poxa. Eu te amo muito — Mike disse sorrindo e eu sorri de volta. — Eu realmente consegui dizer, finalmente. Isso estava guardado faz tempo, eu sou um babaca por não dizer antes. Me perdoa? Eu prometo te fazer feliz e ficar do seu lado — ele prometeu me olhando nos olhos enquanto eu chorava.
"Ele disse que me ama”.
— Mike, eu te amo muito, e você já me faz feliz. Eu te perdoo, mas eu vou conversar com o Zayn sobre isso — apontei para sua testa.
— Ele está certo Nat, eu não te mereço; você é perfeita demais para mim, porém eu não consigo ficar longe porque eu te amo.
Ele finalizou me dando um selinho demorado, logo aprofundamos o beijo e fomos parando com selinhos.
— Eu te amo, Nat.
— Eu te amo, Mike — eu respondi o beijando.
— Agora deixa eu cuidar de você, princesa. Deita nessa cama e só sai quando eu deixar — Mike ordenou mandão.
— E quando você vai deixar, hein? — perguntei.
— Quando eu achar que você está saudável o suficiente — me respondeu ele.
— Deixa eu cuidar dos seus machucados, você também está ferido — eu disse me levantando, porém ele me parou e me deitou.
— Eu falei deitada, futura Clifford — ele mandou sorrindo, o que me fez ficar mais feliz do que já estava.
— Mike, fica comigo hoje? — perguntei.
— Hoje e sempre, amor — me disse ele.
— Pode repetir essa palavra?
— Amor da minha vida — repetiu me beijando .
Ouvimos alguém na porta e Mike foi abrir.
— Se quiser eu saio, Zayn — falou Mike.
— Não precisa, quero falar com os dois — Zayn disse entrando no quarto e fechando a porta — Queria pedir perdão, Mike, por te socar e dizer aquelas coisas, estava tão bravo e tão acostumado a defender a minha irmã que não vi o que estava fazendo de errado — continuou. — E você é um dos meus melhores amigos, não queria brigar com você. Perdão cara, eu sinto muito mesmo — conheço meu irmão muito bem e ele estava sendo sincero.
— Relaxa, cara. Você está perdoado — Mike respondeu abraçando Zayn do jeito dos meninos.
— Nat, me perdoa por ser um idiota, não sabia que se sentia assim. Eu fui um péssimo irmão, você me perdoa? — perguntou Zayn pegando na minha mão.
— É óbvio que sim, Zayn. Eu te amo, meu maninho — eu respondi beijando sua bochecha.
— Também te amo maninha, mas sem segredos a partir de agora — ele começou sorrindo fraco.
— Meninos da minha vida, podemos ir ao Moons de novo hoje à noite? — pedi olhando para os dois a minha frente.
— Amor, você não está bem para sair nem do quarto — respondeu Mike negativamente e me dando bronca.
— Mike tem razão, você não está bem — disse Zayn, também me dando uma bronca.
— Por favor, vai — eu disse fazendo biquinho.
— Vamos pensar no seu caso — disseram juntos.
— Vem vamos ao refeitório, você precisa comer — disse Zayn.
— Não desgruda de mim nem do Zayn, amor, e nem do nosso grupo — ordenou Mike preocupado me dando a mão, e assim saímos os três reconciliados para ir ao refeitório encontrar os nossos amigos, já que estava na hora do jantar.