Tamashi x Tamashi escrita por Jude Melody


Capítulo 9
Injustiça




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Arrietty sumiu. Não sei se há uma semana, ou há um mês. Ela está por aí, caçando alguns olhos, vivendo suas próprias intimidades. Faltam poucos pares agora, mas eu não sinto como se minha missão estivesse completa. Ainda tenho este vazio dentro de mim. Eu não tenho mais lar. Não tenho ninguém esperando eu voltar para casa. Ninguém para dizer que sou bem-vindo ou que deixei saudades. Eu... não tenho um lugar assim.

Ela manda mensagens. Eu tento não olhar as mensagens dele. Fiz uma promessa silenciosa e não quero quebrá-la. Mas meus olhos ainda vibram quando me lembro daqueles momentos, daqueles passeios, do gosto do sorvete... Eu disse a mim mesmo que seria justo. Mas o mundo não compartilha de minhas intenções.

 

**

 

Este lugar é bastante agradável e arborizado. Gosto dessa brisa fresca e repleta de odores, do ranger do piso de madeira aos meus pés, dos vidros levemente embaçados nas janelas. Se eu tivesse uma vida normal, talvez frequentasse a faculdade para aprender mais sobre o mundo. Sempre me interessei por História. Seria um bom curso. O prédio não é muito distante do de Medicina.

Não sei realmente para onde estou andando. É como estar em um sonho que você não controla. Desço as escadas, atravesso um estacionamento, passo por outro prédio. Chego a um jardim, e mais adiante há um anfiteatro. Os alunos riem e brincam entre si. Alguns sentam ou deitam na grama para estudar. Pelo menos um deles está dormindo.

O anfiteatro é amplo e feito de pedra. Está quase vazio, apesar do sol de fim de tarde. Olho de relance para a entrada da biblioteca próxima, e é como estar em um sonho. Um homem aparece, sorrindo por cima do ombro. Atrás dele, vem uma mulher com um bebê no colo. E atrás da mulher vêm duas crianças, um menino e uma menina.

Eles caminham até o anfiteatro, entretidos na conversa. As crianças brincam de subir e pular as pedras, enquanto a mulher explica alguma coisa para o homem. Ele sorri. Tem carinho por ela. De repente, o bebê começa a chorar, e a mulher tenta acalentá-lo. Pelo tamanho, deve ter uns dois anos. O homem se aproxima e mexe com ele, fazendo caretas. O choro se intensifica, mas dá para ver que é só uma encenação, porque aos poucos vai minguando, e o bebê olha para o homem com os dedos na boca.

E o sonho acaba. Não imaginei que ficaria tão impactado. É como acordar sem se lembrar de ter dormido. Eu viro as costas. Eu viro as costas porque não há espaço...

Uma das crianças grita. Sua fala é ininteligível. Mas a do homem não é.

“Kurapika?”


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Notas finais do capítulo

O próximo capítulo é o último, galera!



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