Saint Seiya Memórias | Feliz Aniversário Van Quine escrita por Katrinnae Aesgarius


Capítulo 1
Feliz aniversário, Van Quine


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo é um spin-off de #Memórias, sendo parte da história e de seu futuro Gaiden.



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— Feliz aniversário, Quine. — disse Kiki estendendo um embrulho em direção do rapaz sentado diante dele.

O rapaz de longos cabelos negros e brilho arroxeado, virou-se abrindo um sorriso pela lembrança daquele seu considerado irmão lemuriano, mas surpreso com aquele presente tão inesperado. Afinal, nem mesmo esperava a visita do mesmo nos últimos dias após tanto tempo fora — bem além do que costumava — e com grave ferimento na perna que ainda o fazia ter dificuldade em se locomover.

Sobre o que foi aquilo, não foi dito, muito menos Kiki parecia ter intenção de contar, e aquilo aborrecia Quine por odiar aqueles segredos e fazendo com que ambos tivessem uma breve discussão. No entanto, ainda assim, o mesmo não se esquecera do seu aniversário.

Era seu 16º aniversário, sendo cinco anos ali, em Jamir.

Quine foi afoito em abrir o embrulho. Estava em uma caixa amadeirada presa com uma corda fina  transpassada duas vezes e com um nó simples. Desfez o mesmo e abriu, com o que quer que fosse aquilo envolto de um tecido sedoso violeta  com algumas flores secas de íris. Um arrepio percorreu o corpo do rapaz que se perguntava o que seria aquilo.

A ânsia deu lugar ao cuidado, removendo cuidadosamente o tecido e parando para ver aquilo. Mordiscou os lábios e respirou fundo para tomar duas braçadeiras em couro, visivelmente velhas, mas em ótimo estado de conservação. Contudo, havia mais que aquilo.

Dois livros estavam mais ao fundo, da qual Quine o tomou em mãos e abrindo as folhas amareladas. O primeiro, com capa de couro preta, havia pequenas instruções da qual ele logo reconheceu do que se tratava, desde habilidades a técnicas de combate específica, da qual se demorou e sentando-se num banco também próximo.

— Isso é... — dizia ele folheando o livro.

— Era de sua mãe, Quine. — respondeu Kiki percebendo o tom emotivo do rapaz. — Ela deixou com meu mestre Mu antes de partir. Há uma carta também. — e o viu olhar para ele e depois para a caixa, encontrando um bilhete fechado em cone e preso com uma fina corda, intencionando perguntar algo. — E não, eu não li. Tive a curiosidade, mas não o fiz.  Era para você.

— A minha mãe... deixou isso... — olhava a braçadeira, os dois livros, a carta sobre a mesa. — ... pra mim?

— Sim. Eu apenas guardei nessa caixa de modo a deixá-la protegida todos esses anos. Bom, meu mestre Mu providenciou, apenas deixei mais apresentável para o dia de hoje. — e riu, acompanhado do rapaz. — Eu precisava vir, mesmo que forçando um pouco... — e gemeu de dor ao mover a perna. — Eu precisava te entregar isso. Precisava ser hoje. Precisava estar aqui com você hoje.

Quine baixou o livro, fechando o mesmo, colocando sobre a mesa. Tinha um pesar no olhar, voltando-se para o horizonte enquanto o dia amanhecia e o sol apontava entre as montanhas  cobertas de gelo.

— Desculpa por gritar com você, Kiki. — disse o rapaz que engolia a seco aquilo. — Eu fiquei feliz em vê-lo de volta, mas também estava muito bravo com você...

— Não precisa se desculpar, Quine... — dizia o lemuriano, mas não impedindo o garoto de continuar a falar, como se nem mesmo o ouvisse naquele momento.

— ... por que achei que também tinha ido embora.

Aquilo fez o lemuriano sentir um aperto na garganta. "Então... aquilo seu... foi medo?!", pensou ele ao ouvir aquilo.

Lembrou-se da reação de Quine quando o viu surgir na porta após pouco mais de quatro meses fora dali, preso no Santuário por conta daquela ferida na perna que o impedia de usar suas habilidades devido aos delírios da febre e da dor que o ferimento causou. Havia um quê de amargura e raiva contida que explodiu quando Kiki se negava a responder o que lhe havia acontecido, e agora entendia o porquê.

— Se tem alguém que deve pedir desculpas, sou eu, Quine. — disse Kiki olhando para o jovem, ainda cabisbaixo. — Imagino o quão assustado ficou aqui sozinho nesse período, sem qualquer notícia minha... Me perdoe! Isso não vai acontecer novamente.

O rapaz nada disse, senão fitá-lo com seus intensos olhos verdes. Forçou um sorriso, tomando as braçadeiras e vestindo uma delas, amarrando.

— Isso... foi do meu pai? — indagou ele, esquivando-se daquela conversa.

— Sim. Eram as braçadeiras do seu pai, de Saga. — respondeu Kiki, compreendendo bem aquela reação. — O meu mestre Mu disse que a própria Selene quem fez com ajuda de alguns coureiro aqui em Jamir. Dizia também que sempre quando via Saga com suas vestes de treino, ele jamais tirava essas braçadeiras.

— E agora são minhas. — e sorriu, se voltando para o irmão. — Apenas acho que devo ganhar mais massa muscular se quiser que caiba em mim. — e ambos riram daquilo. — Talvez esse livro ajude. Aqui tem inúmeras instruções… — e fez uma careta. — … físicas e matemáticas de técnicas do meu pai! Fala sobre os campos dimensionais…

— Bom, seu pai era um Cavaleiro de Ouro, Quine. Era o guardião do Templo de Gêmeos e, segundo me contaram, a ‘Outra Dimensão’ é um espaço bastante… interessante. — e sorriu contidamente ao lembrar-se de um evento particular. — E bem sei que tem se aventurado usando fendas dimensionais. Eu não sei se funciona como teleporte com habilidades psicocinéticas, mas creio que sua mãe deva explicar de maneira metódica para ajudá-lo a compreender isso.

— Sim… e eu vou estudar cada detalhe! — disse animado, voltando-se para o outro livro. — E esse aqui? — e tomou o outro livro ainda na caixa. Esse com capa de couro marrom com uma fita roxa divisória. — Parece… um diário!

Aquilo fez o sorriso do Kiki desaparecer. Afinal, desconhecia o conteúdo daqueles livros por jamais folheá-los, mas temia sobre o que aquelas páginas poderiam dizer.

O que Kiki sabia sobre Saga era breve — um Cavaleiro de Ouro responsável por matar o Grande Mestre, que foi mestre de seu mestre, e regeu anos de terror no Santuário com um ideal extremista e xenofóbico; E inclusive que tentou de matar a reencarnação da deusa Athena ainda quando ela era um bebê.

“A maldição de Gêmeos…!”, foi como seu mestre Mu disse na ocasião sobre a maldição da estrela meio a tantas histórias e lendas.

Naquele momento sentiu-se impelido a tomar o diário e conhecer seu conteúdo, mas seria invadir a privacidade de uma mãe para com seu filho. O lemuriano, por um instante, temeu que houvesse gatilhos que pudessem influenciar o garoto, mas do que conheceu da Prata, o seu bom coração, devia acreditar que as palavras contidas ali seriam apenas uma aproximação da mãe junto ao filho que precisou ‘salvar’, segundo palavras do seu mentor Ariano.

— “Não acompanharei o seu crescimento…” — lia Quine nas escritas na primeira folha do diário. —  “... mas espero que um dia  possa me perdoar” — e o rapaz respirou fundo, com Kiki percebendo a mudança no seu tom de voz ficar embargada. — “Eu precisei partir para salvá-lo e… e peço…” — gaguejou, suspirando. — “... que compreenda a razão desta minha escolha. O meu desejo é que… é que  possa conhecer Saga, seu pai, como um dia eu o conheci e acredito ser a única capaz de fazer isso”.

O rapaz pausou, percebendo as lágrimas ganhar sua face e voltar-se para Kiki, igualmente emocionado, mas este contendo mais de suas emoções. Gesticulou com a mão para que o mesmo seguisse com as declarações escritas. Quine respirou fundo, umedecendo os lábios.

— “Deixo aqui, nessas páginas, parte de nossa história, da verdade oculta que aconteceu nos anos no Santuário de Athena…” — e aquilo fez Quine quase derrubar o livro, sobretudo por conta da inquietação de Kiki no banco. — “... mas também orientações para seu despertar que muito há de ajudá-lo em saber quem você é” — e olhou para o primeiro livro, sorrindo.  — “A sua constelação é de Gêmeos, assim como de seu pai. Ele não sabe sobre você, mas conseguindo meu intento tenho certeza que se orgulhará de quem ele é, como tenho me orgulhado desde então. Você é fruto desse nosso amor! Te amo, Quine. Perdoe-me!”

Um silêncio reinou ali por longos instantes, com o jovem ainda olhando aquelas páginas e tocando partes manchadas que estava certo serem lágrimas meio ao borrão nas escritas. Ao passar a mão sobre aquela folha, Quine pareceu sentir uma energia tomar seu corpo, um calor abraçá-lo que o fez se arrepiar, mas também sentir-se acolhido. Aquilo o fez chorar ainda mais, abraçando o livro fortemente contra seu peito.

— O… Obrigado… Kiki. — respondeu ele, após aquele breve momento. — Esse… é o melhor presente de aniversário que eu poderia ganhar.

— Existe mais um ainda, Quine. — comentou Kiki, vendo-o piscar aturdido. Ele removia um envelope de dentro das vestes. — Esse eu achei entre alguns pertences de sua mãe, há algum tempo aqui no castelo. — e entregou um pequeno envelope pardo, sendo cuidadosamente pego pelo garoto enquanto deixava o diário sobre o outro livro. — Eu queria entregar antes, mas queria fazer uma surpresa neste dia de hoje.

Cuidadosamente Quine tirava o conteúdo do envelope e descobrindo uma fotografia, já manchada com o tempo, com a bordas amareladas pelo modelo polaroid, as cores gastas, mas sendo possível reconhecer os dois naquela fotografia.

— S… Sã… São meus pais…?! — indagou ele, se levantando, olhando a fotografia.

— Sim, Quine. Estes são seus pais. Estes são Saga e Selene, no Santuário como pude reconhecer, nas ruínas antigas que são visitadas pelos turistas. — explicou Kiki. — Eu não sei quando esta foto foi tirada, mas a encontrei nesses meses que fiquei distante. — e respirou fundo por que, novamente, voltava aquele assunto. — Foi uma razão a mais de voltar porque achei que merecia isso, já que tantas vezes me pergunta como eles eram.

— Minha mãe era linda! — comentou ele, tocando nos próprios cabelos. — Os meus cabelos são iguais ao dela, bem escuros e… Olha! O meu pai está com as braçadeiras! Estas braçadeiras, Kiki!! — disse animado, tomando uma delas em mãos. —  Eu me pareço com ele. Eu… Eu me pareço com meu pai!

— Sim, você lembra muito seu pai, aparentemente. — disse o lemuriano, mas pegou-se desejando também que fossem parecidos somente na aparência, e censurou-se em seguida por aquele temor daquela maldita superstição. — Bom… Eu vou deixá-lo a sós com seus presentes e vou… — e levantou com certa dificuldade, embora tivesse certeza que estava bem melhor se comparado há algumas semanas. — ... descansar um pouco. Pedi que fizessem aqueles bolinhos que tanto gosta, além das tortas de maçã.

— Obrigado por isso, Kiki. — agradeceu o rapaz olhando para a mesa, ainda com a foto em mãos.

— Ah, Quine… — disse Kiki ainda na porta, chamando sua atenção. — Saiba que nunca vou te abandonar. Você é meu irmão. Eu sempre estarei aqui para o que precisar. — e sorriu, vendo o garoto ficar parado, olhando-o, mas sorrir, assentindo.

Dois passos e sentiu passos atrás de si, e ao virar-se, viu Quine abraçando-o forte, com o lemuriano correspondendo com a mão em sua cabeça, beijando-o no alto deste.

— Eu nunca disse isso, Kiki… — disse Quine afastando-se um pouco, fitando o irmão. — Eu nunca agradeci o dia que foi me buscar enquanto sozinho naquela casa em Munique. Sei que fui bastante rebelde nesses cinco anos, mas sempre serei grato por ter me encontrado.

— Eu que agradeço de tê-lo aqui comigo, seu moleque rebelde. — e ambos riram. — Feliz aniversário, Van Quine…!!

“Feliz aniversário, futuro Cavaleiro de Gêmeos!”


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Notas finais do capítulo

Obrigada a todos que leram, curtiram, favoritaram essa história. :)



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